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Buenas Ideias, NAIR DE TEFFÉ: BELA, AVANÇADA E DO BAR | EDUARDO BUENO

NAIR DE TEFFÉ: BELA, AVANÇADA E DO BAR | EDUARDO BUENO

Primeiramente, a primeira dama.

Segundamente, Fora Te-

Ah, nã-não. Fora Hermes, Fora Hermes!

Extra! Extra! Presidente velhaco é casado com boazuda 200 anos mais jovem do que ele!

Agora você pensou: "Porra, o cara vai falar sobre o

presidente Donald e, aquela romena, búlgara, eslovena,

a dona "Trumpa" lá, com quem ele é casado."

Nã-nã-nã-não. Aí 'cê pensou: "Não. Então o cara vai falar do Macron."

Não, cara. O Macron é o contrário. É outra história.

Então você pensou:

"Já sei, o cara vai falar sobre um presidente brasileiro, ilegitimamente eleito,

casado com uma mulher bela, recatada e do lar, 30 anos mais moça do que ele."

Também não, meu chapa.

Eu vou falar sobre um presidente brasileiro, ilegitimamente eleito,

casado com uma mulher 30 anos mais moça do que ele, só que bela, avançada e do bar!

A Nair de Teffé!

Uma dama maravilhosa, a maior primeira dama que esse país já teve.

O país nem merecia uma primeira dama que nem essa.

Nair de Teffé nasceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1886.

Era neta de conde, filha de barão. Coisa fina.

Foi levada para a França, criança. Estudou na Riviera Francesa,

em escolas onde só tinha filha de príncipe, de rei. Aquela coisa fina.

Teve o azar de ser trazida de volta para o Brasil em 1905,

e aqui, ela virou caricaturista.

Dizem que a primeira caricaturista mulher do mundo!

"Do mundo" eu não sei se foi, mas do Brasil, eu garanto que foi.

E ela começou a trabalhar na revista 'Fon-Fon!"

Uma revista incrível, no Rio de Janeiro.

E frequentava o Bar do Jeremias. Onde ia o João do Rio.

Onde até o Lima Barreto passeou.

E ela assinava. Não podia assinar, né, como mulher, né.

Ela assinava as caricaturas dela com Rian,

Rian é Nair ao contrário, ô mané.

E - Rien - quer dizer "Nada" em francês.

E além de ser caricaturista: ela era pintora; ela era cantora; ela tocava piano;

ela tocava violão, que era um instrumento mal dito; ela era escritora;

ela era do balacobaco! Nair de Teffé!

Aí, não sei como. Acabou casando com Hermes da Fonseca.

Um maletão presidente, chamado de 'Sargentão', que é um cara que até hoje,

concorre ao título de 'Pior Presidente da História do Brasil'!

Por mais disputado que seja esse título!

Eu não sei o que que ela viu no Hermes da Fonseca, né.

Talvez porque ele fosse o rei de paus. Sei lá.

Mas ele nem era rei de paus, ele era espada!

E era espada mesmo. Sabe por quê?

Ele virou presidente do Brasil, porque ele entrou na sala do então presidente, Afonso Pena,

bateu com a espada na mesa. Póf. Espadão na mesa.

"Senhor, eu vou concorrer à Presidência."

Porque o Afonso Pena queria botar um mineiro no lugar, aquela confusão.

Bom, ele se lançou à Presidência, o Hermes da Fonseca,

concorrendo contra o Ruy Barbosa.

Foi a eleição mais polarizada da história do Brasil, era coxinha contra mortadela.

As pessoas brigando pelo Facebook. Uma loucura. O país dividido ao meio.

"Eu vou votar no Ruy Barbosa!" "Eu vou votar no Hermes da Fonseca!"

Aquele merdeiro gigante, e foi considerada a luta da pena,

a pena, né, do Ruy Barbosa, contra a espada, do Hermes da Fonseca.

Quem é que tu acha que ganhou?

É. Evidentemente, né? Ganhou a espada.

Em 15 de novembro de 1910, o senador gaúcho Pinheiro Machado,

aliado de Hermes e chefe da comissão apuradora do Congresso,

anunciou que o marechal vencera as eleições tendo recebido, os famosos,

400 mil votos redondos contra

222.822 votos de Ruy Barbosa.

E ele assumiu. O "Espadão", é considerado um presidente de total nulidade mental,

e ele era casado com a Dona Orsina, que era prima-irmã dele. Prima-irmã.

Colega do jardim da infância dele.

E ele casou com a prima, tinha 5 filhos, e a prima morreu em 1912.

A data de falecimento de Dona Orsina é controversa, mas esse obituário publicado

no Jornal Estado de São Paulo confirma. Ela morreu no dia 29 de janeiro de 1912.

Em janeiro de 1913, ele foi a Petrópolis e encontrou cavalgando, nos campos de Petrópolis,

a Nair de Teffé, que tinha 27 anos de idade. E ele tinha 57 anos de idade.

E ele se apaixonou pela Nair de Teffé, aí disse pra ela:

"Mademoiselle, estou hipnotizado, encantado, pela sua beleza."

"E tenho um sonho, que acho que não vai se concretizar, mas vou revelar igual."

"Quero fazer da senhora minha esposa."

Ela disse: "Mas recém morreu, a sua esposa."

E pediu 6 meses para pensar, mas 8 dias depois

resolveu casar com o "espadão".

Não sei porque, mas casou.

Casaram em dezembro de 1913.

Cara, foi um escândalo no Rio de Janeiro.

Só que ela passou a morar no Palácio do Catete,

e no Palácio do Catete ela botou, pela primeira vez, música da Chiquinha Gonzaga,

tocou violão, numa música chamada 'corta-jaca'.

Precisa ver o que o Ruy Barbosa falou de ter tocado maxixe, né,

que era música da Chiquinha Gonzaga lá no "coiso".

"Mas o que é o corta-jaca, senhor Presidente?"

"É a mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens."

"É irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba, mas nas recepções presidenciais o corta-jaca"

"é executado com todas as honras da música de Wagner."

"E não se quer que a consciência deste país se revolte,"

"que as nossas faces se enrubesçam e que a nossa mocidade se ria!"

Ruy Barbosa.

E ela passou a ser a grande Nair com o pequeno Hermes na sua mão.

Daí o Hermes da Fonseca acabou. Graças a Deus. O governo dele acabou.

E eles foram de volta para a Europa. Voltaram em 1922.

O 'Sargentão' foi preso pelo Artur Bernardes.

No outro episódio que você vai ver aqui no 'Não Vai Cair no ENEM'.

Que é uma grande confusão na história do Brasil também.

E morreu em 1923, o marechal.

Mas a Nair de Teffé, cara, continuou viva. Bem viva.

Ela tinha frases incríveis, do tipo assim: "Da cozinha, eu só gosto da comida."

Maravilhosa, né? E dizia:

"Vem cá. Quando é que os homens vão, enfim, deixar as mulheres florescerem, trabalharem, produzirem?"

Ela se mudou para Niterói. Ela se recolheu um pouco, mas se mudou para Niterói.

Só que é o seguinte, cara, gostava de jogar, a Dona Nair.

Era louca pelo jogo do bicho, e deu zebra pra ela, perdeu muito do dinheiro.

Dizem que perdeu uma ilha que o marechal Hermes tinha deixado para ela em Angra dos Reis,

e ficou quase na miséria. Quem salvou ela da miséria,

por incrível que pareça, foi o general Médici.

Isso mesmo. Porque a Nair de Teffé, cara, viveu até os 95 anos de idade.

Ela morreu em 1981, no dia em que fazia 95 anos de idade.

É uma das mulheres mais extraordinárias do Brasil e ela prova mais uma vez que por trás de todo

homem pequeno, tem uma grande mulher.

E aí é o seguinte. Ela pode casar com um homem 30 anos mais velho que ela.

Agora outras, já não sei. Viu, sugar daddy?

É isso aí, não vai cair no ENEM, é porque essas coisas não cai no ENEM, né?

Mas fazem, e fizeram, parte da história do Brasil.

Até a próxima.

O que você acaba de ver está repleto de generalizações e simplificações,

mas o quadro geral era esse aí mesmo.

Agora, se você quiser saber como as coisas de fato foram, então você vai ter que ler.


NAIR DE TEFFÉ: BELA, AVANÇADA E DO BAR | EDUARDO BUENO NAIR DE TEFFÉ: BEAUTIFUL, ADVANCED AND FROM THE BAR | EDUARDO BUENO

Primeiramente, a primeira dama.

Segundamente, Fora Te-

Ah, nã-não. Fora Hermes, Fora Hermes!

Extra! Extra! Presidente velhaco é casado com boazuda 200 anos mais jovem do que ele!

Agora você pensou: "Porra, o cara vai falar sobre o

presidente Donald e, aquela romena, búlgara, eslovena,

a dona "Trumpa" lá, com quem ele é casado."

Nã-nã-nã-não. Aí 'cê pensou: "Não. Então o cara vai falar do Macron."

Não, cara. O Macron é o contrário. É outra história.

Então você pensou:

"Já sei, o cara vai falar sobre um presidente brasileiro, ilegitimamente eleito,

casado com uma mulher bela, recatada e do lar, 30 anos mais moça do que ele."

Também não, meu chapa.

Eu vou falar sobre um presidente brasileiro, ilegitimamente eleito,

casado com uma mulher 30 anos mais moça do que ele, só que bela, avançada e do bar!

A Nair de Teffé!

Uma dama maravilhosa, a maior primeira dama que esse país já teve.

O país nem merecia uma primeira dama que nem essa.

Nair de Teffé nasceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1886.

Era neta de conde, filha de barão. Coisa fina.

Foi levada para a França, criança. Estudou na Riviera Francesa,

em escolas onde só tinha filha de príncipe, de rei. Aquela coisa fina.

Teve o azar de ser trazida de volta para o Brasil em 1905,

e aqui, ela virou caricaturista.

Dizem que a primeira caricaturista mulher do mundo!

"Do mundo" eu não sei se foi, mas do Brasil, eu garanto que foi.

E ela começou a trabalhar na revista 'Fon-Fon!"

Uma revista incrível, no Rio de Janeiro.

E frequentava o Bar do Jeremias. Onde ia o João do Rio.

Onde até o Lima Barreto passeou.

E ela assinava. Não podia assinar, né, como mulher, né.

Ela assinava as caricaturas dela com Rian,

Rian é Nair ao contrário, ô mané.

E - Rien - quer dizer "Nada" em francês.

E além de ser caricaturista: ela era pintora; ela era cantora; ela tocava piano;

ela tocava violão, que era um instrumento mal dito; ela era escritora;

ela era do balacobaco! Nair de Teffé!

Aí, não sei como. Acabou casando com Hermes da Fonseca.

Um maletão presidente, chamado de 'Sargentão', que é um cara que até hoje,

concorre ao título de 'Pior Presidente da História do Brasil'!

Por mais disputado que seja esse título!

Eu não sei o que que ela viu no Hermes da Fonseca, né.

Talvez porque ele fosse o rei de paus. Sei lá.

Mas ele nem era rei de paus, ele era espada!

E era espada mesmo. Sabe por quê?

Ele virou presidente do Brasil, porque ele entrou na sala do então presidente, Afonso Pena,

bateu com a espada na mesa. Póf. Espadão na mesa.

"Senhor, eu vou concorrer à Presidência."

Porque o Afonso Pena queria botar um mineiro no lugar, aquela confusão.

Bom, ele se lançou à Presidência, o Hermes da Fonseca,

concorrendo contra o Ruy Barbosa.

Foi a eleição mais polarizada da história do Brasil, era coxinha contra mortadela.

As pessoas brigando pelo Facebook. Uma loucura. O país dividido ao meio.

"Eu vou votar no Ruy Barbosa!" "Eu vou votar no Hermes da Fonseca!"

Aquele merdeiro gigante, e foi considerada a luta da pena,

a pena, né, do Ruy Barbosa, contra a espada, do Hermes da Fonseca.

Quem é que tu acha que ganhou?

É. Evidentemente, né? Ganhou a espada.

Em 15 de novembro de 1910, o senador gaúcho Pinheiro Machado,

aliado de Hermes e chefe da comissão apuradora do Congresso,

anunciou que o marechal vencera as eleições tendo recebido, os famosos,

400 mil votos redondos contra

222.822 votos de Ruy Barbosa.

E ele assumiu. O "Espadão", é considerado um presidente de total nulidade mental,

e ele era casado com a Dona Orsina, que era prima-irmã dele. Prima-irmã.

Colega do jardim da infância dele.

E ele casou com a prima, tinha 5 filhos, e a prima morreu em 1912.

A data de falecimento de Dona Orsina é controversa, mas esse obituário publicado

no Jornal Estado de São Paulo confirma. Ela morreu no dia 29 de janeiro de 1912.

Em janeiro de 1913, ele foi a Petrópolis e encontrou cavalgando, nos campos de Petrópolis,

a Nair de Teffé, que tinha 27 anos de idade. E ele tinha 57 anos de idade.

E ele se apaixonou pela Nair de Teffé, aí disse pra ela:

"Mademoiselle, estou hipnotizado, encantado, pela sua beleza."

"E tenho um sonho, que acho que não vai se concretizar, mas vou revelar igual."

"Quero fazer da senhora minha esposa."

Ela disse: "Mas recém morreu, a sua esposa."

E pediu 6 meses para pensar, mas 8 dias depois

resolveu casar com o "espadão".

Não sei porque, mas casou.

Casaram em dezembro de 1913.

Cara, foi um escândalo no Rio de Janeiro.

Só que ela passou a morar no Palácio do Catete,

e no Palácio do Catete ela botou, pela primeira vez, música da Chiquinha Gonzaga,

tocou violão, numa música chamada 'corta-jaca'.

Precisa ver o que o Ruy Barbosa falou de ter tocado maxixe, né,

que era música da Chiquinha Gonzaga lá no "coiso".

"Mas o que é o corta-jaca, senhor Presidente?"

"É a mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens."

"É irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba, mas nas recepções presidenciais o corta-jaca"

"é executado com todas as honras da música de Wagner."

"E não se quer que a consciência deste país se revolte,"

"que as nossas faces se enrubesçam e que a nossa mocidade se ria!"

Ruy Barbosa.

E ela passou a ser a grande Nair com o pequeno Hermes na sua mão.

Daí o Hermes da Fonseca acabou. Graças a Deus. O governo dele acabou.

E eles foram de volta para a Europa. Voltaram em 1922.

O 'Sargentão' foi preso pelo Artur Bernardes.

No outro episódio que você vai ver aqui no 'Não Vai Cair no ENEM'.

Que é uma grande confusão na história do Brasil também.

E morreu em 1923, o marechal.

Mas a Nair de Teffé, cara, continuou viva. Bem viva.

Ela tinha frases incríveis, do tipo assim: "Da cozinha, eu só gosto da comida."

Maravilhosa, né? E dizia:

"Vem cá. Quando é que os homens vão, enfim, deixar as mulheres florescerem, trabalharem, produzirem?"

Ela se mudou para Niterói. Ela se recolheu um pouco, mas se mudou para Niterói.

Só que é o seguinte, cara, gostava de jogar, a Dona Nair.

Era louca pelo jogo do bicho, e deu zebra pra ela, perdeu muito do dinheiro.

Dizem que perdeu uma ilha que o marechal Hermes tinha deixado para ela em Angra dos Reis,

e ficou quase na miséria. Quem salvou ela da miséria,

por incrível que pareça, foi o general Médici.

Isso mesmo. Porque a Nair de Teffé, cara, viveu até os 95 anos de idade.

Ela morreu em 1981, no dia em que fazia 95 anos de idade.

É uma das mulheres mais extraordinárias do Brasil e ela prova mais uma vez que por trás de todo

homem pequeno, tem uma grande mulher.

E aí é o seguinte. Ela pode casar com um homem 30 anos mais velho que ela.

Agora outras, já não sei. Viu, sugar daddy?

É isso aí, não vai cair no ENEM, é porque essas coisas não cai no ENEM, né?

Mas fazem, e fizeram, parte da história do Brasil.

Até a próxima.

O que você acaba de ver está repleto de generalizações e simplificações,

mas o quadro geral era esse aí mesmo.

Agora, se você quiser saber como as coisas de fato foram, então você vai ter que ler.