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Porta Dos Fundos 2019, MAU-CARÁTER

Oi, que fofinho! É seu filho?

-Ai, que lindo! Qual o nome dele? -É Guilherme.

Oi, Guilherme! Tudo bem? Muito bonzinho, né?

-Bonzinho? -Por quê? Chora muito à noite?

Não, não!

Só chora quando vê que a gente está quase dormindo, só.

-É agitado, né? -Agitado, não. É mau-caráter mesmo.

Quê?

Escroto. Raça ruim, ardiloso, filho da puta.

Mas ele é só uma criança!

Parece mais a reencarnação do sete-peles.

Do coisa-ruim. Isso aí é um moleque mau.

-Por quê você está dizendo isso? -Só para você entender:

Outro dia, eu estava indo trabalhar de manhã cedo,

eu vejo que o moleque está todo cagado, o quê que eu falo?

"Vou dar uma moral para esse moleque, vou trocar a fralda dele."

Quando eu estou lá trocando a fralda, o quê que o moleque faz?

Mija na minha camisa.

Ah, mas ele é muito pequeno, ele não ia entender, né?

Tá igualzinho à mãe. Vocês ficam passando a mão na cabeça dele,

por isso que ele está assim, acomodado.

Outro dia vomitou na minha camisa. Estava do lado da privada!

Custava avisar, que eu levava ele até lá!

Mas não. Fala nada e vomita na minha camisa

ainda olhando para a minha cara com aquele olhar de:

"Tomar no cu, otário! Se fodeu!"

Ele tinha comido antes?

Não sei, não comentou nada comigo, não.

Comentou?

É, porque ainda tem isso. Desde que eu peguei o moleque na maternidade,

o moleque nunca trocou uma ideia comigo!

Pô, sou pai dele! Custava dar bom dia?

Ainda tem isso. Ele fica fingindo

que é paraplégico, para eu ter que carregar ele para cima e para baixo.

Mas não vai ser sempre assim, não. Virei para ele e falei:

"Guilherme, você está com dois meses na cara. Vamos procurar um emprego?"

Porra, dois meses morando comigo, nunca lavou uma louça!

Precisava esticar um lençol, que fosse!

O estopim foi essa semana. Cheguei mais cedo em casa,

o moleque estava chupando o peito da minha mulher.

Mas agora acabou. Vou matricular esse moleque

num lugar que vão saber lidar com o comportamento dele.

-Creche! -Exército.

Ai, não! Festa de novo, Guilherme?

Papai está cansado, chega do trabalho e todo dia é isso! Não dá...

Você está fumando, Guilherme?

Apaga esse cigarro. Parou, parou!

Acabou, todo mundo! Todo mundo para casa!

Acabou! Guilherme, vai para casa! Vai...

Ei, o que é isso, cara?

Ô, parou, parou. Abaixa essa arma, eu sou teu pai!


Oi, que fofinho! É seu filho?

-Ai, que lindo! Qual o nome dele? -É Guilherme.

Oi, Guilherme! Tudo bem? Muito bonzinho, né?

-Bonzinho? -Por quê? Chora muito à noite?

Não, não!

Só chora quando vê que a gente está quase dormindo, só.

-É agitado, né? -Agitado, não. É mau-caráter mesmo.

Quê?

Escroto. Raça ruim, ardiloso, filho da puta.

Mas ele é só uma criança!

Parece mais a reencarnação do sete-peles.

Do coisa-ruim. Isso aí é um moleque mau.

-Por quê você está dizendo isso? -Só para você entender:

Outro dia, eu estava indo trabalhar de manhã cedo,

eu vejo que o moleque está todo cagado, o quê que eu falo?

"Vou dar uma moral para esse moleque, vou trocar a fralda dele."

Quando eu estou lá trocando a fralda, o quê que o moleque faz?

Mija na minha camisa.

Ah, mas ele é muito pequeno, ele não ia entender, né?

Tá igualzinho à mãe. Vocês ficam passando a mão na cabeça dele,

por isso que ele está assim, acomodado.

Outro dia vomitou na minha camisa. Estava do lado da privada!

Custava avisar, que eu levava ele até lá!

Mas não. Fala nada e vomita na minha camisa

ainda olhando para a minha cara com aquele olhar de:

"Tomar no cu, otário! Se fodeu!"

Ele tinha comido antes?

Não sei, não comentou nada comigo, não.

Comentou?

É, porque ainda tem isso. Desde que eu peguei o moleque na maternidade,

o moleque nunca trocou uma ideia comigo!

Pô, sou pai dele! Custava dar bom dia?

Ainda tem isso. Ele fica fingindo

que é paraplégico, para eu ter que carregar ele para cima e para baixo.

Mas não vai ser sempre assim, não. Virei para ele e falei:

"Guilherme, você está com dois meses na cara. Vamos procurar um emprego?"

Porra, dois meses morando comigo, nunca lavou uma louça!

Precisava esticar um lençol, que fosse!

O estopim foi essa semana. Cheguei mais cedo em casa,

o moleque estava chupando o peito da minha mulher.

Mas agora acabou. Vou matricular esse moleque

num lugar que vão saber lidar com o comportamento dele.

-Creche! -Exército.

Ai, não! Festa de novo, Guilherme?

Papai está cansado, chega do trabalho e todo dia é isso! Não dá...

Você está fumando, Guilherme?

Apaga esse cigarro. Parou, parou!

Acabou, todo mundo! Todo mundo para casa!

Acabou! Guilherme, vai para casa! Vai...

Ei, o que é isso, cara?

Ô, parou, parou. Abaixa essa arma, eu sou teu pai!