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Danilo Brito (Música Choro), ESSES MÚSICOS fazem MILAGRE com o FOLE DE 8 BAIXOS! - por DANILO BRITO

ESSES MÚSICOS fazem MILAGRE com o FOLE DE 8 BAIXOS! - por DANILO BRITO

Olá, meus amigos, Danilo Brito, aqui!

Ireneide... Sônia... Fernando Silva... Fábio...

Caetano... Que beleza! Muito mais gente chegando, também!

Para mais uma reunião neste canal dos amantes da música feita de coração!

Eu estava pensando em um instrumento

que faz parte da cultura brasileira. É o fole de oito baixos...

Também conhecido como gaita, no Sul; mas não é a gaita de boca, não... É a gaita de fole.

Aliás, por falar em sul, esse é um instrumento

que é muito mais difundido em duas regiões do Brasil

no Sul e no Nordeste.

Tivemos grandes instrumentistas.

No Sul, hoje em dia, o maior representante

dessa cultura regional, desse instrumento...

Com uma carreira linda e de sucesso... É o Renato Borghetti.

No Nordeste, muitos nomes também.

Severino Januário... o Dominguinhos, tocava fole de oito baixos também.

Enfim... Muitos outros...

Mas é preciso que se diga que a afinação

do fole tocado no Sul é completamente diferente do fole tocado no Nordeste.

Lá, no Nordeste, eles chamam de afinação transportada...

Quando chega um fole com afinação convencional

Eles mandam transportar a afinação,

ou seja, reafinar o instrumento com uma afinação que lá é tocada...

E que é um troço que é uma coisa dificílima!

É muito difícil vocês não têm ideia do que é difícil aquilo.

O fole, naturalmente, já é difícil em qualquer afinação que ele tenha.

Para vocês terem uma ideia,

a sanfona convencional... quando você aperta uma tecla, aqui,

da sanfona... e abre o fole... é uma nota...

Quando você fecha... é a mesma nota.

No fole, não. No fole de oito baixos...

Você aperta um botão daquele, quando abre é uma nota...

Segurando o mesmo botão, ainda, quando você fecha é outra nota.

E ele tem muito menos recursos que uma sanfona.

Tem certas coisas que não é possível que se faça no fole de 8 baixos.

Dada a própria natureza do instrumento.

A extensão é pequena.

Para você acompanhar... Fazer acordes... Fazer a harmonia...

É muito difícil porque... E, às vezes, impossível...

Porque não é todo acorde que é possível fazer no fole de 8 baixos.

Então, esses tocadores fazem verdadeiros milagres!

Tivemos tocadores brilhantes... Geniais...

Por exemplo, Zé Calixto, paraibano de Campina Grande...

Fez um sucesso extraordinário tocando esse instrumento, gravando inúmeros discos.

Aliás, a família Calixto se destaca muito desse instrumento

Bastinho Calixto...

Luizinho Calixto que, hoje, é considerado o papa desse instrumento...

Nessa afinação nordestina no Brasil.

Bom, tivemos outros, também... Como Abdias,

Manuel Maurício... Geraldo Correia...

Esse foi dos maiores! E esse eu tive a honra e o prazer de conhecer.

Geraldo Correia o conheci numa "Roda de Choro" em Campina Grande.

Na casa do saudoso amigo, bandolinista, luthier, Duduta.

Ele fazia uma "Roda de Choro" na casa dele... Aquela coisa gostosa...

Juntando os amigos... Violões, cavaquinhos, pandeiros...

E tinha uns petiscos e algumas coisinhas... Mas o prato principal, mesmo, era a música!

Uma "Roda de Choro" é um encontro de músicos amantes da arte...

para externar a emoção que a música proporciona.

E estava eu na "Roda de Choro" de Duduta, em Campina Grande (PB)

Quando dei fé, apareceu um senhor

de pouca conversa... Usava um bigodinho fininho...

e com um fole de oito baixos.

E ali eu reconheci... Porque havia visto aquele rosto

estampado em capas de discos de vinil.

E aquele era Geraldo Correia!

Grande tocador de fole de 8 baixos!

Respeitadíssimo entre os foleiros!

E esse homem começou a tocar...

E eu fiquei impressionado com a musicalidade e a facilidade ao tocar.

E ele já tinha idade, viu?

Mas aquilo de uma destreza e de uma lucidez...

Que era uma coisa incrível!

E ele começou a tocar uns Choros de autoria própria.

E eram uns Choros lindíssimos!

Mas muito difíceis... Muito sofisticados...

Nada intuitivos...

Porque numa "Roda de Choro" você começa a tocar...

Se o Choro for mais fácil, assim... Harmonicamente...

Ou seja, a parte dos acordes, a harmonia, o acompanhamento for mais fácil...

O músico acompanhador vai ali conseguindo...

acompanhar o Choro.

Às vezes, erra um acorde ou outro... mas na segunda passada ele já está...

já está ciente daquilo.

Agora, os Choros de Geraldo Correia, pelo menos esses que ele tocou nesse dia...

Eram impossíveis de serem acompanhados em primeira audição.

Aquilo de uma riqueza impressionante!

Eu me lembro que um violonista parou... colocou a mão, aqui, sobre o violão...

o outro foi parando, também... O cavaquinho parou... ficou só o pandeiro.

Por que? Porque não conseguiam acompanhar o Choro de Geraldo Correia.

Aí, o Duduta falou: "Oh, Geraldo..."

"Você desculpa... esses [Choros]... precisa passar..."

"Esses Choros seus são lindos demais, mas precisa passar..."

"Senão a gente não consegue acompanhar..."

De fato!

Mas há muitos outros tocadores desse instrumento...

Arlindo dos 8 Baixos... Truvinca...

Abel de "Frauso"... Ramiro... Zé de Joaquim... Vige!

Tem muitos! E tem uma turma nova, chegando aí, tocando esse instrumento!

O que nos felicita muito... Por ser um instrumento tão difícil...

Que é passado de geração em geração, não é?

Hoje em dia, com essa facilidade toda que tem...

Quem é que quer ter trabalho de aprender um fole de 8 baixos?

Só quem tem muita vontade, mesmo!

E, graças a Deus, temos gente para isso!

Eu fiz um vídeo sobre

a primeira apresentação, o primeiro show que fiz na terra de meu pai,

na cidade de Serra Branca, no interior da Paraíba.

Aliás, foi uma noite inesquecível! Muito emocionante!

Eu tive vários convidados...

Dentre eles, dois foleiros.

Tio Vavá, irmão caçula de meu pai... Aliás, tio Vavá está ficando famoso, visse?

Está aparecendo em tudo quanto é vídeo aí na internet...

Olha... o homem não está brincadeira... Quem é que segura?!

Ele fala: "É, meu filho... Aqui, é Brito!"

Ele fala... [risos]

O outro tocador é Zé Preto Benedito, dos 8 Baixos.

Mas vamos...

Olha Tio Vavá aí!

Tio Vavá, toque, por favor!

Atucha!

[music]

Olha... cada vez que eu

vejo alguém tocando esse instrumento, eu fico impressionado...

Porque... Imagine... É como eu disse...

Esse negócio não sai da minha cabeça... Esse negócio de quando você aperta um botão aqui...

Desculpe a insistência...

Quando você aperta um botão...

Abre... é uma nota... quando fecha, é outra.

Isso é muito difícil!

Isso dá um nó na cabeça da gente.

Eu peguei o fole de 8 baixos de Tio Vavá, em uma tarde... um pedaço de tarde...

Pelejei para tocar o "Parabéns para Você"... Me bati... Me bati...

Olha, saiu! Mas com muito trabalho, viu?

E esse pessoal toca Frevo...

Toca Marcha... A toda velocidade... E não erra uma nota...

O que é isso, hein? Impressionante!

É... como eu digo...

O Brasil deu muito cabra bom e ainda dá, viu?

Vamos apreciar Zé Preto Benedito ao fole de 8 baixos!

Que beleza!

Isto se chama talento, meus amigos... Talento...

Você veja, o homem autodidata, não é?

Nunca frequentou uma academia de música.

Nunca teve quem o ensinasse a tocar esse instrumento... e

E ficou ali tentando...

E aparece um dia tocando assim para o mundo.

Como se explica? E assim são muitos, viu?

Luizinho Calixto, irmão de Zé Calixto falou:

"Olha... era impressionante!"

"Eu nunca vi Zé Calixto errar nada!"

"Errar uma nota tocando."

Olha, eu quero dizer a você o seguinte,

Neste canal, teremos uma entrevista

com Luizinho Calixto... Uma coisa lindíssima! Uma coisa que ficará para a história!

Eu me lembrei de uma conversa que tive...

Parecida com essa que estamos tendo agora...

Com Severino sapateiro!

Meu antigo vizinho da Zona Norte de São Paulo...

Hoje está com mais de 90 anos...

Músico, também, e grande entusiasta desse instrumento... de sanfona....

Certa vez...

Aquela coisa que havia... dos vizinhos se reunirem na calçada... batendo papo...

Você se lembra disso, não?

O assunto era justamente esse.

Os tocadores de fole do Nordeste... Os mais destacados...

Aí, eu lembrei do nome de Paizinho Amador... Aliás, eu já falei, aqui, em outros vídeos, sobre ele...

Paizinho Amador, meu pai teve uma convivência muito grande com ele, por muitos anos...

E ele falou que foi a pessoa que ele mais viu tocar pessoalmente.

E eu falei: "E Paizinho Amador?"

Severino Sapateiro deu um pulo e falou:

"Eu conheci Paizinho Amador!"

"Só que Paizinho Amador era outra coisa!"

Como outra coisa? "Ele não conta, porque ele 'tocava por pauta'."

Então eu falei: O que homi? Ele tocava pelo quê?

"Por pauta, não sabe o que é pauta, não? Ele tocava por pauta!"

E o que é tocar por pauta Seu Severino?

Ajudado pelo diabo! Ele tocava ajudada pelo diabo!

Não! O que é isso?! Que conversa! Paizinho Amador tocava...? Não!

Eu acho que era o talento que era demais...

"Que talento?! Para cima de mim?!"

"Não é possível ser humano tocar daquele tanto, não!"

"Aquele não conta, porque ele tocava por pauta!"

[risos]

Você assistirá um vídeo especial

sobre Paizinho Amador, aqui, neste canal!

E temos bastante ainda para falar...

Desse instrumento sensacional...

E grandes tocadores.

Eu peço que você deixe o "like" aqui neste vídeo, se você gostou.

O "like" é "para cima", lembrando...

E compartilhe com os amantes da música feita de coração!

Se você está chegando, agora. Inscreva-se! E faça parte!

Um grande e forte abraço!

Arrocha!

Que maravilha! Luizinho Calixto para o aplauso dos senhores!

Que satisfação, meu caro!

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