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Gloss European Portuguese Level 2+, Fenómenos do Entroncamento

Fenómenos do Entroncamento

Não sendo uma terra histórica, e de resto não devendo muito à beleza, os Fenómenos do Entroncamento puseram a cidade no mapa por outras razões que não relacionadas com a sua estação de comboios.

A meio do século XX o Entroncamento deu um ar da sua graça – de terra de comboios, passou a terra de fenómenos

A moda dos fenómenos

Houve, sobretudo a meio do passado século, uma tendência jornalística que passava pela partilha, através dos meios disponíveis (maioritariamente jornais), de certos fenómenos raros: eventos ou animais ou objectos que, carecendo de uma explicação lógica, deixavam a boca aberta aos que os conheciam.

A moda parecia ter começado nos Estados Unidos mas logo outros países se juntaram – acabava, até, por funcionar como promoção de determinadas regiões do mundo sobre as quais ninguém ouviria falar de outra maneira.

Portugal teve a sua dose, claro, mas com uma particularidade – a vasta maioria dos episódios estranhos que eram relatados vinham de uma terra recentemente desenvolvida na província do Ribatejo, e que pouco tinha a dizer além de que se encontrava numa intersecção de linhas férreas (o que lhe valeu o nome Entroncamento).

Impulsionados pela vontade de um jornalista correspondente de vários periódicos nacionais (sobretudo o "Diário Popular") chamado Eduardo O. P. Brito (na foto, homenageado no concelho com um nome de uma rua), os Fenómenos do Entroncamento causaram sensação no país e no mundo. Às tantas, já não eram apenas os jornalistas mas os próprios entroncamentenses a fazerem uma autêntica caça ao insólito. Este pequeno pedaço de terra portuguesa compilou tantos casos que levou a alcunha de Terra de Fenómenos.

Exemplos de fenómenos do Entroncamento

O primeiro caso a ser relatado foi o do aparecimento de um Melro, mas de cor branca – quando sabemos que eles são normalmente negros ou, se tivermos sorte, azuis.

Dado o pontapé de partida, seguiram-se muitos outros, uns mais estranhos do que outros, mas sempre com o mesmo denominador em comum – a singularidade.

Ora vejamos: um corvo que falava como se fosse humano, um carneiro com quatro cornos em vez de dois, uma planta que dava tomates e batatas ao mesmo tempo, uma árvore que tinha cinco tipos de frutos diferentes, um ovo de galinha que chegava a pesar quase um quilo, um pinto com três patas, um pescador que sacou uma perdiz de dentro de água, uma oliveira de onde nasciam azeitonas brancas, um homem com três rins, um toureiro que mordeu um toiro, uma fava cujo tamanho ultrapassava os trinta centímetros, um feijão que ultrapassava o metro de comprimento… estes foram alguns dos episódios observados e que vieram a público (outros ficaram guardados na memória do povo do Entroncamento, não saltando para as páginas de jornais).

A Casa Carloto vende actualmente artigos com ilustrações de muitos dos fenómenos que foram testemunhados – do portefólio constam copos, aventais, sacos ou cestaria.

O fim dos fenómenos?

A verdade é que se há décadas atrás não havia ninguém no concelho que não soubesse o que eram os Fenómenos do Entroncamento, hoje, sobretudo com o novo povoamento de gente jovem no município, já se encontra rapaziada que nunca ouviu falar deles. Isto porque as reportagens aos fenómenos foram minguando com os anos.

E foram cada vez menos porquê?

Primeiro pela evolução da ciência, que explicou muitos dos casos – e já sabemos que a justificação científica, por muito certa que seja, é quase sempre menos interessante do que a fantasiosa. Sabemos hoje, por exemplo, que o facto de uma árvore ou uma planta dar vários tipos de fruto pode ser conseguido através do uso de enxertos, coisa que o próprio jornalista dos fenómenos confirmou, dizendo que havia pelo Entroncamento um homem que cruzava espécies como ninguém.

Segundo, por admissão do próprio Eduardo O. P. Brito, que confessou sentir-se cada vez mais desmotivado quando recebia cartas anónimas de conterrâneos seus a dizerem-lhe que estava a dar mau nome à terra com toda aquela conversa dos fenómenos. Críticas injustas a um homem não quis mais do que promover um sítio que, até li, pouco encanto tinha aos olhos de quem era de fora – e ele que, ainda por cima, era de Abrantes.

A honrar este passado entroncamentense, podemos agora visitar a página de Facebook intitulada Fenómenos do Entroncamento que reporta casos ímpares dos nossos dias.


Fenómenos do Entroncamento

Não sendo uma terra histórica, e de resto não devendo muito à beleza, os Fenómenos do Entroncamento puseram a cidade no mapa por outras razões que não relacionadas com a sua estação de comboios.

A meio do século XX o Entroncamento deu um ar da sua graça – de terra de comboios, passou a terra de fenómenos

A moda dos fenómenos

Houve, sobretudo a meio do passado século, uma tendência jornalística que passava pela partilha, através dos meios disponíveis (maioritariamente jornais), de certos fenómenos raros: eventos ou animais ou objectos que, carecendo de uma explicação lógica, deixavam a boca aberta aos que os conheciam.

A moda parecia ter começado nos Estados Unidos mas logo outros países se juntaram – acabava, até, por funcionar como promoção de determinadas regiões do mundo sobre as quais ninguém ouviria falar de outra maneira.

Portugal teve a sua dose, claro, mas com uma particularidade – a vasta maioria dos episódios estranhos que eram relatados vinham de uma terra recentemente desenvolvida na província do Ribatejo, e que pouco tinha a dizer além de que se encontrava numa intersecção de linhas férreas (o que lhe valeu o nome Entroncamento).

Impulsionados pela vontade de um jornalista correspondente de vários periódicos nacionais (sobretudo o "Diário Popular") chamado Eduardo O. P. Brito (na foto, homenageado no concelho com um nome de uma rua), os Fenómenos do Entroncamento causaram sensação no país e no mundo. Às tantas, já não eram apenas os jornalistas mas os próprios entroncamentenses a fazerem uma autêntica caça ao insólito. Este pequeno pedaço de terra portuguesa compilou tantos casos que levou a alcunha de Terra de Fenómenos.

Exemplos de fenómenos do Entroncamento

O primeiro caso a ser relatado foi o do aparecimento de um Melro, mas de cor branca – quando sabemos que eles são normalmente negros ou, se tivermos sorte, azuis.

Dado o pontapé de partida, seguiram-se muitos outros, uns mais estranhos do que outros, mas sempre com o mesmo denominador em comum – a singularidade.

Ora vejamos: um corvo que falava como se fosse humano, um carneiro com quatro cornos em vez de dois, uma planta que dava tomates e batatas ao mesmo tempo, uma árvore que tinha cinco tipos de frutos diferentes, um ovo de galinha que chegava a pesar quase um quilo, um pinto com três patas, um pescador que sacou uma perdiz de dentro de água, uma oliveira de onde nasciam azeitonas brancas, um homem com três rins, um toureiro que mordeu um toiro, uma fava cujo tamanho ultrapassava os trinta centímetros, um feijão que ultrapassava o metro de comprimento… estes foram alguns dos episódios observados e que vieram a público (outros ficaram guardados na memória do povo do Entroncamento, não saltando para as páginas de jornais).

A Casa Carloto vende actualmente artigos com ilustrações de muitos dos fenómenos que foram testemunhados – do portefólio constam copos, aventais, sacos ou cestaria.

O fim dos fenómenos?

A verdade é que se há décadas atrás não havia ninguém no concelho que não soubesse o que eram os Fenómenos do Entroncamento, hoje, sobretudo com o novo povoamento de gente jovem no município, já se encontra rapaziada que nunca ouviu falar deles. Isto porque as reportagens aos fenómenos foram minguando com os anos.

E foram cada vez menos porquê?

Primeiro pela evolução da ciência, que explicou muitos dos casos – e já sabemos que a justificação científica, por muito certa que seja, é quase sempre menos interessante do que a fantasiosa. Sabemos hoje, por exemplo, que o facto de uma árvore ou uma planta dar vários tipos de fruto pode ser conseguido através do uso de enxertos, coisa que o próprio jornalista dos fenómenos confirmou, dizendo que havia pelo Entroncamento um homem que cruzava espécies como ninguém.

Segundo, por admissão do próprio Eduardo O. P. Brito, que confessou sentir-se cada vez mais desmotivado quando recebia cartas anónimas de conterrâneos seus a dizerem-lhe que estava a dar mau nome à terra com toda aquela conversa dos fenómenos. Críticas injustas a um homem não quis mais do que promover um sítio que, até li, pouco encanto tinha aos olhos de quem era de fora – e ele que, ainda por cima, era de Abrantes.

A honrar este passado entroncamentense, podemos agora visitar a página de Facebook intitulada Fenómenos do Entroncamento que reporta casos ímpares dos nossos dias.