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BBC Brasil 2019 (Áudio/Vídeo+CC), Por que o PIB não decola?

Por que o PIB não decola?

[May 30, 2019].

Já faz dois anos que a gente ouve que a economia vai finalmente deslanchar e a tal da recuperação não chega, ou melhor, ela é mais lenta do que se esperava.

Desde a saída da recessão, lá no começo de 2017, o roteiro é parecido.

O ano começa, as expectativas para o crescimento do PIB são super otimistas, e com o passar dos meses, o cenário vai mudando, os economistas vão revisando os números e o resultado é modesto.

De 1,1% tanto, em 2007 quanto em 2018.

Pois é, o crescimento de 2017 e 2018 foi de 1,1%.

Dessa vez a situação é pior, a gente voltou para o terreno negativo.

De acordo com os números divulgados nesta quinta-feira, pelo IBGE, a economia encolheu 0,2% de janeiro a março na comparação com os três últimos meses de 2018.

Quando a gente compara com o mesmo trimestre do ano passado, houve um ganho, mas só de 0,5%, o que é metade do crescimento do último trimestre de 2018.

Há 13 semanas seguidas, o mercado corta as previsões para o ano de 2019, que agora estão em 1,23%, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central.

Ou seja, na melhor das hipóteses a gente vai ter "pibinho" de novo.

Meu nome é Camilla Veras Mota e nesse vídeo eu vou explorar com vocês alguns fatores por trás dessa queda do PIB.

O dado do primeiro trimestre foi influenciado por uma queda forte das exportações para a Argentina, que é um parceiro importante e que passa por uma grave crise como a gente sabe.

Essa queda nas exportações também se reflete diretamente no desempenho da indústria que recuou 0,7%.

Como a gente sabe, a Argentina é o principal comprador dos nossos bens industriais exportados.

É um mercado importante para automóveis e calçados, por exemplo.

Dentro da indústria, aliás, a gente teve uma retração forte da indústria extrativa de 6,3%, que é atribuída principalmente ao desastre de Brumadinho, em janeiro que claro, fez centenas de vítimas e arrasou a cidade mineira, além de paralisar a extração de minério de ferro em alguns pontos.

Outra notícia ruim por trás da queda de 0,2% do PIB no primeiro trimestre é o desempenho dos investimentos, medida no PIB pela formação bruta de capital fixo.

Eles recuaram pelo segundo trimestre seguido e estão hoje quase 30% abaixo do pico registrado, lá em 2013, de acordo com os cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

Esse é um nível bem parecido ao que a gente viu durante a recessão, ou seja, os investimentos ensaiaram uma recuperação, mas retrocederam.

Uma das razões para isso, é a capacidade do governo de gastar que como a gente sabe, está bastante limitada.

Desde 2014, o governo gasta mais do que arrecada, ou seja, ele tem déficit primário.

Se ele não tem dinheiro nem para pagar as contas, não sobra para construir estrada, melhorar saneamento, construir linha de transmissão de energia... O setor privado seria uma alternativa.

O problema é que ninguém está disposto a colocar a mão no bolso, por causa do alto nível de incerteza.

Apesar da inflação baixa e dos juros nas mínimas históricas, o desemprego não cede e os empresários não vão reforçar a produção, se não vislumbrarem um aumento no consumo.

Aliás, o consumo das famílias no PIB veio positivo, 0,3%, mas desacelerou bem desde o fim do ano passado.

Sem o consumo, o empresário não tira os projetos de investimentos da gaveta, ampliação de fábrica, compra de maquinário novo e também não contrata.

O desemprego, por sua vez, não diminui e por aí vai.

A maior parte dos economistas diz que a aprovação da Reforma da Previdência teria o poder para quebrar esse ciclo vicioso, porque sinalizaria que, no médio longo prazo, o governo estaria colocando as contas em ordem.

Mas a reforma não é necessariamente uma bala de prata.

Um economista com quem eu estava conversando ontem, comentou que ainda que a reforma seja aprovada, mais pro fim do ano, em uma versão próxima e que o governo propôs.

Caso o nível de desgaste do governo seja muito elevado, seja pela dificuldade de articulação com o congresso ou por eventuais desdobramentos do caso Queiroz, ou dos laranjas do PSL, por exemplo, a gente não veria reestabelecida a tal da confiança, que é tão importante para que os agentes voltem a investir.

Uma reportagem que a gente traz hoje no site, da minha colega Laís Alegretti, tem um caso simbólico de um empresário da construção civil que disse que ia construir só metade dos empreendimentos que ele tinha planejado para 2019.

O curioso é que ele estava apostando que as coisas iam melhorar, disse ter ficado animado com a vitória do Bolsonaro com a perspectiva de o país ser governado por uma gestão mais liberal.

O problema, ele diz, é que as transformações estão acontecendo bem mais devagar do que ele e os colegas imaginavam.

Ou seja, a política neste ano é um fator decisivo para a economia e tem impacto direto sobre a confiança que é um termômetro fundamental da economia.

Muito obrigada pela companhia, até o próximo vídeo, tchau!


Por que o PIB não decola? Warum steigt das BIP nicht an? Why doesn't the GDP take off? GDPが伸びないのはなぜか? Varför lyfter inte BNP? Чому ВВП не зростає?

[May 30, 2019].

Já faz dois anos que a gente ouve que a economia vai finalmente deslanchar e a tal da recuperação não chega, ou melhor, ela é mais lenta do que se esperava.

Desde a saída da recessão, lá no começo de 2017, o roteiro é parecido.

O ano começa, as expectativas para o crescimento do PIB são super otimistas, e com o passar dos meses, o cenário vai mudando, os economistas vão revisando os números e o resultado é modesto.

De 1,1% tanto, em 2007 quanto em 2018.

Pois é, o crescimento de 2017 e 2018 foi de 1,1%.

Dessa vez a situação é pior, a gente voltou para o terreno negativo.

De acordo com os números divulgados nesta quinta-feira, pelo IBGE, a economia encolheu 0,2% de janeiro a março na comparação com os três últimos meses de 2018.

Quando a gente compara com o mesmo trimestre do ano passado, houve um ganho, mas só de 0,5%, o que é metade do crescimento do último trimestre de 2018.

Há 13 semanas seguidas, o mercado corta as previsões para o ano de 2019, que agora estão em 1,23%, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central.

Ou seja, na melhor das hipóteses a gente vai ter "pibinho" de novo.

Meu nome é Camilla Veras Mota e nesse vídeo eu vou explorar com vocês alguns fatores por trás dessa queda do PIB.

O dado do primeiro trimestre foi influenciado por uma queda forte das exportações para a Argentina, que é um parceiro importante e que passa por uma grave crise como a gente sabe.

Essa queda nas exportações também se reflete diretamente no desempenho da indústria que recuou 0,7%.

Como a gente sabe, a Argentina é o principal comprador dos nossos bens industriais exportados.

É um mercado importante para automóveis e calçados, por exemplo.

Dentro da indústria, aliás, a gente teve uma retração forte da indústria extrativa de 6,3%, que é atribuída principalmente ao desastre de Brumadinho, em janeiro que claro, fez centenas de vítimas e arrasou a cidade mineira, além de paralisar a extração de minério de ferro em alguns pontos.

Outra notícia ruim por trás da queda de 0,2% do PIB no primeiro trimestre é o desempenho dos investimentos, medida no PIB pela formação bruta de capital fixo.

Eles recuaram pelo segundo trimestre seguido e estão hoje quase 30% abaixo do pico registrado, lá em 2013, de acordo com os cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

Esse é um nível bem parecido ao que a gente viu durante a recessão, ou seja, os investimentos ensaiaram uma recuperação, mas retrocederam.

Uma das razões para isso, é a capacidade do governo de gastar que como a gente sabe, está bastante limitada.

Desde 2014, o governo gasta mais do que arrecada, ou seja, ele tem déficit primário.

Se ele não tem dinheiro nem para pagar as contas, não sobra para construir estrada, melhorar saneamento, construir linha de transmissão de energia... O setor privado seria uma alternativa.

O problema é que ninguém está disposto a colocar a mão no bolso, por causa do alto nível de incerteza.

Apesar da inflação baixa e dos juros nas mínimas históricas, o desemprego não cede e os empresários não vão reforçar a produção, se não vislumbrarem um aumento no consumo.

Aliás, o consumo das famílias no PIB veio positivo, 0,3%, mas desacelerou bem desde o fim do ano passado.

Sem o consumo, o empresário não tira os projetos de investimentos da gaveta, ampliação de fábrica, compra de maquinário novo e também não contrata.

O desemprego, por sua vez, não diminui e por aí vai.

A maior parte dos economistas diz que a aprovação da Reforma da Previdência teria o poder para quebrar esse ciclo vicioso, porque sinalizaria que, no médio longo prazo, o governo estaria colocando as contas em ordem.

Mas a reforma não é necessariamente uma bala de prata.

Um economista com quem eu estava conversando ontem, comentou que ainda que a reforma seja aprovada, mais pro fim do ano, em uma versão próxima e que o governo propôs.

Caso o nível de desgaste do governo seja muito elevado, seja pela dificuldade de articulação com o congresso ou por eventuais desdobramentos do caso Queiroz, ou dos laranjas do PSL, por exemplo, a gente não veria reestabelecida a tal da confiança, que é tão importante para que os agentes voltem a investir.

Uma reportagem que a gente traz hoje no site, da minha colega Laís Alegretti, tem um caso simbólico de um empresário da construção civil que disse que ia construir só metade dos empreendimentos que ele tinha planejado para 2019.

O curioso é que ele estava apostando que as coisas iam melhorar, disse ter ficado animado com a vitória do Bolsonaro com a perspectiva de o país ser governado por uma gestão mais liberal.

O problema, ele diz, é que as transformações estão acontecendo bem mais devagar do que ele e os colegas imaginavam.

Ou seja, a política neste ano é um fator decisivo para a economia e tem impacto direto sobre a confiança que é um termômetro fundamental da economia.

Muito obrigada pela companhia, até o próximo vídeo, tchau!