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Embrulha Pra Viagem, GRUPO DE RISCO | EMBRULHA PRA VIAGEM

GRUPO DE RISCO | EMBRULHA PRA VIAGEM

Fala, pessoal. Beleza?

Nossa, que doideira que a gente tá vivendo.

Que pesadelo.

Mas cara, o pior de tudo pra mim é a falta de consciência das pessoas.

Principalmente dos idosos.

Eles são grupo de risco, não se ligam, sabe? Não sei.

Minha mãe, por exemplo.

Várias tretas direto assim com ela. Ela mora comigo.

Vira e mexe ela quer sair, quer tomar um ar.

Eu falo "Mãe, pelo amor de Deus!"

A gente tá vivendo um vírus mortal aí na rua!

Para com isso.

Por exemplo, semana passada ia ter festa de aniversário da minha prima.

Maior festa legal, tudo VIP, eu todo bonitão.

Tô indo pro elevador, minha mãe encosta no meu ombro:

"Filho, vou com você" Você tá louca?!

Pelo amor de Deus, vai ter mais de cinquenta, sessenta pessoas na festa!

A senhora tem mais de setenta anos!

Tá com problema no pulmão, no coração, tem diabetes!

Consciência, minha senhora! Por favor, dona Eugênia!

"Ah, mas você vai, tô com saudades das minhas irmãs"

Mãe, se as suas irmãs forem elas tão muito doidas!

Eu não sou grupo de risco.

Você consegue me compreender, mãe?

Eu não sou!

Maior bate-boca. Fui super nervoso pra festa.

Climão, assim. Nem queria voltar pra casa.

Enchi a cara até as tantas da manhã.

Emendei já num barzinho na Vila Madalena com meus primos.

Nem queria voltar. Cheguei em casa bebaço de manhã.

Nem trouxe o bolinho da dona Eugênia, esqueci.

Ficou sem bolo. Não tá fácil, não.

Trabalhar com a ignorância do ser humano é foda.

Quer outra? Esse final de semana fui viajar com a galera do trabalho.

Fomos à praia.

Sabendo que minha mãe podia fazer merda,

já tranquei a porta e fui embora. Ah, não deu outra.

Uma hora e meia a gente na estrada

cantando todo mundo junto no carro, feliz.

Toca o telefone, é ela.

"Filho, você me deixou trancada em casa!"

Eu falei, mãe! É pra senhora não fazer bobagem na rua!

"Mas filho, não tem nem comida!"

Claro que tem, mãe!

Tem dois ovos na geladeira, tem água!

Pelo amor de Deus, a senhora não vai morrer de fome, não.

Agora, se descer pra comprar alguma coisa no mercado,

vai morrer de COVID!

Ela não... Entendeu? Ela não se liga.

De novo, foi o maior climão.

Quase que ela estraga o meu fim de semana, meu!

Mas, na boa. Desencanei,

curti meu final de semana,

ainda na volta acabei ficando com a mina do financeiro.

A gente veio aqui pro apartamento e tal.

Transamos lá no meu quarto, maior respeito com minha mãe.

Aí no dia seguinte, fomos tomar café.

Eu e a mina desse lado, minha mãe do outro.

Não adianta, eu sou neurótico com esse negócio do COVID.

Neurótico.

Aí tomamos café numa boa, a mina foi embora.

Minha mãe até olhou assim.

Ela tá de máscara, tá tranquila e tal.

É isso, né? Mais consciência e menos egoísmo.

Ainda tem esperança que minha mãe mude a cabeça dela.

Pra melhor.

Porque se não, onde é que a gente vai parar?


GRUPO DE RISCO | EMBRULHA PRA VIAGEM

Fala, pessoal. Beleza?

Nossa, que doideira que a gente tá vivendo.

Que pesadelo.

Mas cara, o pior de tudo pra mim é a falta de consciência das pessoas.

Principalmente dos idosos.

Eles são grupo de risco, não se ligam, sabe? Não sei.

Minha mãe, por exemplo.

Várias tretas direto assim com ela. Ela mora comigo.

Vira e mexe ela quer sair, quer tomar um ar.

Eu falo "Mãe, pelo amor de Deus!"

A gente tá vivendo um vírus mortal aí na rua!

Para com isso.

Por exemplo, semana passada ia ter festa de aniversário da minha prima.

Maior festa legal, tudo VIP, eu todo bonitão.

Tô indo pro elevador, minha mãe encosta no meu ombro:

"Filho, vou com você" Você tá louca?!

Pelo amor de Deus, vai ter mais de cinquenta, sessenta pessoas na festa!

A senhora tem mais de setenta anos!

Tá com problema no pulmão, no coração, tem diabetes!

Consciência, minha senhora! Por favor, dona Eugênia!

"Ah, mas você vai, tô com saudades das minhas irmãs"

Mãe, se as suas irmãs forem elas tão muito doidas!

Eu não sou grupo de risco.

Você consegue me compreender, mãe?

Eu não sou!

Maior bate-boca. Fui super nervoso pra festa.

Climão, assim. Nem queria voltar pra casa.

Enchi a cara até as tantas da manhã.

Emendei já num barzinho na Vila Madalena com meus primos.

Nem queria voltar. Cheguei em casa bebaço de manhã.

Nem trouxe o bolinho da dona Eugênia, esqueci.

Ficou sem bolo. Não tá fácil, não.

Trabalhar com a ignorância do ser humano é foda.

Quer outra? Esse final de semana fui viajar com a galera do trabalho.

Fomos à praia.

Sabendo que minha mãe podia fazer merda,

já tranquei a porta e fui embora. Ah, não deu outra.

Uma hora e meia a gente na estrada

cantando todo mundo junto no carro, feliz.

Toca o telefone, é ela.

"Filho, você me deixou trancada em casa!"

Eu falei, mãe! É pra senhora não fazer bobagem na rua!

"Mas filho, não tem nem comida!"

Claro que tem, mãe!

Tem dois ovos na geladeira, tem água!

Pelo amor de Deus, a senhora não vai morrer de fome, não.

Agora, se descer pra comprar alguma coisa no mercado,

vai morrer de COVID!

Ela não... Entendeu? Ela não se liga.

De novo, foi o maior climão.

Quase que ela estraga o meu fim de semana, meu!

Mas, na boa. Desencanei,

curti meu final de semana,

ainda na volta acabei ficando com a mina do financeiro.

A gente veio aqui pro apartamento e tal.

Transamos lá no meu quarto, maior respeito com minha mãe.

Aí no dia seguinte, fomos tomar café.

Eu e a mina desse lado, minha mãe do outro.

Não adianta, eu sou neurótico com esse negócio do COVID.

Neurótico.

Aí tomamos café numa boa, a mina foi embora.

Minha mãe até olhou assim.

Ela tá de máscara, tá tranquila e tal.

É isso, né? Mais consciência e menos egoísmo.

Ainda tem esperança que minha mãe mude a cabeça dela.

Pra melhor.

Porque se não, onde é que a gente vai parar?