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BBC Brasil 2019 (Áudio/Vídeo+CC), Como era a vida na Venezuela sob chuva de petrodólares

Como era a vida na Venezuela sob chuva de petrodólares

[Mar 6, 2019].

Ela era chamada de a 'milionária da América' e de 'Venezuela Saudita', numa referência à Arábia Saudita, com a sua riqueza do petróleo.

Em Caracas, surgiam prédios modernos que desafiavam os céus.

Rodovias largas para uma frota crescente de carros movidos a gasolina barata.

E hotéis de luxo atraíam turistas para um paraíso tropical.

E os venezuelanos eles ostentavam o título de maiores consumidores de uísque no mundo.

'Éramos felizes e não sabíamos' é uma frase comum de se ouvir no país.

E tem também a expressão que ficou famosa naquele agora longínquo passado: 'isso está barato então me dá dois', dita para mostrar um alto poder de compra.

Embora o país seja um dos principais produtores de petróleo do mundo desde a década de 1930, ele só começou a deslanchar mesmo por volta dos anos 50.

Foi um salto impulsionado pela intensificação da produção de petróleo e pelo início de um processo de industrialização, conduzido pelo estado.

Essa fase de desenvolvimento teve início no governo militar de Marcos Pérez Jiménez, que foi presidente da Venezuela de 52 a 58.

O governo dele ficou marcado por violações de direitos humanos, como tortura e prisões arbitrárias de quem fazia oposição.

Mas muitos se lembram também da grande capacidade de gestão.

É que foi nessa época que saíram do papel importantes obras de infraestrutura e outras que deixavam o país em destaque na região.

Entre elas, estavam ambiciosas rodovias, como essa que liga Caracas à costa do Caribe.

Também foram construídas as Torres do Silêncio, que, na época, eram as maiores da América Latina.

E tinha também hotéis de luxo como esse no topo da Montanha de Ávila, além deste edifício, o Helicóide, uma joia da arquitetura mundial, que foi idealizada como símbolo de um país rico e promissor, mas que hoje tem um uso bem diferente.

Se você quiser ver o nosso documentário sobre o Helicóide, é só clicar no link que vou deixar bem aqui.

Pérez Jiménez deu impulso a essa boa fase, mas foi só a partir de 1958, quando caiu o regime militar, que a Venezuela viveu talvez as três melhores décadas de sua história na economia.

Os governos democráticos que vieram depois herdaram essa infraestrutura, esse primeiro empurrão.

Eles conseguiram manter uma inédita estabilidade econômica e política, com boas relações entre civis e militares, protagonistas de históricas disputas pelo poder no país.

Números desse período dão mostras do que aconteceu na economia: entre os anos de 59 e 83, o desemprego, por exemplo, se manteve abaixo de 10%.

O país também cresceu a uma taxa média de 4,3% ao ano.

E os preços não subiram tanto como em outros países latino-americanos, como o Brasil, afetados pela hiperinflação.

A moeda local, o bolívar, era estável e permitia que muitos venezuelanos viajassem de férias, quase sempre com destino a Miami, nos Estados Unidos, de onde eles voltavam assim: com as malas cheias.

Nos anos 60, os venezuelanos tinham o maior poder de compra entre os países da América Latina.

O PIB per capita do país, um dos indicadores usados para medir esse poder de compra, chegou a ser o dobro do alcançado pelos vizinhos da região e chegava a ser três vezes maior que o dos brasileiros, por exemplo.

A boa fase durou até os anos 80.

Nos anos 70, ainda na bonança movida pelo petróleo, a dependência do produto também era grande.

Se o preço estivesse alto, o país conseguia um bom retorno financeiro.

Se não, tinha problemas na certa.

Num desses períodos de alta, a Venezuela construiu, por exemplo, a Usina Siderúrgica Sidor e também esta hidrelétrica, para alavancar o setor de energia.

Duas obras de padrão primeiro mundo.

Os pretrodólares choviam e por que isso?

Os países da Opep, os exportadores de petróleo, suspenderam a venda do produto aos Estados Unidos e a outros países que deram ajuda militar a Israel, na chamada Guerra do Yom Kippur, no Oriente Médio.

E isso fez os preços do petróleo dispararem e beneficiou Venezuela, onde o presidente Carlos Andrés Pérez havia acabado de nacionalizar justamente as empresas de petróleo.

Pérez governou o país duas vezes, entre 74 e 93, em gestões consideradas em parte bem sucedidas.

Ele conseguiu combinar boas relações com os Estados Unidos com o aumento de subsídios para cesta básica, em uma tentativa de expansão da educação pública.

Foi aí que construíram também estes edifícios: Parque Central, que, na época, eram os mais altos da América Latina.

Veio também o Teatro Teresa Carreño, hoje o segundo maior centro cultural da região, e foram criadas editoras, centros de arte e museus de primeira linha.

Mas, apesar de todo esse crescimento, das melhorias na área de infraestrutura, no fundo a Venezuela nunca soube resolver seus problemas mais graves.

Um problema central é a dependência quase total do petróleo.

A diversificação da economia nunca foi realmente bem sucedida.

A economia do país começou a fraquejar em 1983.

Com a queda do preço do petróleo, sua principal mercadoria, e com desorganização econômica, a Venezuela passou a registrar alta da inflação e queda do Produto Interno Bruto, o PIB.

No meio da crise, a pobreza disparou e problemas históricos, em especial a corrupção, se tornaram evidentes.

Os petrodólares, a estabilidade política e o luxo ficaram apenas na memória.

E, com isso, aumentou a insatisfação do povo com o governo.

Com a situação cada vez pior, em 1998 a maioria dos venezuelanos, cansados dos partidos tradicionais, elegeu um militar que prometia mudanças.

O tenente-coronel Hugo Chávez.

A ideia aqui era mostrar um pouco desse passado que faz a crise na Venezuela se tornar ainda mais dramática para muitos venezuelanos que viveram décadas de bonança.

Se você quiser saber mais das origens da crise na Venezuela rica em petróleo, veja os vídeos que eu vou colocar aqui na tela pra vocês.

Aqui? Tá bom? Até a próxima!


Como era a vida na Venezuela sob chuva de petrodólares What life was like in Venezuela under the rain of petrodollars ペトロダラーの雨の下、ベネズエラの生活はどのようなものだったのか Як жилося у Венесуелі під дощем нафтодоларів

[Mar 6, 2019].

Ela era chamada de a 'milionária da América' e de 'Venezuela Saudita', numa referência à Arábia Saudita, com a sua riqueza do petróleo.

Em Caracas, surgiam prédios modernos que desafiavam os céus.

Rodovias largas para uma frota crescente de carros movidos a gasolina barata.

E hotéis de luxo atraíam turistas para um paraíso tropical.

E os venezuelanos eles ostentavam o título de maiores consumidores de uísque no mundo.

'Éramos felizes e não sabíamos' é uma frase comum de se ouvir no país.

E tem também a expressão que ficou famosa naquele agora longínquo passado: 'isso está barato então me dá dois', dita para mostrar um alto poder de compra.

Embora o país seja um dos principais produtores de petróleo do mundo desde a década de 1930, ele só começou a deslanchar mesmo por volta dos anos 50.

Foi um salto impulsionado pela intensificação da produção de petróleo e pelo início de um processo de industrialização, conduzido pelo estado.

Essa fase de desenvolvimento teve início no governo militar de Marcos Pérez Jiménez, que foi presidente da Venezuela de 52 a 58.

O governo dele ficou marcado por violações de direitos humanos, como tortura e prisões arbitrárias de quem fazia oposição.

Mas muitos se lembram também da grande capacidade de gestão. But many also remember the great management skills.

É que foi nessa época que saíram do papel importantes obras de infraestrutura e outras que deixavam o país em destaque na região.

Entre elas, estavam ambiciosas rodovias, como essa que liga Caracas à costa do Caribe.

Também foram construídas as Torres do Silêncio, que, na época, eram as maiores da América Latina.

E tinha também hotéis de luxo como esse no topo da Montanha de Ávila, além deste edifício, o Helicóide, uma joia da arquitetura mundial, que foi idealizada como símbolo de um país rico e promissor, mas que hoje tem um uso bem diferente.

Se você quiser ver o nosso documentário sobre o Helicóide, é só clicar no link que vou deixar bem aqui.

Pérez Jiménez deu impulso a essa boa fase, mas foi só a partir de 1958, quando caiu o regime militar, que a Venezuela viveu talvez as três melhores décadas de sua história na economia.

Os governos democráticos que vieram depois herdaram essa infraestrutura, esse primeiro empurrão.

Eles conseguiram manter uma inédita estabilidade econômica e política, com boas relações entre civis e militares, protagonistas de históricas disputas pelo poder no país.

Números desse período dão mostras do que aconteceu na economia: entre os anos de 59 e 83, o desemprego, por exemplo, se manteve abaixo de 10%.

O país também cresceu a uma taxa média de 4,3% ao ano.

E os preços não subiram tanto como em outros países latino-americanos, como o Brasil, afetados pela hiperinflação.

A moeda local, o bolívar, era estável e permitia que muitos venezuelanos viajassem de férias, quase sempre com destino a Miami, nos Estados Unidos, de onde eles voltavam assim: com as malas cheias.

Nos anos 60, os venezuelanos tinham o maior poder de compra entre os países da América Latina.

O PIB per capita do país, um dos indicadores usados para medir esse poder de compra, chegou a ser o dobro do alcançado pelos vizinhos da região e chegava a ser três vezes maior que o dos brasileiros, por exemplo.

A boa fase durou até os anos 80.

Nos anos 70, ainda na bonança movida pelo petróleo, a dependência do produto também era grande.

Se o preço estivesse alto, o país conseguia um bom retorno financeiro.

Se não, tinha problemas na certa.

Num desses períodos de alta, a Venezuela construiu, por exemplo, a Usina Siderúrgica Sidor e também esta hidrelétrica, para alavancar o setor de energia.

Duas obras de padrão primeiro mundo.

Os pretrodólares choviam e por que isso?

Os países da Opep, os exportadores de petróleo, suspenderam a venda do produto aos Estados Unidos e a outros países que deram ajuda militar a Israel, na chamada Guerra do Yom Kippur, no Oriente Médio.

E isso fez os preços do petróleo dispararem e beneficiou Venezuela, onde o presidente Carlos Andrés Pérez havia acabado de nacionalizar justamente as empresas de petróleo.

Pérez governou o país duas vezes, entre 74 e 93, em gestões consideradas em parte bem sucedidas.

Ele conseguiu combinar boas relações com os Estados Unidos com o aumento de subsídios para cesta básica, em uma tentativa de expansão da educação pública.

Foi aí que construíram também estes edifícios: Parque Central, que, na época, eram os mais altos da América Latina.

Veio também o Teatro Teresa Carreño, hoje o segundo maior centro cultural da região, e foram criadas editoras, centros de arte e museus de primeira linha.

Mas, apesar de todo esse crescimento, das melhorias na área de infraestrutura, no fundo a Venezuela nunca soube resolver seus problemas mais graves.

Um problema central é a dependência quase total do petróleo.

A diversificação da economia nunca foi realmente bem sucedida.

A economia do país começou a fraquejar em 1983.

Com a queda do preço do petróleo, sua principal mercadoria, e com desorganização econômica, a Venezuela passou a registrar alta da inflação e queda do Produto Interno Bruto, o PIB.

No meio da crise, a pobreza disparou e problemas históricos, em especial a corrupção, se tornaram evidentes.

Os petrodólares, a estabilidade política e o luxo ficaram apenas na memória.

E, com isso, aumentou a insatisfação do povo com o governo.

Com a situação cada vez pior, em 1998 a maioria dos venezuelanos, cansados dos partidos tradicionais, elegeu um militar que prometia mudanças.

O tenente-coronel Hugo Chávez.

A ideia aqui era mostrar um pouco desse passado que faz a crise na Venezuela se tornar ainda mais dramática para muitos venezuelanos que viveram décadas de bonança.

Se você quiser saber mais das origens da crise na Venezuela rica em petróleo, veja os vídeos que eu vou colocar aqui na tela pra vocês.

Aqui? Tá bom? Até a próxima!