Agora é a vez dele. Quantos dedos tem aqui?
-Cinco, meu senhor. -Errou,
pois é cego. E fechou o olho e abriu.
Ele voltou a ver!
-Vamos lá. -Senhor,
Lázaro está morto aqui há quatro dias!
Meu Deus, Lázaro está morto.
O que será que posso eu fazer? Vamos ver aqui.
É no um, é no dois, é no três! Levanta-te e anda.
Isso é mais velho que andar pra frente.
Isso desce uma plataforma e entra a pessoa viva.
Não, não, sabe o que é? Tem um boneco ali
embaixo do cobertor, aí ele distrai esses bobos com a mão
-e faz assim... -Minha gente, não.
Aqui não tem nada, não. Aqui é chão.
É terra firme, porque não é truque, não é mágica.
É milagre, eu sou o filho de Deus.
-Jesus Cristo, filho de Deus! -Sim, sim!
Sabe quem estou amando? Aquele tatuado.
-Com a bandana. O nome dele é... -Qual?
-Como é que é o nome dele? -O magnífico Simão!
-Eu gosto dele! -Maravilhoso! Completamente doido.
Ele anda sobre as águas.
-Ele anda no mar. -Ei, ei, ei.
Eu que andei! Eu que andei! Na água? Eu que andei.
-Não dá bem pra comparar. -Não sei como você faz,
mas ele tem um acrílico,
uma plataforma de acrílico longuíssima,
com um dedo d'água, aí quando você vê,
-é um truque de câmera. -Eu não faço nada.
Eu ando em cima. Sobre as águas. Esse sou eu.
Não tem acrílico! Não tem nada. Eu ando na água,
-ando na água de mar, de rio... -Querido, me desculpa,
mas essa mágica é mais velha do que sei lá o quê.
Você pegou, deu uma repaginada, revisitou, uma modernizada.
Engana esses trouxas aí, entendeu, mas a gente...
Da onde que é velho? Quando foi a última vez
-que você viu um negócio desse? -Dá licença, dá licença.
Oi, oi.
Então, eu sou o rapaz da lepra.
-Ótimo ter vindo. Ele tem lepra. -É amigo dele.
-Esse aí eu já vi. -Meu Deus,
-podia morrer a qualquer momento. -Ih, é agora!
-Mas agora... -Meu Deus.
...parece que alguma coisa vai acontecer aqui.
-Vem aqui, sopra. Sopra logo. -Não consigo.
E é um, é dois, é três e lá se foi lepra!
Não tem mais!
O gêmeo, gente! Ali o gêmeo atrás da bata, gente.
Que gêmeo? Onde é que vai ter gêmeo aqui, gente?
Deve ser sangue de carneiro que ele passa,
aí fica parecendo lepra, depois ele vem com a toalha, limpa...
-E curou a lepra. -Gente, parou.
Eu vou pedir, então, que vocês se retirem, por favor.
Estão atrapalhando aqui o pessoal que está vindo assistir.
-Que isso? -O pessoal que já me acompanha,
-que acompanha a palavra há tempos. -A rua é pública, hein!
Nós somos críticos. Desculpa se você não está acostumado.
-Mas estão falando! -A gente não é seu gadinho, não!
Viemos tomar um sorvetinho, está o show, eu quero ver.
-Fala, fala. -Me cura dessa pneumonia.
-Pneumonia. -Pneumonia.
-Agora é o show da doença. -Vou curar pneumonia.
-Vai curar. -Levanta a manga.
Levanta a manga.
-Levanta a manga! -Eu vou levantar a manga pra quê?
Você acha que a cura da pneumonia...
-Ué, levanta a manga. -Deixa ele me curar.
Gente, eu vou...
Ih, nervoso!
-Cative seu público, querido. -Carisma passa longe, hein.
Um, dois três. Vai.
-Curou. -Essa foi a mais sem graça.
Bobeira, achei que ia tirar um coelho da boca da garota.
Essa garota está aí há horas. Eles são cupinchas.
-Desculpa. Vamos lá? -Espera aí. Não acabou, não!
Ainda tem mais, ainda tem mais. Não acabou, não.
-Espera aí. Para! -Qual é a doença?
Abre a boca, abre a boca.
E é daqui que eu começo a tirar...
-Meu Deus! -Meu Deus, como é que ele
-faz isso? -Guardou a melhor pro final.
Essa é maravilhosa. Me ganhou nessa aí.
Maravilhoso. Quem foi Simão?
E morreu. Ela morreu, agora morreu.
Ressuscito ou não ressuscito?
-Ressuscita, ressuscita! -Só semana que vem.
Maravilhoso!
Obrigado, eu sou Jesus Cristo. Esse foi o meu número. Valeu!
Mais um, mais um!
Muito bem, vamos pras cartas! Olha as cartas.
-Apelou, hein! -Escolhe uma carta.
-Carta é manjada. -Isso aí.
-Ela escolheu essa carta. -Ali a carta.
-Caiu carta. -Não caiu, não.
Caiu do bolso, caiu do bolso.
Ih, ela morreu. Ressuscita, ressuscita!