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Dobra Espacial - Ciência e Tecnologia, Quanto lixo existe no espaço?

Quanto lixo existe no espaço?

Em 1957, o primeiro satélite do mundo, o Sputnik 1 foi lançado ao espaço, colocando os soviéticos na frente dos Estados Unidos na corrida espacial.

Menos de 3 meses depois o objeto reentrou na atmosfera.

Desde então a quantidade de satélites em órbita do planeta só aumentou, permitindo melhores previsões do tempo, acompanhamento dos efeitos das mudanças climáticas, comunicação em tempo real com pessoas do outro lado do mundo e muito mais.

Mas muitas das coisas que levamos lá pra cima ainda continuam por lá, colocando em perigo sistemas de GPS, satélites de observação e até mesmo astronautas.

Colocar coisas em órbita não é uma questão de altura, mas sim de velocidade.

Todos os aparelhos que populam o espaço ao redor do planeta hoje começaram sua jornada em um foguete mirado para cima.

Colocar algo em órbita é basicamente jogar algo para longe rápido bastante para errar o chão.

Quanto mais rápido você jogar, mais longe o objeto vai.

E se a velocidade for grande o suficiente, a Terra irá se curvar para longe do objeto e ele vai simplesmente continuar girando ao redor do planeta.

O Blackbird, um dos aviões mais rápidos do mundo voava em uma velocidade 3 vezes maior que a do som, a uma altitude de 25 km, onde a atmosfera tinha apenas 2% da densidade ao nível do mar e mesmo assim sua fuselagem chegava a incríveis 300º C, só pela fricção com a atmosfera.

Então, é preciso subir ainda mais.

E para atingir uma órbita estável na Terra a uma altitude de 400km, é preciso chegar a uma velocidade de 28.

000 km/h, quase 8 vezes maior que a maior velocidade já registrada para o Blackbird.

A gente costuma pensar no espaço ao redor da Terra como algo completamente vazio, (um vácuo completo), mas isso tá longe de ser verdade.

Satélites e estações espaciais não caem de suas órbitas tão rápido assim.

Coisas colocadas no espaço são feitas para ficarem por lá por bastante tempo.

Mas mesmo em altitudes relativamente baixas, onde a maior parte dos satélites fica, a densidade de partículas é suficiente para reduzir a velocidade de objetos orbitando o planeta e fazê-los caírem se não ajustarem sua altitude de tempos em tempos.

A Estação Espacial Internacional perde cerca de 10 metros de altitude a cada dia por conta desse arrasto.

E para compensar isso, de tempos em tempos ela liga seus motores e recebe um empurrãozinho para a altitude adequada.

Se mover a uma velocidade de 7,7 km/s ao redor do planeta faz com que você veja o sol nascer 16 vezes por dia, uma a cada 90 minutos.

E essa é a velocidade necessária.

Muito menos que isso e o objeto acaba reentrando na atmosfera.

Para alguns tipos de satélite, passar tão pouco (pouquíssimo) tempo acima de uma região do planeta pode ser um problema.

As órbitas geoestacionárias são uma boa solução, permitindo que objetos permaneçam fixos acima de uma região do planeta, oferecendo cobertura constante.

Quanto mais longe do planeta algo estiver, menos velocidade é necessária para manter uma órbita estável.

E a 35.786 km de altitude essa velocidade cai para 3,05 km/s, menos da metade da velocidade necessária para uma órbita como a da Estação Espacial Internacional.

A essa velocidade e a essa altura, um satélite completa uma órbita em 23 horas, 56 minutos e 4 segundos, ou seja, um dia sideral.

Se essa órbita estiver diretamente acima do equador, sua posição em relação à superfície não muda. [Essa característica permite que satélites de observação e comunicação tenham cobertura constante sobre uma região].

As antenas podem apontar para o mesmo lugar do céu sem precisar fazer correções, recebendo sinais constantemente.

A essa altura, satélites estão a salvo do arrasto criado pelas poucas partículas da atmosfera terrestre e podem permanecer em órbita por MUITO mais tempo.

Mas, como qualquer outra coisa criada pelos seres humanos, eles não duram para sempre.

Eventualmente suas baterias perdem a capacidade de carga, seus painéis solares perdem eficiência e outros componentes param de funcionar.

Em uma órbita baixa, satélites com propulsores podem ligar seus motores para diminuir um pouco sua velocidade e queimar na atmosfera ou esperar alguns anos para o decaimento natural acontecer.

Mas órbitas mais altas precisam de mais cuidado.

Em órbitas geoestacionárias, eles são movidos para a chamada “órbita cemitério”, 300 km mais alta.

Existem milhares de detritos ao redor do planeta, como parafusos, lascas de tinta, pedaços de foguetes e até uma bolsa que escapou das mãos de astronautas durante uma missão na Estação Espacial Internacional.

[E na órbita terrestre baixa esse risco é ainda maior - Existem milhares de detritos ao redor do planeta, como parafusos, lascas de tinta, pedaços de foguetes e até uma bolsa que escapou das mãos de astronautas durante uma missão na Estação Espacial Internacional].

Todo esse material está espalhado em centenas (dezenas) de diferentes órbitas, com velocidades e direções diferentes, tornando uma colisão, mesmo com o menor dos objetos, algo potencialmente trágico.

Uma colisão de um algo tão pequeno quanto uma bola de gude com um satélite pode gerar mais detritos, que por sua vez gerariam mais colisões, que gerariam mais detritos e mais colisões.

Inutilizando completamente boa parte da órbita terrestre baixa por várias gerações.

Uma situação como essa é chamada de Síndrome de Kessler.

Isso foi retratado no filme Gravidade, mas esse acontecimento está longe de ser ficção.

Essa é uma preocupação constante e é por isso que existem organizações destinadas a trackear e identificar e catalogar objetos ao redor do planeta, avisando controladores de satélites e agências espaciais de possíveis colisões, dando tempo suficiente para realizar procedimentos de segurança.

Em 2009 um satélite de comunicação russo desativado colidiu com um satélite de comunicação operacional da constelação iridium a uma velocidade de 42.120 km/h.

Gerando aproximadamente 1000 detritos maiores que 10 centimetros e milhares menores.

E não só impactos acidentais podem causar problemas.

Em 2007 a China destruiu um satélite meterológico com um míssil, gerando mais de 150 mil partículas de detritos ao redor do planeta.

E tão bom quanto limpar a bagunça que já está feita é não gerar mais.

E é por isso que uma grande preocupação das agências espaciais é garantir que coisas enviadas para o espaço tenham maneiras de voltar, gerando o mínimo de impacto possível em missões futuras.

Pequenos foguetes de reentrada, balões de arrasto ou qualquer outra coisa que possa diminuir a velocidade dos satélites para queimarem na atmosfera previnem que coisas já não utilizadas ameacem o futuro uso do espaço.

Vários outros esforços já estão sendo feitos para limpar coisas que ainda estão em órbita.

São sondas com braços robóticos, redes gigantes, mantas com propulsão e até arpões.

E embora tudo isso seja um tanto assustador e preocupante, não precisamos ficar tão desesperados.

O espaçamento entre satélites é grande e as chances de colisão não são tão altas, apenas precisamos cuidar para não gerarmos um empecilho na exploração espacial do futuro.

--- FIN -- [ MUSICA - 40s) ---

Quanto lixo existe no espaço?

Em 1957, o primeiro satélite do mundo, o Sputnik 1 foi lançado ao espaço, colocando os soviéticos na frente dos Estados Unidos na corrida espacial.

Menos de 3 meses depois o objeto reentrou na atmosfera.

Desde então a quantidade de satélites em órbita do planeta só aumentou, permitindo melhores previsões do tempo, acompanhamento dos efeitos das mudanças climáticas, comunicação em tempo real com pessoas do outro lado do mundo e muito mais. С тех пор количество спутников, вращающихся вокруг планеты, только увеличилось, что позволило улучшить прогнозы погоды, отслеживать последствия изменения климата, общаться в режиме реального времени с людьми на другом конце света и многое другое.

Mas muitas das coisas que levamos lá pra cima ainda continuam por lá, colocando em perigo sistemas de GPS, satélites de observação e até mesmo astronautas. Но многое из того, что мы туда поднимаем, все еще находится там, подвергая опасности системы GPS, спутники наблюдения и даже астронавтов.

Colocar coisas em órbita não é uma questão de altura, mas sim de velocidade.

Todos os aparelhos que populam o espaço ao redor do planeta hoje começaram sua jornada em um foguete mirado para cima.

Colocar algo em órbita é basicamente jogar algo para longe rápido bastante para errar o chão.

Quanto mais rápido você jogar, mais longe o objeto vai.

E se a velocidade for grande o suficiente, a Terra irá se curvar para longe do objeto e ele vai simplesmente continuar girando ao redor do planeta.

O Blackbird, um dos aviões mais rápidos do mundo voava em uma velocidade 3 vezes maior que a do som, a uma altitude de 25 km, onde a atmosfera tinha apenas 2% da densidade ao nível do mar e mesmo assim sua fuselagem chegava a incríveis 300º C, só pela fricção com a atmosfera.

Então, é preciso subir ainda mais.

E para atingir uma órbita estável na Terra a uma altitude de 400km, é preciso chegar a uma velocidade de 28.

000 km/h, quase 8 vezes maior que a maior velocidade já registrada para o Blackbird.

A gente costuma pensar no espaço ao redor da Terra como algo completamente vazio, (um vácuo completo), mas isso tá longe de ser verdade.

Satélites e estações espaciais não caem de suas órbitas tão rápido assim.

Coisas colocadas no espaço são feitas para ficarem por lá por bastante tempo.

Mas mesmo em altitudes relativamente baixas, onde a maior parte dos satélites fica, a densidade de partículas é suficiente para reduzir a velocidade de objetos orbitando o planeta e fazê-los caírem se não ajustarem sua altitude de tempos em tempos.

A Estação Espacial Internacional perde cerca de 10 metros de altitude a cada dia por conta desse arrasto.

E para compensar isso, de tempos em tempos ela liga seus motores e recebe um empurrãozinho para a altitude adequada.

Se mover a uma velocidade de 7,7 km/s ao redor do planeta faz com que você veja o sol nascer 16 vezes por dia, uma a cada 90 minutos.

E essa é a velocidade necessária.

Muito menos que isso e o objeto acaba reentrando na atmosfera.

Para alguns tipos de satélite, passar tão pouco (pouquíssimo) tempo acima de uma região do planeta pode ser um problema.

As órbitas geoestacionárias são uma boa solução, permitindo que objetos permaneçam fixos acima de uma região do planeta, oferecendo cobertura constante.

Quanto mais longe do planeta algo estiver, menos velocidade é necessária para manter uma órbita estável.

E a 35.786 km de altitude essa velocidade cai para 3,05 km/s, menos da metade da velocidade necessária para uma órbita como a da Estação Espacial Internacional.

A essa velocidade e a essa altura, um satélite completa uma órbita em 23 horas, 56 minutos e 4 segundos, ou seja, um dia sideral.

Se essa órbita estiver diretamente acima do equador, sua posição em relação à superfície não muda. [Essa característica permite que satélites de observação e comunicação tenham cobertura constante sobre uma região].

As antenas podem apontar para o mesmo lugar do céu sem precisar fazer correções, recebendo sinais constantemente.

A essa altura, satélites estão a salvo do arrasto criado pelas poucas partículas da atmosfera terrestre e podem permanecer em órbita por MUITO mais tempo.

Mas, como qualquer outra coisa criada pelos seres humanos, eles não duram para sempre.

Eventualmente suas baterias perdem a capacidade de carga, seus painéis solares perdem eficiência e outros componentes param de funcionar.

Em uma órbita baixa, satélites com propulsores podem ligar seus motores para diminuir um pouco sua velocidade e queimar na atmosfera ou esperar alguns anos para o decaimento natural acontecer.

Mas órbitas mais altas precisam de mais cuidado.

Em órbitas geoestacionárias, eles são movidos para a chamada “órbita cemitério”, 300 km mais alta.

Existem milhares de detritos ao redor do planeta, como parafusos, lascas de tinta, pedaços de foguetes e até uma bolsa que escapou das mãos de astronautas durante uma missão na Estação Espacial Internacional.

[E na órbita terrestre baixa esse risco é ainda maior - Existem milhares de detritos ao redor do planeta, como parafusos, lascas de tinta, pedaços de foguetes e até uma bolsa que escapou das mãos de astronautas durante uma missão na Estação Espacial Internacional].

Todo esse material está espalhado em centenas (dezenas) de diferentes órbitas, com velocidades e direções diferentes, tornando uma colisão, mesmo com o menor dos objetos, algo potencialmente trágico.

Uma colisão de um algo tão pequeno quanto uma bola de gude com um satélite pode gerar mais detritos, que por sua vez gerariam mais colisões, que gerariam mais detritos e mais colisões.

Inutilizando completamente boa parte da órbita terrestre baixa por várias gerações.

Uma situação como essa é chamada de Síndrome de Kessler.

Isso foi retratado no filme Gravidade, mas esse acontecimento está longe de ser ficção.

Essa é uma preocupação constante e é por isso que existem organizações destinadas a trackear e identificar e catalogar objetos ao redor do planeta, avisando controladores de satélites e agências espaciais de possíveis colisões, dando tempo suficiente para realizar procedimentos de segurança.

Em 2009 um satélite de comunicação russo desativado colidiu com um satélite de comunicação operacional da constelação iridium a uma velocidade de 42.120 km/h.

Gerando aproximadamente 1000 detritos maiores que 10 centimetros e milhares menores.

E não só impactos acidentais podem causar problemas.

Em 2007 a China destruiu um satélite meterológico com um míssil, gerando mais de 150 mil partículas de detritos ao redor do planeta.

E tão bom quanto limpar a bagunça que já está feita é não gerar mais.

E é por isso que uma grande preocupação das agências espaciais é garantir que coisas enviadas para o espaço tenham maneiras de voltar, gerando o mínimo de impacto possível em missões futuras.

Pequenos foguetes de reentrada, balões de arrasto ou qualquer outra coisa que possa diminuir a velocidade dos satélites para queimarem na atmosfera previnem que coisas já não utilizadas ameacem o futuro uso do espaço.

Vários outros esforços já estão sendo feitos para limpar coisas que ainda estão em órbita.

São sondas com braços robóticos, redes gigantes, mantas com propulsão e até arpões.

E embora tudo isso seja um tanto assustador e preocupante, não precisamos ficar tão desesperados.

O espaçamento entre satélites é grande e as chances de colisão não são tão altas, apenas precisamos cuidar para não gerarmos um empecilho na exploração espacial do futuro.

--- FIN -- [ MUSICA - 40s) ---