Autenticidade: a coragem de ser quem você é | Mari Palma | TEDxSaoPaulo (2)
eu falo, dá no mesmo.
Tudo isso me fez duvidar.
Por muito tempo. Ainda me faz às vezes.
Duvidar de quem eu sou,
não acreditar nesse valor que eu venho encontrando com o tempo.
Mas, depois de muita terapia,
façam terapia...
Eu percebi que essa crítica negativa, só pela crítica,
ela falava muito mais sobre a outra pessoa do que sobre mim.
E percebi outra coisa também que foi muito importante para mim.
Eu preferia receber um comentário ruim
sobre quem eu sou de verdade,
respeitando a minha identidade,
do que receber um eologio
sobre uma personagem que eu criei.
Porque aí a pessoa está elogiando outra pessoa, não eu.
E essa outra pessoa, ela não existe,
e é muito difícil sustentar essa pessoa.
A gente gasta muita energia...
bancando o personagem,
sendo que a gente podia estar usando essa energia de outra maneira.
Cansa, ser outra pessoa.
Não dá.
A gente não aguenta muito tempo.
Então pensando por esse lado,
é muito mais fácil ser de verdade,
porque é isso que a gente quer.
A gente quer cada vez mais conexões autênticas.
A gente quer olhar no olho da outra pessoa e se enxergar,
e enxergar a fragilidade, enxergar a vulnerabilidade.
Enxergar humanidade.
A gente não quer se relacionar com todo robô.
A gente não quer se relacionar com todo mundo igual.
Eu, desde que comecei nesse movimento,
já há quase dez anos,
sou do time que acolhe a diferença,
que acolhe o desafio de todo mundo
de ser autêntico.
Porque eu acho que se eu acolher o outro essas pessoas também vão me acolher.
Claro que existem muitos códigos, muitas barreiras, muitos obstáculos.
Eu não estou dizendo aqui, para você que trabalha
em um escritório de advocacia,
simplesmente pegar sua camiseta do Foo Fighters,
no dia seguinte aparecer lá e falar,
quer saber? A Maria disse que tudo bem.
Não é isso.
Eu acho que é importante que a gente encontre,
dentro do nosso caminho, as possibilidades
de colocar a nossa identidade no que a gente faz.
Dentro da realidade que a gente vive, e a gente sabe que,
infelizmente, no Brasil,
as realidades são completamente diferentes.
Então eu queria lançar uma reflexão. o quanto de você,
você já deixou de lado,
pelo medo
de ser julgado, pelo medo de não ser aceito.
E mais, o quanto você já teve um olhar cruel
sobre outra pessoa que estava ali, só tentando ser ela mesma.
Eu acho que parar para pensar nisso,
é um primeiro passo para a gente falar sobre autenticidade.
Seria hipocrisia minha dizer que é um processo simples,
que é fácil.
Não é.
Como eu disse eu estou nessa há mais de dez anos
e eu ainda recebo críticas negativas.
Eu ainda questiono quem eu sou.
Eu ainda tenho dúvidas sobre a minha capacidade
por causa do jeito que eu me visto.
Mas, eu venho me fortalecendo
e eu acho que esse é um processo que vai levar minha vida inteira.
E eu digo que mesmo com essas dificuldades,
mesmo com esse caminho, que nem sempre é fácil,
nem sempre é cheio de flores,
uma hora o céu se abre.
Então eu posso garantir que vale a pena.
Obrigada.