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BBC News 2021 (Brasil), A manobra republicana para livrar Trump de impeachment pela 2ª vez

A manobra republicana para livrar Trump de impeachment pela 2ª vez

Apesar das palavras duras de líderes republicanos no Congresso sobre a responsabilidade de Donald

Trump na invasão do Capitólio por centenas de seus apoiadores, o ex-presidente americano

deverá sair inocentado do julgamento de impeachment no Senado

graças aos votos de seu próprio partido

Fora da Casa Branca desde 20 de janeiro, Trump enfrenta um processo de impeachment

pela segunda vez

Só que agora, já sem mandato

Eu sou Mariana Sanches, correspondente da BBC News Brasil em Washington, e nesse vídeo

eu conto sobre a manobra dos republicanos para tentar livrar Trump sem diretamente julgá-lo

por seus atos

E explico porque a absolvição pode ser um bom negócio para os democratas

Mas antes, vamos entender como chegamos a esse julgamento

Trump é acusado de ter atraído milhares de pessoas a Washington sob falsas alegações

de fraude eleitoral, e de incitá-las contra os congressistas e o então vice-presidente,

Mike Pence, que naquele dia 6 de janeiro certificavam os votos do Colégio Eleitoral e confirmavam

a vitória de Joe Biden nas urnas

A invasão terminou com um saldo de cinco mortos, mais de 50 agentes de segurança feridos

e centenas de presos e indiciados pelos atos de violência

Políticos tiveram que ser retirados do Capitólio ou escondidos em abrigos subterrâneos enquanto

os manifestantes bradavam palavras de ordem como "Enforquem Mike Pence" e ameaçavam atirar

na presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi

Minutos antes da ação, o grupo assistiu a um discurso de Trump:

O processo de impeachment foi aberto pela Câmara uma semana após o episódio com os

votos favoráveis de 10 republicanos, o maior apoio a um impedimento de presidente já dado

por integrantes de seu próprio partido na história dos Estados Unidos

E não ficou só nisso

Republicanos importantes vieram a público censurar a atitude de Trump, o que para alguns

indicava que o partido poderia romper com ele

Uma das líderes republicanas na Câmara, Liz Cheney, justificou seu voto pela abertura

do processo assim:

"O Presidente dos Estados Unidos convocou essa turba, reuniu a turba e acendeu a chama

desse ataque

Tudo o que se seguiu foi obra dele

Nada disso teria acontecido sem o presidente", afirmou a deputada

Já Mitch McConnell, líder do partido no Senado e aliado de Trump, afirmou um dia antes

da posse de Biden que uma “multidão foi alimentada com mentiras" e "provocada pelo

presidente e outros poderosos”

Mas agora, com o julgamento ocorrendo, o movimento dos republicanos mudou

Para condenar o ex-presidente, dois terços do Senado, ou 67 dos 100 senadores, teriam

que apontar responsabilidade do presidente em incitar a multidão

Com a configuração dividida do Senado – 50 republicanos e 50 democratas – 17 partidários

de Trump teriam que votar contra ele

E apesar das críticas públicas e privadas a Trump, os republicanos não parecem dispostos

a puni-lo

Mas o que mudou de lá pra cá?

Segundo me explicou o cientista político William Winecoff, da Universidade de Indiana,

o recuo dos republicanos era previsível

Nas palavras de Winecoff, abre aspas, "a base do Partido Republicano ama Trump tanto

quanto o resto do país o odeia, e muitos congressistas republicanos eleitos têm muito

mais medo de perder suas cadeiras por uma oposição dos trumpistas do que pela concorrência

dos próprios democratas"

As pesquisas dão razão à lógica de Winecoff

Embora tenha deixado a Casa Branca com baixos níveis de aprovação geral, em 34%, Trump

segue sendo uma figura extremamente popular entre os eleitores que se dizem republicanos

Uma pesquisa de janeiro do Instituto Morning Consult mostrou que apenas 18% dos que se

declaram republicanos se dizem favoráveis ao impeachment, 81% têm visão positiva sobre

o ex-presidente e 50% querem que ele tenha um "papel central" no partido nos próximos anos

Apesar de derrotado nas urnas em novembro, Trump obteve a marca de 74 milhões de votos,

segunda maior votação popular da história, atrás apenas do próprio Biden

E se tem enorme capacidade de atrair eleitores - e verba - pra campanhas, Trump é conhecido

também por saber como desidratar quem se opõe a ele dentro do partido

O caso de Liz Cheney, que votou pelo impeachment do então presidente, é ilustrativo

Este mês, o deputado trumpista Matt Gaetz, da Flórida, viajou até o Estado de origem

dela, o Wyoming, para pedir que os eleitores a derrotem na próxima eleição

Cheney enfrentou ainda uma tentativa de retirada de seu posto de líder na Câmara

Foi salva pelos colegas, mas apenas porque os que a apoiaram estavam protegidos da ira

de Trump pelo voto secreto

A verdade é que os republicanos se viram encurralados

De um lado, punir Trump pode significar atrair contra si uma máquina eleitoral que pode

arrasar uma carreira política

De outro, inocentá-lo pode representar ser cobrado pelo maioria dos americanos

Segundo pesquisa Ipsos/ABC, 56% dos americanos defendem a condenação

Por isso, os republicanos lançaram mão de uma manobra legalista: argumentar que o instrumento

do impeachment só pode ser adotado para presidentes em exercício, e que julgar Trump após o

fim de seu mandato seria inconstitucional

Assim, eles não precisariam dizer se aprovam ou não as ações do ex-presidente, bastaria

interditar o procedimento

O argumento é considerado "ilógico" mesmo por advogados constitucionalistas conservadores

E o próprio Trump, quando era presidente, em 2020, defendeu o impeachment de Barack

Obama já sem mandato

Ainda assim, essa será a linha adotada pelos republicanos

Os advogados do ex-presidente, que se recusou a testemunhar no processo, também anunciaram

que vão no mesmo caminho

E que também argumentarão pelo direito à liberdade de expressão de Trump, além de

dizer que termos como "lutar" e "marchar" foram usados em sentido figurado

Para a analista política Regina Argenzio, da consultoria Eurasia Group, na prática,

o resultado do julgamento foi dado no fim de janeiro, quando o Senado votou sobre a

constitucionalidade do impeachment de Trump, já que ele não mais detém o cargo

Naquele momento, apenas cinco republicanos votaram a favor

Agora, no primeiro dia de julgamento, quando a mesma votação foi refeita, seis republicanos apoiaram

Ainda assim, os democratas precisariam de mais 11 deles para atingir a condenação de Trump

Argenzio me disse que "fundamentalmente, há muito pouca vantagem política para um republicano

em votar para condenar o presidente"

Segundo ela, o fato de que ele não está mais no cargo fornece uma razão conveniente

para se opor ao impeachment com base no processo, e a maioria dos republicanos se sente confortável

com essa posição"

Mas com Trump absolvido, será que os republicanos ganharam o jogo?

Na verdade, é provável que não

Do lado democrata, já não existem grandes expectativas de que Trump seja punido no processo,

nem mesmo que ele perca seus direitos políticos

Para eles, o julgamento de impeachment se tornou um palco importante no qual tentarão

associar o extremismo dos manifestantes a Trump e, por consequência, a todo o partido

republicano

Ainda não é certo que testemunhas serão permitidas no julgamento, mas uma possibilidade

para viabilizar isso seria que os democratas convocassem manifestantes presos que estejam

dispostos a dizer que cometeram atos violentos sob orientação de Trump

Um dos mais notórios é Jacob Chansley, de 33 anos, que invadiu o Capitólio vestido

em trajes vikings, o que lhe rendeu na imprensa americana a alcunha de "xamã do QAnon", em

referência à teoria da conspiração frequentemente defendida por parte dos seguidores de Trump

Preso após os acontecimentos, ele disse, por meio de seus advogados, que, abre aspas,

"lamenta muito não apenas ter sido enganado pelo presidente, mas ter estado em uma posição

em que permitiu que essa fraude o fizesse tomar decisões que não deveria ter tomado''

Chansley tem se defendido dizendo ter sido "inflamado" por "meses de mentiras, deturpações

e discurso hiperbólico de nosso presidente"

Em um vídeo feito ao sair do Capitólio após a invasão, no dia 6, Chansley afirma ter

deixado o prédio sob orientação de um tuíte de Trump

A estratégia dos democratas de carimbar em republicanos a pecha de radicais foi colocada

em prática antes mesmo do início do julgamento de impeachment de Trump

Na semana passada, democratas exigiram que republicanos destituíssem a recém-eleita

deputada Marjorie Taylor Greene de postos em comissões, como a de educação

A justificativa foram declarações e endossos públicos de Greene a propostas de violência

contra líderes políticos, como Nancy Pelosi, além de seus questionamentos à existência

do ataque de 11 de setembro ao Pentágono ou de massacres por atiradores em escolas

Acuada, Greene afirmou ter recebido uma ligação de Trump a apoiando e culpou a mídia pelos

posicionamentos que adotou

Mas, com o apoio de 11 republicanos e de todos os democratas, a Câmara decidiu punir a deputada

ainda na semana passada

Para a Regina Argenzio, da Eurasia, está claro que "os democratas estão ansiosos para

usar o momento como uma oportunidade para pintar o Partido Republicano como o partido

do QAnon e de radicalismos"

Eleito com uma plataforma de união dos americanos e superação da divisão no país, Biden

tem sido reiteradamente cobrado pelos republicanos a buscar políticas com apoio bipartidário

Mas o novo governo já demonstra impaciência com a dificuldade de negociar com os opositores

Exemplo disso é o pacote emergencial contra os efeitos da pandemia:

Biden propôs injetar quase US$ 2 trilhões na economia americana em um plano entregue ao Congresso em seu primeiro

dia na Casa Branca

Republicanos, no entanto, apresentaram contra-proposta que representava apenas um terço desse valor

Biden, cujo partido tem maioria na Câmara e no Senado, deu sinal verde aos seus correligionários

para seguirem em frente com a aprovação do pacote original mesmo sem o endosso dos

republicanos

Dentro do partido democrata cresce uma discussão sobre a possibilidade de dar fim ao chamado

filibuster, uma regra do Senado que exige que leis ordinárias sejam aprovadas por três

quintos dos senadores e não apenas por maioria simples

Na prática, esse é um recurso que permite à minoria barrar leis

Como tem maioria na Câmara e no Senado, com uma votação simples democratas conseguiriam

se livrar do filibuster e descartar os interesses dos republicanos por ao menos dois anos

O risco, claro, seria o próprio silenciamento, quando, algum dia, democratas voltarem a ser

minoria

De acordo com Jon Lieber, diretor da Eurasia Group nos EUA, a presença de Trump como um

ator na arena política possibilita aos democratas tomar atitudes mais ousadas e profundas em

sua agenda política

Abre aspas:

"Trump é uma força polarizadora e radicalizante, que está possibilitando uma agenda muito

mais progressista

Um Partido Republicano cada vez mais radical permitirá que os democratas governem de uma

forma totalmente unilateral, na lógica do 'não podemos trabalhar com essas pessoas

irracionais'"

O julgamento ainda deve se alongar por vários dias

E mais do que o destino de Trump, ele dirá como as forças da democracia americana se

organizarão nos próximos anos

Eu continuo acompanhando por aqui

Até a próxima, tchau!

A manobra republicana para livrar Trump de impeachment pela 2ª vez The Republican maneuver to free Trump from impeachment for the 2nd time トランプを2度目の弾劾から解放する共和党の策略

Apesar das palavras duras de líderes republicanos no Congresso sobre a responsabilidade de Donald

Trump na invasão do Capitólio por centenas de seus apoiadores, o ex-presidente americano

deverá sair inocentado do julgamento de impeachment no Senado

graças aos votos de seu próprio partido

Fora da Casa Branca desde 20 de janeiro, Trump enfrenta um processo de impeachment

pela segunda vez

Só que agora, já sem mandato

Eu sou Mariana Sanches, correspondente da BBC News Brasil em Washington, e nesse vídeo

eu conto sobre a manobra dos republicanos para tentar livrar Trump sem diretamente julgá-lo

por seus atos

E explico porque a absolvição pode ser um bom negócio para os democratas

Mas antes, vamos entender como chegamos a esse julgamento

Trump é acusado de ter atraído milhares de pessoas a Washington sob falsas alegações

de fraude eleitoral, e de incitá-las contra os congressistas e o então vice-presidente,

Mike Pence, que naquele dia 6 de janeiro certificavam os votos do Colégio Eleitoral e confirmavam

a vitória de Joe Biden nas urnas

A invasão terminou com um saldo de cinco mortos, mais de 50 agentes de segurança feridos

e centenas de presos e indiciados pelos atos de violência

Políticos tiveram que ser retirados do Capitólio ou escondidos em abrigos subterrâneos enquanto

os manifestantes bradavam palavras de ordem como "Enforquem Mike Pence" e ameaçavam atirar

na presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi

Minutos antes da ação, o grupo assistiu a um discurso de Trump:

O processo de impeachment foi aberto pela Câmara uma semana após o episódio com os

votos favoráveis de 10 republicanos, o maior apoio a um impedimento de presidente já dado

por integrantes de seu próprio partido na história dos Estados Unidos

E não ficou só nisso

Republicanos importantes vieram a público censurar a atitude de Trump, o que para alguns

indicava que o partido poderia romper com ele

Uma das líderes republicanas na Câmara, Liz Cheney, justificou seu voto pela abertura

do processo assim:

"O Presidente dos Estados Unidos convocou essa turba, reuniu a turba e acendeu a chama

desse ataque

Tudo o que se seguiu foi obra dele

Nada disso teria acontecido sem o presidente", afirmou a deputada

Já Mitch McConnell, líder do partido no Senado e aliado de Trump, afirmou um dia antes

da posse de Biden que uma “multidão foi alimentada com mentiras" e "provocada pelo

presidente e outros poderosos”

Mas agora, com o julgamento ocorrendo, o movimento dos republicanos mudou

Para condenar o ex-presidente, dois terços do Senado, ou 67 dos 100 senadores, teriam

que apontar responsabilidade do presidente em incitar a multidão

Com a configuração dividida do Senado – 50 republicanos e 50 democratas – 17 partidários

de Trump teriam que votar contra ele

E apesar das críticas públicas e privadas a Trump, os republicanos não parecem dispostos

a puni-lo

Mas o que mudou de lá pra cá?

Segundo me explicou o cientista político William Winecoff, da Universidade de Indiana,

o recuo dos republicanos era previsível

Nas palavras de Winecoff, abre aspas, "a base do Partido Republicano ama Trump tanto

quanto o resto do país o odeia, e muitos congressistas republicanos eleitos têm muito

mais medo de perder suas cadeiras por uma oposição dos trumpistas do que pela concorrência

dos próprios democratas"

As pesquisas dão razão à lógica de Winecoff

Embora tenha deixado a Casa Branca com baixos níveis de aprovação geral, em 34%, Trump

segue sendo uma figura extremamente popular entre os eleitores que se dizem republicanos

Uma pesquisa de janeiro do Instituto Morning Consult mostrou que apenas 18% dos que se

declaram republicanos se dizem favoráveis ao impeachment, 81% têm visão positiva sobre

o ex-presidente e 50% querem que ele tenha um "papel central" no partido nos próximos anos

Apesar de derrotado nas urnas em novembro, Trump obteve a marca de 74 milhões de votos,

segunda maior votação popular da história, atrás apenas do próprio Biden

E se tem enorme capacidade de atrair eleitores - e verba - pra campanhas, Trump é conhecido

também por saber como desidratar quem se opõe a ele dentro do partido

O caso de Liz Cheney, que votou pelo impeachment do então presidente, é ilustrativo

Este mês, o deputado trumpista Matt Gaetz, da Flórida, viajou até o Estado de origem

dela, o Wyoming, para pedir que os eleitores a derrotem na próxima eleição

Cheney enfrentou ainda uma tentativa de retirada de seu posto de líder na Câmara

Foi salva pelos colegas, mas apenas porque os que a apoiaram estavam protegidos da ira

de Trump pelo voto secreto

A verdade é que os republicanos se viram encurralados

De um lado, punir Trump pode significar atrair contra si uma máquina eleitoral que pode

arrasar uma carreira política

De outro, inocentá-lo pode representar ser cobrado pelo maioria dos americanos

Segundo pesquisa Ipsos/ABC, 56% dos americanos defendem a condenação

Por isso, os republicanos lançaram mão de uma manobra legalista: argumentar que o instrumento

do impeachment só pode ser adotado para presidentes em exercício, e que julgar Trump após o

fim de seu mandato seria inconstitucional

Assim, eles não precisariam dizer se aprovam ou não as ações do ex-presidente, bastaria

interditar o procedimento

O argumento é considerado "ilógico" mesmo por advogados constitucionalistas conservadores

E o próprio Trump, quando era presidente, em 2020, defendeu o impeachment de Barack

Obama já sem mandato

Ainda assim, essa será a linha adotada pelos republicanos

Os advogados do ex-presidente, que se recusou a testemunhar no processo, também anunciaram

que vão no mesmo caminho

E que também argumentarão pelo direito à liberdade de expressão de Trump, além de

dizer que termos como "lutar" e "marchar" foram usados em sentido figurado

Para a analista política Regina Argenzio, da consultoria Eurasia Group, na prática,

o resultado do julgamento foi dado no fim de janeiro, quando o Senado votou sobre a

constitucionalidade do impeachment de Trump, já que ele não mais detém o cargo

Naquele momento, apenas cinco republicanos votaram a favor

Agora, no primeiro dia de julgamento, quando a mesma votação foi refeita, seis republicanos apoiaram

Ainda assim, os democratas precisariam de mais 11 deles para atingir a condenação de Trump

Argenzio me disse que "fundamentalmente, há muito pouca vantagem política para um republicano

em votar para condenar o presidente"

Segundo ela, o fato de que ele não está mais no cargo fornece uma razão conveniente

para se opor ao impeachment com base no processo, e a maioria dos republicanos se sente confortável

com essa posição"

Mas com Trump absolvido, será que os republicanos ganharam o jogo?

Na verdade, é provável que não

Do lado democrata, já não existem grandes expectativas de que Trump seja punido no processo,

nem mesmo que ele perca seus direitos políticos

Para eles, o julgamento de impeachment se tornou um palco importante no qual tentarão

associar o extremismo dos manifestantes a Trump e, por consequência, a todo o partido

republicano

Ainda não é certo que testemunhas serão permitidas no julgamento, mas uma possibilidade

para viabilizar isso seria que os democratas convocassem manifestantes presos que estejam

dispostos a dizer que cometeram atos violentos sob orientação de Trump

Um dos mais notórios é Jacob Chansley, de 33 anos, que invadiu o Capitólio vestido

em trajes vikings, o que lhe rendeu na imprensa americana a alcunha de "xamã do QAnon", em

referência à teoria da conspiração frequentemente defendida por parte dos seguidores de Trump

Preso após os acontecimentos, ele disse, por meio de seus advogados, que, abre aspas,

"lamenta muito não apenas ter sido enganado pelo presidente, mas ter estado em uma posição

em que permitiu que essa fraude o fizesse tomar decisões que não deveria ter tomado''

Chansley tem se defendido dizendo ter sido "inflamado" por "meses de mentiras, deturpações

e discurso hiperbólico de nosso presidente"

Em um vídeo feito ao sair do Capitólio após a invasão, no dia 6, Chansley afirma ter

deixado o prédio sob orientação de um tuíte de Trump

A estratégia dos democratas de carimbar em republicanos a pecha de radicais foi colocada The Democrats' strategy of stamping on Republicans the label of radicals was placed

em prática antes mesmo do início do julgamento de impeachment de Trump

Na semana passada, democratas exigiram que republicanos destituíssem a recém-eleita

deputada Marjorie Taylor Greene de postos em comissões, como a de educação

A justificativa foram declarações e endossos públicos de Greene a propostas de violência

contra líderes políticos, como Nancy Pelosi, além de seus questionamentos à existência

do ataque de 11 de setembro ao Pentágono ou de massacres por atiradores em escolas

Acuada, Greene afirmou ter recebido uma ligação de Trump a apoiando e culpou a mídia pelos Cornered, Greene claimed to have received a call from Trump supporting her and blamed the media for the

posicionamentos que adotou

Mas, com o apoio de 11 republicanos e de todos os democratas, a Câmara decidiu punir a deputada

ainda na semana passada

Para a Regina Argenzio, da Eurasia, está claro que "os democratas estão ansiosos para

usar o momento como uma oportunidade para pintar o Partido Republicano como o partido

do QAnon e de radicalismos"

Eleito com uma plataforma de união dos americanos e superação da divisão no país, Biden

tem sido reiteradamente cobrado pelos republicanos a buscar políticas com apoio bipartidário

Mas o novo governo já demonstra impaciência com a dificuldade de negociar com os opositores

Exemplo disso é o pacote emergencial contra os efeitos da pandemia:

Biden propôs injetar quase US$ 2 trilhões na economia americana em um plano entregue ao Congresso em seu primeiro

dia na Casa Branca

Republicanos, no entanto, apresentaram contra-proposta que representava apenas um terço desse valor

Biden, cujo partido tem maioria na Câmara e no Senado, deu sinal verde aos seus correligionários

para seguirem em frente com a aprovação do pacote original mesmo sem o endosso dos

republicanos

Dentro do partido democrata cresce uma discussão sobre a possibilidade de dar fim ao chamado

filibuster, uma regra do Senado que exige que leis ordinárias sejam aprovadas por três

quintos dos senadores e não apenas por maioria simples

Na prática, esse é um recurso que permite à minoria barrar leis

Como tem maioria na Câmara e no Senado, com uma votação simples democratas conseguiriam

se livrar do filibuster e descartar os interesses dos republicanos por ao menos dois anos

O risco, claro, seria o próprio silenciamento, quando, algum dia, democratas voltarem a ser

minoria

De acordo com Jon Lieber, diretor da Eurasia Group nos EUA, a presença de Trump como um

ator na arena política possibilita aos democratas tomar atitudes mais ousadas e profundas em

sua agenda política

Abre aspas:

"Trump é uma força polarizadora e radicalizante, que está possibilitando uma agenda muito

mais progressista

Um Partido Republicano cada vez mais radical permitirá que os democratas governem de uma

forma totalmente unilateral, na lógica do 'não podemos trabalhar com essas pessoas

irracionais'"

O julgamento ainda deve se alongar por vários dias

E mais do que o destino de Trump, ele dirá como as forças da democracia americana se

organizarão nos próximos anos

Eu continuo acompanhando por aqui

Até a próxima, tchau!