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Porta Dos Fundos 2019, FAÇA O QUE EU FALO

Olha aqui, que gostosa! Olha aqui!

Porra, Mário. Não vai começar com essa porra, né?

Ô mulher com atributos físicos que se encaixam

nos padrões de beleza que a mídia me impôs a vida toda

para eu achar que é bonito!

-O que foi isso? -O quê?

Essa porra que falou. O que foi isso?

Gostosa pra caralho, porra.

Tem que estar muito bem resolvida com a própria sexualidade, hein!

Sem medo de enfrentar os padrões heteronormativos

de uma sociedade patriarcal e preconceituosa.

Ela é muito lindinha, gente! Comeria muito, hein!

Com o consentimento dela, obviamente.

Me certificando de que não está alcoolizada,

com o uso de preservativo para não pegar DST

-que não sou besta. -Filho da puta!

Não é porque usa os termos certos que pode falar o que quiser.

Só um segundinho. Garçom! Querido, vai me atender

ou ficar com essa cara de privado dos privilégios da classe dominante

para poder trocar horas insubstituíveis da sua vida

sem nenhum retorno justo para enriquecer os mais ricos?

Me traz o gim, caralho! Difícil! Se não falar assim, não vem.

Já não sei se concordo com o que faz ou o que fala.

Então dá uma olhada nessa gostosa que está vindo.

-Olha como é gostosa. -É gostosa mesmo, hein.

Deve ser 30% menos remunerada para exercer a mesma função

que outro funcionário com as mesmas qualificações,

e nunca vai saber se está sendo valorizada

pela aparência ou pela competência.

É isso aí! Traz meu gim, caralho!

Juiz! Parabéns pelo trabalho árduo! Pelo treinamento intenso

para desempenhar uma profissão de pouco reconhecimento,

correr três vezes mais que qualquer jogador

e ganhar um salário inferior.

Ah, Valmir! Está de sacanagem, Valmir?

Criado com seis filhos, Valmir, em São Gonçalo.

Vendendo amendoim a vida inteira para se destacar agora

num dos esportes mais famosos do mundo

para ganhar um salário astronômico e fazer uma merda dessas!

-É gol! -Gol, porra!

Que me faz me alienar de todos os problemas socioeconômicos

do meu país, acreditando... sendo que está uma merda. Tudo! Tudo uma merda!


Olha aqui, que gostosa! Olha aqui!

Porra, Mário. Não vai começar com essa porra, né?

Ô mulher com atributos físicos que se encaixam

nos padrões de beleza que a mídia me impôs a vida toda

para eu achar que é bonito!

-O que foi isso? -O quê?

Essa porra que falou. O que foi isso?

Gostosa pra caralho, porra.

Tem que estar muito bem resolvida com a própria sexualidade, hein!

Sem medo de enfrentar os padrões heteronormativos

de uma sociedade patriarcal e preconceituosa.

Ela é muito lindinha, gente! Comeria muito, hein!

Com o consentimento dela, obviamente.

Me certificando de que não está alcoolizada,

com o uso de preservativo para não pegar DST

-que não sou besta. -Filho da puta!

Não é porque usa os termos certos que pode falar o que quiser.

Só um segundinho. Garçom! Querido, vai me atender

ou ficar com essa cara de privado dos privilégios da classe dominante

para poder trocar horas insubstituíveis da sua vida

sem nenhum retorno justo para enriquecer os mais ricos?

Me traz o gim, caralho! Difícil! Se não falar assim, não vem.

Já não sei se concordo com o que faz ou o que fala.

Então dá uma olhada nessa gostosa que está vindo.

-Olha como é gostosa. -É gostosa mesmo, hein.

Deve ser 30% menos remunerada para exercer a mesma função

que outro funcionário com as mesmas qualificações,

e nunca vai saber se está sendo valorizada

pela aparência ou pela competência.

É isso aí! Traz meu gim, caralho!

Juiz! Parabéns pelo trabalho árduo! Pelo treinamento intenso

para desempenhar uma profissão de pouco reconhecimento,

correr três vezes mais que qualquer jogador

e ganhar um salário inferior.

Ah, Valmir! Está de sacanagem, Valmir?

Criado com seis filhos, Valmir, em São Gonçalo.

Vendendo amendoim a vida inteira para se destacar agora

num dos esportes mais famosos do mundo

para ganhar um salário astronômico e fazer uma merda dessas!

-É gol! -Gol, porra!

Que me faz me alienar de todos os problemas socioeconômicos

do meu país, acreditando... sendo que está uma merda. Tudo! Tudo uma merda!