Os três piores conselhos sobre dinheiro | Thiago Nigro | TEDxSantos
Tradutor: Amanda Sany Revisor: Claudia Sander
Olá!
Gente, eu nunca vou esquecer de um dos meus primeiros e principais clientes,
que se chamava Rogério.
O Rogério passou quase a vida toda dele,
pra construir o primeiro milhão dele.
Depois disso, ele não parou por aí, ele tinha sede de grana, de dinheiro,
ele queria ficar mais rico e ele não parou aí.
Ele chegou no segundo, terceiro, quarto, quinto
e aí ele foi ficando cada vez mais rico.
Só que o Rogério, quando conseguiu finalmente atingir o sucesso financeiro,
ele foi abatido por uma doença muito grave.
Bateu o câncer na porta da casa dele.
Ele gastou cada centavo que ele demorou a vida todo pra construir com essa doença.
E eu comecei a me questionar, eu falei:
"Do que que valeu tudo isso? Do que que valeu tudo que ele fez?
Será que se esse cara tivesse tido um pouquinho mais de equilíbrio na vida
e um pouco mais de educação financeira, ele não teria vivido um pouco melhor,
sido um pouquinho mais feliz?
Será que a família dele não teria sido um pouquinho mais feliz?"
E disso eu tiro o seguinte: ele trabalhou a vida toda pelo dinheiro,
mas quem que tem que trabalhar pra quem?
A gente trabalha pelo dinheiro
ou será que o dinheiro tem que trabalhar pra gente?
Então, esse tipo de questão começou a mexer muito comigo.
E o Rogério foi uma pessoa muito responsável pelo que eu faço hoje.
Conforme o tempo foi passando, comecei a me questionar
e cheguei à conclusão que a gente tem três conselhos que a gente vive recebendo,
e eu queria saber se vocês já receberam algum destes três.
Primeiro, invista na poupança, porque ela é mais segura.
Alguém já ouviu?
Compre o seu próprio imóvel, porque o imóvel é mais seguro.
Terceiro, tenha seu próprio carro, porque ele é seu e você também fica mais seguro.
Então, esses três conselhos talvez não se apliquem mais aos dias de hoje,
mas por que a gente recebe esses três conselhos sempre?
Porque na vida dos nossos pais,
um conceito muito importante não estava tão presente,
o conceito da educação financeira.
Mas a culpa não era deles não.
A culpa é simplesmente do contexto que a gente vivia
porque a gente era guiado pelo medo e não pela educação.
Se você parar pra pensar, a gente estava num momento
em que precisava ir no mercado fazer estoque
porque o preço ia subir no outro dia.
A gente tinha medo que confiscassem o nosso dinheiro
e a gente colocava ele todo debaixo do colchão.
A gente não investia o nosso dinheiro.
Então, como a gente não pensava a longo prazo,
porque a gente tinha medo e pensava no curto prazo,
então [não] se planejava e não tinha educação financeira.
E por isso é tão difícil a gente passar alguns conceitos
da forma correta pra frente.
E já que a gente está falando desse tipo de conceito,
eu acho que antigamente, talvez eles até se aplicassem,
porque, se você for parar pra pensar, quando a economia estava meio estranha
começaram a surgir alguns sinais positivos.
A poupança, por exemplo, já chegou a render mais do que 1000% no ano
não sei se vocês sabiam disso.
Alguém se arrisca a dizer quanto a poupança rende mais ou menos hoje?
Cinco, oito, sete...
Rende mais ou menos isso, uns 7% hoje ao ano.
Mas fiz umas contas e se a gente tivesse aplicado R$ 100 mil três anos atrás,
sabe quanto a gente teria de lucro na poupança?
Noventa e oito reais.
Você pode pensar: "Não espera aí, mas se rende 7%, 7% de R$ 100 mil, dá R$ 7 mil,
como que rende R$ 98 em três anos?"
Eu te digo: será que a gente considerou a inflação?
Porque a inflação foi tão alta quanto o rendimento da poupança.
E aí eu te pergunto de novo:
será que dá pra enriquecer investindo na poupança?
Será que se a gente deixa o nosso dinheiro na poupança
a gente está trabalhando pelo dinheiro ou o dinheiro está trabalhando por nós?
E por isso eu acho que esse é um mito que a gente tem que tirar.
O segundo o mito, o mito do investimento imobiliário,
em alguns casos faz sentido comprar o seu próprio imóvel,
mas na maioria deles, não.
Porque, se você pegasse o mesmo dinheiro
que você poderia utilizar pra comprar o seu imóvel,
mas você colocasse esse dinheiro numa aplicação financeira,
você teria mais dinheiro em rendimento, você teria mais liquidez,
você poderia movimentar o seu dinheiro de uma forma muito mais fácil.
Mas claro, lá atrás o investimento imobiliário era muito rentável,
porque, nos últimos 50 anos, o Brasil se formou, basicamente.
Então, como há 50 anos, São Paulo era quase uma floresta em muitos lugares,
qualquer investimento imobiliário subia.
Hoje, já não é mais bem assim, a gente tem muitos anos
em que o investimento imobiliário tem até rendimento negativo.
Então, por causa de todas essas questões, faz sentido eu me apresentar um pouquinho
pra poder chegar no ponto que faz sentido
e na reflexão que eu quero trazer aqui pra vocês hoje.
Eu sou Thiago Nigro,
estou há mais ou menos sete anos no mercado financeiro,
e os meus pais, eles construíram uma poupança pra mim,
e eles passaram quase 17 anos juntando dinheiro pra mim.
Todo mês ia lá e colocava um pouquinho;
outro mês ia lá e colocava mais um pouquinho.
E no final, quando atingi ali meus quase 18 anos, pude ter acesso a esse dinheiro.
Quando tive acesso a esse dinheiro, aconteceu uma coisa muito curiosa.
Meus pais demoraram 17 anos para juntar esse dinheiro,
eu demorei uma semana pra perder tudo.
Peguei esse dinheiro e eu quebrei, foi assim a primeira vez que eu quebrei,
peguei isso tudo e coloquei na bolsa.
Eu tinha um grande sonho de ser aquele cara de "O Lobo de Wall Street",
dos filmes de mercado financeiro,
que ficavam comprando e vendendo ações o tempo todo.
Eu realmente tentei fazer isso por uma semana e perdi tudo que tinha.
Isso me motivou muito a estudar.
Eu não me conformei: "Como eu pude perder tudo isso?"
Eu comecei a tirar várias certificações no mercado financeiro
e quando fiz isso, tinha certeza de que queria trabalhar no mercado financeiro.
Então pensei: "Quero trabalhar em banco de investimento".
E aí comecei a fazer um "roadshow" de entrevistas em bancos de investimentos.
Fiz entrevista em todos aqueles bancos que vocês já ouviram falar
nos filmes, em jornais.
Morgan Stanley, Merrill Lynch, Credit Suisse, Goldman Sachs, todos esses
mas nenhum me abriu as portas.
Cheguei na entrevista final de muitos deles, mas não passei em nenhum!
Então eu não conseguia fazer o que queria,
mas eu tinha o sonho de trabalhar no mercado financeiro.
Que que eu fiz?
Montei o meu próprio negócio,
há mais ou menos seis anos, quase sete anos.
O meu negócio era um negócio de assessoria de investimentos,
eu ajudava as pessoas a investirem.
Mas imagina, se sou novo hoje, como era quase sete anos atrás,
era difícil passar muita credibilidade.
Foi difícil.
Foi trabalhoso.
Fiquei muito tempo sem ganhar dinheiro,
mas consegui construir um negócio.
Então, quase seis anos depois,
eu montei o décimo maior escritório de assessoria de investimentos do país.
Com isso, eu tinha mais de 5 mil clientes, tinha mais de 30 pessoas na minha equipe,
eu estava ganhando dinheiro, investindo em novos projetos.
Um desses projetos era um projeto digital, porque eu queria atingir mais pessoas,
eu queria captar mais clientes pra minha empresa.
Entrei na internet, montei um canal no YouTube,
montei um site, blog, Facebook, tudo isso.
O nome desse projeto, era O Primo Rico.
E tudo estava dando muito certo na minha vida.
Eu estava ascendendo, crescendo, ganhando dinheiro.
Só que, lembra do Rogério?
O Rogério foi um cliente muito importante pra mim.
O que aconteceu, foi que, quando tudo estava dando certo, eu recebi uma notícia:
o Rogério está em uma fase terminal.
E isso daí me deixou muito abalado.
A gente sabia que era questão de tempo.
Eu me aproximei tanto do Rogério,
que eu sabia segredos que a família dele não sabia.
Ele me deixou orientações pra ajudar a família dele,
caso acontecesse alguma coisa com ele.
Eu sabia de segredos.
Isso me deixou muito abalado.
E, paralelamente, recebi uma oferta de venda pela minha empresa.
E eu pensei: "Cara, preciso atingir mais gente,
eu preciso educar financeiramente mais pessoas.
Só que hoje, só falo com 5 mil clientes.
Preciso atingir o Brasil todo, a gente tem mais de 200 milhões de pessoas".
E aí eu tomei a decisão, decidi nessa hora
e entendi que o meu propósito era educar financeiramente todo o Brasil.
Vendi a minha empresa e foquei no meu projeto digital.
Quando foquei no projeto digital,
comecei a produzir muito conteúdo pro YouTube, principalmente.
Hoje falo com mais de 1 milhão de pessoas por mês na internet, no meu canal.
Isso começou a fazer muito sentido para mim.
Então eu queria fazer uma brincadeira com vocês.
Preciso que vocês prestem muita atenção em mim.
Muita, muita atenção mesmo, em mim agora.
Façam exatamente o que eu falar, por favor.
Todo mundo levanta a mão direita.
Beleza, presta muita atenção no que vou dizer e façam exatamente o que eu fizer.
Por favor, levantem o seu dedo indicador.
Olhem o dedo que vocês levantaram,
a maioria de vocês.
Porque levantaram o dedão e não o indicador que pedi?
Vocês perceberam como o exemplo é muito forte?
O exemplo é mais forte e mais importante do que o que a gente fala.
O que a gente faz, é responsável por transformações gigantes.
Quando eu percebi isso, entendi que o meu propósito
era ajudar a transformar o Brasil financeiramente, através do exemplo.
Agora que vocês entenderam um pouquinho mais de como a educação financeira
poderia ter transformado a vida do Rogério, a vida de várias pessoas
e entenderam como o exemplo é poderoso,
eu gostaria que vocês agora me ajudassem e se sentissem responsáveis por me ajudar
a disseminar esse tipo de informação que é tão importante hoje no Brasil
e que me auxiliassem a atingir o meu propósito.
Obrigado.
(Aplausos)