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Buenas Ideias, A HISTÓRIA DO ALEIJADINHO - EDUARDO BUENO

A HISTÓRIA DO ALEIJADINHO - EDUARDO BUENO

Ouro Preto não foi Florença.

Pedra Sabão não é mármore.

E o Aleijadinho não foi Michelângelo.

Ainda assim, quando você estuda a obra desse homem que esculpiu pias batismais, estátuas,

portais e altares, você chega a uma conclusão: o Brasil teve um gênio renascentista desgarrado

no sertão de Minas Gerais.

Um gênio da mistura, um gênio pardo, um gênio mulato, um gênio com a cara do Brasil.

O Brasil ficou menos mesquinho, graças ao gênio do Aleijadinho.

Cara, imagina tu entrar em cena e o teu nome ser Aleijadinho.

Ainda bem que naquele tempo não tinha bullying, porque Aleijadinho é sacanagem.

Tanto mais sacanagem ainda quando se sabe que o pobre Aleijadinho era justamente

o que se pode chamar de um aleijume ambulante.

Antônio Francisco Lisboa, sem dúvida um dos maiores gênios da história do Brasil,

um escultor fulgurante.

Um homem com uma visão artística a frente doo seu tempo, nasceu... não se sabe como

ele nasceu.

A biografia dele são fragmentos bibliográficos e nenhum deles com comprovação efetiva.

Se diz que ele nasceu 29 de agosto de 1730, mesmo dia da minha filha, só que não no

mesmo ano.

Ela nasceu antes, em 1612.

Teria nascido em 29 de agosto de 1730, embora pesquisas mais recentes suponham que ele nasceu

teria nascido em 1738, oito anos depois.

Não se sabe nada sobre a vida efetiva e os dados biográficos do Aleijadinho porque eles

se baseiam todos em um livro escrito em 1848 por um cara chamado Rodrigo Bretas.

Fragmentos Biográficos da vida de Aleijadinho, que é repleto de impropriedades.

E essa é a única fonte que, durante muitos anos, os estudiosos desses gênio brasileiro

se basearam para tentar traçar o seu perfil biográfico.

Agora, o que já se sabe sobre ele, o seu legado artístico, as suas pias batismais,

as suas igrejas, os seus altares, os seus portais e acima de tudo, é claro, os seus

12 profetas de pedra sabão em Congonhas do Campo, já são reveladores o suficiente.

Não se sabem quais foram os mestres do Aleijadinho, não se sabe com quem ele estudou e não se

sabe como de uma hora pra outra ele virou um gênio.

Mas se sabe que a partir de 1777, quantos ele já era um escultor consagrado em Vila

Rica, hoje Ouro Preto.

Também é importante colocar que o Brasil era um buraco, até 1780, ate a virada do

século 19 só havia duas, três cidades no máximo dignas do nome do Brasil.

Claro, é uma exagero, mas é quase assim.

Salvador, a capital do Brasil.

Rio de Janeiro, que já tinha virado capital logo depois de Salvador.

E Vila Rica.

Vila Rica era uma joia arquitetônica, uma joia urbanista surgida no meio das montanhas

alterosas de Minas Gerais.

Tinha sido o lugar onde o ouro foi descoberto por volta de 1650, então era o primeiro lugar

no Brasil, onde surgiu, o que se pode chamar hoje, de uma classe media.

Neh, num lugar com artistas, com artesãos, com escritores, com desembargadores, com a

classe media mesmo.

Enquanto o resto do Brasil era uma elite la em cima da nobreza e o resto do povaréu,

escravos por ali.

Então Vila Rica, em função da riqueza do ouro mesmo que ela tenha sido toda escoada

primeiro para o rio de Janeiro pra Portugal e por fim todo mundo sabe para a Inglaterra.

Apesar desse escoamento dessa riqueza.

Havia ali uma efervescência cultural condições econômicas que permitissem o surgimento de

um gênio a altura do aleijadinho.

O fato é que a partir de 1777, quando ele já era bem considerado como escultor, mas

também escultor e construtor de igreja, ele começa a revelar uma doença terrível que

se inicia pelos dedos dos pés.

Os dedos dos pés começam a cair, o que faz com que ele passe a andar de joelhos, ele

faz uma proteção de couro nos seus joelhos e passa a se arrastar de joelhos.

Depois essa doença chega aos seus dedos das mãos.

Se diz que ele arrancou com formão os dedos que iam se deformando cada vez mais iam praticamente

apodrecendo, mas na verdade iam se deformando.

Eles os arrancam com um formão.

Porque ele reagiu muito violentamente a essa doença.

Ele não se conformou com a doença.

Ele não se iluminou com a doença, ao contrário, ele foi se tornando uma pessoa cada vez mais

agressiva, cada vez mais violenta, e acima de tudo cada vez mais recluso.

Ele passa a circular por Vila Rica apenas de noite, apenas depois que o sol se põe.

E ele cavalgava embuçado como se dizia, que era coberto por uma grande capa e por uma

mascara.

Cavalgava a noite ate a igreja.

Ate o seu ateliê, onde ele esculpia e antes do sol raiar, como um vampiro, voltava para

a sua residência.

Então, depois a sua boca começa a entortar digno de corcunda de Notredame ele perde todos

os dentes.

Dizem que a orbitas dos seus olhos ficaram como as do Nestor Ceveró, cabe, como esses

olhos praticamente fora de orbita.

E se diz que ele passa a agredir, não só verbalmente as pessoas como passa agredir

fisicamente os três escravos que eram seus auxiliares,

Neh, ele tinha três escravos chamados Mauricio, Augustinho e Janaino que eram muito fieis

a ele.

Que adoravam ele, por que e os tinha vinculado ao oficio de escultor e que sabiam entender

esses seus desvarios de gênio.

Se diz também que a obra dele se divide claramente entre o período são, o período luminoso,

o período que ele esculpe em Ouro Preto, o período anterior a doença, no qual ele

tem uma obra equilibrada, sutil, linear, resplandecente em luz.

Depois da doença que começa como ele falei em 1777 e vai piorando cada vez mais, ele

se muda pra Congonhas do Campo e é em Congonhas do Campo, no auge da doença, no auge das

deformidades, que ele esculpe aquelas que são as suas obras primas, talvez umas das

maiores obras primas que já produzidas em qualquer campo da arte n Brasil.

Os 12 profetas de pedra sabão.

E ele esculpe em cedro os chamados 66 passo da paixão, que é uma visão bíblica, cara,

inacreditavelmente gótica e aterradora com todos só sofrimentos do cristo talhados no

cerne no cedro.

Uma obra extraordinária.

Essa obra ela continuaria se projetando pra sempre mesmo que ela não tivesse esse detalhe

que é na verdade o que a torna mais transcendente.

A obra do Aleijadinho, que começou a ser esculpida especialmente os profetas de Congonhas

do Campo quatro anos depois do martírio de Tiradentes é uma obra de contestação, é

uma obra de ataque a elite.

É uma obra de revolta contra a situação colonial do Brasil/

Por quê?

Porque o Aleijadinho botava nas figuras mais distorcidas, nas figuras mais sofrias da sua

obra ele representava pobres e escravos que ele conhecia e botava na postura dos poderosa

de Poncio Pilatos dos crucificadores de Cristo figuras que todos conheciam como governadores

e como membros do governo de Ouro Preto.

Então todo mundo foi ver aquelas obras incríveis e era como se fosse uma caricatura do poder

em vila rica do poder nas minas coloniais.

Entendeu?

Os caras que eram os poderosos dominadores, os Judas, os Pilatos, esses miseráveis que

continuam ai eram,..

Você olhava e reconhecia ai claramente o cara.

E mesmo que o cara protestasse..

Primeiro que o cara não ia vestir a carapuça, segundo que não ia brigar com o cara todo

aleijado, neh cara.

Não ia dizer que era ele ai, mas era as pessoas reconheciam

E reconheciam pessoas que tinham sido presas, pessoas que tinham sido delatadas por sua

revolta contra Portugal na fulgura dos desvalidos, dos infelizes.

Então além de tudo a obra, além de genial, além de ter esculpida, além de transcendente,

ainda tinha esse teor de critica social.

O Aleijadinho vai se tornando cada vez mais vitima da própria doença e é poupado das

agonias em meio a gritos e horrores...

E isso é muito revelador também de certa forma porque no dia 20 de novembro seria o

dia da consciência negra, neh.

É o dia que os séculos antes o zumbi havia sido morto e o Aleijadinho não era exatamente

negro, mas era mulato e era filho dessa mistura com uma mãe provavelmente negra

Então era, em sua essência um artista brasileiro, genuinamente brasileiro.

Aleijadinho.


A HISTÓRIA DO ALEIJADINHO - EDUARDO BUENO DIE GESCHICHTE VON ALEIJADINHO - EDUARDO BUENO THE STORY OF ALEIJADINHO - EDUARDO BUENO L'HISTOIRE D'ALEIJADINHO - EDUARDO BUENO

Ouro Preto não foi Florença.

Pedra Sabão não é mármore.

E o Aleijadinho não foi Michelângelo.

Ainda assim, quando você estuda a obra desse homem que esculpiu pias batismais, estátuas,

portais e altares, você chega a uma conclusão: o Brasil teve um gênio renascentista desgarrado

no sertão de Minas Gerais.

Um gênio da mistura, um gênio pardo, um gênio mulato, um gênio com a cara do Brasil.

O Brasil ficou menos mesquinho, graças ao gênio do Aleijadinho.

Cara, imagina tu entrar em cena e o teu nome ser Aleijadinho.

Ainda bem que naquele tempo não tinha bullying, porque Aleijadinho é sacanagem.

Tanto mais sacanagem ainda quando se sabe que o pobre Aleijadinho era justamente

o que se pode chamar de um aleijume ambulante.

Antônio Francisco Lisboa, sem dúvida um dos maiores gênios da história do Brasil,

um escultor fulgurante.

Um homem com uma visão artística a frente doo seu tempo, nasceu... não se sabe como

ele nasceu.

A biografia dele são fragmentos bibliográficos e nenhum deles com comprovação efetiva.

Se diz que ele nasceu 29 de agosto de 1730, mesmo dia da minha filha, só que não no

mesmo ano.

Ela nasceu antes, em 1612.

Teria nascido em 29 de agosto de 1730, embora pesquisas mais recentes suponham que ele nasceu

teria nascido em 1738, oito anos depois.

Não se sabe nada sobre a vida efetiva e os dados biográficos do Aleijadinho porque eles

se baseiam todos em um livro escrito em 1848 por um cara chamado Rodrigo Bretas.

Fragmentos Biográficos da vida de Aleijadinho, que é repleto de impropriedades.

E essa é a única fonte que, durante muitos anos, os estudiosos desses gênio brasileiro

se basearam para tentar traçar o seu perfil biográfico.

Agora, o que já se sabe sobre ele, o seu legado artístico, as suas pias batismais,

as suas igrejas, os seus altares, os seus portais e acima de tudo, é claro, os seus

12 profetas de pedra sabão em Congonhas do Campo, já são reveladores o suficiente.

Não se sabem quais foram os mestres do Aleijadinho, não se sabe com quem ele estudou e não se

sabe como de uma hora pra outra ele virou um gênio.

Mas se sabe que a partir de 1777, quantos ele já era um escultor consagrado em Vila

Rica, hoje Ouro Preto.

Também é importante colocar que o Brasil era um buraco, até 1780, ate a virada do

século 19 só havia duas, três cidades no máximo dignas do nome do Brasil.

Claro, é uma exagero, mas é quase assim.

Salvador, a capital do Brasil.

Rio de Janeiro, que já tinha virado capital logo depois de Salvador.

E Vila Rica.

Vila Rica era uma joia arquitetônica, uma joia urbanista surgida no meio das montanhas

alterosas de Minas Gerais.

Tinha sido o lugar onde o ouro foi descoberto por volta de 1650, então era o primeiro lugar

no Brasil, onde surgiu, o que se pode chamar hoje, de uma classe media.

Neh, num lugar com artistas, com artesãos, com escritores, com desembargadores, com a

classe media mesmo.

Enquanto o resto do Brasil era uma elite la em cima da nobreza e o resto do povaréu,

escravos por ali.

Então Vila Rica, em função da riqueza do ouro mesmo que ela tenha sido toda escoada

primeiro para o rio de Janeiro pra Portugal e por fim todo mundo sabe para a Inglaterra.

Apesar desse escoamento dessa riqueza.

Havia ali uma efervescência cultural condições econômicas que permitissem o surgimento de

um gênio a altura do aleijadinho.

O fato é que a partir de 1777, quando ele já era bem considerado como escultor, mas

também escultor e construtor de igreja, ele começa a revelar uma doença terrível que

se inicia pelos dedos dos pés.

Os dedos dos pés começam a cair, o que faz com que ele passe a andar de joelhos, ele

faz uma proteção de couro nos seus joelhos e passa a se arrastar de joelhos.

Depois essa doença chega aos seus dedos das mãos.

Se diz que ele arrancou com formão os dedos que iam se deformando cada vez mais iam praticamente

apodrecendo, mas na verdade iam se deformando.

Eles os arrancam com um formão.

Porque ele reagiu muito violentamente a essa doença.

Ele não se conformou com a doença.

Ele não se iluminou com a doença, ao contrário, ele foi se tornando uma pessoa cada vez mais

agressiva, cada vez mais violenta, e acima de tudo cada vez mais recluso.

Ele passa a circular por Vila Rica apenas de noite, apenas depois que o sol se põe.

E ele cavalgava embuçado como se dizia, que era coberto por uma grande capa e por uma

mascara.

Cavalgava a noite ate a igreja.

Ate o seu ateliê, onde ele esculpia e antes do sol raiar, como um vampiro, voltava para

a sua residência.

Então, depois a sua boca começa a entortar digno de corcunda de Notredame ele perde todos

os dentes.

Dizem que a orbitas dos seus olhos ficaram como as do Nestor Ceveró, cabe, como esses

olhos praticamente fora de orbita.

E se diz que ele passa a agredir, não só verbalmente as pessoas como passa agredir

fisicamente os três escravos que eram seus auxiliares,

Neh, ele tinha três escravos chamados Mauricio, Augustinho e Janaino que eram muito fieis

a ele.

Que adoravam ele, por que e os tinha vinculado ao oficio de escultor e que sabiam entender

esses seus desvarios de gênio.

Se diz também que a obra dele se divide claramente entre o período são, o período luminoso,

o período que ele esculpe em Ouro Preto, o período anterior a doença, no qual ele

tem uma obra equilibrada, sutil, linear, resplandecente em luz.

Depois da doença que começa como ele falei em 1777 e vai piorando cada vez mais, ele

se muda pra Congonhas do Campo e é em Congonhas do Campo, no auge da doença, no auge das

deformidades, que ele esculpe aquelas que são as suas obras primas, talvez umas das

maiores obras primas que já produzidas em qualquer campo da arte n Brasil.

Os 12 profetas de pedra sabão.

E ele esculpe em cedro os chamados 66 passo da paixão, que é uma visão bíblica, cara,

inacreditavelmente gótica e aterradora com todos só sofrimentos do cristo talhados no

cerne no cedro.

Uma obra extraordinária.

Essa obra ela continuaria se projetando pra sempre mesmo que ela não tivesse esse detalhe

que é na verdade o que a torna mais transcendente.

A obra do Aleijadinho, que começou a ser esculpida especialmente os profetas de Congonhas

do Campo quatro anos depois do martírio de Tiradentes é uma obra de contestação, é

uma obra de ataque a elite.

É uma obra de revolta contra a situação colonial do Brasil/

Por quê?

Porque o Aleijadinho botava nas figuras mais distorcidas, nas figuras mais sofrias da sua

obra ele representava pobres e escravos que ele conhecia e botava na postura dos poderosa

de Poncio Pilatos dos crucificadores de Cristo figuras que todos conheciam como governadores

e como membros do governo de Ouro Preto.

Então todo mundo foi ver aquelas obras incríveis e era como se fosse uma caricatura do poder

em vila rica do poder nas minas coloniais.

Entendeu?

Os caras que eram os poderosos dominadores, os Judas, os Pilatos, esses miseráveis que

continuam ai eram,..

Você olhava e reconhecia ai claramente o cara.

E mesmo que o cara protestasse..

Primeiro que o cara não ia vestir a carapuça, segundo que não ia brigar com o cara todo

aleijado, neh cara.

Não ia dizer que era ele ai, mas era as pessoas reconheciam

E reconheciam pessoas que tinham sido presas, pessoas que tinham sido delatadas por sua

revolta contra Portugal na fulgura dos desvalidos, dos infelizes.

Então além de tudo a obra, além de genial, além de ter esculpida, além de transcendente,

ainda tinha esse teor de critica social.

O Aleijadinho vai se tornando cada vez mais vitima da própria doença e é poupado das

agonias em meio a gritos e horrores...

E isso é muito revelador também de certa forma porque no dia 20 de novembro seria o

dia da consciência negra, neh.

É o dia que os séculos antes o zumbi havia sido morto e o Aleijadinho não era exatamente

negro, mas era mulato e era filho dessa mistura com uma mãe provavelmente negra

Então era, em sua essência um artista brasileiro, genuinamente brasileiro.

Aleijadinho.