LADRÓN
Gracias, mesmo. Adorei ele, hein. Ótimo!
Essa é uma sensação que a gente não foi enganado, né?
Achei bom. Agora...
É o quê? Desculpa, não falo...
Ah, dinheiro... Ah, é um assalto!
Ah, mentira! Que amor!
Que fofo!
Não! Desculpa, você não está entendendo.
Eu sou brasileiro!
Eu que tinha que estar te assaltando!
Está ótimo, a gente não tem, não. Vamos indo. Beijão pra você, tá?
Que isso?
Deixa eu te falar...
Eu não posso voltar pro Brasil
e dizer que eu fui assaltado fora, no exterior.
Pra eu ser assaltado no exterior, tinha que ser, sei lá, na Síria.
Num lugar assim, assaltado com granada.
Não existe uma coisa dessa! Não posso ter isso no meu currículo,
na minha história!
Então, pra mim isso não assusta
porque pra mim isso é gol do Flamengo.
Esse negocinho que você tem na mão eu usava de chocalho no berço.
Você conhece alguém do... Conoces? Conoces Brasil...
-Algum... Brasil? -No.
-Tem parente no Brasil? -No.
-No? -No.
Porque pra eu ser assaltado fora do Brasil,
no mínimo tinha que ter uma relação com o Brasil.
Pra até eu voltar e falar assim: "Porra, só brasileiro mesmo!"
Porque pensa, eu...
Eu não posso voltar pra casa, eu, Toninho do Méier...
Tenho essa cara de criado por vó,
mas é porque eu ganhei dinheiro com a milícia e me tratei.
Porque eu sou barra pesada. Eu sou do Lins.
Já começa do Buraco do Padre, é outra história.
Então eu não posso dizer...
Pessoal fala: "Como foi o México?", e eu falar: "Fui usurpado."
"Tiraram meus pertences", porque aí é chacota!
Eu acho que é até melhor,
mas é pra matar, porque pelo menos eu justifico.
Pelo menos tem uma coisa assim: "Matou minha mulher!"
Mas como está essa arma? Tem quantas balas aqui?
Porque pra matar brasileiro tem que ser chacina!
Nem bala de prata no peito mata.
Isso aqui não mata nada nela. Não, não adianta.
Vou fazer o seguinte pra você...
Vamos fazer o seguinte? Vai, meu lindo.
Toma 20 reais, vai comprar tuas coisas.
Compra doce!
-Beijo! Adorei ele! -Que fofo!
Meu Deus do Céu!
O policial está tentando me achacar!
Gente, eu estou amando o México. Eu estou amando o México!
Vem cá, quer me sequestrar, sequestra direito, então.
Vamos fazer o jogo legal?
Vamos fazer a boa?
Pra não passar vergonha, teu nome que está valendo.
Vamos tirar esse colchão daqui, porque eu estou confortável.
Essa colcha aqui está com um cheiro bom.
É o quê? Você lavou essa merda?
Mija nela!
Corta minha orelha e manda pra um familiar,
tira meu dedão do pé com alicate.
Ah, me mata!
Ah, foda-se, me mata!
Me mata! Me mata agora!