×

Nous utilisons des cookies pour rendre LingQ meilleur. En visitant le site vous acceptez nos Politique des cookies.


image

Foro de Teresina - Podcast (*Generated Transcript*), #257: O ministro que escapou do tiroteio - Part 1

#257: O ministro que escapou do tiroteio - Part 1

Rádio Piauí.

Olá, sejam muito bem-vindos ao Foros Teresina,

o podcast de política da revista Piauí.

O presidente conversou comigo hoje,

uma conversa muito boa, muito positiva,

e, volto a dizer, estou à disposição do presidente,

porque eu fui indicação dele.

Eu, Fernando de Barros e Silva, na minha casa em São Paulo,

tenho o prazer de conversar com o meu amigo José Roberto de Toledo,

aqui pertinho. Opa, Toledo!

Opa, Fernando! Opa, Thaís!

Já vou avisando desde já que tem uma obra aqui no vizinho,

e talvez vocês escutem uma batucada,

mas não sou eu tocando o bumbo, não.

É a marreta mesmo.

Tá certo.

Eu vou continuar firme no meu objetivo,

apresentarei ao final do trabalho dessa comissão

um relatório justo, um relatório que vai fazer a transcrição

do que efetivamente ocorreu.

Thaís Bilenk, também em São Paulo.

Salve, salve, Thaís!

Salve, salve, Fernando Toledo.

Sem marretas por aí, Thaís?

Sem marretas. Só dentro da minha cabeça.

Tô brincando.

Hoje, no Fato Relevante,

a Americanas, pela primeira vez, não chama mais essa crise

de inconsistências contadas.

Ela chama de fraude.

Vamos, sem mais delongas, para os assuntos da semana.

Abrimos o programa falando dessa novela de baixa qualidade

ou da vida como ela é, na boa definição que deu Nelson Rodrigues

aos dramas da existência nesse país tropical.

O drama, no caso, bastante paroquial e nem por isso desimportante,

é a saída ou não da ministra Daniela Carneiro

da trepidante pasta do turismo.

Carneiro foi a deputada federal mais votada do Rio no ano passado,

mas é conhecida pela alcunha de Daniela do Vaguinho,

o que é tão constrangedor quanto sintomático.

Vaguinho vem a ser o prefeito de Belfort Roxo,

uma das cidades da Baixada Fluminense,

onde Jair Bolsonaro tem muito mais densidade eleitoral do que Lula.

O casal Vaguinho e Daniela foi estratégico

para que Lula cessasse o eleitorado evangélico

e diminuísse a distância favorável a Bolsonaro no Estado.

A pasta do turismo foi, pois,

uma retribuição pelo apoio em terreno hostil.

Ocorre, como vem sendo noticiado,

que a União Brasil, a junção do antigo Democratas com o PSL,

que elegeu Bolsonaro em 2018, ao qual Daniela ainda é filiada,

não se vê representado na figura da ministra.

E Lula precisa dos votos da União Brasil no Congresso.

É a vida como ela é.

Daniela entrou ministra e saiu ministra da reunião que teve com Lula na terça.

Tudo sob controle, ela disse ao sair.

É mais do que provável, no entanto,

que ela seja substituída pelo deputado Celso Sabino,

do União Brasil do Pará.

Além de ser bolsonarista até outro dia,

Sabino tem um histórico de ataques a Lula,

a quem acusava de lavar dinheiro no exterior, entre outros crimes.

Amigo do peito do presidente da Câmara, Arthur Lira,

Sabino foi um dos parlamentares que mais indicou emendas no ano passado,

tendo sido beneficiado com pelo menos 27 milhões de verbas do orçamento secreto.

É a vida como ela é.

Sabino, o homem de Lira, ou Daniela, a mulher do vaguinho?

Eis a questão.

Isso daí.

No segundo bloco,

o assunto são os primeiros movimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito do 8 de janeiro.

Os membros da CPI aprovaram na terça-feira a convocação de Anderson Torres,

ex-ministro da Justiça,

e do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

Mas rejeitaram a convocação do ex-ministro de Lula, Gonçalves Dias,

do Gabinete de Segurança Institucional,

e do ministro da Justiça, Flávio Dino.

O presidente da CPI, deputado Arthur Maia,

também do União Brasil da Bahia,

declarou no Twitter que foi constrangedor assistir a comissão rejeitar

o requerimento para a convocação de personagens centrais,

e que é inaceitável ouvir apenas um lado.

Foram aprovadas também as convocações do general Augusto Heleno,

ex-ministro do GSI e amigo do Toledo,

e Walter Braga Neto, vice na chapa de Bolsonaro no ano passado.

A gente vai discutir o que se pode esperar dessa CPI

e o que pretende fazer ali a minoria bolsonarista

para influir ou atrapalhar os rumos da investigação.

Por fim, no terceiro bloco,

o escândalo das lojas americanas.

Cinco meses depois de admitir inconsistências contábeis

da ordem de 20 bilhões de reais,

a varejista reconheceu pela primeira vez

que houve fraude em suas operações.

Era um segredo de polichinelo.

O atual CEO da empresa, Leonardo Coelho,

responsabilizou a antiga diretoria pelo rombo calculado em 25,7 bilhões

e mencionou também pela primeira vez

a existência de contratos fictícios de publicidade

ao longo de vários anos.

As falcatruas melhoravam artificialmente os balanços da empresa,

elevando o valor das ações na bolsa

e garantindo a distribuição de dividendos e bônus mais gordos aos executivos.

No comunicado divulgado pelas americanas

com as investigações preliminares do caso,

os três principais acionistas da empresa,

os bilionários Beto Sicupira, Jorge Paulo Leman e Marcel Telles,

não são responsabilizados pelas fraudes,

assim como o Conselho de Administração.

Ainda tem muito caroço nesse angú,

mas quem entende do assunto duvida muito que Sicupira,

pelo menos que participava do dia a dia da empresa,

tenha sido pego de surpresa.

Opa, tem aqui um buraco de 25 bilhões.

Os ex-diretores acusados pelos crimes preparam o contra-ataque

e devem alegar que o Conselho sabia de todos os passos da antiga diretoria.

A maior fraude corporativa do capitalismo local

ainda promete capítulos calientes desta novela,

que também é de baixíssima qualidade.

É isso? Vem com a gente!

Apoio do Lula

Muito bem, Thaís Bilenk.

Fiz aqui um resumo sumário dessa novela

da saída da Daniela Carneiro do Turismo

e as questões envolvidas a respeito do apoio do Lula no Congresso.

Você apurou várias coisitas a respeito dessa novela

e do trepidante Celso Sabino.

Diga lá.

É, você resumiu bem a novela.

Eu acho o seguinte, na segunda noite já vazou que a Daniela cairia.

E aí ela foi pra reunião, escoltada pelo marido,

e o Alexandre Padilha e o Lula receberam ela lá na presidência do Palácio do Planalto.

E enfim, ficaram lá tentando implorar por mais alguns dias,

por mais algum tempo.

O vaguinho entrou numa batida meio desesperada de se segurar no cargo,

apelando pro Lira, apelando pra Janja, apelando pra todos os jornais.

E na reunião dos quatro, eles mostraram muito chateados com esse desfecho.

E o Lula foi bastante objetivo e disse que se ela pediu a desfiliação do União Brasil

e a União Brasil não reconhece a Daniela como ministra da bancada

e não traz os votos que o governo precisa, ele teria que fazer uma troca.

Então eles negociaram uma espécie de saída honrosa, dando a ela mais alguns dias

pra ela ir ao Congresso nos compromissos que ela já tinha agendado como ministra de Estado

e participar da reunião ministerial nesta quinta-feira de manhã

pra apresentar um balanço das ações dela na pasta, enfim, pra não sair escorraçada.

E claro que a negociação também envolve uma compensação, né?

Algum tipo de controle de pasta ou orçamento ou o que quer que seja que a família vaguinho pleiteia.

Saída honrosa nesse caso é um eufemismo, não tem nada de honroso nessa história.

Nem na nomeação, nem na saída, nem no começo, nem no meio, nem no fim.

Tanto foi assim que a noite dessa mesma terça-feira o Padilha foi a um jantar de comemoração

da nomeação do Celso Sabino, chamou ele de ministro e pediu uns dias pra ele assumir.

Então é uma questão de tempo, né? Não é uma questão de ser, mas de quando.

O Celso Sabino vai trazer mais votos do União Brasil pro governo? Vai.

Vai ter mais apoio da bancada? Vai. Vai ter apoio do Eomar Nascimento? Vai.

Vai ter apoio do Arthur Lira? Vai. Vai resolver a vida do Lula? Não. Não vai.

Isso é só um começo, o União Brasil já tinha avisado.

Quem avisou foi o próprio Eomar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara,

naquela reunião tensa com o Lula horas antes da votação da medida provisória da esplanada.

Quando o governo estava sob pressão máxima, o Eomar Nascimento foi lá e falou que, sim,

precisava trocar os ministérios do partido, a começar pelo turismo,

mas sinalizou que queria trocar os três, porque os outros dois ministros foram indicados

pelo senador da Viel Columbre, portanto a Câmara não estava representada.

E o deputado Juscelino, que é ministro de Comunicações, fez um movimento inteiro

depois disso pra ganhar respaldo da bancada e conseguiu,

tanto que o Eomar declarou ao UOL esses dias que, sim, Juscelino pode ficar,

ele tem apoio da bancada, mas eles não vão se saciar com essa troca e com esse apoio.

Ficam dizendo que o Arthur Lira quer ser representado no governo,

como se o Celso Sabino não fosse um homem dele lá, e dando a entender o tempo inteiro

que o que interessa mesmo é a pasta da saúde.

Só pra ter uma noção do que a gente está falando, o Ministério da Saúde tem um orçamento

de cerca de 150 bilhões de reais, o Ministério do Turismo tem um orçamento de 2 bilhões de reais.

Essa é a fome do centrão no governo atual.

Mas é o começo, pode dar algum respiro pro governo.

O Celso Sabino, por que ele? Por que esse deputado foi escolhido?

Porque ele é um deputado, como você disse, um dos campeões de emendas do relator,

um deputado em segundo mandato, que não tem visibilidade nacional,

não é uma figura que, enfim, seja muito conhecida.

Foi se provando ao longo desses anos de Brasília, foi se revelando um hábil negociador,

uma pessoa com traquejo, com jeito, e foi se tornando também um anfitrião generoso.

Hoje em dia ele é reconhecido por receber na casa dele líderes de todas as bancadas,

os deputados do partido dele, faz jantares, faz reuniões muito bem feitas no apartamento dele.

Mas ele foi aprendendo, digamos assim, a fazer isso que em Brasília é importante,

né, pro jogo do dia a dia, que é o social.

E aí tem uma história que mostra como que ele é bastante eclético nessa atividade de anfitrião dele.

Essa história se passou em novembro de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro,

primeiro ano dele como deputado federal e de muitos outros deputados,

porque vocês lembram que em 2018 se elegeu uma Câmara muito renovada, né,

muitos bolsonaristas novos chegando, muita gente nova chegando.

E aí era aniversário da Tabata Amaral, que também era uma deputada de primeiro mandato na ocasião do PDT,

né, depois viria-se filial PSB.

E a Tabata é muito nova, ela é uma das deputadas mais novas.

Então o Celso Sabino decide fazer uma festa pra ela no apartamento dele.

O Celso Sabino na época era PSDB ainda, próximo do Aécio Neves e dessa turma,

ele tava chegando, ela chegando, ele faz uma festa no apartamento funcional dele em Brasília

e chama, não sei quais os critérios, chama gente de todas as trupes.

E aí a festa tá indo muito bem, obrigada.

O Feliciano, Marco Feliciano, pastor evangélico, começa a cantar,

uma deputada chamada Rose toca violão, eles tão fazendo toda uma coisa lá.

Pelo amor de Deus, só piora, hein, Thaís, só vai piorando o negócio.

Aí a Tabata começa a ficar feliz com a festa e aí ela resolve cantar junto com o Marco Feliciano

uma música, a música Shallow Now.

Não me peçam pra cantar Shallow Now.

Não me peçam, eu vou cantar mesmo assim.

Aí eles cantam parabéns, todo mundo levanta as mãos, eles fazem uma bênção.

Aí ela faz um discurso agradecendo muito a presença de todo mundo lá,

porque ela tava insegura achando que ninguém iria.

E aí a noite vai adentro, o pessoal se empolga, a Joyce Hasselman chega às duas da manhã,

ela canta Evidências com o Marco Feliciano e o Celso Sabino só servindo, deixando rolar a festa.

E aí pra terminar a noite, assessores petistas, que estavam na festa confraternizando como todos os outros,

começam a gritar Marielle vive e cantam No Woman No Cry em homenagem a Dilma Rousseff.

Então é isso.

Parece uma cena de Terra em Trânsito, Glauber Rocha, que essas festas...

Nossa senhora, eu falei que era a vida como ela é no começo, não sabia que era tanto a vida como ela é mesmo.

Mesmo, assim, eles são seres humanos também.

Só faltou falar o cardápio desses banquetes oferecidos pelo Sr. Sabino.

José Roberto Toledo, você vai dar o cardápio das festas do Sabino ou não?

Eu, felizmente, não me convidaram para essa festa pobre.

Essa novela toda sobre o Ministério do Turismo é uma degradação da discussão política, né?

A gente discute se o Lula chorou ou não chorou na reunião com a Daniela do Vaguinho,

se a Daniela do Vaguinho é importante ou se não é importante,

discute quantas reuniões cada ministro fez com quantos deputados para se manter no cargo

e discutir política pública para turismo, para saúde, para seja o que for, não tem espaço.

Porque a gente fica só discutindo as pessoas que vão tomar decisões

nem sempre baseadas no interesse público, mas no interesse próprio.

Tudo isso é reflexo de uma necessidade do governo Lula conseguir formar uma base parlamentar

que ele não conseguiu até agora.

Ele conseguiu, no máximo, alugar uma base de deputados, votação a votação.

E o pagamento é feito através do desembolso de emendas parlamentares.

Nos primeiros meses do ano, o governo ficou pagando alguns bilhões de reais

que tinham sido represados durante o governo Bolsonaro do chamado orçamento secreto.

E essas emendas do relator, que compõe o orçamento secreto, não foram pagas pelo Bolsonaro.

Mais um dos calotes que o governo Bolsonaro deu.

Sobrou para o Lula pagar e foi o que ele fez nos primeiros três ou quatro meses do ano.

Depois, quando a choradeira cresceu, a choradeira dos deputados,

eles começaram a empenhar o dinheiro das emendas parlamentares individuais

que vieram substituir ou compensar o fim do orçamento secreto.

Isso daí conseguiu dar algum fôlego para o Lula nas primeiras votações,

mas não foi o suficiente para consolidar uma base.

E o que a gente está vendo agora, a partir do mês de junho,

é o pagamento efetivo dessas emendas parlamentares.

Porque o empenho é só uma reserva que você faz,

do jeito que o dinheiro público é gasto, você precisa primeiro empenhar,

ou seja, você avisa o Tesouro e fala não gasta esse dinheiro

porque eu vou precisar para determinada obra, determinado serviço, pagar determinada coisa.

E foi o que foi feito, porque com empenho o parlamentar pode ir na sua base eleitoral

e dizer, olha, esse dinheiro aqui já está reservado, já está empenhado,

ele vai chegar, pode demorar um pouco mais, um pouco menos,

mas já pode ir tocando o serviço aí, já pode contratar quem vai fazer o serviço.

Com o desembolso, que é o pagamento, o dinheiro troca de mão.

E aí efetivamente há o benefício de quem apresentou a emenda

e há o benefício dos intermediários para esse serviço, seja lá o que isso signifique.

E é o que a gente vem acompanhando aqui no levantamento que a gente faz

permanentemente no pagamento e empenho das emendas,

é que durante o mês de junho, do atual mês,

o pagamento de emendas parlamentares deu um salto.

O governo Lula já pagou mais de 2 bilhões e 300 milhões de reais

em emendas parlamentares só desse ano.

É mais do que o orçamento do Ministério do Turismo,

segundo os dados que a Thaís Bilenk falou antes de mim.

Então isso dá a real dimensão de como é feita a política.

A moral da história é que quem está hoje com a faca e o queijo na mão

não é nem a esquerda do lado representada pelo governo Lula,

nem a extrema direita representada pelo PL do Bolsonaro,

que está jogando na defensiva,

mas sim a velha e boa bancada fisiológica que eu chamo de Arenal.

Esses é que estão se fartando de emendas,

esses que estão tentando abocanhar mais cargos

e esses que estão ditando a política.

Acabaram de aprovar nessa noite de quarta-feira,

ainda na Câmara, falta passar no Senado,

um projeto de lei que simplesmente pune bancos

que não queiram abrir contas para pessoas politicamente expostas,

sejam elas os próprios políticos, ex-políticos ou seus familiares.

Não por acaso quem apresentou o projeto foi a filha do Eduardo Cunha,

ex-presidente da Câmara, caçado,

porque ela própria experimentou dificuldades para abrir contas bancárias,

seja no Brasil, seja no exterior.

Então essa é a realidade que a gente está vivendo hoje, não é nada bonito.

E não obstante tudo isso que vocês falaram com muita propriedade,

o Brasil ganhou viés de alta no crédito, como é que chama isso?

Na nota de crédito pela S&P.

Na nota de crédito, é.

Essa foi a grande notícia do dia de ontem,

que se você procurar hoje nos jornais virou pé de página, né?

Não, no Globo é manchete.

Não nesse momento, no momento agora é prisão, assassino.

Um vê o impresso, o outro vê o...

Não, no impresso.

O impresso tem uma má notícia para você,

você faz parte de 12% da população que ainda lê jornal impresso.

Mas a manchete, isso que eu estou falando, não é pé de página.

Mas hoje, já no ciclo de notícias online, que é o que importa,

que é o que realmente repercute, isso já não é mais notícia,

já não está em lugar nenhum, já não tem mais destaque em lugar nenhum.

E foi a grande notícia dessa semana, na minha opinião,

porque você mostra que o Brasil melhorou a sua capacidade de receber investimentos.

E isso vai provavelmente forçar o Banco Central contra a vontade do presidente,

dos seus diretores, na reunião do Copom da semana que vem,

se não nessa reunião, certamente na próxima, no mês que vem,

abaixar a taxa de juros, porque...

É, ou já começar a sinalizar na OTA, no mínimo, né?

No mínimo, porque já com a desvalorização do dólar e o fortalecimento do real,

se continuar nessa batida, você vai ter o problema inverso.

Você vai ter uma enxurrada de dólares no país,

isso vai tornar as exportações brasileiras mais caras,

vai facilitar as importações e vai acabar com o resto de indústria que sobrou aqui.

Então, aí, quando a pressão vem em dólar e em inglês, aí o Banco Central reage.

E quem ganha mais uma estrelinha é o Haddad, porque...

Isso que eu ia falar, em meio a tantos problemas, o Haddad vai se fortalecendo.

É o ministro mais forte do governo hoje disparado, né?

Exato, e é provável que o crescimento seja maior nesse ano,

nesse ano do que todos os economistas, seus amigos da Faria Lima diziam nos primeiros meses.

Para fazer jus aos meus amigos da Faria Lima, ontem eles me disseram, um deles, né?

Me disse uma frase muito boa, falou,

quando esse pessoal, ele está se referindo a S&P e também a essas auditorias que a gente vai falar no terceiro bloco...

S&P, ele fala em inglês, gente.

Ele fala em inglês, é chique.

Não, porque a Standard, você prefere que eu diga Standard and Poor?

Na nossa época era assim, era Standard and Poor.

E tudo aí...

Quando esses caras chegam para jantar, é porque a mesa já está posta, né?

Então, se a S&P melhorou a nota do Brasil, é porque ela já sabe de algo que nós não sabemos.

Mudou o viés, né? Não é uma coisa também...

Aconteceu desde 2019.

É muito simbólico e significativo, não é pouca coisa não.

Claro, não voltamos a ter status de recomendação de investimento como a gente tinha até 2015, né?

Quando a crise toda começou, com a deposição, a campanha para deposição da Dilma.

Ainda faltam algumas notas, né?

Falta bastante, falta bastante para chegar lá.

Mas mudou a tendência, entendeu?

Você não vai subir três degraus de uma vez só, você vai subir aos poucos.

E os argumentos na carta da S&P são, temos um arcabouço fiscal,

melhoraram as perspectivas de crescimento da economia e a proporção dívida PIB pode cair.

Ou seja, é o discurso do Haddad incorporado, em inglês.

Se a gente lembra a resistência que o Haddad tinha do mercado há pouco tempo atrás, né?

Realmente ele é a figura destacada desse governo até agora.

Ele é elogiado até pelo Arthur Lira, que queria colocar ele lá no Palácio para negociar com os parlamentares.

O cara virou uma unanimidade, tá até perigoso.

E o Lula também continuou com a sua tentativa de aproximação do agronegócio,

falando que o MST não tinha que invadir terra nessa live que ele inaugurou essa semana.

Tem um novo momento se formando, a gente vai ver ainda se esse novo momento vai se consolidar no governo,

mas tem um ensaio de mudança.

Vai ser o Lula também lá ou macá, né?

Em relação a esses assuntos, ele sempre faz esse jogo de tentar temperar as coisas.

Mas não temperava para o lado de lá fazia um bom tempo.

Sim, começamos então com a Daniela do Vaguinho, terminamos com o Haddad e do Lula.

E vou encerrar o primeiro bloco do programa por aqui.

Vamos para um rápido intervalo.

No segundo bloco a gente vai falar da CPI do 8 de janeiro, a gente já volta.

Calma aí, eu achei que vocês iam pedir para eu fazer mais uma palinha de Shell ou não?

Antes de encerrar.

Na revista Piauí de junho, Ana Clara Costa reconstitui a trama montada por policiais, militares e políticos

para golpear a democracia em 8 de janeiro.

Consuelo Diegues revela os bastidores do rombo das lojas americanas

e detalha como se deu o fiasco do festejado trio formado por Jorge Paulo Leman, Beto Sicupira e Marcel Teles.

Os obstáculos para a reconstrução da política ambiental no governo Lula

são listados na reportagem de Bernardo Esteves.

E a escritora Ana Maria Machado alerta para os riscos de corrigir clássicos infantos juvenis.

No papel, no celular ou no computador, assinante Piauí lê esses e outros textos com exclusividade.

Saiba mais em revistapiaui.com.br.

Muito bem, Thaís Bilenk.

Agora não é hora de cantar, é hora de falar da CPI do 8 de janeiro.

Os primeiros movimentos mostram a ofensiva do bloco governista e a chiadeira do presidente da CPI, o Arthur Maia,

dizendo que tem que ouvir o outro lado.

É uma mistificação esse negócio de que tem dois lados.

Eu acho até que o Gonçalves Dias e eventualmente o Flávio Dino devem depor em benefício do debate público,

da transparência, mas dois lados é mistificação.

O que aconteceu de fato é que a oposição comeu terra.

Porque realmente o que eles aprovaram no início da semana, aprovando a convocação de todos os bolsonaristas

implicados nessa história e nenhum dos representantes do governo Lula, nem isso porque o ex-diretor da BIM,

que estava para ser convocado e não foi, nem dá para dizer que ele era ligado ao governo Lula,

mas nem ele foi porque ficou alguns dias à frente da BIM durante o governo Lula.

Quer dizer, a oposição se desarticulou de tal forma, ou nunca chegou a se articular, que foi tratorada.

E aí o Arthur Maia depois reagiu, porque o Arthur Maia, como presidente da CPI e deputado da União Brasil da Bahia,

não tinha como ficar quieto diante de uma derrota desse tamanho da oposição, da qual ele não se disparte,

mas tampouco do governo.

Então ele foi e falou vai convocar, vai apresentar requerimento até aprovar a convocação do Gonçalves Dias,

do Flávio Dino e dos outros.

O Flávio Dino que já tinha se colocado à disposição da CPI para falar, quer dizer,

foi uma demonstração de inabilidade da oposição nesse dia de votação.

Agora, isso significa que a base governista vai conseguir tudo o que quer, vai jantar a oposição, vai aprovar?

Não necessariamente. Tem muitas dificuldades pela frente e vários desafios para essa CPI trazer novidades efetivamente.

A primeira delas é que tem uma investigação em curso da Polícia Federal, relatada pela Alexandre de Moraes no Supremo,

com instrumentos muito mais efetivos do que o da CPI e já está muito à frente, né?

Quer dizer, para a CPI ter novidade diante disso é difícil.

O Arthur Maia, pensando nisso, justamente teve uma reunião com a Alexandre de Moraes,

na qual o Alexandre de Moraes concordou, aceitou dividir inquéritos sigilosos que não estejam em curso

para a CPI ter acesso a documentos já apurados pela Polícia Federal.

E tem também a CPI Distrital, que bem ou mal já convocou vários desses nomes bolsonaristas,

dos generais, dos militares, sobretudo, que a CPI do Congresso quer ouvir.

A CPI Distrital foi aberta pela Câmara Legislativa do DF meses atrás.

Não tem a visibilidade de uma CPI no Congresso Nacional, mas já convocou vários militares,

comandantes de tropa, inclusive, que estavam em postos centrais, postos importantes no 8 de janeiro.

Alguns falaram, outros não, mas ela já está mais à frente nessa batida.

Então, para a CPI conseguir fazer barulho, ela vai ter que remar.

O Randolph Rodrigues, que é um senador da base governista pelo Amapá e que está na CPI,

como esteve na CPI da Covid, com quem eu conversei no começo da semana,

convocou, inclusive, que já se espera o silêncio de alguns desses depoentes que foram convocados,

por exemplo, o Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e o tenente-coronel Cid, ex-ajudante de ordens do Bolsonaro.

Ambos investigados pela Polícia Federal, Torres preso até outro dia, Cid ainda preso.

São figuras que têm muito a perder falando mais do que precisam, então ainda tem isso.

Aprovar a convocação não necessariamente significa fazer notícia,

mas se eles conseguirem contar, e isso quem disse foi o Randolph Rodrigues para mim,

contar bem a história da tentativa de golpe de Estado,

ligar os pontos do que aconteceu da eleição até o 8 de janeiro,

identificar os financiadores, quem que bancou tudo aquilo, os acampamentos e as outras iniciativas,

já vai ter valido alguma coisa.

Eu tenho uma ambição mais ou menos parecida com a CPI da Covid,

de contar como o governo Bolsonaro não agiu e o que deixou de fazer durante a pandemia,

de contar essa história e fazer essa versão prevalecer.

O Rogério Correia, que é um deputado federal do PT e que também está no grupo de, digamos, articulação da CPI,

disse mais ou menos a mesma coisa para mim.

O objetivo é, mais que tudo, esclarecer os bastidores do golpe, nas palavras dele.

Qual foi o papel dos generais Heleno e Braga Neto, cujas convocações foram aprovadas,

qual era a interlocução que eles tinham com o Bolsonaro, identificar os autores intelectuais, enfim.

Esse é o objetivo deles.

O primeiro a ser ouvido, a ser chamado é Silvinei Vasques,

que era diretor da Polícia Rodoviária Federal no dia 30 de outubro,

no dia de segundo turno, quando houve os bloqueios nas estradas,

e mais um que, enfim, está bastante implicado nessa trama.

A ver se ele vai falar e o que, né?

É isso. José Roberto Toledo, que nunca se entusiasmou muito com essa CPI, né Zé?

Disse isso que a Thaís falou agora, estágio avançado das investigações na Polícia Federal,

porque a CPI vai dar visibilidade para alguns constranger, eventualmente alguns...

Essa CPI, o que eu acho mais bacana dessa altura é a ironia, né?

Ela foi... Vamos comemorar a história dessa CPI.

Assim que houve, no dia 8 de janeiro, já começou a se falar em CPI.

Quem primeiro falou em CPI foi o governo.

Não o governo, mas parlamentares de esquerda.

No mesmo dia o governo já falou, não, não, não, não, melhor não,

porque CPI atrapalha os trâmites de projetos de interesse no Congresso, não queremos CPI.

Aí a oposição viu uma oportunidade para falar, não, então se o governo não quer,

vamos bancar a CPI porque a gente vai criar a nossa narrativa,

a nossa versão sobre o que aconteceu no dia 8 de janeiro,

que na verdade foi uma maquinação do governo, uma história sem perna em cabeça,

e aí virou a CPI da oposição.

E eles jogaram todas as fichas nela, né?

Botaram ali sua esperança de desestabilizar o governo.

E deu a lógica, né? O governo usou o poder da sua caneta,

conseguiu montar uma maioria numérica, que na hora de escolher os nomes para a CPI,

quem ia ser presidente, relator, parecia que essa maioria não ia...


#257: O ministro que escapou do tiroteio - Part 1 #Nr. 257: Der Minister, der den Schüssen entkam - Teil 1 #257: The Minister who escaped the shooting - Part 1 #257: El ministro que escapó del tiroteo - Parte 1 #257: 銃撃から逃れた大臣 - 前編 #257: Silahlı saldırıdan kaçan Bakan - Bölüm 1 #257: Міністр, який уникнув розстрілу - частина 1 #257:逃離交火的部長 - 第 1 部分

Rádio Piauí.

Olá, sejam muito bem-vindos ao Foros Teresina,

o podcast de política da revista Piauí.

O presidente conversou comigo hoje,

uma conversa muito boa, muito positiva,

e, volto a dizer, estou à disposição do presidente,

porque eu fui indicação dele.

Eu, Fernando de Barros e Silva, na minha casa em São Paulo,

tenho o prazer de conversar com o meu amigo José Roberto de Toledo,

aqui pertinho. Opa, Toledo!

Opa, Fernando! Opa, Thaís!

Já vou avisando desde já que tem uma obra aqui no vizinho,

e talvez vocês escutem uma batucada,

mas não sou eu tocando o bumbo, não.

É a marreta mesmo.

Tá certo.

Eu vou continuar firme no meu objetivo,

apresentarei ao final do trabalho dessa comissão

um relatório justo, um relatório que vai fazer a transcrição

do que efetivamente ocorreu.

Thaís Bilenk, também em São Paulo.

Salve, salve, Thaís!

Salve, salve, Fernando Toledo.

Sem marretas por aí, Thaís?

Sem marretas. Só dentro da minha cabeça.

Tô brincando.

Hoje, no Fato Relevante,

a Americanas, pela primeira vez, não chama mais essa crise

de inconsistências contadas.

Ela chama de fraude.

Vamos, sem mais delongas, para os assuntos da semana.

Abrimos o programa falando dessa novela de baixa qualidade

ou da vida como ela é, na boa definição que deu Nelson Rodrigues

aos dramas da existência nesse país tropical.

O drama, no caso, bastante paroquial e nem por isso desimportante,

é a saída ou não da ministra Daniela Carneiro

da trepidante pasta do turismo.

Carneiro foi a deputada federal mais votada do Rio no ano passado,

mas é conhecida pela alcunha de Daniela do Vaguinho,

o que é tão constrangedor quanto sintomático.

Vaguinho vem a ser o prefeito de Belfort Roxo,

uma das cidades da Baixada Fluminense,

onde Jair Bolsonaro tem muito mais densidade eleitoral do que Lula.

O casal Vaguinho e Daniela foi estratégico

para que Lula cessasse o eleitorado evangélico

e diminuísse a distância favorável a Bolsonaro no Estado.

A pasta do turismo foi, pois,

uma retribuição pelo apoio em terreno hostil.

Ocorre, como vem sendo noticiado,

que a União Brasil, a junção do antigo Democratas com o PSL,

que elegeu Bolsonaro em 2018, ao qual Daniela ainda é filiada,

não se vê representado na figura da ministra.

E Lula precisa dos votos da União Brasil no Congresso.

É a vida como ela é.

Daniela entrou ministra e saiu ministra da reunião que teve com Lula na terça.

Tudo sob controle, ela disse ao sair.

É mais do que provável, no entanto,

que ela seja substituída pelo deputado Celso Sabino,

do União Brasil do Pará.

Além de ser bolsonarista até outro dia,

Sabino tem um histórico de ataques a Lula,

a quem acusava de lavar dinheiro no exterior, entre outros crimes.

Amigo do peito do presidente da Câmara, Arthur Lira,

Sabino foi um dos parlamentares que mais indicou emendas no ano passado,

tendo sido beneficiado com pelo menos 27 milhões de verbas do orçamento secreto.

É a vida como ela é.

Sabino, o homem de Lira, ou Daniela, a mulher do vaguinho?

Eis a questão.

Isso daí.

No segundo bloco,

o assunto são os primeiros movimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito do 8 de janeiro.

Os membros da CPI aprovaram na terça-feira a convocação de Anderson Torres,

ex-ministro da Justiça,

e do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

Mas rejeitaram a convocação do ex-ministro de Lula, Gonçalves Dias,

do Gabinete de Segurança Institucional,

e do ministro da Justiça, Flávio Dino.

O presidente da CPI, deputado Arthur Maia,

também do União Brasil da Bahia,

declarou no Twitter que foi constrangedor assistir a comissão rejeitar

o requerimento para a convocação de personagens centrais,

e que é inaceitável ouvir apenas um lado.

Foram aprovadas também as convocações do general Augusto Heleno,

ex-ministro do GSI e amigo do Toledo,

e Walter Braga Neto, vice na chapa de Bolsonaro no ano passado.

A gente vai discutir o que se pode esperar dessa CPI

e o que pretende fazer ali a minoria bolsonarista

para influir ou atrapalhar os rumos da investigação.

Por fim, no terceiro bloco,

o escândalo das lojas americanas.

Cinco meses depois de admitir inconsistências contábeis

da ordem de 20 bilhões de reais,

a varejista reconheceu pela primeira vez

que houve fraude em suas operações.

Era um segredo de polichinelo.

O atual CEO da empresa, Leonardo Coelho,

responsabilizou a antiga diretoria pelo rombo calculado em 25,7 bilhões

e mencionou também pela primeira vez

a existência de contratos fictícios de publicidade

ao longo de vários anos.

As falcatruas melhoravam artificialmente os balanços da empresa,

elevando o valor das ações na bolsa

e garantindo a distribuição de dividendos e bônus mais gordos aos executivos.

No comunicado divulgado pelas americanas

com as investigações preliminares do caso,

os três principais acionistas da empresa,

os bilionários Beto Sicupira, Jorge Paulo Leman e Marcel Telles,

não são responsabilizados pelas fraudes,

assim como o Conselho de Administração.

Ainda tem muito caroço nesse angú,

mas quem entende do assunto duvida muito que Sicupira,

pelo menos que participava do dia a dia da empresa,

tenha sido pego de surpresa.

Opa, tem aqui um buraco de 25 bilhões.

Os ex-diretores acusados pelos crimes preparam o contra-ataque

e devem alegar que o Conselho sabia de todos os passos da antiga diretoria.

A maior fraude corporativa do capitalismo local

ainda promete capítulos calientes desta novela,

que também é de baixíssima qualidade.

É isso? Vem com a gente!

Apoio do Lula

Muito bem, Thaís Bilenk.

Fiz aqui um resumo sumário dessa novela

da saída da Daniela Carneiro do Turismo

e as questões envolvidas a respeito do apoio do Lula no Congresso.

Você apurou várias coisitas a respeito dessa novela

e do trepidante Celso Sabino.

Diga lá.

É, você resumiu bem a novela.

Eu acho o seguinte, na segunda noite já vazou que a Daniela cairia.

E aí ela foi pra reunião, escoltada pelo marido,

e o Alexandre Padilha e o Lula receberam ela lá na presidência do Palácio do Planalto.

E enfim, ficaram lá tentando implorar por mais alguns dias,

por mais algum tempo.

O vaguinho entrou numa batida meio desesperada de se segurar no cargo,

apelando pro Lira, apelando pra Janja, apelando pra todos os jornais.

E na reunião dos quatro, eles mostraram muito chateados com esse desfecho.

E o Lula foi bastante objetivo e disse que se ela pediu a desfiliação do União Brasil

e a União Brasil não reconhece a Daniela como ministra da bancada

e não traz os votos que o governo precisa, ele teria que fazer uma troca.

Então eles negociaram uma espécie de saída honrosa, dando a ela mais alguns dias

pra ela ir ao Congresso nos compromissos que ela já tinha agendado como ministra de Estado

e participar da reunião ministerial nesta quinta-feira de manhã

pra apresentar um balanço das ações dela na pasta, enfim, pra não sair escorraçada.

E claro que a negociação também envolve uma compensação, né?

Algum tipo de controle de pasta ou orçamento ou o que quer que seja que a família vaguinho pleiteia.

Saída honrosa nesse caso é um eufemismo, não tem nada de honroso nessa história.

Nem na nomeação, nem na saída, nem no começo, nem no meio, nem no fim.

Tanto foi assim que a noite dessa mesma terça-feira o Padilha foi a um jantar de comemoração

da nomeação do Celso Sabino, chamou ele de ministro e pediu uns dias pra ele assumir.

Então é uma questão de tempo, né? Não é uma questão de ser, mas de quando.

O Celso Sabino vai trazer mais votos do União Brasil pro governo? Vai.

Vai ter mais apoio da bancada? Vai. Vai ter apoio do Eomar Nascimento? Vai.

Vai ter apoio do Arthur Lira? Vai. Vai resolver a vida do Lula? Não. Não vai.

Isso é só um começo, o União Brasil já tinha avisado.

Quem avisou foi o próprio Eomar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara,

naquela reunião tensa com o Lula horas antes da votação da medida provisória da esplanada.

Quando o governo estava sob pressão máxima, o Eomar Nascimento foi lá e falou que, sim,

precisava trocar os ministérios do partido, a começar pelo turismo,

mas sinalizou que queria trocar os três, porque os outros dois ministros foram indicados

pelo senador da Viel Columbre, portanto a Câmara não estava representada.

E o deputado Juscelino, que é ministro de Comunicações, fez um movimento inteiro

depois disso pra ganhar respaldo da bancada e conseguiu,

tanto que o Eomar declarou ao UOL esses dias que, sim, Juscelino pode ficar,

ele tem apoio da bancada, mas eles não vão se saciar com essa troca e com esse apoio.

Ficam dizendo que o Arthur Lira quer ser representado no governo,

como se o Celso Sabino não fosse um homem dele lá, e dando a entender o tempo inteiro

que o que interessa mesmo é a pasta da saúde.

Só pra ter uma noção do que a gente está falando, o Ministério da Saúde tem um orçamento

de cerca de 150 bilhões de reais, o Ministério do Turismo tem um orçamento de 2 bilhões de reais.

Essa é a fome do centrão no governo atual.

Mas é o começo, pode dar algum respiro pro governo.

O Celso Sabino, por que ele? Por que esse deputado foi escolhido?

Porque ele é um deputado, como você disse, um dos campeões de emendas do relator,

um deputado em segundo mandato, que não tem visibilidade nacional,

não é uma figura que, enfim, seja muito conhecida.

Foi se provando ao longo desses anos de Brasília, foi se revelando um hábil negociador,

uma pessoa com traquejo, com jeito, e foi se tornando também um anfitrião generoso.

Hoje em dia ele é reconhecido por receber na casa dele líderes de todas as bancadas,

os deputados do partido dele, faz jantares, faz reuniões muito bem feitas no apartamento dele.

Mas ele foi aprendendo, digamos assim, a fazer isso que em Brasília é importante,

né, pro jogo do dia a dia, que é o social.

E aí tem uma história que mostra como que ele é bastante eclético nessa atividade de anfitrião dele.

Essa história se passou em novembro de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro,

primeiro ano dele como deputado federal e de muitos outros deputados,

porque vocês lembram que em 2018 se elegeu uma Câmara muito renovada, né,

muitos bolsonaristas novos chegando, muita gente nova chegando.

E aí era aniversário da Tabata Amaral, que também era uma deputada de primeiro mandato na ocasião do PDT,

né, depois viria-se filial PSB.

E a Tabata é muito nova, ela é uma das deputadas mais novas.

Então o Celso Sabino decide fazer uma festa pra ela no apartamento dele.

O Celso Sabino na época era PSDB ainda, próximo do Aécio Neves e dessa turma,

ele tava chegando, ela chegando, ele faz uma festa no apartamento funcional dele em Brasília

e chama, não sei quais os critérios, chama gente de todas as trupes.

E aí a festa tá indo muito bem, obrigada.

O Feliciano, Marco Feliciano, pastor evangélico, começa a cantar,

uma deputada chamada Rose toca violão, eles tão fazendo toda uma coisa lá.

Pelo amor de Deus, só piora, hein, Thaís, só vai piorando o negócio.

Aí a Tabata começa a ficar feliz com a festa e aí ela resolve cantar junto com o Marco Feliciano

uma música, a música Shallow Now.

Não me peçam pra cantar Shallow Now.

Não me peçam, eu vou cantar mesmo assim.

Aí eles cantam parabéns, todo mundo levanta as mãos, eles fazem uma bênção.

Aí ela faz um discurso agradecendo muito a presença de todo mundo lá,

porque ela tava insegura achando que ninguém iria.

E aí a noite vai adentro, o pessoal se empolga, a Joyce Hasselman chega às duas da manhã,

ela canta Evidências com o Marco Feliciano e o Celso Sabino só servindo, deixando rolar a festa.

E aí pra terminar a noite, assessores petistas, que estavam na festa confraternizando como todos os outros,

começam a gritar Marielle vive e cantam No Woman No Cry em homenagem a Dilma Rousseff.

Então é isso.

Parece uma cena de Terra em Trânsito, Glauber Rocha, que essas festas...

Nossa senhora, eu falei que era a vida como ela é no começo, não sabia que era tanto a vida como ela é mesmo.

Mesmo, assim, eles são seres humanos também.

Só faltou falar o cardápio desses banquetes oferecidos pelo Sr. Sabino.

José Roberto Toledo, você vai dar o cardápio das festas do Sabino ou não?

Eu, felizmente, não me convidaram para essa festa pobre.

Essa novela toda sobre o Ministério do Turismo é uma degradação da discussão política, né?

A gente discute se o Lula chorou ou não chorou na reunião com a Daniela do Vaguinho,

se a Daniela do Vaguinho é importante ou se não é importante,

discute quantas reuniões cada ministro fez com quantos deputados para se manter no cargo

e discutir política pública para turismo, para saúde, para seja o que for, não tem espaço.

Porque a gente fica só discutindo as pessoas que vão tomar decisões

nem sempre baseadas no interesse público, mas no interesse próprio.

Tudo isso é reflexo de uma necessidade do governo Lula conseguir formar uma base parlamentar

que ele não conseguiu até agora.

Ele conseguiu, no máximo, alugar uma base de deputados, votação a votação.

E o pagamento é feito através do desembolso de emendas parlamentares.

Nos primeiros meses do ano, o governo ficou pagando alguns bilhões de reais

que tinham sido represados durante o governo Bolsonaro do chamado orçamento secreto.

E essas emendas do relator, que compõe o orçamento secreto, não foram pagas pelo Bolsonaro.

Mais um dos calotes que o governo Bolsonaro deu.

Sobrou para o Lula pagar e foi o que ele fez nos primeiros três ou quatro meses do ano.

Depois, quando a choradeira cresceu, a choradeira dos deputados,

eles começaram a empenhar o dinheiro das emendas parlamentares individuais

que vieram substituir ou compensar o fim do orçamento secreto.

Isso daí conseguiu dar algum fôlego para o Lula nas primeiras votações,

mas não foi o suficiente para consolidar uma base.

E o que a gente está vendo agora, a partir do mês de junho,

é o pagamento efetivo dessas emendas parlamentares.

Porque o empenho é só uma reserva que você faz,

do jeito que o dinheiro público é gasto, você precisa primeiro empenhar,

ou seja, você avisa o Tesouro e fala não gasta esse dinheiro

porque eu vou precisar para determinada obra, determinado serviço, pagar determinada coisa.

E foi o que foi feito, porque com empenho o parlamentar pode ir na sua base eleitoral

e dizer, olha, esse dinheiro aqui já está reservado, já está empenhado,

ele vai chegar, pode demorar um pouco mais, um pouco menos,

mas já pode ir tocando o serviço aí, já pode contratar quem vai fazer o serviço.

Com o desembolso, que é o pagamento, o dinheiro troca de mão.

E aí efetivamente há o benefício de quem apresentou a emenda

e há o benefício dos intermediários para esse serviço, seja lá o que isso signifique.

E é o que a gente vem acompanhando aqui no levantamento que a gente faz

permanentemente no pagamento e empenho das emendas,

é que durante o mês de junho, do atual mês,

o pagamento de emendas parlamentares deu um salto.

O governo Lula já pagou mais de 2 bilhões e 300 milhões de reais

em emendas parlamentares só desse ano.

É mais do que o orçamento do Ministério do Turismo,

segundo os dados que a Thaís Bilenk falou antes de mim.

Então isso dá a real dimensão de como é feita a política.

A moral da história é que quem está hoje com a faca e o queijo na mão

não é nem a esquerda do lado representada pelo governo Lula,

nem a extrema direita representada pelo PL do Bolsonaro,

que está jogando na defensiva,

mas sim a velha e boa bancada fisiológica que eu chamo de Arenal.

Esses é que estão se fartando de emendas,

esses que estão tentando abocanhar mais cargos

e esses que estão ditando a política.

Acabaram de aprovar nessa noite de quarta-feira,

ainda na Câmara, falta passar no Senado,

um projeto de lei que simplesmente pune bancos

que não queiram abrir contas para pessoas politicamente expostas,

sejam elas os próprios políticos, ex-políticos ou seus familiares.

Não por acaso quem apresentou o projeto foi a filha do Eduardo Cunha,

ex-presidente da Câmara, caçado,

porque ela própria experimentou dificuldades para abrir contas bancárias,

seja no Brasil, seja no exterior.

Então essa é a realidade que a gente está vivendo hoje, não é nada bonito.

E não obstante tudo isso que vocês falaram com muita propriedade,

o Brasil ganhou viés de alta no crédito, como é que chama isso?

Na nota de crédito pela S&P.

Na nota de crédito, é.

Essa foi a grande notícia do dia de ontem,

que se você procurar hoje nos jornais virou pé de página, né?

Não, no Globo é manchete.

Não nesse momento, no momento agora é prisão, assassino.

Um vê o impresso, o outro vê o...

Não, no impresso.

O impresso tem uma má notícia para você,

você faz parte de 12% da população que ainda lê jornal impresso.

Mas a manchete, isso que eu estou falando, não é pé de página.

Mas hoje, já no ciclo de notícias online, que é o que importa,

que é o que realmente repercute, isso já não é mais notícia,

já não está em lugar nenhum, já não tem mais destaque em lugar nenhum.

E foi a grande notícia dessa semana, na minha opinião,

porque você mostra que o Brasil melhorou a sua capacidade de receber investimentos.

E isso vai provavelmente forçar o Banco Central contra a vontade do presidente,

dos seus diretores, na reunião do Copom da semana que vem,

se não nessa reunião, certamente na próxima, no mês que vem,

abaixar a taxa de juros, porque...

É, ou já começar a sinalizar na OTA, no mínimo, né?

No mínimo, porque já com a desvalorização do dólar e o fortalecimento do real,

se continuar nessa batida, você vai ter o problema inverso.

Você vai ter uma enxurrada de dólares no país,

isso vai tornar as exportações brasileiras mais caras,

vai facilitar as importações e vai acabar com o resto de indústria que sobrou aqui.

Então, aí, quando a pressão vem em dólar e em inglês, aí o Banco Central reage.

E quem ganha mais uma estrelinha é o Haddad, porque...

Isso que eu ia falar, em meio a tantos problemas, o Haddad vai se fortalecendo.

É o ministro mais forte do governo hoje disparado, né?

Exato, e é provável que o crescimento seja maior nesse ano,

nesse ano do que todos os economistas, seus amigos da Faria Lima diziam nos primeiros meses.

Para fazer jus aos meus amigos da Faria Lima, ontem eles me disseram, um deles, né?

Me disse uma frase muito boa, falou,

quando esse pessoal, ele está se referindo a S&P e também a essas auditorias que a gente vai falar no terceiro bloco...

S&P, ele fala em inglês, gente.

Ele fala em inglês, é chique.

Não, porque a Standard, você prefere que eu diga Standard and Poor?

Na nossa época era assim, era Standard and Poor.

E tudo aí...

Quando esses caras chegam para jantar, é porque a mesa já está posta, né?

Então, se a S&P melhorou a nota do Brasil, é porque ela já sabe de algo que nós não sabemos.

Mudou o viés, né? Não é uma coisa também...

Aconteceu desde 2019.

É muito simbólico e significativo, não é pouca coisa não.

Claro, não voltamos a ter status de recomendação de investimento como a gente tinha até 2015, né?

Quando a crise toda começou, com a deposição, a campanha para deposição da Dilma.

Ainda faltam algumas notas, né?

Falta bastante, falta bastante para chegar lá.

Mas mudou a tendência, entendeu?

Você não vai subir três degraus de uma vez só, você vai subir aos poucos.

E os argumentos na carta da S&P são, temos um arcabouço fiscal,

melhoraram as perspectivas de crescimento da economia e a proporção dívida PIB pode cair.

Ou seja, é o discurso do Haddad incorporado, em inglês.

Se a gente lembra a resistência que o Haddad tinha do mercado há pouco tempo atrás, né?

Realmente ele é a figura destacada desse governo até agora.

Ele é elogiado até pelo Arthur Lira, que queria colocar ele lá no Palácio para negociar com os parlamentares.

O cara virou uma unanimidade, tá até perigoso.

E o Lula também continuou com a sua tentativa de aproximação do agronegócio,

falando que o MST não tinha que invadir terra nessa live que ele inaugurou essa semana.

Tem um novo momento se formando, a gente vai ver ainda se esse novo momento vai se consolidar no governo,

mas tem um ensaio de mudança.

Vai ser o Lula também lá ou macá, né?

Em relação a esses assuntos, ele sempre faz esse jogo de tentar temperar as coisas.

Mas não temperava para o lado de lá fazia um bom tempo.

Sim, começamos então com a Daniela do Vaguinho, terminamos com o Haddad e do Lula.

E vou encerrar o primeiro bloco do programa por aqui.

Vamos para um rápido intervalo.

No segundo bloco a gente vai falar da CPI do 8 de janeiro, a gente já volta.

Calma aí, eu achei que vocês iam pedir para eu fazer mais uma palinha de Shell ou não?

Antes de encerrar.

Na revista Piauí de junho, Ana Clara Costa reconstitui a trama montada por policiais, militares e políticos

para golpear a democracia em 8 de janeiro.

Consuelo Diegues revela os bastidores do rombo das lojas americanas

e detalha como se deu o fiasco do festejado trio formado por Jorge Paulo Leman, Beto Sicupira e Marcel Teles.

Os obstáculos para a reconstrução da política ambiental no governo Lula

são listados na reportagem de Bernardo Esteves.

E a escritora Ana Maria Machado alerta para os riscos de corrigir clássicos infantos juvenis.

No papel, no celular ou no computador, assinante Piauí lê esses e outros textos com exclusividade.

Saiba mais em revistapiaui.com.br.

Muito bem, Thaís Bilenk.

Agora não é hora de cantar, é hora de falar da CPI do 8 de janeiro.

Os primeiros movimentos mostram a ofensiva do bloco governista e a chiadeira do presidente da CPI, o Arthur Maia,

dizendo que tem que ouvir o outro lado.

É uma mistificação esse negócio de que tem dois lados.

Eu acho até que o Gonçalves Dias e eventualmente o Flávio Dino devem depor em benefício do debate público,

da transparência, mas dois lados é mistificação.

O que aconteceu de fato é que a oposição comeu terra.

Porque realmente o que eles aprovaram no início da semana, aprovando a convocação de todos os bolsonaristas

implicados nessa história e nenhum dos representantes do governo Lula, nem isso porque o ex-diretor da BIM,

que estava para ser convocado e não foi, nem dá para dizer que ele era ligado ao governo Lula,

mas nem ele foi porque ficou alguns dias à frente da BIM durante o governo Lula.

Quer dizer, a oposição se desarticulou de tal forma, ou nunca chegou a se articular, que foi tratorada.

E aí o Arthur Maia depois reagiu, porque o Arthur Maia, como presidente da CPI e deputado da União Brasil da Bahia,

não tinha como ficar quieto diante de uma derrota desse tamanho da oposição, da qual ele não se disparte,

mas tampouco do governo.

Então ele foi e falou vai convocar, vai apresentar requerimento até aprovar a convocação do Gonçalves Dias,

do Flávio Dino e dos outros.

O Flávio Dino que já tinha se colocado à disposição da CPI para falar, quer dizer,

foi uma demonstração de inabilidade da oposição nesse dia de votação.

Agora, isso significa que a base governista vai conseguir tudo o que quer, vai jantar a oposição, vai aprovar?

Não necessariamente. Tem muitas dificuldades pela frente e vários desafios para essa CPI trazer novidades efetivamente.

A primeira delas é que tem uma investigação em curso da Polícia Federal, relatada pela Alexandre de Moraes no Supremo,

com instrumentos muito mais efetivos do que o da CPI e já está muito à frente, né?

Quer dizer, para a CPI ter novidade diante disso é difícil.

O Arthur Maia, pensando nisso, justamente teve uma reunião com a Alexandre de Moraes,

na qual o Alexandre de Moraes concordou, aceitou dividir inquéritos sigilosos que não estejam em curso

para a CPI ter acesso a documentos já apurados pela Polícia Federal.

E tem também a CPI Distrital, que bem ou mal já convocou vários desses nomes bolsonaristas,

dos generais, dos militares, sobretudo, que a CPI do Congresso quer ouvir.

A CPI Distrital foi aberta pela Câmara Legislativa do DF meses atrás.

Não tem a visibilidade de uma CPI no Congresso Nacional, mas já convocou vários militares,

comandantes de tropa, inclusive, que estavam em postos centrais, postos importantes no 8 de janeiro.

Alguns falaram, outros não, mas ela já está mais à frente nessa batida.

Então, para a CPI conseguir fazer barulho, ela vai ter que remar.

O Randolph Rodrigues, que é um senador da base governista pelo Amapá e que está na CPI,

como esteve na CPI da Covid, com quem eu conversei no começo da semana,

convocou, inclusive, que já se espera o silêncio de alguns desses depoentes que foram convocados,

por exemplo, o Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e o tenente-coronel Cid, ex-ajudante de ordens do Bolsonaro.

Ambos investigados pela Polícia Federal, Torres preso até outro dia, Cid ainda preso.

São figuras que têm muito a perder falando mais do que precisam, então ainda tem isso.

Aprovar a convocação não necessariamente significa fazer notícia,

mas se eles conseguirem contar, e isso quem disse foi o Randolph Rodrigues para mim,

contar bem a história da tentativa de golpe de Estado,

ligar os pontos do que aconteceu da eleição até o 8 de janeiro,

identificar os financiadores, quem que bancou tudo aquilo, os acampamentos e as outras iniciativas,

já vai ter valido alguma coisa.

Eu tenho uma ambição mais ou menos parecida com a CPI da Covid,

de contar como o governo Bolsonaro não agiu e o que deixou de fazer durante a pandemia,

de contar essa história e fazer essa versão prevalecer.

O Rogério Correia, que é um deputado federal do PT e que também está no grupo de, digamos, articulação da CPI,

disse mais ou menos a mesma coisa para mim.

O objetivo é, mais que tudo, esclarecer os bastidores do golpe, nas palavras dele.

Qual foi o papel dos generais Heleno e Braga Neto, cujas convocações foram aprovadas,

qual era a interlocução que eles tinham com o Bolsonaro, identificar os autores intelectuais, enfim.

Esse é o objetivo deles.

O primeiro a ser ouvido, a ser chamado é Silvinei Vasques,

que era diretor da Polícia Rodoviária Federal no dia 30 de outubro,

no dia de segundo turno, quando houve os bloqueios nas estradas,

e mais um que, enfim, está bastante implicado nessa trama.

A ver se ele vai falar e o que, né?

É isso. José Roberto Toledo, que nunca se entusiasmou muito com essa CPI, né Zé?

Disse isso que a Thaís falou agora, estágio avançado das investigações na Polícia Federal,

porque a CPI vai dar visibilidade para alguns constranger, eventualmente alguns...

Essa CPI, o que eu acho mais bacana dessa altura é a ironia, né?

Ela foi... Vamos comemorar a história dessa CPI.

Assim que houve, no dia 8 de janeiro, já começou a se falar em CPI.

Quem primeiro falou em CPI foi o governo.

Não o governo, mas parlamentares de esquerda.

No mesmo dia o governo já falou, não, não, não, não, melhor não,

porque CPI atrapalha os trâmites de projetos de interesse no Congresso, não queremos CPI.

Aí a oposição viu uma oportunidade para falar, não, então se o governo não quer,

vamos bancar a CPI porque a gente vai criar a nossa narrativa,

a nossa versão sobre o que aconteceu no dia 8 de janeiro,

que na verdade foi uma maquinação do governo, uma história sem perna em cabeça,

e aí virou a CPI da oposição.

E eles jogaram todas as fichas nela, né?

Botaram ali sua esperança de desestabilizar o governo.

E deu a lógica, né? O governo usou o poder da sua caneta,

conseguiu montar uma maioria numérica, que na hora de escolher os nomes para a CPI,

quem ia ser presidente, relator, parecia que essa maioria não ia...