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Danilo Brito (Música Choro), BACH vs PIXINGUINHA - por DANILO BRITO

BACH vs PIXINGUINHA - por DANILO BRITO

♪ Você já se perguntou de onde vem tanta riqueza da musicalidade de Pixinguinha?

É uma coisa maluca, não é?

É bem verdade que o homem era um gênio, hein?

Mas eu acho que isso, por si só, não basta porque...

eu não tenho dúvida...

alguma de que Pixinguinha tinha uma formação musical muito sólida.

Tinha um alto conhecimento da estrutura da música.

Além, claro, de uma capacidade de raciocínio extraordinária.

E, é claro, uma inspiração divina.

Isso torna Pixinguinha um dos maiores músicos do mundo!

Fundamental para a música brasileira! É impossível você imaginar...

música brasileira sem Pixinguinha.

Ele foi o sujeito definitivo para a criação do Choro, do Samba...

da música brasileira, afinal.

E a música brasileira, por sua vez,

tem influências diretas do que há de mais rico e mais belo...

no que diz respeito a elementos musicais da música do mundo.

Podemos perceber, em vários trechos, várias...

citações de música sde Pixinguinha, seus famosos contrapontos...

é uma coisa muito semelhante à música barroca, ao que o Bach fazia.

É claro que tudo com um sabor bem brasileiro uma coisa que representa...

a alma do brasileiro, não é?

Mas a estrutura musical está ali.

Tem a influência barroca. Tem, por exemplo,

o Ernesto Nazareth, do qual já falei, aqui, também, em outro vídeo...

Nazareth teve uma influência direta da música romântica, do piano de Chopin,

com aquelas composições lindas, maravilhosas.

E ele introduziu essas coisas na música brasileira.

Você escuta você sabe que aquele é brasileiro mas percebe que aquilo veio...

de uma influência externa, de uma formação de outra cultura,

mas que aqui se transformou ao nosso modo bem ao nosso sentimento.

Eu resolvi falar desse assunto graças a um comentário...

de um dos nossos espectadores, aqui do canal, falando justamente sobre isto,

a semelhança de Bach e Pixinguinha, os contrapontos, as melodias...

E é uma coisa muito interessante, porque...

percebe-se muito a influência de Bach na música de Pixinguinha.

Não só do Pixinguinha, mas dos compositores brasileiros...

dessa época, em geral. Podemos perceber nas músicas de Anacleto de Medeiros...

os arranjos muito bonitos, sofisticados, com contrapontos.

O contraponto é uma técnica musical de uma melodia...

sobrepondo outra melodia. Uma melodia completamente diferente.

Aliás, às vezes, mais de uma melodia, duas, três melodias...

ali, se conversando, sem entrar em atrito, sabe?

Sem entrar em conflito uma com a outra.

Isso exige um conhecimento tremendo de música,

mas quando é bem feito, quando é feito com conhecimento, com...

com inspiração é uma coisa belíssima!

Vide a obra de Johann Sebastian Bach.

E, o Pixinguinha, seguramente, ouviu muito isso...

E estudou muito as partituras...

Agora, tem uma coisa muito interessante, que o Pixinguinha fazia isso.

Às vezes, claro, ele escrevia um contraponto,

mas eu acredito que, na maioria das vezes, aquilo era feito de improviso, sabe?

Porque você escuta diversas versões de Pixinguinha tocando...

uma tal música dele, e, cada vez, ele toca diferente!

"Ah, Pixinguinha, vamos tocar a tal música!" E ele pega o saxofone e começa a fazer contrapontos.

O Pixinguinha começou como solista. Tocando flauta...

Mas aí ele acabou...

passando para o saxofone. E deixou a melodia principal de lado,

que ele fazia na flauta, para fazer os contrapontos, para fazer outra melodia...

fazer a harmonização, faz aquele desenho harmônico...

com uma segunda melodia sobre a primeira. Coisa linda aquilo!

E fez dupla muito famosa...

com Benedito Lacerda. Talvez a maior dupla da história da música...

brasileira: Benedito Lacerda e Pixinguinha. Benedito Lacerda tocando flauta,

o instrumento antigo de Pixinguinha, e Pixinguinha, ali, costurando pelo meio...

com aqueles contrapontos maravilhosos!

Aliás, eu gostaria...

de colocar um trechinho aqui... Vamos fazer uma audição musical,

você estando em casa e tal, bem à vontade...

Vou colocar uma música para tocar, nós vamos ouvir juntos, aqui, certo?

Escute esse esse C horo...

tocado por Pixinguinha e Benedito Lacerda. O Lacerda fazendo a melodia principal...

e o Pixinguinha fazendo o contraponto.

Essa é uma coisa maluca!

Olha só, Choro "Serpentina" de Nelson Alves.

♪ Eh hehehe! Rapaz! Já "pensasse" num negócio desses?! O Pixinguinha fazia coisas impressionantes! Como é que...?!

E é difícil até prestar atenção na melodia principal,

porque os contrapontos são tão bonitos, são tão bem feitos, que ...

parece que quer roubar sua atenção.

Mas sempre uma coisa somando.

Não era uma concorrência, não era mostrando que ele era virtuoso... não!

Aquilo é tudo em prol da beleza da música... Como um grande mestre musical faz.

Bom, tem um Choro de Raul Silva, chamado "Juriti".

E... o Pixinguinha faz o contraponto, tudo, o Lacerda solando a música inteira...

O Pixinguinha brilhante fazendo aqueles contrapontos... mas quando chega...

na primeira parte, para fechar a música... Porque, o Choro...

Não sei se você se lembra... eu já disse aqui...

O Choro, geralmente, é dotado de três partes.

Costumeiramente, tocamos a parte "A" duas vezes.

A parte "B" , duas vezes.

Aí voltamos para "A", ou seja, primeira parte.

Vamos para a terceira parte, que é a parte "C", duas vezes.

E aí voltamos para o "A" e encerramos a música.

Isso é assim, certo?

E aí tudo bem... Aí, na volta...

da terceira parte da segunda vez...

para voltar para o "A", para encerrar a música,

o Benedito Lacerda deixou um solo de saxofone tenor para o Pixinguinha...

Tirou a flauta de lado e deixou o homem se virar lá! Ave...!

Escute isso! Preste atenção! Eu vou colocar o finalzinho... um trecho...

da terceira parte.

Voltando para a primeira parte, o Pixinguinha improvisando.

Mas é demais! É demais!

♪ Percebeu, aí? O Benedito Lacerda deixou um espaço em aberto... para o Pixinguinha improvisar em cima daquela harmonia.

Depois ele retoma do meio da parte em diante e encerra.

Mas que coisa linda, não?

Então, meus amigos, esta é a riqueza da música brasileira!

Cheia desses elementos musicais maravilhosos do que há de mais rico...

da música clássica, música barroca, período romântico...

O que há de mais importante nós absorvemos...

E transformamos, aqui, bem ao nosso modo, não é?

Misturando os elementos rítmicos da música africana, com todo esse suingue...

com toda essa malemolência, com esse gingado todo.

Não é verdade?

Agora, para encerrar esta sess ão da apreciação musical...

Eu quero colocar um trecho de uma música do Bach, tocada pelos "Índios Tabajaras".

[Link na descrição]

E, veja... repare... se não fica muito parecido,

Em determinado momento,

principalmente no violão de acompanhamento, que justamente faz os contrapontos,

que é a parte mais grave. O violão que está fazendo a melodia principal...

está fazendo a parte mais aguda, mais fina da melodia, mais alta...

E o violão complementando com os contrapontos, fazendo o acompanhamento.

O outro violão, não é?

Perceba como parece, como é semelhante...

com a linguagem musical brasileira, o Choro.

Por exemplo,

Essa rítmica aqui. Não só a rítmica como a disposição das notas da melodia...

Daquele Choro "Soluçando" de Cândido Pereira da Silva,

o Candinho do trombone.

♪ Certo? Então esse trechinho aqui:

Repare!

Você conhecia os "Índios Tabajaras"?

Se você quiser saber mais sobre eles você deixe aqui nos comentários!

"Olha, fale sobre os "Índios Tabajaras"... eu gostaria de conhecer..."

Tá bem?

De qualquer forma eu vou fazer mesmo assim! Vou fazer o vídeo e vou postar aqui!

Olha, muito obrigado pela companhia! Por sua audiência!

Inscreva-se aqui neste canal!

Deixe seu like! Compartilhe esse vídeo!

Para que divulguemos o melhor da música brasileira!

E um grande forte abraço!

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