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BBC Brasil 2020 (Áudio/Vídeo+CC), Bolsonaro nos EUA: em 4 pontos, os momentos mais importantes da viagem

Bolsonaro nos EUA: em 4 pontos, os momentos mais importantes da viagem

[Mar 10, 2020].

Foram quatro dias intensos nos Estados Unidos para o presidente Jair Bolsonaro.

Ele chegou ao país no último sábado, embalado pelo anúncio da reabertura do mercado americano para a carne bovina brasileira, e teve como primeiro compromisso o jantar com Trump na casa de veraneio do presidente americano, em Mar-a-Lago.

Mas a escalada da epidemia de coronavírus e o pânico nos mercados globais surpreenderam o mundo, e claro, também o presidente durante a sua quarta passagem pelo território americano.

Eu sou Mariana Sanches e nesse vídeo vou explicar em quatro pontos como Bolsonaro reagiu ao cenário internacional e o que de mais relevante ele fez por aqui.

Primeiro, vamos falar do coronavírus.

A rápida circulação do vírus pelo mundo tem provocado desaceleração das economias, e é isso que explica a queda no preço do petróleo e o pânico no mercado de ações que vimos nesta segunda-feira.

Na manhã da segunda, dia 9, enquanto a bolsa de valores registrava abaixo de 10% em São Paulo e Miami, Bolsonaro dizia a 350 empresários se reuniram um evento montado pelo governo para promover o comércio internacional, que ele achava o coronavírus superdimensionado.

O Brasil é o principal parceiro comercial da Flórida: em 2018, o fluxo de dinheiro entre o país e o estado chegou a 20 milhões de dólares.

Na terça-feira, dia 10, pouco após receber a chave da cidade de Miami das mãos do prefeito da cidade diante de um grupo de 100 empresários brasileiros, Bolsonaro reafirmou a mesma ideia e disse que toda essa questão da crise do coronavírus era, em suas palavras, "muito mais fantasia".

"Não é isso tudo que a grande mídia propaga", ele falou.

Essa é a mesma opinião que o presidente Trump tem expressado.

Os Estados Unidos já ultrapassaram os 800 casos confirmados da doença, com mais de 20 mortes.

No Brasil, são 34 casos até agora, e a OMS afirma que o risco de pandemia é iminente.

O segundo ponto importante aconteceu na terça-feira, ainda durante o encontro com empresários.

Bolsonaro anunciou à plateia que, pela primeira vez, o presidente Trump aceitou conversar diretamente sobre um amplo acordo de livre comércio entre os dois países.

Os dois falaram disso durante um jantar em Mar-a-Lago, que eu já comentei.

Até aquele momento, as autoridades americanas diziam ter interesse num acordo mas exigiam que primeiro fossem resolvidas as disputas comerciais entre os dois países em temas específicos, como a carne, o açúcar, o etanol e o trigo.

À mesa, Bolsonaro pediu a Trump que eles avançassem para planos mais gerais, e, segundo o presidente, ouviu de Trump uma resposta positiva.

Esse é um dos principais pedidos da indústria brasileira hoje e uma prioridade da política externa do Brasil.

Não há, no entanto, um prazo para que um acordo desses seja finalmente firmado.

Esse tipo de negociação, de acordo com o Itamaraty, costuma levar pelo menos dois ou três anos.

No terceiro ponto, ainda no contexto econômico, mas dessa vez falando a um grupo de eleitores seus da comunidade brasileira na Flórida, Bolsonaro disse que sua relação com o congresso já foi pior, e que ele espera que os parlamentares aprovem a reforma administrativa e a reforma tributária.

No caminho para os Estados Unidos, em uma parada técnica que ele fez em Boa Vista, Bolsonaro chegou estimular apoiadores a irem às manifestações no dia 15 de março, que têm o congresso como um dos alvos.

Mas, no fim da tarde de segunda, pouco depois de ouvir uma oração por sua saúde feita por um pastor na abertura desse encontro com os apoiadores, ele afirmou que poderia ver o que chamou de "ponto final" nas manifestações caso congresso aceitasse devolver ao executivo o controle sobre 30 bilhões do orçamento público, que são disputa desde o fim do ano passado.

A plateia bradava "amém" e "deus é maior" quando Bolsonaro concluía suas frases, em um discurso de mais ou menos 30 minutos, um dos maiores que ele fez desde a posse.

Foi também durante essa fala que chegamos ao quarto ponto relevante da viagem: ao rememorar a facada aquele levou quando era candidato em 2018, Bolsonaro chegou a chorar e na sequência disse pela primeira vez que ele teria provas de que a eleição de 2018 foi fraudada e que ele deveria ter ganhado sim em primeiro turno.

Nem aos apoiadores e nem à imprensa, entanto, Bolsonaro mostrou as provas que ele mencionou.

Vale lembrar que nenhum dos outros candidatos em 2018 questionou o resultado dessa eleição, embora eles tenham perdido, e que tanto as urnas eletrônicas quanto a contabilização dos votos passaram por uma série de auditorias que jamais apontou indícios de irregularidades.

Em seu último ato aqui em Miami, uma coletiva de imprensa de apenas dois minutos, ele foi perguntado sobre o assunto mais uma vez e falou, "Eu quero que você me acha um brasileiro que confie no sistema eleitoral brasileiro".

Na sequência, quando a BBC perguntou a ele se isso significava que ele não confiava então na justiça eleitoral, que é afinal responsável pelo processo, e cujo o tribunal presidido pela ministra do supremo Rosa Weber, bolsonaro se exaltou:

"Não é na justiça, não deturpe as minhas palavras, não façam essa baixaria que a imprensa sempre faz comigo", foi o que ele falou.

O presidente está nesse momento em voo em direção ao Brasil.

É isso pessoal, eu sigo na cobertura aqui nos Estados Unidos e a gente se vê por aqui na página da BBC ou nas nossas redes sociais.

Não deixe de nos seguir por aqui se você ainda não faz isso, e, até a próxima!"


Bolsonaro nos EUA: em 4 pontos, os momentos mais importantes da viagem Bolsonaro in the US: in 4 points, the most important moments of the trip Bolsonaro в США: у 4-х пунктах найважливіші моменти подорожі 博索納羅訪美:4分,此行最重要的時刻

[Mar 10, 2020].

Foram quatro dias intensos nos Estados Unidos para o presidente Jair Bolsonaro.

Ele chegou ao país no último sábado, embalado pelo anúncio da reabertura do mercado americano para a carne bovina brasileira, e teve como primeiro compromisso o jantar com Trump na casa de veraneio do presidente americano, em Mar-a-Lago. He arrived in the country last Saturday, buoyed by the announcement of the reopening of the US market for Brazilian beef, and his first appointment was to have dinner with Trump at the US president's summer house at Mar-a-Lago.

Mas a escalada da epidemia de coronavírus e o pânico nos mercados globais surpreenderam o mundo, e claro, também o presidente durante a sua quarta passagem pelo território americano.

Eu sou Mariana Sanches e nesse vídeo vou explicar em quatro pontos como Bolsonaro reagiu ao cenário internacional e o que de mais relevante ele fez por aqui. I'm Mariana Sanches and in this video I'm going to explain in four points how Bolsonaro reacted to the international scenario and the most important things he did here.

Primeiro, vamos falar do coronavírus.

A rápida circulação do vírus pelo mundo tem provocado desaceleração das economias, e é isso que explica a queda no preço do petróleo e o pânico no mercado de ações que vimos nesta segunda-feira.

Na manhã da segunda, dia 9, enquanto a bolsa de valores registrava abaixo de 10% em São Paulo e Miami, Bolsonaro dizia a 350 empresários se reuniram um evento montado pelo governo para promover o comércio internacional, que ele achava o coronavírus superdimensionado. On the morning of Monday the 9th, while the stock market was registering below 10% in São Paulo and Miami, Bolsonaro told 350 businessmen gathered at an event organized by the government to promote international trade that he thought the coronavirus was oversized.

O Brasil é o principal parceiro comercial da Flórida: em 2018, o fluxo de dinheiro entre o país e o estado chegou a 20 milhões de dólares.

Na terça-feira, dia 10, pouco após receber a chave da cidade de Miami das mãos do prefeito da cidade diante de um grupo de 100 empresários brasileiros, Bolsonaro reafirmou a mesma ideia e disse que toda essa questão da crise do coronavírus era, em suas palavras, "muito mais fantasia". On Tuesday, October 10, shortly after receiving the key to the city of Miami from the city's mayor in front of a group of 100 Brazilian businessmen, Bolsonaro reaffirmed the same idea and said that the whole issue of the coronavirus crisis was, in his words, "much more fantasy".

"Não é isso tudo que a grande mídia propaga", ele falou.

Essa é a mesma opinião que o presidente Trump tem expressado.

Os Estados Unidos já ultrapassaram os 800 casos confirmados da doença, com mais de 20 mortes. The United States has already exceeded 800 confirmed cases of the disease, with more than 20 deaths.

No Brasil, são 34 casos até agora, e a OMS afirma que o risco de pandemia é iminente.

O segundo ponto importante aconteceu na terça-feira, ainda durante o encontro com empresários.

Bolsonaro anunciou à plateia que, pela primeira vez, o presidente Trump aceitou conversar diretamente sobre um amplo acordo de livre comércio entre os dois países.

Os dois falaram disso durante um jantar em Mar-a-Lago, que eu já comentei.

Até aquele momento, as autoridades americanas diziam ter interesse num acordo mas exigiam que primeiro fossem resolvidas as disputas comerciais entre os dois países em temas específicos, como a carne, o açúcar, o etanol e o trigo.

À mesa, Bolsonaro pediu a Trump que eles avançassem para planos mais gerais, e, segundo o presidente, ouviu de Trump uma resposta positiva. At the table, Bolsonaro asked Trump to move on to more general plans, and, according to the president, he heard a positive response from Trump.

Esse é um dos principais pedidos da indústria brasileira hoje e uma prioridade da política externa do Brasil. This is one of the main requests of Brazilian industry today and a priority of Brazil's foreign policy.

Não há, no entanto, um prazo para que um acordo desses seja finalmente firmado.

Esse tipo de negociação, de acordo com o Itamaraty, costuma levar pelo menos dois ou três anos.

No terceiro ponto, ainda no contexto econômico, mas dessa vez falando a um grupo de eleitores seus da comunidade brasileira na Flórida, Bolsonaro disse que sua relação com o congresso já foi pior, e que ele espera que os parlamentares aprovem a reforma administrativa e a reforma tributária. On the third point, still in the economic context, but this time speaking to a group of his constituents from the Brazilian community in Florida, Bolsonaro said that his relationship with Congress has been worse, and that he expects parliamentarians to approve administrative reform and tax reform.

No caminho para os Estados Unidos, em uma parada técnica que ele fez em Boa Vista, Bolsonaro chegou estimular apoiadores a irem às manifestações no dia 15 de março, que têm o congresso como um dos alvos. On the way to the United States, during a technical stop he made in Boa Vista, Bolsonaro even encouraged supporters to go to the demonstrations on March 15, which have Congress as one of the targets.

Mas, no fim da tarde de segunda, pouco depois de ouvir uma oração por sua saúde feita por um pastor na abertura desse encontro com os apoiadores, ele afirmou que poderia ver o que chamou de "ponto final" nas manifestações caso congresso aceitasse devolver ao executivo o controle sobre 30 bilhões do orçamento público, que são disputa desde o fim do ano passado. But late on Monday afternoon, shortly after hearing a prayer for his health from a pastor at the opening of this meeting with supporters, he said that he could see what he called "an end" to the demonstrations if Congress agreed to give the executive back control over $30 billion of the public budget, which has been in dispute since the end of last year.

A plateia bradava "amém" e "deus é maior" quando Bolsonaro concluía suas frases, em um discurso de mais ou menos 30 minutos, um dos maiores que ele fez desde a posse. The audience shouted "amen" and "god is greater" as Bolsonaro concluded his 30-minute speech, one of the longest he has given since taking office.

Foi também durante essa fala que chegamos ao quarto ponto relevante da viagem: ao rememorar a facada aquele levou quando era candidato em 2018, Bolsonaro chegou a chorar e na sequência disse pela primeira vez que ele teria provas de que a eleição de 2018 foi fraudada e que ele deveria ter ganhado sim em primeiro turno. It was also during this speech that we reached the fourth relevant point of the trip: when recalling the stab wound he received when he was a candidate in 2018, Bolsonaro cried and then said for the first time that he would have proof that the 2018 election was rigged and that he should have won in the first round.

Nem aos apoiadores e nem à imprensa, entanto, Bolsonaro mostrou as provas que ele mencionou. Neither to his supporters nor to the press, however, did Bolsonaro show the evidence he mentioned.

Vale lembrar que nenhum dos outros candidatos em 2018 questionou o resultado dessa eleição, embora eles tenham perdido, e que tanto as urnas eletrônicas quanto a contabilização dos votos passaram por uma série de auditorias que jamais apontou indícios de irregularidades.

Em seu último ato aqui em Miami, uma coletiva de imprensa de apenas dois minutos, ele foi perguntado sobre o assunto mais uma vez e falou, "Eu quero que você me acha um brasileiro que confie no sistema eleitoral brasileiro".

Na sequência, quando a BBC perguntou a ele se isso significava que ele não confiava então na justiça eleitoral, que é afinal responsável pelo processo, e cujo o tribunal presidido pela ministra do supremo Rosa Weber, bolsonaro se exaltou:

"Não é na justiça, não deturpe as minhas palavras, não façam essa baixaria que a imprensa sempre faz comigo", foi o que ele falou.

O presidente está nesse momento em voo em direção ao Brasil.

É isso pessoal, eu sigo na cobertura aqui nos Estados Unidos e a gente se vê por aqui na página da BBC ou nas nossas redes sociais. That's it folks, I'll be following the coverage here in the US and we'll see you here on the BBC website or on our social networks.

Não deixe de nos seguir por aqui se você ainda não faz isso, e, até a próxima!" Be sure to follow us here if you don't already, and see you next time!"