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Buenas Ideias, A QUEDA DO PALÁCIO MONROE - EDUARDO BUENO (1)

A QUEDA DO PALÁCIO MONROE - EDUARDO BUENO (1)

O palácio da memória!

É, "O Palácio da Memória" é o nome de

um livro, inclusive: "O Palácio da Memória"

de Matteo Ricci.

Matteo Ricci era um jesuíta italiano que

foi pra China em 1600 e tanto e como ele não

podia anotar nada do que ele tinha que aprender

e decorar sobre a civilização chinesa, ele

criou um método mnemônico de ficar construindo

um palácio na sua mente e cada sala ele ia

ocupando com o conhecimento que ele tinha

que decorar... e criou o palácio da sua própria

memória.

E o Brasil já teve muitos palácios, só

que o Brasil só teve palácios desmemoriados...

Especialmente o trágico Palácio Monroe,

cuja história você vai conhecer agora.

"Morreu, morreu!

Venha ver como morreu e quem matou o palácio

Monroe! ".

Você já viu aqui no "Não vai cair no Enem"

a história da construção da avenida Rio

Branco, né.

Se não viu, vai lá correndo ver!

É uma história impressionante, muito reveladora

do Brasil, né.

É o Rio de Janeiro se civilizando na aurora

do século 20, né... a avenida inaugurada

em 1904.

E o final da avenida, ali onde ficava aquele

obelisco... obelisco construído especialmente

para que, anos depois, nós, os gaúchos,

amarrássemos o nosso... os nossos cavalos

no obelisco de vocês...

Ficava ali aquele obelisco...

Mas, ao final, a avenida seria coroada com

a instalação do chamado... que viria a ser

chamado Palácio Monroe, que era uma obra

arquitetônica maravilhosa, cuja história

você vai conhecer agora já que o palácio

não está mais lá!

Só tem um vazio ali no lugar!

E você vai saber também por que que aquele

lugar ficou vazio.

É assim, em 1904, no mesmo ano em que tava

sendo construída a avenida, se realizou em

St.

Louis, nos Estados Unidos, uma dessas feiras

universais, né...

Houve uma época que essas feiras mundiais,

feiras universais, foram uma grande coqueluche

do mundo ocidental.

Teve gente até que propôs que não houvessem

mais guerras, mesmo depois da Primeira Guerra...

os caras disseram: "os países só tem que

concorrer em grandes feiras universais, feiras

mundiais, no qual cada país tenha o seu pavilhão

e exiba o que ele tem de melhor".

Ideia maravilhosa, né, pena que não colou.

Teve a exposição de Paris, na qual foi inaugurada

a torre Eiffel, teve a exposição em Chicago...

Teve várias exposições, inclusive a competição

entre os Estados Unidos e a Europa, de quem

fazia a melhor feira...

Também foi muito legal.

O Brasil teria uma grande feira em 1922 né,

a feira do centenário da Independência,

tal.

MAS, no momento, o que interessa é a feira

de St Louis em 1904, quando o Brasil resolveu

fazer um pavilhão incrível, incrível...

e contratou um arquiteto militar, um coronel...

Não era capitão, cara, era um coronel...

Coronel é uma patente bem acima de capitão!

Beeem acima!

O coronel Francisco Sousa Aguiar, que era

um arquiteto de primeira que fez um pavilhão

incrível...

Um pavilhão todo com estrutura metálica

e que poderia ser desmontado, num estilo eclético,

num estilo de arquitetura híbrido, como depois

se chamou...

A palavra eclético na verdade quer dizer

isso, quer dizer "mistura de estilos", né...

Eclético quer dizer mistura, quer dizer um

certo hibridismo...

Que era um estilo arquitetônico muito em

voga durante a belle époque, na qual estamos

vivendo... é exatamente esse período de

belle époque.

Construiu o pavilhão brasileiro em St.

Louis e o pavilhão ganhou a medalha mundial

de arquitetura!

Foi considerado o melhor pavilhão daquela

feira!

E a melhor construção erguida NO MUNDO em

1904!

É!

E o coronel Sousa Aguiar era tão esperto

e como tinha construído aquilo ali com verbas

públicas... ele planejou que ele fosse uma

espécie de lego!

O pavilhão, o palácio, poderia ser desmontado

e trazido de volta pro Brasil.

De volta não, porque ele foi montado lá

nos Estados Unidos!

Trazido pro Brasil.

E o pavilhão foi trazido pro Brasil, cara,

e montado no final da avenida Rio Branco em

1906.

No próprio ano de 1906 se realizou a 3a Conferência

Pan-americana.

Então, por sugestão do Joaquim Nabuco, que

aliás, hein, merecia um grande episódio

do "Não vai cair no Enem", o incrível, extraordinário,

maravilhoso Joaquim Nabuco.

O Joaquim Nabuco sugeriu pro ainda mais incrível,

pro ainda mais admirável, pro ainda mais

fascinante Barão de Rio de Branco, né, o

Juquinha... é, o apelido dele era Juquinha...

sugeriu que aquele belíssimo prédio fosse

batizado de Palácio Monroe, em homenagem

ao presidente americano James Monroe.

E, assim, acabou sendo batizado esse prédio

de 1700m2, com grandes colunatas jônicas

ou dóricas, sei lá...

Aliás, vou ter que abrir um parêntesis pra

contar uma história: uma vez eu tava indo

junto com a minha mulher em...

Pra um show em Buenos Aires, um show do New

Order em Buenos Aires... e aí passamos por

um prédio maravilhoso e eu disse pra ela:

"olha que prédio lindo, com essas colunas

dóricas!"... e o motorista freou, nós entramos

de cara no vidro, e o motorista só olhou

pra mim e disse assim: "COLUNAS JÔNICAS,

COLUNAS JÔNICAS E NÃO DÓRICAS! ".

E você sabe, né, porque que a Argentina

tem tanto problema, né...

Porque todo mundo que tem a solução pros

problemas da Argentina tá dirigindo táxi

lá...

Então o país consegue estar quase pior que

o Brasil.

Fecha o parêntesis, continua a história.

Tinha lá aquela colunata incrível, dórica

ou jônica, não faz diferença, não me lembro

o que que era...

Mas era um...

Claro, tudo bem, é uma arquitetura rebuscada,

é uma arquitetura típica da época belle

époque, eclética, barará...

E aí, a partir de 1906, esse prédio, que

eu, particularmente...

E A ÚNICA COISA QUE INTERESSA É A MINHA

OPINIÃO... acho maravilhoso... que conheci

pessoalmente, muitos de vocês que estão

vendo isso também o conheceram...

Passou a sediar a câmara dos deputados do

Rio de Janeiro...

Por quê!

Porque o palácio Tiradentes estava em obras

e as obras só ficariam prontas em 1922.

Na verdade, não!

A câmara dos deputados foi instalada ali

em 1914!

De 1906 a 1914, eu não sei o que que aconteceu

no palácio, mas ele ficou lá...

E de 14 a 22, enquanto o palácio Tiradentes

estava em obras, né...

Sabe, antes, o palácio Tiradentes era uma

prisão!

Inclusive o Tiradentes ficou preso exatamente

ali!

Por isso que chama palácio Tiradentes.

E hoje é uma espécie de prisão, né...

Já que é a câmara de deputados do Rio de

Janeiro, né, cara!

Deveriam tar TODOS PRESOS!

Mas não ali!

Deveriam tar tudo preso em Bangu!

Aliás, tem vários que estão.

E quando o palácio Tiradentes ficou pronto

em 1922, a câmara dos vereadores se mudou

pra lá... não sei se era uma câmara impoluta

ou se era uma câmara poluída que nem a de

hoje.

O fato é que, a partir de 1922, se instala

no palácio Monroe o senado federal.

O senado federal!

O senado federal, você sabe, é aquela casa

que tem 81 senadores e quando eles fazem uma

votação aparecem 82 votos!

Ha!

Eu não sei se o senado federal em 1922 era

tão asqueroso, nojento, repugnante, vomitativo,

quanto é o de hoje (provavelmente deveria

ser), mas o fato é que o senado ficou instalado

ali.

E de 1922 a 1960 o senado federal funcionou

ali, na capital do Brasil, Rio de Janeiro,

com o seu senado federal instalado naquele

espetacular, naquele magnífico prédio.

Em 1960 o senado se transfere, com a inauguração

de Brasília... se transfere pra Brasília

e ficam funcionando aqui na cidade do Rio

de Janeiro, no próprio palácio Monroe, o

secretariado geral do próprio senado.

Até que vem o Movimento Libertador Democrático

de 31 de março de 1964, quando o Brasil entra

numa era de luzes, numa era maravilhosa...

que tem IMBECIS QUE APOIAM até hoje.

O senado perde seu valor, né, evidentemente,

e aí o senado é... o senado continuou funcionando

lá em Brasília mas, o prédio que tinha

sediado durante QUARENTA ANOS o senado brasileiro

passa a ser ocupado pelo estado maior, é,

pelas forças armadas, pelo estado maior das

forças armadas.

É isso, né!

Quando tem um golpe militar o senado, por

mais impoluto que seja, vira um reduto militar.

Eu prefiro um senado podre do que milico instalado

dentro do senado, né!

Lugar de milico, tu sabe, é no quartel!

Onde, aliás, são muito úteis, né, e deveriam

lá permanecer.

Aí se inicia um período muito sombrio pra

esse prédio.

Porque em 1976, quando se iniciou a construção

do metrô no Rio de Janeiro... deve ter se

iniciado um pouco antes... mas quando o metrô

começou a chegar ali na estação da Cinelândia

decidiram que o prédio deveria ser derrubado

porque 1. atrapalhava o trânsito, 2. o metrô

ia passar por baixo dele.

E, o general Geisel, então presidente, disse

que ele "atrapalhava a vista" do monumento

do expedicionário brasileiro, que fica lá

no aterro do Flamengo e que homenageia os

brasileiros mortos, honrosamente mortos, num

grande momento da história do exército brasileiro,

que é quando o exército brasileiro lutou

na 2a Guerra Mundial, tomou o Monte Castelo

e tal, houve várias baixas e ali está o

túmulo do soldado desconhecido e o túmulo

de vários soldados que de fato morreram,

cujo nome é conhecido, que estão enterrados

ali e tem aquele monumento lindo, espetacular,

maravilhoso, que o Brasil realmente deveria

reverenciar...

E o Geisel falou que, vindo da avenida, o

palácio Monroe, QUE TINHA SIDO O SENADO NACIONAL,

atrapalhava a vista.

Só que, coincidentemente, o coronel Sousa

Aguiar, que depois viraria general, foi promovido

a general antes e no lugar do pai do Geisel.

É!

O pai do Ernesto Geisel também era militar

e era coronel.

Havia uma só vaga para general naquele momento.

Em vez do promovido ser o pai do Geisel, o

promovido foi o coronel Sousa Aguiar.

Então se diz que um dos motivos por trás

dos quais o palácio Monroe acabou sendo derrubado

é porque o Geisel quis se vingar do cara

que tomou o lugar do pai dele.

Mas é uma história misteriosa que ninguém

sabe por quê...

Porque além de tudo, o jornal O Globo...

conhece o jornal O Globo?

O jornal O Globo fez campanha, CAMPANHA pela

derrubada do prédio!

E o Lúcio Costa, o Lúcio Costa, "o arquiteto

modernista, o genial Lúcio Costa", que uma

época queria ATERRAR A LAGOA Rodrigo de Freitas...

É, ele queria construir uma universidade

do meio da Lagoa Rodrigo de Freitas, aterrando

metade dela.

O construtor de Brasília, que tem um monte

de arquiteto modernista que tá vendo...

Se tem algum arquiteto modernista aqui pode

DESLIGAR o aparelho, vai pra outro canal...

Chamou de "monstrengo arquitetônico", monstrengo!

É, bom é aquelas MERDA que ele construiu

lá em Brasília, junto com o tal.. . o Niemeyer!

Aliás, o general Figueiredo, a gente fez

há pouco uma pílula sobre as frases do general

Figueiredo, tem uma maravilhosa que eu esqueci

de citar: "o Oscar Niemeyer deveria ser condenado

a morar no palácio da Alvorada"!

O palácio do Planalto, o palácio do Planalto!

Deveria ser condenado a morar no palácio

do Planalto.

É isso aí.

Tem gente que gosta desse Niemeyer aí né,

eu abomino.

E o Lúcio Costa mais ainda, deveria estar

na história nacional da infâmia.

Ele liderou o movimento, junto com o jornal

O Globo, pra que fosse derrubado o

palácio Monroe.

E o palácio Monroe começou a ser derrubado

em março de 1976, por uma empresa chamada

"Hágil", com "H", é.

Cara, e a demolição custou uma fortuna aos

cofres públicos!

É.

E... diz que o banco Bozano Simonsen e o próprio

Roberto Simonsen e o próprio Roberto Marinho

também tinham interesse na derrubada porque

aí iam construir um prédio gigante ali,

que o projeto era de um tal Sérgio Bernardes

lá, sei lá, depois eu boto o nome verdadeiro

aqui...

Verdadeiro não, o nome se não foi o Sérgio

Bernardes.

Iam construir um prédio ali de 40 andares

onde ficava o palácio Monroe.

Derrubaram o palácio Monroe de graça!

E hoje, sabe o que que tem ali?

NADA!

Nada!

É a praça Mahatma Gandhi, com uma estátua

horrorosa do Gandhi e embaixo um estacionamento!

E o metrô passou pela lateral!


A QUEDA DO PALÁCIO MONROE - EDUARDO BUENO (1)

O palácio da memória!

É, "O Palácio da Memória" é o nome de

um livro, inclusive: "O Palácio da Memória"

de Matteo Ricci.

Matteo Ricci era um jesuíta italiano que

foi pra China em 1600 e tanto e como ele não

podia anotar nada do que ele tinha que aprender

e decorar sobre a civilização chinesa, ele

criou um método mnemônico de ficar construindo

um palácio na sua mente e cada sala ele ia

ocupando com o conhecimento que ele tinha

que decorar... e criou o palácio da sua própria

memória.

E o Brasil já teve muitos palácios, só

que o Brasil só teve palácios desmemoriados...

Especialmente o trágico Palácio Monroe,

cuja história você vai conhecer agora.

"Morreu, morreu!

Venha ver como morreu e quem matou o palácio

Monroe! ".

Você já viu aqui no "Não vai cair no Enem"

a história da construção da avenida Rio

Branco, né.

Se não viu, vai lá correndo ver!

É uma história impressionante, muito reveladora

do Brasil, né.

É o Rio de Janeiro se civilizando na aurora

do século 20, né... a avenida inaugurada

em 1904.

E o final da avenida, ali onde ficava aquele

obelisco... obelisco construído especialmente

para que, anos depois, nós, os gaúchos,

amarrássemos o nosso... os nossos cavalos

no obelisco de vocês...

Ficava ali aquele obelisco...

Mas, ao final, a avenida seria coroada com

a instalação do chamado... que viria a ser

chamado Palácio Monroe, que era uma obra

arquitetônica maravilhosa, cuja história

você vai conhecer agora já que o palácio

não está mais lá!

Só tem um vazio ali no lugar!

E você vai saber também por que que aquele

lugar ficou vazio.

É assim, em 1904, no mesmo ano em que tava

sendo construída a avenida, se realizou em

St.

Louis, nos Estados Unidos, uma dessas feiras

universais, né...

Houve uma época que essas feiras mundiais,

feiras universais, foram uma grande coqueluche

do mundo ocidental.

Teve gente até que propôs que não houvessem

mais guerras, mesmo depois da Primeira Guerra...

os caras disseram: "os países só tem que

concorrer em grandes feiras universais, feiras

mundiais, no qual cada país tenha o seu pavilhão

e exiba o que ele tem de melhor".

Ideia maravilhosa, né, pena que não colou.

Teve a exposição de Paris, na qual foi inaugurada

a torre Eiffel, teve a exposição em Chicago...

Teve várias exposições, inclusive a competição

entre os Estados Unidos e a Europa, de quem

fazia a melhor feira...

Também foi muito legal.

O Brasil teria uma grande feira em 1922 né,

a feira do centenário da Independência,

tal.

MAS, no momento, o que interessa é a feira

de St Louis em 1904, quando o Brasil resolveu

fazer um pavilhão incrível, incrível...

e contratou um arquiteto militar, um coronel...

Não era capitão, cara, era um coronel...

Coronel é uma patente bem acima de capitão!

Beeem acima!

O coronel Francisco Sousa Aguiar, que era

um arquiteto de primeira que fez um pavilhão

incrível...

Um pavilhão todo com estrutura metálica

e que poderia ser desmontado, num estilo eclético,

num estilo de arquitetura híbrido, como depois

se chamou...

A palavra eclético na verdade quer dizer

isso, quer dizer "mistura de estilos", né...

Eclético quer dizer mistura, quer dizer um

certo hibridismo...

Que era um estilo arquitetônico muito em

voga durante a belle époque, na qual estamos

vivendo... é exatamente esse período de

belle époque.

Construiu o pavilhão brasileiro em St.

Louis e o pavilhão ganhou a medalha mundial

de arquitetura!

Foi considerado o melhor pavilhão daquela

feira!

E a melhor construção erguida NO MUNDO em

1904!

É!

E o coronel Sousa Aguiar era tão esperto

e como tinha construído aquilo ali com verbas

públicas... ele planejou que ele fosse uma

espécie de lego!

O pavilhão, o palácio, poderia ser desmontado

e trazido de volta pro Brasil.

De volta não, porque ele foi montado lá

nos Estados Unidos!

Trazido pro Brasil.

E o pavilhão foi trazido pro Brasil, cara,

e montado no final da avenida Rio Branco em

1906.

No próprio ano de 1906 se realizou a 3a Conferência

Pan-americana.

Então, por sugestão do Joaquim Nabuco, que

aliás, hein, merecia um grande episódio

do "Não vai cair no Enem", o incrível, extraordinário,

maravilhoso Joaquim Nabuco.

O Joaquim Nabuco sugeriu pro ainda mais incrível,

pro ainda mais admirável, pro ainda mais

fascinante Barão de Rio de Branco, né, o

Juquinha... é, o apelido dele era Juquinha...

sugeriu que aquele belíssimo prédio fosse

batizado de Palácio Monroe, em homenagem

ao presidente americano James Monroe.

E, assim, acabou sendo batizado esse prédio

de 1700m2, com grandes colunatas jônicas

ou dóricas, sei lá...

Aliás, vou ter que abrir um parêntesis pra

contar uma história: uma vez eu tava indo

junto com a minha mulher em...

Pra um show em Buenos Aires, um show do New

Order em Buenos Aires... e aí passamos por

um prédio maravilhoso e eu disse pra ela:

"olha que prédio lindo, com essas colunas

dóricas!"... e o motorista freou, nós entramos

de cara no vidro, e o motorista só olhou

pra mim e disse assim: "COLUNAS JÔNICAS,

COLUNAS JÔNICAS E NÃO DÓRICAS! ".

E você sabe, né, porque que a Argentina

tem tanto problema, né...

Porque todo mundo que tem a solução pros

problemas da Argentina tá dirigindo táxi

lá...

Então o país consegue estar quase pior que

o Brasil.

Fecha o parêntesis, continua a história.

Tinha lá aquela colunata incrível, dórica

ou jônica, não faz diferença, não me lembro

o que que era...

Mas era um...

Claro, tudo bem, é uma arquitetura rebuscada,

é uma arquitetura típica da época belle

époque, eclética, barará...

E aí, a partir de 1906, esse prédio, que

eu, particularmente...

E A ÚNICA COISA QUE INTERESSA É A MINHA

OPINIÃO... acho maravilhoso... que conheci

pessoalmente, muitos de vocês que estão

vendo isso também o conheceram...

Passou a sediar a câmara dos deputados do

Rio de Janeiro...

Por quê!

Porque o palácio Tiradentes estava em obras

e as obras só ficariam prontas em 1922.

Na verdade, não!

A câmara dos deputados foi instalada ali

em 1914!

De 1906 a 1914, eu não sei o que que aconteceu

no palácio, mas ele ficou lá...

E de 14 a 22, enquanto o palácio Tiradentes

estava em obras, né...

Sabe, antes, o palácio Tiradentes era uma

prisão!

Inclusive o Tiradentes ficou preso exatamente

ali!

Por isso que chama palácio Tiradentes.

E hoje é uma espécie de prisão, né...

Já que é a câmara de deputados do Rio de

Janeiro, né, cara!

Deveriam tar TODOS PRESOS!

Mas não ali!

Deveriam tar tudo preso em Bangu!

Aliás, tem vários que estão.

E quando o palácio Tiradentes ficou pronto

em 1922, a câmara dos vereadores se mudou

pra lá... não sei se era uma câmara impoluta

ou se era uma câmara poluída que nem a de

hoje.

O fato é que, a partir de 1922, se instala

no palácio Monroe o senado federal.

O senado federal!

O senado federal, você sabe, é aquela casa

que tem 81 senadores e quando eles fazem uma

votação aparecem 82 votos!

Ha!

Eu não sei se o senado federal em 1922 era

tão asqueroso, nojento, repugnante, vomitativo,

quanto é o de hoje (provavelmente deveria

ser), mas o fato é que o senado ficou instalado

ali.

E de 1922 a 1960 o senado federal funcionou

ali, na capital do Brasil, Rio de Janeiro,

com o seu senado federal instalado naquele

espetacular, naquele magnífico prédio.

Em 1960 o senado se transfere, com a inauguração

de Brasília... se transfere pra Brasília

e ficam funcionando aqui na cidade do Rio

de Janeiro, no próprio palácio Monroe, o

secretariado geral do próprio senado.

Até que vem o Movimento Libertador Democrático

de 31 de março de 1964, quando o Brasil entra

numa era de luzes, numa era maravilhosa...

que tem IMBECIS QUE APOIAM até hoje.

O senado perde seu valor, né, evidentemente,

e aí o senado é... o senado continuou funcionando

lá em Brasília mas, o prédio que tinha

sediado durante QUARENTA ANOS o senado brasileiro

passa a ser ocupado pelo estado maior, é,

pelas forças armadas, pelo estado maior das

forças armadas.

É isso, né!

Quando tem um golpe militar o senado, por

mais impoluto que seja, vira um reduto militar.

Eu prefiro um senado podre do que milico instalado

dentro do senado, né!

Lugar de milico, tu sabe, é no quartel!

Onde, aliás, são muito úteis, né, e deveriam

lá permanecer.

Aí se inicia um período muito sombrio pra

esse prédio.

Porque em 1976, quando se iniciou a construção

do metrô no Rio de Janeiro... deve ter se

iniciado um pouco antes... mas quando o metrô

começou a chegar ali na estação da Cinelândia

decidiram que o prédio deveria ser derrubado

porque 1. atrapalhava o trânsito, 2. o metrô

ia passar por baixo dele.

E, o general Geisel, então presidente, disse

que ele "atrapalhava a vista" do monumento

do expedicionário brasileiro, que fica lá

no aterro do Flamengo e que homenageia os

brasileiros mortos, honrosamente mortos, num

grande momento da história do exército brasileiro,

que é quando o exército brasileiro lutou

na 2a Guerra Mundial, tomou o Monte Castelo

e tal, houve várias baixas e ali está o

túmulo do soldado desconhecido e o túmulo

de vários soldados que de fato morreram,

cujo nome é conhecido, que estão enterrados

ali e tem aquele monumento lindo, espetacular,

maravilhoso, que o Brasil realmente deveria

reverenciar...

E o Geisel falou que, vindo da avenida, o

palácio Monroe, QUE TINHA SIDO O SENADO NACIONAL,

atrapalhava a vista.

Só que, coincidentemente, o coronel Sousa

Aguiar, que depois viraria general, foi promovido

a general antes e no lugar do pai do Geisel.

É!

O pai do Ernesto Geisel também era militar

e era coronel.

Havia uma só vaga para general naquele momento.

Em vez do promovido ser o pai do Geisel, o

promovido foi o coronel Sousa Aguiar.

Então se diz que um dos motivos por trás

dos quais o palácio Monroe acabou sendo derrubado

é porque o Geisel quis se vingar do cara

que tomou o lugar do pai dele.

Mas é uma história misteriosa que ninguém

sabe por quê...

Porque além de tudo, o jornal O Globo...

conhece o jornal O Globo?

O jornal O Globo fez campanha, CAMPANHA pela

derrubada do prédio!

E o Lúcio Costa, o Lúcio Costa, "o arquiteto

modernista, o genial Lúcio Costa", que uma

época queria ATERRAR A LAGOA Rodrigo de Freitas...

É, ele queria construir uma universidade

do meio da Lagoa Rodrigo de Freitas, aterrando

metade dela.

O construtor de Brasília, que tem um monte

de arquiteto modernista que tá vendo...

Se tem algum arquiteto modernista aqui pode

DESLIGAR o aparelho, vai pra outro canal...

Chamou de "monstrengo arquitetônico", monstrengo!

É, bom é aquelas MERDA que ele construiu

lá em Brasília, junto com o tal.. . o Niemeyer!

Aliás, o general Figueiredo, a gente fez

há pouco uma pílula sobre as frases do general

Figueiredo, tem uma maravilhosa que eu esqueci

de citar: "o Oscar Niemeyer deveria ser condenado

a morar no palácio da Alvorada"!

O palácio do Planalto, o palácio do Planalto!

Deveria ser condenado a morar no palácio

do Planalto.

É isso aí.

Tem gente que gosta desse Niemeyer aí né,

eu abomino.

E o Lúcio Costa mais ainda, deveria estar

na história nacional da infâmia.

Ele liderou o movimento, junto com o jornal

O Globo, pra que fosse derrubado o

palácio Monroe.

E o palácio Monroe começou a ser derrubado

em março de 1976, por uma empresa chamada

"Hágil", com "H", é.

Cara, e a demolição custou uma fortuna aos

cofres públicos!

É.

E... diz que o banco Bozano Simonsen e o próprio

Roberto Simonsen e o próprio Roberto Marinho

também tinham interesse na derrubada porque

aí iam construir um prédio gigante ali,

que o projeto era de um tal Sérgio Bernardes

lá, sei lá, depois eu boto o nome verdadeiro

aqui...

Verdadeiro não, o nome se não foi o Sérgio

Bernardes.

Iam construir um prédio ali de 40 andares

onde ficava o palácio Monroe.

Derrubaram o palácio Monroe de graça!

E hoje, sabe o que que tem ali?

NADA!

Nada!

É a praça Mahatma Gandhi, com uma estátua

horrorosa do Gandhi e embaixo um estacionamento!

E o metrô passou pela lateral!