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Buenas Ideias, BRIZOLA: A GÊNESE DE UM CAUDILHO - EDUARDO BUENO (1)

BRIZOLA: A GÊNESE DE UM CAUDILHO - EDUARDO BUENO (1)

O canal Buenas Ideias, você sabe, é um canal de posições firmes, um canal decidido, um

canal que vai direto ao ponto, um canal que defende teses.

Na verdade o que eu vou falar agora nem é uma tese, é um fato!

Eu sei que vai causar um certo estranhamento em você e tal mas você vai compreender que

não é uma tese, é um fato: o gaúcho é um povo superior.

O gaúcho é o povo eleito.

O gaúcho é o povo escolhido.

O gaúcho inclusive é sobre humano, ele é um centauro dos pampas.

É uma mistura de homem com cavalo.

A questão é que a gente nem sempre sabe com que parte está lidando.

Se tá lidando com a parte de cima ou se tá lidando com a parte de baixo.

Mas o fato é que embora tenha o seu lado cavalgadura, o gaúcho tem o seu lado genial,

o seu lado espantoso.

E poucos, poucos gaúchos dessa segunda metade do século 20 significaram tanto e tiveram

tamanha importância na história do Brasil quanto esse gaúcho essencial, esse gaúcho

que você pediu que eu gravasse um episódio e aqui estou eu gravando um episódio sobre

Leonel de Moura Brizola.

"Inferno, inferno no céu, me diga onde foi parar o engenheiro Leonel".

Ah, Leonel de Moura Brizola!

Que homem majestático!

Cara, falando sério, evidentemente que o...

Não que não fosse sério tudo isso que eu falei antes que é seríssimo!

Mas cara o Brizola realmente é um político controverso, é uma pessoa complexa.

Mas se você acompanhar essa primeira parte da história dele...

Claro, cara, que nem o Barão de Mauá, o Brizola não vai ganhar um episódio só pra

ele, serão dois episódios.

Então se você acompanhar essa primeira parte, a gênese do Brizola, você vai ter que acabar

concordando comigo que não é uma figura qualquer.

O Brizola nasceu em janeiro de 1922.

Logo em seguida, em julho, ele já fez a Semana de Arte Modern... não não não, a Semana

de Arte Moderna de 22 não foi ele.

Mas 22 é um ano muito.. é chamado o ano da ruptura, né.

É um ano de grande intensidade na história do Brasil.

É o ano do tenentismo, dos 18 do forte.. é o ano da Semana de Arte Moderna.

É um ano de grande inquietação intelectual e política no Brasil.

Isso, no Brasil.

Não nessa versão particular do Brasil que é o Rio Grande do Sul, especialmente lá

no noroeste do Rio Grande do Sul, perto da zona das Missões, em Carazinho, na época

inclusive chamava Cruzinha, onde o Brizola nasceu, no dia 22 de janeiro de 1922.

E o que que aconteceu no Rio Grande do Sul em 1923?

Hein, cara?

O que que aconteceu no RS em 1923?

A Revolução de 1923 cara, que algum dia vai ganhar um episódio aqui... que como tantas

revoluções gaúchas, que se iniciaram desde 1810, 1835 a Farroupilha, 1893, que é a maior

guerra civil da história do Brasil, a chamada Revolução Federalista de 1893, a luta de

maragatos contra chimangos... aí nos tivemos um desdobramento desta mesma luta de 93, que

algum dia falarei aqui, uma guerra terrível, uma guerra de degola, uma guerra entre blancos

e colorados, né, maragatos e chimangos, né...

Tivemos uma outra revolução em 1923: do Borges de Medeiros contra o Assis Brasil.

Na tua profunda ignorância tu nem sabe quem o Assis Brasil e talvez nem saiba quem foi

o Borges de Medeiros.

Mas o Borges de Medeiros foi governador do Rio Grande do Sul durante nove mandatos seguidos

e foi o cara que inventou o Getúlio Vargas, é um cara importantíssimo na história do

Brasil que algum dia do qual também falarei.

Bom, em 1923 estourou essa revolução e os correligionários, as milícias armadas do

Borges de Medeiros entraram na casa do pai do Brizola, chamado José dos Santos Brizola,

de origem italiana... arrancaram ele de casa na frente da família e degolaram o cara,

cara...

Dizem até que cortaram outras partes do corpo.

Na frente da família.

O Brizola tinha um ano de idade, presenciou mas é claro que não tem memória específica,

não tinha memória específica sobre isso mas né, cara, a lembrança fica.

E a família assistiu o pai sendo morto numa dessas tantas rusgas terríveis, terríveis

rusgas políticas que ensanguentaram o RS desde 1810 até praticamente 1930, quando

o Getúlio Vargas toma o poder no resto do Brasil num contexto que tá ligado a essas

revoluções.

Pois bem, aí a mãe do Brizola fica viúva, evidentemente, com três ou quatro filhos,

não tenho certeza, se muda né, não vai ficar no mesmo lugar, e cria os filhos sozinha,

cara, sendo agricultora, agricultura familiar, só que a família no caso era ela, plantando,

criando vacas.. criando vacas é bom..

Cuidando de vacas parará numa mini propriedade.

E ainda assim consegue alfabetizar os filhos e alfabetizar o próprio Brizola, né cara.

Ela era descendente dos fundadores lá da região de Nonoai também no oeste do RS,

né, portanto era pelo duro, né.

Era uma nativa original do Rio Grande do Sul.

E aí cara, quando tem 10 anos de idade, o Brizola se muda pra um lugar que é muito

revelador, né, se chama Não Me Toque.

Hahah!

Não me toque!

E lá cara, o Brizola com 10 anos de idade vai morar sozinho em 1932, no sótão de uma

pequena pensão e lá ele vive carregando, vive de carregar as malas dos hóspedes da

pensão e como engraxate... e mesmo assim vai estudando na escola primária e também

vivia de levar comida pra lá e pra cá.. conhece um pastor duma igreja metodista, esse

pastor o auxilia, o ajuda a se formar.. e ele se forma na escola primária com brilhantismo,

até que se muda pra Porto Alegre em 1936, portanto com 14 anos de idade.

E vai fazer um curso técnico, um curso técnico tipo o curso que o Lula fez, assim tipo esses

cursos assim Senai, Senac, não sei o que.

E vira técnico rural, né.

E começa... e pensa até em exercer essa atividade como técnico rural mas lhe oferecem

um emprego numa fábrica de graxas como graxeiro.

Aliás, se chamava... como era o nome da porra da..

Refinaria Brasileira de Óleos de Graxas.

Que pertencia cara, ao Ildo Meneghetti, que além de tudo ainda viria a ser patrono de

um time horroroso lá do RS cujo nome não será dito, ainda seria presidente desse time...

até aí tudo bem... e depois ia ser o grande governador golpista de 1964, seria o grande

concorrente político do Brizola, e seria o cara que ia assumir como governador nomeado

depois do golpe de 64.

Eu, particularmente, considero uma figura desprezível.

Era o dono da fábrica na qual o Brizola era empregado.

O Brizola começou a trabalhar lá mas depois resolveu se aprofundar mais nos estudos e

entrou no ginásio no Julinho, no colégio Julinho de Castilhos, Júlio de Castilhos,

né.

Júlio de Castilhos é uma figura chave na história do Rio Grande do Sul, é o cara

que inventa o Borges que, por sua vez, vai inventar o Getúlio, né, como eu já falei...

E criou uma escola pública, uma escola pública que ainda existe em Porto Alegre que era um

prédio lindíssimo que pegou fogo, foi reconstruído um prédio depois, não tão bonito quanto

o anterior, onde o Brizola estudou, e o Brizola se destacou tanto que virou presidente do

GRÊMIO, GRÊMIO, GRÊMIO estudantil.

E foi assim, no grêmio estudantil do colégio Julinho, que era um colégio muito politizado,

era um colégio de intensa atividade política, embora fossem apenas secundaristas..

E lá nesse colégio ele acaba.. ou num evento público do colégio, acaba conhecendo sua

futura mulher, a Neusa Brizola.

Aí graças ao seu próprio esforço, graças ao.. trabalho, eventualmente até noturno,

e ao estudo que ele fazia, ele consegue fazer vestibular e entrar na UFRGS.

O canal Buenas Ideias acha que universidade não é pra todo mundo!

Universidade é só assim pra uns eleitos, entendeu.

Universidade assim é só pra gente assim, que nem digamos, o Fernando Collor, que nem

o Michel Temer, né...

Que nem o Fernando Henrique...

Gente bem nascida, gente bem nascida, não é pra esses caras que moram alfabetizados

pela mãe, que trabalharam na lavoura a vida inteira, que foram graxeiro, que foram engraxate,

que foram estafeta, que foram carregador de mala!

Universidade não é pra esse tipo de gente!

Mas naquela época o Brizola foi lá, fez vestibular e entrou na UFRGS, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, em 1945, né, com o...

Getúlio Vargas que ele já admirava, né, porque cê vê né, ele começa toda essa

trajetória dele aí em 36, em 37, em 38, com Getúlio como ditador, durante a ditadura

do Estado Novo.

O Getúlio continuava ditador até 45, né, mas já era um Getúlio que tava ali querendo

umas mudanças...

Aí o Brizola entra na... na faculdade e ele já está ligado ao PDT.

"É PTB, sua anta!

PTB!

Partido Trabalhista Brasileiro!

E não PTB, que nem virou depois!

PTB, entendeu!"

Inclusive ele conheceu a Neusa Brizola num evento do evento do Jo..

Do PDT Jovem!

Né, Partido Trabalhista Brasileiro, o partido ao qual pertencia o Brizola.

E a Neusa, que viria a ser Neusa Brizola, era irmã do João Goulart... do João Goulart....

e aí o Brizola se forma em 1949 como engenheiro... por isso que em Porto Alegre muita gente durante

muito tempo chamou, até carinhosamente, como engenheiro Leonel, ele era chamado meio de

gozação engenheiro Leonel porque ele era engenheiro embora ele nunca tenha exercido

plenamente a engenharia porque nesse exato momento ele se forma e se casa com a Neusa

Goulart, que era irmã do João Goulart, o Jango, que era um estancieiro, que era rico,

que nem o Vargas, que era estancieiro, que era rico.

E o casamento foi na estância deles em São Borja, na estância dos Goulart em São Borja.

Você já viu aqui o episódio sobre a vida e a obra e a presidência do Jango Goulart.

Se não viu, vá ver.

Aqui ó, quando eu aponto assim, é porque aparece assim...

De vez em quando tem certas pessoas que não botam assim o... episódio... mas...

Hehehe mas em geral aparece o episódio, que daí tu vai lá e vê o episódio do Jango.

Entrou um cisco no meu olho, não faz mal, continuarei falando, não serei interrompido.

E aí o casamento foi na estância do Jango!

E quem foi o padrinho?

Quem foi o padrinho do casamento do Leonel de Moura Brizola com a Neusa Goulart Brizola?

Getúlio Vargas.

É...

Aí ele conheceu, já conhecia, mas conheceu, estreitou, seus laços com o Vargas, e estreitou-se

os laços com seu cunhado João Goulart.

Daí ele evidentemente inicia uma carreira política, ele era um orador inflamado, ele

era um homem com anseios políticos, ele era um cara que achava que o Brasil era um país

muito injusto, ele era um cara que achava que o estudo e que as chances sociais mais

equânimes deveriam ser uma das bases do Brasil e aí começa a concorrer como político.

Na verdade ele já tinha sido eleito como deputado em 47, 48...

O deputado estadual mais votado no Rio Grande do Sul, pelo PDT, e aí ele já tinha estreitado

os seus vínculos com a política.

E em 1950 ele é eleito de novo com outra votação maciça, com outra votação recorde...

né, a primeira votação dele foi a votação recorde de um deputado em primeiro mandato,

e a segunda eleição dele em 1950 foi também recorde, deputado estadual pelo PTB, como

reeleição, também uma votação recorde.

E aí, em 1951, ele resolve concorrer como prefeito de Porto Alegre.

E ele perde pro tal Ildo Meneghetti porque o tal Ildo Meneghetti... eu nem vou contar

por quê, mas é que tá ligado lá aquele outro time lá, era patrono do time, deu um

terreno lá pro time que nunca tinha tido estádio e passou a ter estádio a partir

da doação do cara... daí a torcida lá daquele outro time lá votou maciçamente

no cara e ele perdeu, Brizola perdeu por pouca margem e o Ildo Meneghetti se elegeu prefeito


BRIZOLA: A GÊNESE DE UM CAUDILHO - EDUARDO BUENO (1) BRIZOLA : LA GENÈSE D'UN CAUDILLO - EDUARDO BUENO (1)

O canal Buenas Ideias, você sabe, é um canal de posições firmes, um canal decidido, um

canal que vai direto ao ponto, um canal que defende teses.

Na verdade o que eu vou falar agora nem é uma tese, é um fato!

Eu sei que vai causar um certo estranhamento em você e tal mas você vai compreender que

não é uma tese, é um fato: o gaúcho é um povo superior.

O gaúcho é o povo eleito.

O gaúcho é o povo escolhido.

O gaúcho inclusive é sobre humano, ele é um centauro dos pampas.

É uma mistura de homem com cavalo.

A questão é que a gente nem sempre sabe com que parte está lidando.

Se tá lidando com a parte de cima ou se tá lidando com a parte de baixo.

Mas o fato é que embora tenha o seu lado cavalgadura, o gaúcho tem o seu lado genial,

o seu lado espantoso.

E poucos, poucos gaúchos dessa segunda metade do século 20 significaram tanto e tiveram

tamanha importância na história do Brasil quanto esse gaúcho essencial, esse gaúcho

que você pediu que eu gravasse um episódio e aqui estou eu gravando um episódio sobre

Leonel de Moura Brizola.

"Inferno, inferno no céu, me diga onde foi parar o engenheiro Leonel".

Ah, Leonel de Moura Brizola!

Que homem majestático!

Cara, falando sério, evidentemente que o...

Não que não fosse sério tudo isso que eu falei antes que é seríssimo!

Mas cara o Brizola realmente é um político controverso, é uma pessoa complexa.

Mas se você acompanhar essa primeira parte da história dele...

Claro, cara, que nem o Barão de Mauá, o Brizola não vai ganhar um episódio só pra

ele, serão dois episódios.

Então se você acompanhar essa primeira parte, a gênese do Brizola, você vai ter que acabar

concordando comigo que não é uma figura qualquer.

O Brizola nasceu em janeiro de 1922.

Logo em seguida, em julho, ele já fez a Semana de Arte Modern... não não não, a Semana

de Arte Moderna de 22 não foi ele.

Mas 22 é um ano muito.. é chamado o ano da ruptura, né.

É um ano de grande intensidade na história do Brasil.

É o ano do tenentismo, dos 18 do forte.. é o ano da Semana de Arte Moderna.

É um ano de grande inquietação intelectual e política no Brasil.

Isso, no Brasil.

Não nessa versão particular do Brasil que é o Rio Grande do Sul, especialmente lá

no noroeste do Rio Grande do Sul, perto da zona das Missões, em Carazinho, na época

inclusive chamava Cruzinha, onde o Brizola nasceu, no dia 22 de janeiro de 1922.

E o que que aconteceu no Rio Grande do Sul em 1923?

Hein, cara?

O que que aconteceu no RS em 1923?

A Revolução de 1923 cara, que algum dia vai ganhar um episódio aqui... que como tantas

revoluções gaúchas, que se iniciaram desde 1810, 1835 a Farroupilha, 1893, que é a maior

guerra civil da história do Brasil, a chamada Revolução Federalista de 1893, a luta de

maragatos contra chimangos... aí nos tivemos um desdobramento desta mesma luta de 93, que

algum dia falarei aqui, uma guerra terrível, uma guerra de degola, uma guerra entre blancos

e colorados, né, maragatos e chimangos, né...

Tivemos uma outra revolução em 1923: do Borges de Medeiros contra o Assis Brasil.

Na tua profunda ignorância tu nem sabe quem o Assis Brasil e talvez nem saiba quem foi

o Borges de Medeiros.

Mas o Borges de Medeiros foi governador do Rio Grande do Sul durante nove mandatos seguidos

e foi o cara que inventou o Getúlio Vargas, é um cara importantíssimo na história do

Brasil que algum dia do qual também falarei.

Bom, em 1923 estourou essa revolução e os correligionários, as milícias armadas do

Borges de Medeiros entraram na casa do pai do Brizola, chamado José dos Santos Brizola,

de origem italiana... arrancaram ele de casa na frente da família e degolaram o cara,

cara...

Dizem até que cortaram outras partes do corpo.

Na frente da família.

O Brizola tinha um ano de idade, presenciou mas é claro que não tem memória específica,

não tinha memória específica sobre isso mas né, cara, a lembrança fica.

E a família assistiu o pai sendo morto numa dessas tantas rusgas terríveis, terríveis

rusgas políticas que ensanguentaram o RS desde 1810 até praticamente 1930, quando

o Getúlio Vargas toma o poder no resto do Brasil num contexto que tá ligado a essas

revoluções.

Pois bem, aí a mãe do Brizola fica viúva, evidentemente, com três ou quatro filhos,

não tenho certeza, se muda né, não vai ficar no mesmo lugar, e cria os filhos sozinha,

cara, sendo agricultora, agricultura familiar, só que a família no caso era ela, plantando,

criando vacas.. criando vacas é bom..

Cuidando de vacas parará numa mini propriedade.

E ainda assim consegue alfabetizar os filhos e alfabetizar o próprio Brizola, né cara.

Ela era descendente dos fundadores lá da região de Nonoai também no oeste do RS,

né, portanto era pelo duro, né.

Era uma nativa original do Rio Grande do Sul.

E aí cara, quando tem 10 anos de idade, o Brizola se muda pra um lugar que é muito

revelador, né, se chama Não Me Toque.

Hahah!

Não me toque!

E lá cara, o Brizola com 10 anos de idade vai morar sozinho em 1932, no sótão de uma

pequena pensão e lá ele vive carregando, vive de carregar as malas dos hóspedes da

pensão e como engraxate... e mesmo assim vai estudando na escola primária e também

vivia de levar comida pra lá e pra cá.. conhece um pastor duma igreja metodista, esse

pastor o auxilia, o ajuda a se formar.. e ele se forma na escola primária com brilhantismo,

até que se muda pra Porto Alegre em 1936, portanto com 14 anos de idade.

E vai fazer um curso técnico, um curso técnico tipo o curso que o Lula fez, assim tipo esses

cursos assim Senai, Senac, não sei o que.

E vira técnico rural, né.

E começa... e pensa até em exercer essa atividade como técnico rural mas lhe oferecem

um emprego numa fábrica de graxas como graxeiro.

Aliás, se chamava... como era o nome da porra da..

Refinaria Brasileira de Óleos de Graxas.

Que pertencia cara, ao Ildo Meneghetti, que além de tudo ainda viria a ser patrono de

um time horroroso lá do RS cujo nome não será dito, ainda seria presidente desse time...

até aí tudo bem... e depois ia ser o grande governador golpista de 1964, seria o grande

concorrente político do Brizola, e seria o cara que ia assumir como governador nomeado

depois do golpe de 64.

Eu, particularmente, considero uma figura desprezível.

Era o dono da fábrica na qual o Brizola era empregado.

O Brizola começou a trabalhar lá mas depois resolveu se aprofundar mais nos estudos e

entrou no ginásio no Julinho, no colégio Julinho de Castilhos, Júlio de Castilhos,

né.

Júlio de Castilhos é uma figura chave na história do Rio Grande do Sul, é o cara

que inventa o Borges que, por sua vez, vai inventar o Getúlio, né, como eu já falei...

E criou uma escola pública, uma escola pública que ainda existe em Porto Alegre que era um

prédio lindíssimo que pegou fogo, foi reconstruído um prédio depois, não tão bonito quanto

o anterior, onde o Brizola estudou, e o Brizola se destacou tanto que virou presidente do

GRÊMIO, GRÊMIO, GRÊMIO estudantil.

E foi assim, no grêmio estudantil do colégio Julinho, que era um colégio muito politizado,

era um colégio de intensa atividade política, embora fossem apenas secundaristas..

E lá nesse colégio ele acaba.. ou num evento público do colégio, acaba conhecendo sua

futura mulher, a Neusa Brizola.

Aí graças ao seu próprio esforço, graças ao.. trabalho, eventualmente até noturno,

e ao estudo que ele fazia, ele consegue fazer vestibular e entrar na UFRGS.

O canal Buenas Ideias acha que universidade não é pra todo mundo!

Universidade é só assim pra uns eleitos, entendeu.

Universidade assim é só pra gente assim, que nem digamos, o Fernando Collor, que nem

o Michel Temer, né...

Que nem o Fernando Henrique...

Gente bem nascida, gente bem nascida, não é pra esses caras que moram alfabetizados

pela mãe, que trabalharam na lavoura a vida inteira, que foram graxeiro, que foram engraxate,

que foram estafeta, que foram carregador de mala!

Universidade não é pra esse tipo de gente!

Mas naquela época o Brizola foi lá, fez vestibular e entrou na UFRGS, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, em 1945, né, com o...

Getúlio Vargas que ele já admirava, né, porque cê vê né, ele começa toda essa

trajetória dele aí em 36, em 37, em 38, com Getúlio como ditador, durante a ditadura

do Estado Novo.

O Getúlio continuava ditador até 45, né, mas já era um Getúlio que tava ali querendo

umas mudanças...

Aí o Brizola entra na... na faculdade e ele já está ligado ao PDT.

"É PTB, sua anta!

PTB!

Partido Trabalhista Brasileiro!

E não PTB, que nem virou depois!

PTB, entendeu!"

Inclusive ele conheceu a Neusa Brizola num evento do evento do Jo..

Do PDT Jovem!

Né, Partido Trabalhista Brasileiro, o partido ao qual pertencia o Brizola.

E a Neusa, que viria a ser Neusa Brizola, era irmã do João Goulart... do João Goulart....

e aí o Brizola se forma em 1949 como engenheiro... por isso que em Porto Alegre muita gente durante

muito tempo chamou, até carinhosamente, como engenheiro Leonel, ele era chamado meio de

gozação engenheiro Leonel porque ele era engenheiro embora ele nunca tenha exercido

plenamente a engenharia porque nesse exato momento ele se forma e se casa com a Neusa

Goulart, que era irmã do João Goulart, o Jango, que era um estancieiro, que era rico,

que nem o Vargas, que era estancieiro, que era rico.

E o casamento foi na estância deles em São Borja, na estância dos Goulart em São Borja.

Você já viu aqui o episódio sobre a vida e a obra e a presidência do Jango Goulart.

Se não viu, vá ver.

Aqui ó, quando eu aponto assim, é porque aparece assim...

De vez em quando tem certas pessoas que não botam assim o... episódio... mas...

Hehehe mas em geral aparece o episódio, que daí tu vai lá e vê o episódio do Jango.

Entrou um cisco no meu olho, não faz mal, continuarei falando, não serei interrompido.

E aí o casamento foi na estância do Jango!

E quem foi o padrinho?

Quem foi o padrinho do casamento do Leonel de Moura Brizola com a Neusa Goulart Brizola?

Getúlio Vargas.

É...

Aí ele conheceu, já conhecia, mas conheceu, estreitou, seus laços com o Vargas, e estreitou-se

os laços com seu cunhado João Goulart.

Daí ele evidentemente inicia uma carreira política, ele era um orador inflamado, ele

era um homem com anseios políticos, ele era um cara que achava que o Brasil era um país

muito injusto, ele era um cara que achava que o estudo e que as chances sociais mais

equânimes deveriam ser uma das bases do Brasil e aí começa a concorrer como político.

Na verdade ele já tinha sido eleito como deputado em 47, 48...

O deputado estadual mais votado no Rio Grande do Sul, pelo PDT, e aí ele já tinha estreitado

os seus vínculos com a política.

E em 1950 ele é eleito de novo com outra votação maciça, com outra votação recorde...

né, a primeira votação dele foi a votação recorde de um deputado em primeiro mandato,

e a segunda eleição dele em 1950 foi também recorde, deputado estadual pelo PTB, como

reeleição, também uma votação recorde.

E aí, em 1951, ele resolve concorrer como prefeito de Porto Alegre.

E ele perde pro tal Ildo Meneghetti porque o tal Ildo Meneghetti... eu nem vou contar

por quê, mas é que tá ligado lá aquele outro time lá, era patrono do time, deu um

terreno lá pro time que nunca tinha tido estádio e passou a ter estádio a partir

da doação do cara... daí a torcida lá daquele outro time lá votou maciçamente

no cara e ele perdeu, Brizola perdeu por pouca margem e o Ildo Meneghetti se elegeu prefeito