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Foro de Teresina - Podcast (*Generated Transcript*), #256: Vai que é tua, Lira! - Part 1

#256: Vai que é tua, Lira! - Part 1

Rádio Piauí.

Olá, sejam muito bem-vindos ao Foro de Terezina, o podcast de política da revista Piauí.

Eu espero que nós não tenhamos nunca mais eleições tão polarizadas, com discurso de ódio tão violento.

Eu, Fernando de Barros de Silva, na minha casa em São Paulo, tenho o prazer de conversar com o meu amigo José Roberto de Toledo, aqui pertinho.

Opa, Fernando, opa, Thaís, aqui trabalhando no feriado.

O vítimo de feriado.

Em prol dos ouvintes.

O campeão de kit de robótica é o estado de Alagoas, que levou do total dos recursos 67,6%.

Salve, salve, Thaís Bilenk, também em São Paulo.

Salve, salve, gente.

Desenrola, a medida provisória teve que ser assinada hoje, porque tem uma série de providências burocráticas para tomar até a abertura do sistema para os credores, que vai acontecer em julho.

É feriado, mas tem muito assunto. Vamos, então, à pauta da semana.

22 de junho, esse foi o dia marcado por Alexandre de Moraes para o julgamento que pode tornar Jair Bolsonaro inelegível até 2030 ou 2032 a ver.

O Tribunal Superior Eleitoral deverá decidir se o ex-presidente abusou de poder político e fez uso indevido do aparato do Estado ao convocar uma reunião com embaixadores internacionais em julho do ano passado.

Naquela ocasião, Bolsonaro discorreu sobre as eleições brasileiras para colocar sob suspeita a lisura do processo.

Era parte, como se sabe, de uma engrenagem muito mais ampla para melar as eleições e sabotar a democracia, tarefa que mobilizou a máquina bolsonarista antes, durante e depois das eleições.

Até 8 de janeiro, pelo menos.

Subemos nesta semana que no celular de Mauro Cid, o ajudante de ordens mais encrencado da história da República, estava armazenada a minuta de decretação de uma GLO, Garantia da Lei e da Ordem,

instrumento que permitiria a Bolsonaro colocar o exército na rua e escalar pela via do arbítrio contra a vitória de Lula.

É mais um documento que se soma ao que já havia sido encontrado na casa de Anderson Torres, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, com a mesma finalidade golpista.

Tantas as evidências de que Bolsonaro queria implodir a democracia brasileira, que só está faltando a prova do elevador.

Não fui eu, grita Bolsonaro diante do mau cheiro provocado no ambiente.

No segundo bloco, os incômodos de Arthur Lira.

O presidente da Câmara entrou na mira da Polícia Federal, que investiga um esquema de desvio de kits de robótica destinado a escolas públicas em Alagoas.

Entre os alvos da investigação está a prefeitura de Canapi, cidade do interior do estado, que pagou R$ 5,8 milhões para comprar 330 kits para seus alunos no ano de 2021.

O dinheiro utilizado para a aquisição foi repassado ao município por meio do orçamento secreto, a pedido de Lira.

As denúncias de superfaturamento e desvio de verbas atingiram Luciano Cavalcanti, um dos assessores mais próximos de Lira,

que ocupava um cargo na liderança do PP e foi exonerado na última segunda-feira.

Também na segunda, uma reportagem da Folha de São Paulo mostrou que Lira usou na campanha eleitoral do ano passado uma picape filmada no esquema dos kits.

Pelo jeito, só está faltando também a prova do elevador.

Além dos meandros policialescos deste caso, a gente vai discutir as implicações políticas.

No terceiro bloco, a gente fala de Lula.

Por um lado, o governo anunciou um programa de incentivo fiscal para reduzir os preços de carros populares, ônibus e caminhões, esses dois últimos incluídos de última hora no pacote.

Além disso, foi anunciado o chamado Desenrola Brasil, que pretende beneficiar cerca de 70 milhões de brasileiros mais pobres que estão endividados.

Lula também participou, ao lado de Marina Silva, da cerimônia que marcou a retomada do Plano para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia,

plano que havia sido criado em 2004 e abandonado por Bolsonaro.

A iniciativa ocorre em meio a uma ofensiva contra a agenda ambiental no país, capitaneada pela Câmara de Arthur Lira, onde a bancada ruralista fala grosso.

A medida provisória da Mata Atlântica e o marco temporal das terras indígenas foram aprovados pelos deputados nas últimas semanas,

ao mesmo tempo em que houve o esvaziamento dos ministérios do meio ambiente e dos povos originários, sem que o governo Lula tenha se empenhado para evitar o retrocesso.

As contradições e dificuldades de Lula continuam em alta.

É isso, vem com a gente.

Muito bem, José Roberto de Toledo, vai trabalhar no feriado. Vamos começar com você.

Eu mencionei o julgamento do Bolsonaro e a novidade dessa semana é que é o celular de Mauro Cid,

mais evidências de que a trama de um golpe estava em curso e Bolsonaro sabia das coisas.

Bom, a Malu Gaspar e o Cesar Tralli deram fuga ao governo Lula,

mostrando que havia mais ainda indícios do tal golpe que os bolsonaristas prepararam para dar antes da posse do Lula.

E o governo Lula, que estava em curso, não tinha a intenção de fazer um golpe de forma tão grave quanto o de Mauro Cid.

E os detalhes do Mauro Cid ficaram guardados, mostrando que havia mais ainda indícios do tal golpe que os bolsonaristas prepararam para dar antes da posse do Lula.

E o bacana é que pega praticamente metade da hierarquia do exército.

Você tem sargento, você tem major, você tem coronel, você tem tenente coronel, só está faltando os generais e o capitão.

Por quê? Essa última descoberta é mais uma pecinha de um mosaico muito maior que está se formando e ficando cada vez mais claro.

É como se fosse um quebra-cabeça que a gente vai colocando as pecinhas.

Toda a moldura já está pronta, só está faltando o miolo. Por quê?

Você tem, vamos lembrar, aquela minuta encontrada na casa do Anderson Torres, ministro da Justiça do Bolsonaro,

que era uma decretação de estado de defesa dentro do Tribunal Superior Eleitoral para acabar com a autoridade do Alexandre de Moraes, que era presidente,

e não reconheceu o resultado da eleição. Ali era a primeira fase, né? Vamos melar a eleição.

Havia também, agora se sabe, a ideia de se decretar uma operação de garantia da lei e da ordem que permitiria ao exército sair para a rua

e invadir a sede dos poderes e fazer o que quisesse, porque seria autoridade máxima em Brasília.

E vamos lembrar, havia também a conversa do ex-major Ailton Gonçalves, na qual ele propunha sublevar uma unidade de elite do exército,

que fica baseada em Goiânia, 200km de Brasília, para armar 1.500 homens e fazer com que eles interviessem e prendessem o Alexandre de Moraes.

Quer dizer, o roteiro do golpe foi montado e eles queriam dar uma legitimidade, então eles ficaram pedindo minutos de decretos,

minutos com aspecto jurídico, para fazer a palhaçada parecer uma operação legal.

Faltou o apoio dos generais que comandavam tropas.

Se eles tivessem tido o apoio do alto comando do exército, dos generais que não comandam as suas escrivaninhas e sua secretária apenas,

mas se tivessem conseguido o apoio de quem comanda os soldados, talvez a história tivesse sido escrita de maneira diferente.

Mas faltou esse apoio. Agora, o que está faltando na investigação da Polícia Federal?

Está faltando implicar os generais sem tropa, que ocuparam cargos de comando civil no governo Bolsonaro.

Vamos lembrar que o Braganeto deu uma entrevista na porta do Alvorada para bolsonaristas que choravam ali a derrota,

dizendo que esperam que vem coisa boa por aí.

E está faltando caracterizar o papel do Bolsonaro, que era o maior beneficiário de todo esse golpe.

Obviamente, ele havia perdido as eleições e o único jeito dele permanecer no poder e evitar o julgamento que ele vai enfrentar agora, dia 22,

era permanecer no poder e acabar com o judiciário, manietar o judiciário para não ser julgado pelos muitos crimes que cometeu.

Esse crime específico de abuso de poder, da reunião com os embaixadores, é pinto perto do que o Bolsonaro fez.

Vamos lembrar, tem uma série de reportagens da Amanda Rossi no UOL, mostrando o que eles fizeram na Caixa Econômica Federal.

A quantidade de dinheiro que a Caixa perdeu, bilhões de reais, para tentar comprar a eleição,

comprar votos na eleição com vários tipos de programa, que foram suspensos imediatamente depois que acabou a votação.

Quer dizer, está mais do que configurado que o Bolsonaro abusou o poder e tem que ter os direitos políticos cassados, sim, nesse julgamento,

o que eu acho que vai acabar acontecendo. Ele está num momento muito ruim, não está conseguindo coordenar nada, nem a própria defesa.

Ele não é uma opção de poder mais, está claro isso. Os nomes mais ligados ao bolsonarismo também não são mais favoritos nas eleições.

Continuam com a expressão própria, mas não é o polo de poder.

Você está ousado nesse feriado, hein?

Estou, estou. Tem que falar alguma coisa, estou improvisando aqui, Fernando. Estou falando qualquer coisa aqui.

Vamos improvisar nisso daí.

Mas para mim, a moral da história é essa. A gente está vendo uma retomada do poder pelo fisiologismo, pela velha política,

e essa caqueirada que se elegeu na esteira do Bolsonaro, ela tem voz, tem a sua participação, faz barulho, mas ela fica em nicho.

Você vai ocupar lá a CPI do MST, a CPI do 8 de janeiro, mas não decide votação.

Ela tem um papel de fazer barulho, é uma banda de música, mas não é quem toca o país, nem é a opção de poder ao PT, pelo menos por enquanto.

Eu vou passar para você, mas antes fazer um pequeno comentário.

Essa turma do centrão e essa direita convencional, vamos dizer assim para facilitar, depende de voto.

E eu acho, a minha leitura é que o voto ainda está localizado, não na figura do Bolsonaro, que provavelmente vai ser banida da política institucional,

mas vai continuar como presença forte ou influente na política de maneira geral.

Eu acho que o apelo de uma candidatura de extrema direita continua ainda muito provável ou provável no país.

Thaís Bilenk, você vai já antecipar para os nossos ouvintes o resultado da votação do dia 22, é isso?

Eu, eu mesma não, mas os ministros basicamente sim, já estão antecipando.

O que temos? Alexandre de Moraes, presidente do TSE, no evento do Bolsonaro com os embaixadores em julho de 2022,

apareceu no telão que o Bolsonaro montou no Palácio da Alvorada, dizendo o seguinte.

Se houver repetição do que foi feito em 18, o registro será cassado e as pessoas que assim o fizerem irão para a cadeia por atentar contra as eleições e contra a democracia.

Aí Bolsonaro pega o microfone e diz.

Quem faz isso, atentar contra a democracia, é o próprio TSE, não pode um magistrado ameaçar quem quer que seja.

E aí continua desfilando todo o seu golpismo para os embaixadores, dezenas e dezenas de embaixadores que espantosamente aplaudiram a fala do Bolsonaro ao final.

A gente sabe, Bolsonaro apostou todas as fichas dele numa ruptura e agora ele vai ser julgado pelas pessoas que ele ofendeu, ameaçou e expôs perante o mundo.

Não só o Alexandre de Moraes, como outros tantos ministros foram exibidos no telão da mesma forma.

Alexandre de Moraes enquanto presidente do TSE e enquanto presidente do TSE durante todo esse processo eleitoral, conduziu agora a negociação até anunciar a data do julgamento com empenho pessoal.

Primeiro se tentou julgar a elegibilidade do Bolsonaro no TSE antes da aposentadoria do Lewandowski em abril para contar com o voto dele,

uma vez que assim que Lewandowski saísse, quem assumiria seria o Cássio Nunes Marques, ministro indicado pelo Bolsonaro.

Não foi possível, então o Alexandre puxou o freio de mão e esperou a saída dos dois juristas indicados para o Bolsonaro nas vagas de ministro do TSE,

que eram o Sérgio Banhos e Carlos Horbach que deram inúmeras demonstrações de lealdade ao então presidente da república.

Então o Alexandre espera eles saírem em maio e articulou com o Lula a indicação de dois professores da USP como ele, colegas e amigos,

para assumirem essas vagas que são o Floriano de José Fedo Marques e o André Ramos Tavares.

E essa negociação aconteceu com o Lula, muito bem casada, tanto que quem anunciou a aprovação dos nomes foi o próprio Alexandre,

do plenário do TSE e ato contínuo anunciou a data de julgamento do Bolsonaro no tribunal.

Então como é que está a composição agora? O TSE é composto por sete ministros, três são do Supremo Tribunal Federal,

o Supremo tem um rodízio dos ministros com um mandato de dois anos no TSE renováveis por mais dois.

Então estão lá agora Alexandre, Carmen Lúcia e Cássio Nunes Marques, os dois juristas que foram indicados pelo Alexandre

e tem também dois ministros do Superior Tribunal de Justiça, o STJ.

O Benedito Gonçalves, que é o corregedor, que joga junto com o Alexandre e o Raul Araújo Filho, que é mais alinhado ao Bolsonaro.

O Alexandre tinha antes no plenário quatro votos, Alexandre, Carmen Lúcia, Lewandowski e Benedito, contra os outros três, os dois juristas e o Raul Filho.

Com a saída do Lewandowski o placar estava em 3x3, estava arriscado, ele esperou e agora conseguiu reverter, então ele tem 5x2 basicamente, né?

Ele não tem o voto do Raul Araújo nem do Cássio Nunes.

Mas quem conhece toda a operação no TSE, quem conhece todo o Alexandre, eu conversei com um ministro que me basicamente garantiu,

que não vai dar ponto sem nó, quer dizer, o que poderia acontecer que mudaria o desfecho da condenação do Bolsonaro?

Pedido de vista, mas o próprio Alexandre fez o TSE aprovar no começo do ano uma mesma resolução que o Supremo tinha aprovado

de estipular prazos para os pedidos de vista, porque antes, até o começo de 2023, pedido de vista era basicamente um adeus ao julgamento.

Agora os ministros no TSE têm um prazo de 30 dias para devolver o processo.

Então supondo que os dois ministros peçam vista, no máximo adiem 60 dias o resultado.

E além disso tudo, o vice-procurador-geral eleitoral, que é o Paulo Goné, que é autoridade da procuradoria no TSE,

também já defendeu a inelegibilidade do Bolsonaro, salvando o Braga Neto da chapa, dizendo que o Braga Neto não precisa ser condenado junto.

O Paulo Goné também quer ser PGR, quer assumir o lugar do Aras, então tem um cenário muito consolidado pro condenação do Bolsonaro no tribunal.

No entendimento do procurador eleitoral, ele seria condenado por abuso de autoridade, desvio de finalidade e uso indevido dos meios de comunicação,

porque não bastasse usar a estrutura do governo, o Bolsonaro ainda transmitiu a reunião dele ao vivo nas redes do governo e na TV Brasil.

E a verdade é que conversando com as pessoas do Bolsonaro ao longo das últimas semanas e meses, eles sempre foram muito céticos em relação a esse julgamento.

Eu acho que não tem muita dúvida em relação a isso, nem da parte deles.

A questão que eles estão olhando é pro futuro. Quais sinais que eles, PL, em torno do Valdemar estão dando?

Sinal número um, que eles vão procurar jogar dentro das quatro linhas. Detesto essa expressão do Bolsonaro, tô usando só.

Nossa, é que nem a camisa da seleção brasileira, eu não consigo ver a camisa da seleção brasileira e essa frase, entre outras coisas.

Essa frase é muito infeliz, né? Eu acho ela muito mal colocada. Mas por que eles dão esse sinal?

Porque eles rifaram, o Valdemar rifou o Ricardo Salles e diga-se de passagem, a candidatura do Ricardo Salles nunca foi pra valer.

Era muito mais pra agitar a extrema-direita em São Paulo e criar algum tipo de perspectiva pra eles.

Mas ao rifar no nascedor, essa suposta candidatura, ele tá tentando isolar a extrema-direita, fazer já aliança com o Ricardo Nunes, que é o prefeito mais centrão impossível de São Paulo.

É bom você anunciar que o Ricardo Nunes é o prefeito de São Paulo, porque ninguém sabe, né? Também não tem prefeitura, então...

Esse é o sinal número um que o PL e o Valdemar tem dado. Sinal número dois é a aposta cada vez mais reiterada da Michele como grande cabo eleitoral.

E qual foi a novidade em relação a isso, sendo que isso já vem acontecendo?

Tem algumas semanas que o Bolsonaro começou a encampar essa aposta do Valdemar na Michele, dizendo que realmente ela tem verbo e política, etc.

E agora o PL lançou um videozinho pra pedir a filiação de jovens, da juventude e tal. E a Michele é a estrela.

Até aí, nenhuma novidade. Pra mim, a nuance desse vídeo, dessa peça, é que o Bolsonaro tá sentado no fundão junto com um tanto de outras pessoas,

que você nem reconhece, tem que olhar atentamente pra ver quem tá sentado atrás, enquanto a Michele é a estrela pedindo a filiação dos jovens ao PL.

Isso é um sinal de que, bom, sim, ele tá concordando com tudo isso e sinal também de reconhecimento que a situação dele é realmente muito dramática, muito difícil, muito complexa.

E 22 de junho tá logo aí.

Eu queria fazer uma complementação. O pessoal da Pauver, que é aquela consultoria que monitora 25 mil grupos de WhatsApp, me chamou a atenção essa semana

que houve um aumento das menções a uma suposta manifestação bolsonarista no dia 11 de junho, esse domingo agora, que é o dia da parada LGBTQIA+.

Não sei se era pra valer, se eles estavam querendo convocar pra ter confusão, mas já tem notícias de cancelamento, ou seja,

há uma descoordenação, inclusive na área digital, que os bolsonaristas sempre dominaram desde 2018.

Até pra convocar isso, qual que é a estratégia aqui, aparentemente?

Era você ter manifestações populares pra tentar emparedar os ministros do TSE, pra evitar a condenação do Bolsonaro.

Mas nem essa articulação parece que tá dando certo, né?

Teve um aumento ali das chamadas, mas também não é nada assim grandioso.

Então, eu acho que o cenário pra mim, salvo uma derrocada econômica do governo Lula, tá mais para a direita se organizar em torno de um polo com perfil mais moderado

do que um radical como o Bolsonaro, porque já não deu certo.

Se o cara não conseguiu se reeleger com a máquina, gastando bilhões do seu, do meu e do nosso, ainda assim perdeu por Lula,

me parece que o raciocínio do Valdemar pra cidade de São Paulo, que precisa ter um candidato mais moderado, de direita, mas não tanto,

vai valer também pra eleição presidencial.

Mas tá muito cedo pra gente falar sobre isso, porque afinal de contas é o primeiro ano do governo Lula.

Muito cedo, muito cedo. E ser não existe, né?

Claro que existe. Toda a base do pensamento científico é baseada em ser.

Se não tivesse tido pandemia, o Trump estaria reeleito e o Bolsonaro também.

Essa é a minha constatação. Ele perdeu, perdeu por muito pouco, enfim, vejo uma energia social que foi destampada ao longo dos últimos anos e se materializou em 2018,

selvagem, que ainda não tá desmobilizada. Ela pode tá sem, agora, figura de referência na medida em que o Bolsonaro vai se inviabilizando.

Mas vejo a Michelle, como a Thaís colocou, como uma pessoa que pode vir a ocupar, mas enfim.

Menor chance.

Estamos falando de cristal, estamos fazendo especulações, estamos falando do presente, fingindo falar do futuro, né?

Não é isso, Thaís? Isso que você me ensinou. Quando a gente faz especulações sobre o futuro, a gente está falando do presente.

Então, sobre o presente, a constatação é que o bolsonarismo nunca esteve tão fraco desde 2017.

É.

Não sei se eu colocaria desse jeito. Eu acho que a Michelle não assumiria um lugar de líder do bolsonarismo.

Ela não vai ser presidente do Brasil, na minha opinião. Não acho que é pra tanto.

Eu acho que essa energia, né, que você chamou, acho um bom termo, tá colocado e eles não querem perder o controle disso.

E ela tem conseguido mobilizar muito mais do que ele. Ele, de fato, tá num momento complexo.

Mas ela não é liderança de nada, né, gente? Ela tá a reboque, sendo usada pelo Valdemar.

Mas ela cativa, ela tem carisma.

Não tem opção de poder, imagina. Os caras são um bando de machistas.

Vocês acham que os caras bolsonaristas vão votar em mulher pra presidente da república? Não vão.

Uma chapa Sérgio Moro e Michelle Bolsonaro.

Pois é, dois ex-políticos, desfuturos ex-políticos.

Quem é vice?

Ela é vice.

Ele tá falando do sério.

Não, como a Angela Alonso mostra no livro dela, a articulação dos grupos de direita precede muito as jornadas, que não foram jornadas, de junho de 2013.

Você precisa ter uma opção de poder pra catalisar esses grupos todos, senão eles entram em conflito, imagina.

Primeiro tiro que a Michelle Bolsonaro vai tomar é do Carlos, do Eduardo, do Flávio.

Bom, a única certeza que temos, ou a única probabilidade, é que o Bolsonaro terá seus direitos políticos cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Isso é o que a gente está pensando neste momento.

O resto a gente deixa para você, ouvinte, com seu discernimento, seu bom senso, sua perspicácia, coisas que nos faltam nesta manhã de quinta-feira de feriado, para decidir quem falou mais besteira nesse bloco.

É isso. A gente termina o primeiro bloco do programa por aqui, vai para um rápido intervalo comercial e no segundo bloco vamos falar dele, Arthur Lira. Já voltamos.

Abertura

O 8 de janeiro é pauta na revista Piauí deste mês.

A repórter Ana Clara Costa reconstitui a trama montada por policiais, políticos e militares que resultou na invasão da sede dos três poderes em Brasília.

Então você tem os militares permitindo e agindo com condescendência com os acampados, você tem a polícia militar agindo com condescendência e permitindo que eles quebrassem tudo,

tem a polícia civil agindo com condescendência nas investigações que fizeram, tem os políticos, sobretudo os políticos ligados ao Bolsonaro, entrando com tudo na tese da urna fraudada, que era o maior combustível de revolta dessas pessoas.

Saiba mais em revistapiauí.com.br

Essa reportagem ela descreve com muitos detalhes como tudo isso aconteceu. Eu diria que é isso.

Música

Thais Bilencki, eu mencionei na abertura rapidamente a investigação da PF que atinge o entorno do Arthur Lira e ele próprio e você andou apurando aí a respeito das implicações políticas dos movimentações do próprio Arthur Lira,

como isso pode fragilizar ou não a figura do poderoso chefão que ele ocupa hoje na república, né?

Que não é bem uma república, mas enfim.

Pois é, o Lira teve dias difíceis depois de ameaçar o governo com a medida provisória da esplanada.

Assim que aprovou e aprovou daquele jeito, penso que foi, a polícia federal deflagrou a operação contra seus aliadíssimos em Alagoas.

E com isso o Lira não contava. Ele contava sim com esse julgamento da primeira turma, eu apurei isso no entorno dele, ele contava com a absolvição da primeira turma do Supremo por corrupção passiva nessa operação de 10 anos atrás.

E esse resultado faz parte do desmonte da Lava Jato em curso no Supremo e nos tribunais superiores de modo geral.

O Valdez Góes, ministro do desenvolvimento regional sobre o qual falei semana passada, ex-governador do Amapá, que estava com uma situação pendente também, foi beneficiado por este novo momento no Supremo.

Até o Barroso, Luiz Roberto Barroso, o ministro talvez o mais eloquente dos ministros Lava Jatistas, mudou o voto, teve que consentir, enfim, tudo muito articulado, muito negociado.

O Pierpaolo Bottini é o advogado do Lira nesse processo.

O que o Lira não esperava era que a operação da polícia federal fosse deflagrada justamente no dia seguinte da aprovação do MP, de toda a atenção, de toda a negociação que ele fez.

E a coisa foi tão surpreendente e tão complexa para ele que o Luciano Cavalcanti, esse assessor, foi exonerado no dia seguinte da operação.

Para quem conhece, Arthur Lira diz que isso é muito sintomático.

O Luciano Cavalcanti é da COP da Cozinha do Arthur Lira, ele faz tudo de longuíssima data do presidente da Câmara, desde Alagoas, publicamente, obviamente, claro, o Lira não admite esse vínculo todo.

Ele o demitiu muito rápido e por que isso é sintomático?

Porque, por exemplo, para citar um nome, um outro amigo do Arthur Lira, Jair Marcelino da Silva, está empregado no gabinete dele como deputado federal desde 2020,

é apontado como o operador da suposta rachadinha que o Arthur Lira fez na Assembleia Legislativa de Alagoas nos anos 2000.

Esse Jair teve mais de um escândalo com o nome dele detonado, quer dizer, tinham parentes, vários parentes empregados na Câmara,

ele está lá com um emprego dele garantido ainda até hoje, apesar de todas as denúncias, no gabinete do Lira, não é nem da assessoria de não sei quem, da liderança e tal.

Ele segue firme e forte.

Então, a leitura que se faz da demissão imediata do Luciano é que jogaram ele ao mar para tentar poupar o Arthur Lira.

Pelo menos enquanto o Arthur Lira estiver na presidência da Câmara, porque depois que sai dessa cadeira, em geral, o baque é grande.

O Arthur Lira tem muito poder para atrapalhar o governo e vice-versa.

A disputa entre Lula e Lira, neste momento, é uma disputa de gente grande.

A negociação em curso da vez é de tentar emplacar o Celso Sabino no Ministério do Turismo.

O Celso Sabino é um deputado do União Brasil, do Pará, que ocuparia o lugar da Daniela Carneiro.

Daniela Carneiro, mais conhecida como Daniela do Vaguinho, que é um apelido execrável, como se ela fosse do vaguinho,

teve um papel importante na eleição, tanto ela quanto o marido, prefeito de Belfort Rocha,

porque eles apoiaram o Lula na Baixada Fluminense, uma área totalmente dominada pelo bolsonarismo,

e ajudou a conter o bolsonarismo no Rio, e é um dos fatores aos quais Lula atribui sua vitória.

Então, tirá-la para colocar o Celso Sabino tem um custo para ele, desse ponto de vista.

Mas o Celso Sabino, tem que se entender que ele é 100% Lira, não é porque ele é do União Brasil.

Ele se elegeu deputado federal pela primeira vez em 2018 pelo PSDB e era associado aos Cabeças Pretas.

Não sei se vocês lembram, em 2018, vários deputados novos do PSDB foram eleitos

e eram vistos como a renovação do partido, o futuro do partido.

O Celso Sabino foi o cara que tentou salvar e salvou o Alessio Neves da cassação,

depois foi praticamente expulso do PSDB, foi para a União Brasil para não ser expulso.

Os outros Cabeças Pretas mudaram de partido, não se reelegeram, ou viraram bolsonaristas de carteirinha.

E o Celso Sabino se aninhou no Arthur Lira, esse é o jogo dele, e o PSDB está aí para contar essa história.

E é bem possível, essa é a negociação, que ele consiga emplacar este deputado no lugar da ministra do turismo.

Os Cabeças Pretas do PSDB ficaram carecas muito rapidamente, né?

Muito bem, ótimo essa trama de personagens aí que a Thaís acabou de nos relatar.

José Roberto de Toledo.

A briga do Lira com o Lula, como disse muito bem a brilhante Thaís Bilenk, é de cachorro grande.

E o Lula, de outro nível, não tem nada a ver com essa caquerada do bolsonarismo.

Porque o Lira opera por cima, ele opera com quem manda, em todas as instâncias de poder.

E eu vou chegar lá para dar o melhor exemplo disso.

Por enquanto, porém, o Arthur Lira está vivendo o seu pior momento desde que ele foi eleito presidente da Câmara pela primeira vez.

O levantamento tanto no Google Trends quanto nas redes sociais pela Arquimedes

mostram que ele está vivendo um pico de citações, de buscas, nada positivas.

Muito ao contrário, está sendo um massacre e não tem ninguém que defenda o Arthur Lira nas redes sociais.

E o mais surpreendente é que a divisão, segundo a Arquimedes, nas redes sociais, é 61-39, 60-40.

Sendo que esse 39 é bolsonarista batendo no Arthur Lira.

O que é interessante, porque mostra duas coisas.

Primeiro, que houve um descasamento. O Arthur Lira fez campanha para o Bolsonaro, sustentou o governo Bolsonaro.

Então, eles já se dissociaram e os bolsonaristas estão usando o Arthur Lira como exemplo para tentar ressuscitar a antipolítica.

Então, aqueles caras tipo Carlos Jordi, Marcelo Van Raten, todos estão mirando no Arthur Lira para tentar ressuscitar esse espírito.

Já o Arthur Lira está super acuado, está apanhando como nunca apanhou, ganhando muita evidência.

E a Polícia Federal está avançando na investigação.

Tem uma reportagem que saiu hoje do Fábio Serapião e do Errani Hebragon na Folha de São Paulo

que vai muito além da história do kit de robótica.

Tem um casal, dono de várias empresas, que, segundo a Polícia Federal, opera como uma espécie de caixa de distribuição de dinheiro para esse esquema.

Por enquanto, se pegou os assessores do Lira, gente, digamos assim, do baixo clero, mas a suspeita é que não.


#256: Vai que é tua, Lira! - Part 1 #256: Mach schon, Lira! - Teil 1 #256: Go for it, Lira! - Part 1 #第256回:頑張れ、リラ!- 前編 #256: Idź na całość, Lira! - Część 1

Rádio Piauí.

Olá, sejam muito bem-vindos ao Foro de Terezina, o podcast de política da revista Piauí.

Eu espero que nós não tenhamos nunca mais eleições tão polarizadas, com discurso de ódio tão violento.

Eu, Fernando de Barros de Silva, na minha casa em São Paulo, tenho o prazer de conversar com o meu amigo José Roberto de Toledo, aqui pertinho.

Opa, Fernando, opa, Thaís, aqui trabalhando no feriado.

O vítimo de feriado.

Em prol dos ouvintes.

O campeão de kit de robótica é o estado de Alagoas, que levou do total dos recursos 67,6%.

Salve, salve, Thaís Bilenk, também em São Paulo.

Salve, salve, gente.

Desenrola, a medida provisória teve que ser assinada hoje, porque tem uma série de providências burocráticas para tomar até a abertura do sistema para os credores, que vai acontecer em julho.

É feriado, mas tem muito assunto. Vamos, então, à pauta da semana.

22 de junho, esse foi o dia marcado por Alexandre de Moraes para o julgamento que pode tornar Jair Bolsonaro inelegível até 2030 ou 2032 a ver.

O Tribunal Superior Eleitoral deverá decidir se o ex-presidente abusou de poder político e fez uso indevido do aparato do Estado ao convocar uma reunião com embaixadores internacionais em julho do ano passado.

Naquela ocasião, Bolsonaro discorreu sobre as eleições brasileiras para colocar sob suspeita a lisura do processo.

Era parte, como se sabe, de uma engrenagem muito mais ampla para melar as eleições e sabotar a democracia, tarefa que mobilizou a máquina bolsonarista antes, durante e depois das eleições.

Até 8 de janeiro, pelo menos.

Subemos nesta semana que no celular de Mauro Cid, o ajudante de ordens mais encrencado da história da República, estava armazenada a minuta de decretação de uma GLO, Garantia da Lei e da Ordem,

instrumento que permitiria a Bolsonaro colocar o exército na rua e escalar pela via do arbítrio contra a vitória de Lula.

É mais um documento que se soma ao que já havia sido encontrado na casa de Anderson Torres, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, com a mesma finalidade golpista.

Tantas as evidências de que Bolsonaro queria implodir a democracia brasileira, que só está faltando a prova do elevador.

Não fui eu, grita Bolsonaro diante do mau cheiro provocado no ambiente.

No segundo bloco, os incômodos de Arthur Lira.

O presidente da Câmara entrou na mira da Polícia Federal, que investiga um esquema de desvio de kits de robótica destinado a escolas públicas em Alagoas.

Entre os alvos da investigação está a prefeitura de Canapi, cidade do interior do estado, que pagou R$ 5,8 milhões para comprar 330 kits para seus alunos no ano de 2021.

O dinheiro utilizado para a aquisição foi repassado ao município por meio do orçamento secreto, a pedido de Lira.

As denúncias de superfaturamento e desvio de verbas atingiram Luciano Cavalcanti, um dos assessores mais próximos de Lira,

que ocupava um cargo na liderança do PP e foi exonerado na última segunda-feira.

Também na segunda, uma reportagem da Folha de São Paulo mostrou que Lira usou na campanha eleitoral do ano passado uma picape filmada no esquema dos kits.

Pelo jeito, só está faltando também a prova do elevador.

Além dos meandros policialescos deste caso, a gente vai discutir as implicações políticas.

No terceiro bloco, a gente fala de Lula.

Por um lado, o governo anunciou um programa de incentivo fiscal para reduzir os preços de carros populares, ônibus e caminhões, esses dois últimos incluídos de última hora no pacote.

Além disso, foi anunciado o chamado Desenrola Brasil, que pretende beneficiar cerca de 70 milhões de brasileiros mais pobres que estão endividados.

Lula também participou, ao lado de Marina Silva, da cerimônia que marcou a retomada do Plano para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia,

plano que havia sido criado em 2004 e abandonado por Bolsonaro.

A iniciativa ocorre em meio a uma ofensiva contra a agenda ambiental no país, capitaneada pela Câmara de Arthur Lira, onde a bancada ruralista fala grosso.

A medida provisória da Mata Atlântica e o marco temporal das terras indígenas foram aprovados pelos deputados nas últimas semanas,

ao mesmo tempo em que houve o esvaziamento dos ministérios do meio ambiente e dos povos originários, sem que o governo Lula tenha se empenhado para evitar o retrocesso.

As contradições e dificuldades de Lula continuam em alta.

É isso, vem com a gente.

Muito bem, José Roberto de Toledo, vai trabalhar no feriado. Vamos começar com você.

Eu mencionei o julgamento do Bolsonaro e a novidade dessa semana é que é o celular de Mauro Cid,

mais evidências de que a trama de um golpe estava em curso e Bolsonaro sabia das coisas.

Bom, a Malu Gaspar e o Cesar Tralli deram fuga ao governo Lula,

mostrando que havia mais ainda indícios do tal golpe que os bolsonaristas prepararam para dar antes da posse do Lula.

E o governo Lula, que estava em curso, não tinha a intenção de fazer um golpe de forma tão grave quanto o de Mauro Cid.

E os detalhes do Mauro Cid ficaram guardados, mostrando que havia mais ainda indícios do tal golpe que os bolsonaristas prepararam para dar antes da posse do Lula.

E o bacana é que pega praticamente metade da hierarquia do exército.

Você tem sargento, você tem major, você tem coronel, você tem tenente coronel, só está faltando os generais e o capitão.

Por quê? Essa última descoberta é mais uma pecinha de um mosaico muito maior que está se formando e ficando cada vez mais claro.

É como se fosse um quebra-cabeça que a gente vai colocando as pecinhas.

Toda a moldura já está pronta, só está faltando o miolo. Por quê?

Você tem, vamos lembrar, aquela minuta encontrada na casa do Anderson Torres, ministro da Justiça do Bolsonaro,

que era uma decretação de estado de defesa dentro do Tribunal Superior Eleitoral para acabar com a autoridade do Alexandre de Moraes, que era presidente,

e não reconheceu o resultado da eleição. Ali era a primeira fase, né? Vamos melar a eleição.

Havia também, agora se sabe, a ideia de se decretar uma operação de garantia da lei e da ordem que permitiria ao exército sair para a rua

e invadir a sede dos poderes e fazer o que quisesse, porque seria autoridade máxima em Brasília.

E vamos lembrar, havia também a conversa do ex-major Ailton Gonçalves, na qual ele propunha sublevar uma unidade de elite do exército,

que fica baseada em Goiânia, 200km de Brasília, para armar 1.500 homens e fazer com que eles interviessem e prendessem o Alexandre de Moraes.

Quer dizer, o roteiro do golpe foi montado e eles queriam dar uma legitimidade, então eles ficaram pedindo minutos de decretos,

minutos com aspecto jurídico, para fazer a palhaçada parecer uma operação legal.

Faltou o apoio dos generais que comandavam tropas.

Se eles tivessem tido o apoio do alto comando do exército, dos generais que não comandam as suas escrivaninhas e sua secretária apenas,

mas se tivessem conseguido o apoio de quem comanda os soldados, talvez a história tivesse sido escrita de maneira diferente.

Mas faltou esse apoio. Agora, o que está faltando na investigação da Polícia Federal?

Está faltando implicar os generais sem tropa, que ocuparam cargos de comando civil no governo Bolsonaro.

Vamos lembrar que o Braganeto deu uma entrevista na porta do Alvorada para bolsonaristas que choravam ali a derrota,

dizendo que esperam que vem coisa boa por aí.

E está faltando caracterizar o papel do Bolsonaro, que era o maior beneficiário de todo esse golpe.

Obviamente, ele havia perdido as eleições e o único jeito dele permanecer no poder e evitar o julgamento que ele vai enfrentar agora, dia 22,

era permanecer no poder e acabar com o judiciário, manietar o judiciário para não ser julgado pelos muitos crimes que cometeu.

Esse crime específico de abuso de poder, da reunião com os embaixadores, é pinto perto do que o Bolsonaro fez.

Vamos lembrar, tem uma série de reportagens da Amanda Rossi no UOL, mostrando o que eles fizeram na Caixa Econômica Federal.

A quantidade de dinheiro que a Caixa perdeu, bilhões de reais, para tentar comprar a eleição,

comprar votos na eleição com vários tipos de programa, que foram suspensos imediatamente depois que acabou a votação.

Quer dizer, está mais do que configurado que o Bolsonaro abusou o poder e tem que ter os direitos políticos cassados, sim, nesse julgamento,

o que eu acho que vai acabar acontecendo. Ele está num momento muito ruim, não está conseguindo coordenar nada, nem a própria defesa.

Ele não é uma opção de poder mais, está claro isso. Os nomes mais ligados ao bolsonarismo também não são mais favoritos nas eleições.

Continuam com a expressão própria, mas não é o polo de poder.

Você está ousado nesse feriado, hein?

Estou, estou. Tem que falar alguma coisa, estou improvisando aqui, Fernando. Estou falando qualquer coisa aqui.

Vamos improvisar nisso daí.

Mas para mim, a moral da história é essa. A gente está vendo uma retomada do poder pelo fisiologismo, pela velha política,

e essa caqueirada que se elegeu na esteira do Bolsonaro, ela tem voz, tem a sua participação, faz barulho, mas ela fica em nicho.

Você vai ocupar lá a CPI do MST, a CPI do 8 de janeiro, mas não decide votação.

Ela tem um papel de fazer barulho, é uma banda de música, mas não é quem toca o país, nem é a opção de poder ao PT, pelo menos por enquanto.

Eu vou passar para você, mas antes fazer um pequeno comentário.

Essa turma do centrão e essa direita convencional, vamos dizer assim para facilitar, depende de voto.

E eu acho, a minha leitura é que o voto ainda está localizado, não na figura do Bolsonaro, que provavelmente vai ser banida da política institucional,

mas vai continuar como presença forte ou influente na política de maneira geral.

Eu acho que o apelo de uma candidatura de extrema direita continua ainda muito provável ou provável no país.

Thaís Bilenk, você vai já antecipar para os nossos ouvintes o resultado da votação do dia 22, é isso?

Eu, eu mesma não, mas os ministros basicamente sim, já estão antecipando.

O que temos? Alexandre de Moraes, presidente do TSE, no evento do Bolsonaro com os embaixadores em julho de 2022,

apareceu no telão que o Bolsonaro montou no Palácio da Alvorada, dizendo o seguinte.

Se houver repetição do que foi feito em 18, o registro será cassado e as pessoas que assim o fizerem irão para a cadeia por atentar contra as eleições e contra a democracia.

Aí Bolsonaro pega o microfone e diz.

Quem faz isso, atentar contra a democracia, é o próprio TSE, não pode um magistrado ameaçar quem quer que seja.

E aí continua desfilando todo o seu golpismo para os embaixadores, dezenas e dezenas de embaixadores que espantosamente aplaudiram a fala do Bolsonaro ao final.

A gente sabe, Bolsonaro apostou todas as fichas dele numa ruptura e agora ele vai ser julgado pelas pessoas que ele ofendeu, ameaçou e expôs perante o mundo.

Não só o Alexandre de Moraes, como outros tantos ministros foram exibidos no telão da mesma forma.

Alexandre de Moraes enquanto presidente do TSE e enquanto presidente do TSE durante todo esse processo eleitoral, conduziu agora a negociação até anunciar a data do julgamento com empenho pessoal.

Primeiro se tentou julgar a elegibilidade do Bolsonaro no TSE antes da aposentadoria do Lewandowski em abril para contar com o voto dele,

uma vez que assim que Lewandowski saísse, quem assumiria seria o Cássio Nunes Marques, ministro indicado pelo Bolsonaro.

Não foi possível, então o Alexandre puxou o freio de mão e esperou a saída dos dois juristas indicados para o Bolsonaro nas vagas de ministro do TSE,

que eram o Sérgio Banhos e Carlos Horbach que deram inúmeras demonstrações de lealdade ao então presidente da república.

Então o Alexandre espera eles saírem em maio e articulou com o Lula a indicação de dois professores da USP como ele, colegas e amigos,

para assumirem essas vagas que são o Floriano de José Fedo Marques e o André Ramos Tavares.

E essa negociação aconteceu com o Lula, muito bem casada, tanto que quem anunciou a aprovação dos nomes foi o próprio Alexandre,

do plenário do TSE e ato contínuo anunciou a data de julgamento do Bolsonaro no tribunal.

Então como é que está a composição agora? O TSE é composto por sete ministros, três são do Supremo Tribunal Federal,

o Supremo tem um rodízio dos ministros com um mandato de dois anos no TSE renováveis por mais dois.

Então estão lá agora Alexandre, Carmen Lúcia e Cássio Nunes Marques, os dois juristas que foram indicados pelo Alexandre

e tem também dois ministros do Superior Tribunal de Justiça, o STJ.

O Benedito Gonçalves, que é o corregedor, que joga junto com o Alexandre e o Raul Araújo Filho, que é mais alinhado ao Bolsonaro.

O Alexandre tinha antes no plenário quatro votos, Alexandre, Carmen Lúcia, Lewandowski e Benedito, contra os outros três, os dois juristas e o Raul Filho.

Com a saída do Lewandowski o placar estava em 3x3, estava arriscado, ele esperou e agora conseguiu reverter, então ele tem 5x2 basicamente, né?

Ele não tem o voto do Raul Araújo nem do Cássio Nunes.

Mas quem conhece toda a operação no TSE, quem conhece todo o Alexandre, eu conversei com um ministro que me basicamente garantiu,

que não vai dar ponto sem nó, quer dizer, o que poderia acontecer que mudaria o desfecho da condenação do Bolsonaro?

Pedido de vista, mas o próprio Alexandre fez o TSE aprovar no começo do ano uma mesma resolução que o Supremo tinha aprovado

de estipular prazos para os pedidos de vista, porque antes, até o começo de 2023, pedido de vista era basicamente um adeus ao julgamento.

Agora os ministros no TSE têm um prazo de 30 dias para devolver o processo.

Então supondo que os dois ministros peçam vista, no máximo adiem 60 dias o resultado.

E além disso tudo, o vice-procurador-geral eleitoral, que é o Paulo Goné, que é autoridade da procuradoria no TSE,

também já defendeu a inelegibilidade do Bolsonaro, salvando o Braga Neto da chapa, dizendo que o Braga Neto não precisa ser condenado junto.

O Paulo Goné também quer ser PGR, quer assumir o lugar do Aras, então tem um cenário muito consolidado pro condenação do Bolsonaro no tribunal.

No entendimento do procurador eleitoral, ele seria condenado por abuso de autoridade, desvio de finalidade e uso indevido dos meios de comunicação,

porque não bastasse usar a estrutura do governo, o Bolsonaro ainda transmitiu a reunião dele ao vivo nas redes do governo e na TV Brasil.

E a verdade é que conversando com as pessoas do Bolsonaro ao longo das últimas semanas e meses, eles sempre foram muito céticos em relação a esse julgamento.

Eu acho que não tem muita dúvida em relação a isso, nem da parte deles.

A questão que eles estão olhando é pro futuro. Quais sinais que eles, PL, em torno do Valdemar estão dando?

Sinal número um, que eles vão procurar jogar dentro das quatro linhas. Detesto essa expressão do Bolsonaro, tô usando só.

Nossa, é que nem a camisa da seleção brasileira, eu não consigo ver a camisa da seleção brasileira e essa frase, entre outras coisas.

Essa frase é muito infeliz, né? Eu acho ela muito mal colocada. Mas por que eles dão esse sinal?

Porque eles rifaram, o Valdemar rifou o Ricardo Salles e diga-se de passagem, a candidatura do Ricardo Salles nunca foi pra valer.

Era muito mais pra agitar a extrema-direita em São Paulo e criar algum tipo de perspectiva pra eles.

Mas ao rifar no nascedor, essa suposta candidatura, ele tá tentando isolar a extrema-direita, fazer já aliança com o Ricardo Nunes, que é o prefeito mais centrão impossível de São Paulo.

É bom você anunciar que o Ricardo Nunes é o prefeito de São Paulo, porque ninguém sabe, né? Também não tem prefeitura, então...

Esse é o sinal número um que o PL e o Valdemar tem dado. Sinal número dois é a aposta cada vez mais reiterada da Michele como grande cabo eleitoral.

E qual foi a novidade em relação a isso, sendo que isso já vem acontecendo?

Tem algumas semanas que o Bolsonaro começou a encampar essa aposta do Valdemar na Michele, dizendo que realmente ela tem verbo e política, etc.

E agora o PL lançou um videozinho pra pedir a filiação de jovens, da juventude e tal. E a Michele é a estrela.

Até aí, nenhuma novidade. Pra mim, a nuance desse vídeo, dessa peça, é que o Bolsonaro tá sentado no fundão junto com um tanto de outras pessoas,

que você nem reconhece, tem que olhar atentamente pra ver quem tá sentado atrás, enquanto a Michele é a estrela pedindo a filiação dos jovens ao PL.

Isso é um sinal de que, bom, sim, ele tá concordando com tudo isso e sinal também de reconhecimento que a situação dele é realmente muito dramática, muito difícil, muito complexa.

E 22 de junho tá logo aí.

Eu queria fazer uma complementação. O pessoal da Pauver, que é aquela consultoria que monitora 25 mil grupos de WhatsApp, me chamou a atenção essa semana

que houve um aumento das menções a uma suposta manifestação bolsonarista no dia 11 de junho, esse domingo agora, que é o dia da parada LGBTQIA+.

Não sei se era pra valer, se eles estavam querendo convocar pra ter confusão, mas já tem notícias de cancelamento, ou seja,

há uma descoordenação, inclusive na área digital, que os bolsonaristas sempre dominaram desde 2018.

Até pra convocar isso, qual que é a estratégia aqui, aparentemente?

Era você ter manifestações populares pra tentar emparedar os ministros do TSE, pra evitar a condenação do Bolsonaro.

Mas nem essa articulação parece que tá dando certo, né?

Teve um aumento ali das chamadas, mas também não é nada assim grandioso.

Então, eu acho que o cenário pra mim, salvo uma derrocada econômica do governo Lula, tá mais para a direita se organizar em torno de um polo com perfil mais moderado

do que um radical como o Bolsonaro, porque já não deu certo.

Se o cara não conseguiu se reeleger com a máquina, gastando bilhões do seu, do meu e do nosso, ainda assim perdeu por Lula,

me parece que o raciocínio do Valdemar pra cidade de São Paulo, que precisa ter um candidato mais moderado, de direita, mas não tanto,

vai valer também pra eleição presidencial.

Mas tá muito cedo pra gente falar sobre isso, porque afinal de contas é o primeiro ano do governo Lula.

Muito cedo, muito cedo. E ser não existe, né?

Claro que existe. Toda a base do pensamento científico é baseada em ser.

Se não tivesse tido pandemia, o Trump estaria reeleito e o Bolsonaro também.

Essa é a minha constatação. Ele perdeu, perdeu por muito pouco, enfim, vejo uma energia social que foi destampada ao longo dos últimos anos e se materializou em 2018,

selvagem, que ainda não tá desmobilizada. Ela pode tá sem, agora, figura de referência na medida em que o Bolsonaro vai se inviabilizando.

Mas vejo a Michelle, como a Thaís colocou, como uma pessoa que pode vir a ocupar, mas enfim.

Menor chance.

Estamos falando de cristal, estamos fazendo especulações, estamos falando do presente, fingindo falar do futuro, né?

Não é isso, Thaís? Isso que você me ensinou. Quando a gente faz especulações sobre o futuro, a gente está falando do presente.

Então, sobre o presente, a constatação é que o bolsonarismo nunca esteve tão fraco desde 2017.

É.

Não sei se eu colocaria desse jeito. Eu acho que a Michelle não assumiria um lugar de líder do bolsonarismo.

Ela não vai ser presidente do Brasil, na minha opinião. Não acho que é pra tanto.

Eu acho que essa energia, né, que você chamou, acho um bom termo, tá colocado e eles não querem perder o controle disso.

E ela tem conseguido mobilizar muito mais do que ele. Ele, de fato, tá num momento complexo.

Mas ela não é liderança de nada, né, gente? Ela tá a reboque, sendo usada pelo Valdemar.

Mas ela cativa, ela tem carisma.

Não tem opção de poder, imagina. Os caras são um bando de machistas.

Vocês acham que os caras bolsonaristas vão votar em mulher pra presidente da república? Não vão.

Uma chapa Sérgio Moro e Michelle Bolsonaro.

Pois é, dois ex-políticos, desfuturos ex-políticos.

Quem é vice?

Ela é vice.

Ele tá falando do sério.

Não, como a Angela Alonso mostra no livro dela, a articulação dos grupos de direita precede muito as jornadas, que não foram jornadas, de junho de 2013.

Você precisa ter uma opção de poder pra catalisar esses grupos todos, senão eles entram em conflito, imagina.

Primeiro tiro que a Michelle Bolsonaro vai tomar é do Carlos, do Eduardo, do Flávio.

Bom, a única certeza que temos, ou a única probabilidade, é que o Bolsonaro terá seus direitos políticos cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Isso é o que a gente está pensando neste momento.

O resto a gente deixa para você, ouvinte, com seu discernimento, seu bom senso, sua perspicácia, coisas que nos faltam nesta manhã de quinta-feira de feriado, para decidir quem falou mais besteira nesse bloco.

É isso. A gente termina o primeiro bloco do programa por aqui, vai para um rápido intervalo comercial e no segundo bloco vamos falar dele, Arthur Lira. Já voltamos.

Abertura

O 8 de janeiro é pauta na revista Piauí deste mês.

A repórter Ana Clara Costa reconstitui a trama montada por policiais, políticos e militares que resultou na invasão da sede dos três poderes em Brasília.

Então você tem os militares permitindo e agindo com condescendência com os acampados, você tem a polícia militar agindo com condescendência e permitindo que eles quebrassem tudo,

tem a polícia civil agindo com condescendência nas investigações que fizeram, tem os políticos, sobretudo os políticos ligados ao Bolsonaro, entrando com tudo na tese da urna fraudada, que era o maior combustível de revolta dessas pessoas.

Saiba mais em revistapiauí.com.br

Essa reportagem ela descreve com muitos detalhes como tudo isso aconteceu. Eu diria que é isso.

Música

Thais Bilencki, eu mencionei na abertura rapidamente a investigação da PF que atinge o entorno do Arthur Lira e ele próprio e você andou apurando aí a respeito das implicações políticas dos movimentações do próprio Arthur Lira,

como isso pode fragilizar ou não a figura do poderoso chefão que ele ocupa hoje na república, né?

Que não é bem uma república, mas enfim.

Pois é, o Lira teve dias difíceis depois de ameaçar o governo com a medida provisória da esplanada.

Assim que aprovou e aprovou daquele jeito, penso que foi, a polícia federal deflagrou a operação contra seus aliadíssimos em Alagoas.

E com isso o Lira não contava. Ele contava sim com esse julgamento da primeira turma, eu apurei isso no entorno dele, ele contava com a absolvição da primeira turma do Supremo por corrupção passiva nessa operação de 10 anos atrás.

E esse resultado faz parte do desmonte da Lava Jato em curso no Supremo e nos tribunais superiores de modo geral.

O Valdez Góes, ministro do desenvolvimento regional sobre o qual falei semana passada, ex-governador do Amapá, que estava com uma situação pendente também, foi beneficiado por este novo momento no Supremo.

Até o Barroso, Luiz Roberto Barroso, o ministro talvez o mais eloquente dos ministros Lava Jatistas, mudou o voto, teve que consentir, enfim, tudo muito articulado, muito negociado.

O Pierpaolo Bottini é o advogado do Lira nesse processo.

O que o Lira não esperava era que a operação da polícia federal fosse deflagrada justamente no dia seguinte da aprovação do MP, de toda a atenção, de toda a negociação que ele fez.

E a coisa foi tão surpreendente e tão complexa para ele que o Luciano Cavalcanti, esse assessor, foi exonerado no dia seguinte da operação.

Para quem conhece, Arthur Lira diz que isso é muito sintomático.

O Luciano Cavalcanti é da COP da Cozinha do Arthur Lira, ele faz tudo de longuíssima data do presidente da Câmara, desde Alagoas, publicamente, obviamente, claro, o Lira não admite esse vínculo todo.

Ele o demitiu muito rápido e por que isso é sintomático?

Porque, por exemplo, para citar um nome, um outro amigo do Arthur Lira, Jair Marcelino da Silva, está empregado no gabinete dele como deputado federal desde 2020,

é apontado como o operador da suposta rachadinha que o Arthur Lira fez na Assembleia Legislativa de Alagoas nos anos 2000.

Esse Jair teve mais de um escândalo com o nome dele detonado, quer dizer, tinham parentes, vários parentes empregados na Câmara,

ele está lá com um emprego dele garantido ainda até hoje, apesar de todas as denúncias, no gabinete do Lira, não é nem da assessoria de não sei quem, da liderança e tal.

Ele segue firme e forte.

Então, a leitura que se faz da demissão imediata do Luciano é que jogaram ele ao mar para tentar poupar o Arthur Lira.

Pelo menos enquanto o Arthur Lira estiver na presidência da Câmara, porque depois que sai dessa cadeira, em geral, o baque é grande.

O Arthur Lira tem muito poder para atrapalhar o governo e vice-versa.

A disputa entre Lula e Lira, neste momento, é uma disputa de gente grande.

A negociação em curso da vez é de tentar emplacar o Celso Sabino no Ministério do Turismo.

O Celso Sabino é um deputado do União Brasil, do Pará, que ocuparia o lugar da Daniela Carneiro.

Daniela Carneiro, mais conhecida como Daniela do Vaguinho, que é um apelido execrável, como se ela fosse do vaguinho,

teve um papel importante na eleição, tanto ela quanto o marido, prefeito de Belfort Rocha,

porque eles apoiaram o Lula na Baixada Fluminense, uma área totalmente dominada pelo bolsonarismo,

e ajudou a conter o bolsonarismo no Rio, e é um dos fatores aos quais Lula atribui sua vitória.

Então, tirá-la para colocar o Celso Sabino tem um custo para ele, desse ponto de vista.

Mas o Celso Sabino, tem que se entender que ele é 100% Lira, não é porque ele é do União Brasil.

Ele se elegeu deputado federal pela primeira vez em 2018 pelo PSDB e era associado aos Cabeças Pretas.

Não sei se vocês lembram, em 2018, vários deputados novos do PSDB foram eleitos

e eram vistos como a renovação do partido, o futuro do partido.

O Celso Sabino foi o cara que tentou salvar e salvou o Alessio Neves da cassação,

depois foi praticamente expulso do PSDB, foi para a União Brasil para não ser expulso.

Os outros Cabeças Pretas mudaram de partido, não se reelegeram, ou viraram bolsonaristas de carteirinha.

E o Celso Sabino se aninhou no Arthur Lira, esse é o jogo dele, e o PSDB está aí para contar essa história.

E é bem possível, essa é a negociação, que ele consiga emplacar este deputado no lugar da ministra do turismo.

Os Cabeças Pretas do PSDB ficaram carecas muito rapidamente, né?

Muito bem, ótimo essa trama de personagens aí que a Thaís acabou de nos relatar.

José Roberto de Toledo.

A briga do Lira com o Lula, como disse muito bem a brilhante Thaís Bilenk, é de cachorro grande.

E o Lula, de outro nível, não tem nada a ver com essa caquerada do bolsonarismo.

Porque o Lira opera por cima, ele opera com quem manda, em todas as instâncias de poder.

E eu vou chegar lá para dar o melhor exemplo disso.

Por enquanto, porém, o Arthur Lira está vivendo o seu pior momento desde que ele foi eleito presidente da Câmara pela primeira vez.

O levantamento tanto no Google Trends quanto nas redes sociais pela Arquimedes

mostram que ele está vivendo um pico de citações, de buscas, nada positivas.

Muito ao contrário, está sendo um massacre e não tem ninguém que defenda o Arthur Lira nas redes sociais.

E o mais surpreendente é que a divisão, segundo a Arquimedes, nas redes sociais, é 61-39, 60-40.

Sendo que esse 39 é bolsonarista batendo no Arthur Lira.

O que é interessante, porque mostra duas coisas.

Primeiro, que houve um descasamento. O Arthur Lira fez campanha para o Bolsonaro, sustentou o governo Bolsonaro.

Então, eles já se dissociaram e os bolsonaristas estão usando o Arthur Lira como exemplo para tentar ressuscitar a antipolítica.

Então, aqueles caras tipo Carlos Jordi, Marcelo Van Raten, todos estão mirando no Arthur Lira para tentar ressuscitar esse espírito.

Já o Arthur Lira está super acuado, está apanhando como nunca apanhou, ganhando muita evidência.

E a Polícia Federal está avançando na investigação.

Tem uma reportagem que saiu hoje do Fábio Serapião e do Errani Hebragon na Folha de São Paulo

que vai muito além da história do kit de robótica.

Tem um casal, dono de várias empresas, que, segundo a Polícia Federal, opera como uma espécie de caixa de distribuição de dinheiro para esse esquema.

Por enquanto, se pegou os assessores do Lira, gente, digamos assim, do baixo clero, mas a suspeita é que não.