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Portuguese With Leo, Sotaque e expressões típicas da Madeira

Sotaque e expressões típicas da Madeira

Cunha, anda lá gravar o episódio sobre o sotaque madeirense!

Apaz vê se te acalmas, não vês que eu tou cambado (coxo), ainda dou um sopapo (uma queda) para aí!

Olá a todos e bem vindos de volta ao Portuguese With Leo!

O episódio de hoje é muito especial porque

vamos explorar um dos sotaques mais únicos de Portugal, o sotaque madeirense!

Como muitos de vocês já sabem, eu sou de Lisboa, e por isso falo com um sotaque lisboeta.

No entanto, vivi durante 2 anos no Funchal, na Madeira, onde fiz muitos amigos madeirenses,

um dos quais é o meu colega de casa e o convidado de hoje, o João Francisco Cunha.

Como o Leonardo disse, eu sou madeirense, mais especificamente do Funchal, e até tenho o sotaque funchalense.

Se gostam da ideia de explorar os diferentes

sotaques portugueses e querem mais vídeos sobre sotaques, não se esqueçam de meter

um gosto no vídeo e digam nos comentários que outros sotaques é que querem que eu explore nos próximos vídeos!

Para o vídeo de hoje vamos explorar duas coisas:

primeiro o sotaque madeirense e depois algumas palavras e expressões muito típicas da ilha da Madeira.

Antes de irmos aos sotaques, um pouco de informação sobre a Madeira:

A Madeira é um arquipélago no oceano Atlântico

com 2 ilhas habitadas: a ilha da Madeira e o Porto Santo; e 2 ilhas desabitadas: as Desertas e as Selvagens.

A Madeira está bastante longe do território

continental português, a uns 1100 (mil e cem) quilómetros, o que significa que esta

ilha, desde que foi colonizada no séc. XV, sempre esteve bastante isolada do resto de Portugal,

o que fez com que as pessoas que aqui vivem, os madeirenses, tenham desenvolvido

um sotaque bastante único e expressões bastante particulares.

Cunha, quais é que são algumas particularidades do sotaque madeirense?

Sim, de facto o nosso sotaque tem umas coisas diferentes, apesar de não serem regras, mas

que são comummente usadas, como por exemplo o -il.

Ou seja, sempre que há um -i antes de um -l, que não tem necessariamente de estar

na mesma palavra, nós acrescentamos um -h e acrescentamos o som de “lhe” ao -l,

como por exemplo a palavra quilómetros. Eu digo quilómetro e vocês dizem…

Quilhómetro. Pois, de facto eu gosto de dizer que os madeirenses

são muito práticos a falar e temos a tendência a tirar algumas letras às vezes,

ou às vezes até mesmo a acrescentar de maneira a que elas soem de um modo mais rápido.

Como por exemplo, nós omitimos muitas vogais e pegando outra vez no -i e dando o exemplo

de uma palavra: rabiçar. Rabiçar tens de explicar o que é porque

isso é uma palavra muito madeirense. Exatamente, é altamente madeirense. Rabiçar é vomitar.

Em inglês, to throw up, caso não conheçam a palavra vomitar.

Nós de facto em vez de dizer tão articulado,

rabiçar, nós… rabçar. Vocês também comem o -i da palavra depois, por exemplo.

Ah pois, por exemplo, ou seja, -oi, depois,

nós dizemos depôs. Nós de facto fazemos isso com vários ditongos, como -ões.

A palavra leão, ou leões, no plural, eu digo leões e vocês dizem… Leôns.

Ou cães… Câns. Portanto o -e desaparece.

Em português de Portugal cortamos muito a

última vogal das palavras, por exemplo o meu nome, Leonardo: Leonard. Quase não pronunciamos

o último -o. Mas na Madeira isso é ainda mais extremo.

Sim, pode-se dizer que sim, nós tendemos a alterar a vogal ou às vezes a comê-la

ou a acrescentar até uma consoante. Como por exemplo a palavra sentimento.

Bem, nós podemos dizer sentmente. Eu agora exagerei, claro.

Aí trocas o -o final por um -e. Por um -e, sentmente. Até mesmo em casos

muito extremos acrescentar um -n: sentmentn. E havia outra palavra muito madeirense que

também tem essa particularidade. Sim, uma palavra também exclusivamente madeirense:

bilhardeiro, em que pronto, nós dizemos blhardeire. Bilhardeiro é uma palavra que, se eu não

tivesse vivido na Madeira, não conheceria, portanto explica-nos o que é bilhardeiro.

Pronto, bilhardeiro é basicamente coscuvilheiro. Coscuvilheiro significa uma pessoa que gosta

de saber da vida dos outros, uma pessoa que gosta de gossip, e portanto bilhardice é gossip.

Exatamente.

Antes de passarmos agora para a lista de palavras que são típicas da Madeira, há uma particularidade gramatical:

nós em Portugal Continental não usamos muito o gerúndio, mas na Madeira bastante.

Sim, na Madeira usa-se mais do que o normal. Portanto, se eu disser “Nós estamos a gravar

um vídeo”, na Madeira como é que se diria? “Estamos gravando um vídeo.”

E agora então para lista de palavras, tu tens aí uma lista de palavras muito usadas na Madeira, não é?

Sim, sim. Algumas tenho a certeza que já conheces, outras não tanto.

Portanto, podemos começar por apaz.

Apaz conheço. Apaz é uma forma de dizer, de chamar alguém, vem da palavra rapaz,

é o que se usa para chamar um amigo, para chamar uma pessoa, normalmente jovem. “Apaz, anda cá!”

Por exemplo, sim, sim, sim. Ok.

Tenho aqui outra palavra que esta eu acho que não deves conhecer: babuginha.

Babuginha é a zona em que se está à borda da água, na praia,

ou seja, prestes mesmo a entrar na água, e até já está um pouco molhado, claro.

Isso é estar à babuginha. Ok.

Pronto, próxima palavra: banheira.

Banheira. Se eu não tivesse vivido na Madeira, a banheira é onde uma pessoa toma banho,

the bath tub. No entanto, na Madeira, uma banheira é outra coisa...

Também é isso, mas também é outra coisa. Que é o quê?

Que é alguidar. Alguidar. O que é que é um alguidar?

Um segundo!

Isto eu chamo-lhe um alguidar e na Madeira…

Uma banheira.

Próximo: caga de saco ou cagar de saco.

Não sabes? Ok. Cagar de saco, ou um caga de saco é alguém que ostenta, é alguém que se arma em bom.

Armar em bom, ok. Eu diria uma pessoa armar-se em bom, ter a mania, gabar-se. Exato.

E tu dirias? É um caga de saco, está a cagar de saco. Ok, muito estranho.

Chinesa.

Chinesa é uma pessoa do sexo feminino da China. No entanto, esta eu sei, os madeirenses

acharam boa ideia chamar chinesa a uma bebida, não sei porquê, mas uma chinesa é uma meia de leite?

Exatamente.

Se quiserem saber o que é uma meia de leite, vão ver o meu vídeo sobre o café e o pastel

de nata em Portugal e vão descobrir o que é uma meia de leite e muitas outras bebidas com café.

Cramar… não?

Não sei, não faço ideia. Uma coisa que tu fazes muito: queixar-se.

Eu não me queixo! Oh homem, isto é brincadeira!

Queixar-se. Eu queixo-me muito.

Cubano. Os madeirenses adoram nacionalidades. Tínhamos a chinesa,

agora temos o cubano, que é uma pessoa de Cuba, mas, para os madeirenses,

os cubanos não são de Cuba, são de Portugal Continental.

Sim, mais especificamente de Lisboa, mas usa-se para todo o continente, sim.

Ok, ou seja, eu sou cubano, não sou lisboeta. Sim.

Na Madeira eles chamam cubanos aos de Lisboa porque em Portugal tivemos um regime fascista

no passado e quando os militares de esquerda fizeram um golpe de estado no 25 de abril,

a Revolução dos Cravos, para acabar com esse regime fascista, os Madeirenses ainda

eram de direita, e portanto começaram a associar os portugueses de Portugal Continental a Cuba,

à Cuba de Fidel Castro, aos comunistas. E daí os madeirenses começaram a chamar cubanos

aos portugueses do continente, sobretudo os de Lisboa.

Dentinho. Um dente, dentes. Um dentinho é um dente pequenino

Em português, se adicionarmos -inho ao final de qualquer palavra,

fica pequenino, mas eu calculo que não seja isso.

Não, não, não. Um dentinho na Madeira é o aperitivo, ou seja, quando vamos a um restaurante ou um bar:

“Olhe, não tem aí o dentinho? Um dentinho?” Ou seja, um aperitivo.

Ok, não fazia ideia.

Bem, esta agora é uma que eu gosto particularmente porque é mesmo muito diferente: dar a mise.

Não faço ideia. Dar a mise é dar à ignição, no carro, por exemplo.

Dar à ignição, dar à chave. Ok. Pronto, nós dizemos dar à chave, dar à ignição.

Dar a mise nunca tinha ouvido. Start the car. Pôr o carro a funcionar.

Exatamente. Ok, para esta nós não só temos uma palavra

diferente como temos duas: prisão ou tranca. Eu pensaria que uma prisão é onde os criminosos vão presos.

Jail, prison. No entanto, os madeirenses chamam prisão a outra coisa.

A uma mola para prender a roupa. Uma mola.

Isto é uma prisão na Madeira. Em Portugal é uma… no continente isto é uma mola,

na Madeira é uma prisão. Exato. Ou tranca.

Rezonda. Rezonda é nada mais, nada menos que um raspanete.

Um raspanete é uma repreensão, é dizer a alguém, repreender alguém por alguma coisa errada que ele fez.

Por exemplo, um pai dá um raspanete ao filho quando o filho faz alguma coisa errada.

É advertir verbalmente “Isso não se faz, foi errado!” E na Madeira?

Ah, vais levar uma rezonda! Roeza.

Roeza, esta eu sei! É fome. Exatamente. “Está-me a dar uma roeza!”

Esta é capaz de ser a mais conhecida dos continentais: semilha.

Semilha. Por falar em roeza, semilha é uma batata.

Exatamente. Pode ser uma batata doce?

Não, ninguém diz semilha doce, é batata. Portanto, uma semilha é uma batata, mas uma

batata doce é uma batata doce. Exatamente. Ok.

Estás preparado para a última? Esta nem todos os madeirenses sabem, mas é muito engraçada.

Stefan.

Stefan é um nome.

Sim, e nem é um nome muito português, na verdade.

Stefan, na Madeira, significa o pneu suplente (ou sobresselente) de um carro.

A sério? O pneu suplente de um carro. Furaste um pneu?

“Ah, mas tens a stefan!” A stefan? Ah, é feminino? Sim.

Não é o stefan. “Ah, mas tens a stefan?” “Sim, claro, está aqui!” “Bora trocar esse pneu!"

Espero que tenham gostado deste episódio

um pouco diferente do habitual em que explorámos o sotaque e algumas expressões madeirenses!

Não se esqueçam de pôr gosto no vídeo e de dizer nos comentários que outros sotaques

é que querem ouvir aqui no canal. E se gostaram deste jovem, atraente convidado

e querem ver mais fotografias dele em diferentes cenários e a viajar, vão ao Instagram @joãofranciscocunha4

e também o vão ver num futuro vídeo. Sobre o português mais famoso de sempre.

E por isso, vemo-nos nesse vídeo. Até mai lhogue!

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