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BBC News 2020 (Brasil), A tensão que põe Armênia e Azerbaijão à beira de guerra por Nagorno-Karabakh

A tensão que põe Armênia e Azerbaijão à beira de guerra por Nagorno-Karabakh

Duas ex-repúblicas soviéticas, Armênia e Azerbaijão, se enfrentam há três décadas por causa de um

enclave separatista: a região de Nagorno-Karabakh. Essa disputa voltou a ser notícia ao redor do mundo

porque o conflito tem piorado nos últimos dias. Já são dezenas de mortos na região

A tensão é tanta que alguns arriscam a dizer que os países estão de novo à beira de uma guerra

Eu sou Adriano Brito, da BBC News Brasil, e neste vídeo explico o que está acontecendo e que papel

Rússia e Turquia, vizinhos dos dois países, podem ter nesse enfrentamento. No centro da disputa está o

controle de Nagorno-Karabakh. Você deve ter ouvido esse nome nos últimos dias – e curiosamente ele tem

um significado especial. Karabakh é a tradução russa de uma palavra do Azerbaijão que significa "jardim

negro", enquanto Nagorno é uma palavra russa que significa "montanhoso", uma referência

à própria região, que tem cerca de quatro mil e quatrocentos quilômetros quadrados. A região de

Nagorno-Karabakh é reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão, um país rico em petróleo

e maioritariamente muçulmano. O problema é que a população ali é de maioria armênia e cristã. No fim,

Nagorno-Karabakh é hoje uma espécie de Estado, mas não reconhecido, que fica dentro de um país

E para entender isso precisamos voltar ao colapso da União Soviética, no fim dos anos 80

Quando os países que formavam o bloco comunista começaram a se separar, o Parlamento Regional de Nagorno-Karabakh, que

era uma região autônoma dentro do Azerbaijão, votou oficialmente para se tornar parte da Armênia

Isso era algo que eles tinham pedido por décadas, apesar da sua área ficar dentro do país vizinho da Armênia, o

Azerbaijão. E enquanto Azerbaijão lutava contra esse movimento separatista, o governo da Armênia

o apoiava. Mas quando os dois países conseguiram a independência de Moscou é que o conflito escalou

para uma sangrenta guerra que durou vários anos. Dezenas de milhares de pessoas morreram e quase

1 milhão ficaram desalojadas. Um acordo de paz nunca foi atingido, só um cessar-fogo mediado

pela Rússia em 1994. Os armênios separatistas conseguiram governar o território, mas continuaram

em permanente tensão com o Azerbaijão, do qual a área seguiu fazendo parte. Em 2019, os governantes de

Armênia e Azerbaijão emitiram um comunicado conjunto prometendo medidas concretas para a paz, algo que

acabou não se concretizando. Mas bem, o que acontece agora? Segundo reportagem de jornalistas da BBC que

atuam lá na região do Cáucaso, os combates com uso de armamento pesado que estão ocorrendo por

lá são a escalada mais grave do conflito nos últimos anos. Mas cada lado envolvido tem a sua versão para o que

está acontecendo. A Armênia disse que assentamentos civis foram atacados em Nagorno-Karabakh, e que

em resposta derrubou dois helicópteros do exército do Azerbaijão. O país também declarou a lei marcial,

que é quando os militares assumem o governo civil, acusando Azerbaijão de agressão planejada.

Em contrapartida, o Azerbaijão assegura que um ataque armênio matou uma família seu território, e que

uma operação contraofensiva vai pôr fim ao que eles chamam de ocupação do seu território pelos

separatistas armênios de Nagorno-Karabakh. Mas segundo análise dos jornalistas da BBC na região,

é difícil comprovar os relatos de cada lado em um conflito de longa data como esse. E claro, como em

todo conflito, a geopolítica tem um papel importante. Para começar, a zona da tensão, que

é o Cáucaso Sul, é uma passagem para gás e outros produtos que fluem do Mar Cáspio em direção aos

mercados mundiais. E o Azerbaijão é uma espécie de artéria essencial de gás e petróleo para

a Turquia e países da Europa. Por isso, uma grande escalada de tensão na região poderia representar

uma ameaça econômica para vários países. E a Rússia tem sido tradicionalmente uma sócia da

Armênia. Ela tem uma base militar no país e eles são aliados militares. Os russos exigiram

um cessar-fogo imediato e o início do diálogo. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan,

já ofereceu apoio ao Azerbaijão durante essa nova crise, abre aspas, "tanto em terra como na mesa de negociação"

A França, que tem uma grande comunidade armênia, também pediu um cessar-fogo e o início do diálogo

Já o Irã, que faz fronteira com os dois países, se ofereceu para mediar as conversas de paz

E por fim, os Estados Unidos também pediram pelo fim das hostilidades. Mas por enquanto o quadro

continua perigoso nessa região, que há mais de três décadas vive sobre tensão. Eu fico por

aqui. Tem dúvidas? Deixa aqui nos comentários que a gente sempre fica de olho. Até mais!


A tensão que põe Armênia e Azerbaijão à beira de guerra por Nagorno-Karabakh The tension that brings Armenia and Azerbaijan to the brink of war over Nagorno-Karabakh La tensión que tiene a Armenia y Azerbaiyán al borde de la guerra por Nagorno Karabaj ナゴルノ・カラバフをめぐり、アルメニアとアゼルバイジャンを戦争の瀬戸際に立たせる緊張関係 Напруженість, яка поставила Вірменію та Азербайджан на межу війни через Нагірний Карабах 緊張局勢使亞美尼亞和阿塞拜疆因納戈爾諾-卡拉巴赫問題瀕臨戰爭邊緣

Duas ex-repúblicas soviéticas, Armênia e Azerbaijão,  se enfrentam há três décadas por causa de um

enclave separatista: a região de Nagorno-Karabakh.  Essa disputa voltou a ser notícia ao redor do mundo

porque o conflito tem piorado nos últimos  dias. Já são dezenas de mortos na região

A tensão é tanta que alguns arriscam a dizer que  os países estão de novo à beira de uma guerra

Eu sou Adriano Brito, da BBC News Brasil, e neste  vídeo explico o que está acontecendo e que papel

Rússia e Turquia, vizinhos dos dois países, podem ter  nesse enfrentamento. No centro da disputa está o

controle de Nagorno-Karabakh. Você deve ter ouvido  esse nome nos últimos dias – e curiosamente ele tem

um significado especial. Karabakh é a tradução russa  de uma palavra do Azerbaijão que significa "jardim

negro", enquanto Nagorno é uma palavra russa  que significa "montanhoso", uma referência

à própria região, que tem cerca de quatro mil e  quatrocentos quilômetros quadrados. A região de

Nagorno-Karabakh é reconhecida internacionalmente  como parte do Azerbaijão, um país rico em petróleo

e maioritariamente muçulmano. O problema é que a  população ali é de maioria armênia e cristã. No fim,

Nagorno-Karabakh é hoje uma espécie de Estado, mas  não reconhecido, que fica dentro de um país

E para entender isso precisamos voltar ao colapso  da União Soviética, no fim dos anos 80

Quando os países que formavam o bloco comunista começaram  a se separar, o Parlamento Regional de Nagorno-Karabakh, que

era uma região autônoma dentro do Azerbaijão, votou  oficialmente para se tornar parte da Armênia

Isso era algo que eles tinham pedido por décadas, apesar da  sua área ficar dentro do país vizinho da Armênia, o

Azerbaijão. E enquanto Azerbaijão lutava contra  esse movimento separatista, o governo da Armênia

o apoiava. Mas quando os dois países conseguiram a  independência de Moscou é que o conflito escalou

para uma sangrenta guerra que durou vários anos.  Dezenas de milhares de pessoas morreram e quase

1 milhão ficaram desalojadas. Um acordo de paz  nunca foi atingido, só um cessar-fogo mediado

pela Rússia em 1994. Os armênios separatistas  conseguiram governar o território, mas continuaram

em permanente tensão com o Azerbaijão, do qual a área  seguiu fazendo parte. Em 2019, os governantes de

Armênia e Azerbaijão emitiram um comunicado conjunto  prometendo medidas concretas para a paz, algo que

acabou não se concretizando. Mas bem, o que acontece  agora? Segundo reportagem de jornalistas da BBC que

atuam lá na região do Cáucaso, os combates com  uso de armamento pesado que estão ocorrendo por

lá são a escalada mais grave do conflito nos últimos anos.  Mas cada lado envolvido tem a sua versão para o que

está acontecendo. A Armênia disse que assentamentos  civis foram atacados em Nagorno-Karabakh, e que

em resposta derrubou dois helicópteros do exército  do Azerbaijão. O país também declarou a lei marcial,

que é quando os militares assumem o governo civil,  acusando Azerbaijão de agressão planejada.

Em contrapartida, o Azerbaijão assegura que um ataque  armênio matou uma família seu território, e que

uma operação contraofensiva vai pôr fim ao que  eles chamam de ocupação do seu território pelos

separatistas armênios de Nagorno-Karabakh. Mas segundo análise dos jornalistas da BBC na região,

é difícil comprovar os relatos de cada lado em um  conflito de longa data como esse. E claro, como em

todo conflito, a geopolítica tem um papel importante. Para começar, a zona da tensão, que

é o Cáucaso Sul, é uma passagem para gás e outros  produtos que fluem do Mar Cáspio em direção aos

mercados mundiais. E o Azerbaijão é uma espécie  de artéria essencial de gás e petróleo para

a Turquia e países da Europa. Por isso, uma grande  escalada de tensão na região poderia representar

uma ameaça econômica para vários países. E a Rússia tem sido tradicionalmente uma sócia da

Armênia. Ela tem uma base militar no país e  eles são aliados militares. Os russos exigiram

um cessar-fogo imediato e o início do diálogo.  O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan,

já ofereceu apoio ao Azerbaijão durante essa nova  crise, abre aspas, "tanto em terra como na mesa de negociação"

A França, que tem uma grande comunidade armênia,  também pediu um cessar-fogo e o início do diálogo

Já o Irã, que faz fronteira com os dois países,  se ofereceu para mediar as conversas de paz

E por fim, os Estados Unidos também pediram pelo  fim das hostilidades. Mas por enquanto o quadro

continua perigoso nessa região, que há mais de  três décadas vive sobre tensão. Eu fico por

aqui. Tem dúvidas? Deixa aqui nos comentários  que a gente sempre fica de olho. Até mais!