×

Nous utilisons des cookies pour rendre LingQ meilleur. En visitant le site vous acceptez nos Politique des cookies.


image

Foro de Teresina - Podcast (*Generated Transcript*), #259: O espocar dos votos no TSE - Part 1

#259: O espocar dos votos no TSE - Part 1

em Manaus. Rádio Piauí.

Olá, sejam muito bem-vindos ao

foro de Teresina, o podcast de

política da revista Piauí. No

mérito, julgo parcialmente

procedente o pedido para

condenar o primeiro investigado

Jair Messias Bolsonaro,

declaro sua inelegibilidade por

oito anos. Eu, Fernando de

Moura, tenho o prazer de

conversar com o meu amigo José

Roberto de Toledo, aqui pertinho.

Opa Toledo. Opa Fernando, opa

Thaís. Qual a diferença

presidencial Alagoas pra

Pernambuco? Alagoas sessenta e

sete, Pernambuco treze por

cento do total dos recursos

liberados para kit de robótica.

E com a minha amiga Thaís

Bilenk também em São Paulo.

Salve, salve Thaís. Salve, salve

Fernando, salve, salve Toledo,

nem tão perto, nem tão longe,

como no filme, tão perto, tão

longe? Tão longe, tão perto.

Tão longe, tão perto. Sempre

perto Thaís, sempre perto.

Nós apresentamos um texto

conceitual importante, né? Que

consolida de fato um novo

sistema tributário no Brasil,

que é tão complexo e obscuro

porque as pessoas não sabem

quanto pagam de imposto no

nosso país. Bom, todos

pertinho, vamos sem mais

delongas aos assuntos da

semana. Abrimos o programa com

Jair Bolsonaro. O Tribunal

Superior Eleitoral interrompeu

ontem o julgamento quando o

placar apontava três votos a

um a favor da inelegibilidade.

Quando você estiver nos

escutando, é provável que

Bolsonaro já esteja inelegível

até dois mil e trinta. A única

chance disso não se consumar

nesta sexta-feira é um

eventual pedido de vista do

ministro Nunes Marques, o

penúltimo a votar. Além dele,

Carmen Lúcia e Alexandre de

Moraes devem selar o destino

político de Bolsonaro. Vamos

discutir a votação e os efeitos

políticos deste resultado. No

segundo bloco, o assunto é

Arthur Lira. O presidente da

Câmara está em má situação

desde que vieram a público

documentos apreendidos pela

Polícia Federal há um mês em

Alagoas, nas casas de dois de

seus auxiliares. Esses

documentos fazem parte da

investigação da PF sobre o

desvio de dinheiro do Fundo

Nacional de Desenvolvimento

da Educação. Dinheiro que

deveria ser usado na compra de

material escolar, os chamados

kits de robótica por prefeituras

de Alagoas. Os kits foram

comprados pelas escolas

municipais de uma empresa

alagoana por quatorze mil reais

a unidade, sendo que essa mesma

empresa, de pessoas ligadas a

Arthur Lira, tinha pago apenas

dois vírgula sete mil por cada

kit. A polícia tem evidências de

que a diferença estratosférica

entre a compra e a venda era

destinada a Luciano Cavalcante,

uma espécie de Mauro Cid, ou de

Fabrício Queiroz de Lira. O

parlamentar vinha dizendo que

nada tem a ver com o escândalo,

mas desde o último domingo

ficamos sabendo que Cavalcante

fez vários repasses de dinheiro

ao longo dos últimos meses a

um tal Arthur, conforme ele

anotou em seu caderno de

contabilidade. As revelações

desses documentos foram feitas

pelo repórter Breno Pires, da

Piauí, e pela Folha de São

Paulo. Lira está encrencado e

a gente discute quais podem ser

as consequências políticas deste

escândalo. Por último, falaremos

da reforma tributária. O deputado

Ignaldo Ribeiro, do PP da

Paraíba, apresentou o relatório

da proposta de amenda à

Constituição depois de quatro

meses de discussões. Arthur Lira

prometeu manter a votação para

a semana que vem e os lobbies

estão a todo vapor. Nós vamos

explicar o que está em jogo e

onde a coisa pode emperrar.

É isso? Vem com a gente!

Muito bem, José Roberto de Toledo,

vamos começar com você. Hoje,

quinta-feira, quando gravamos,

3x1. Então, devo dizer que eu

já coloquei o champanhe no gelo,

só falta mais dois votos ou três

para a gente expocar o vinho.

É motivo de comemoração, mesmo

que não seja a punição ideal,

ele está inelegível até a eleição

de 2028. Em 2030 ele já pode

participar, por uma peculiaridade

do calendário, por alguns dias

ele vai poder participar, mas

a gente sabe que não vai parar

por aí. Esse é um de 15, 16

processos que ele tem na justiça

eleitoral e, oxalá, outros tantos

na justiça criminal. Se ele for

condenado na justiça criminal,

aí ele vira ficha suja e não

apenas deixa de ser elegível,

como perde os direitos políticos.

Então, esse é o primeiro motivo

para a gente comemorar, mesmo que

não tenhamos, nesta quinta-feira,

terminado o julgamento.

Segundo, o Bolsonaro perdeu

o controle sobre a própria

narrativa. O levantamento da

Arquimedes mostra que ele ficou

bastante tempo sem aparecer

nas redes sociais. Nesse tempo,

as menções negativas a ele

cresceram e se tornaram majoritárias.

Nas vésperas do julgamento, ele

tentou retomar essa narrativa,

até fez o impensável, deu entrevista

para a Folha de São Paulo, para a

nossa colega e amiga Mônica Bergamo,

e para rádios, etc., para ver justamente

se conseguia reaparecer melhor na

fita. Segundo o levantamento, o

Arquimedes não conseguiu, o efeito

foi pífio e, portanto, o Bolsonaro

continua deficitário, justamente

naquela área que ele sempre, nos

últimos cinco anos, reinou absoluto,

que é o mundo digital. Então, ele está

sem capacidade de articulação alguma.

Basta ver como o PL, partido dele,

racha em votações de interesse

do governo Lula, está cada um chutando

para um lado, atirando para um lado,

defendendo o seu. Esse é o cenário

em que ele vai ter que enfrentar,

é a garoa que ele vai ter que sofrer

pelos próximos oito anos, se é que

não vai piorar com uma condenação

criminal. Queria, antes de passar a bola

para a Thaís, lembrar outra catástrofe

herdada pelo governo Lula, do

Bolsonaro, que foi o censo demográfico

de 2022, divulgado na quarta-feira,

que mostrou uma desaceleração

acentuada do crescimento

populacional brasileiro. Perdemos

10 milhões de habitantes em relação

ao que o próprio IBGE projetava

antes de terminar o censo, em vez de

213 milhões, somos 203 milhões de

brasileiros, com grandes diferenças

regionais de taxa de crescimento,

o Norte crescendo e o Centro-Oeste

principalmente crescendo mais, o Nordeste

crescendo bem mais lentamente, mudando

inclusive as proporções e os pesos

das regiões na economia e até na eleição.

O censo não saiu como se gostaria

que ele tivesse saído, demorou meses

para ser feito, outros tantos meses

para ser processado, por culpa

exclusivamente do senhor Paulo Guedes

e do senhor Jair Bolsonaro. Toda vez

que um liberal aloprado assume a

presidência da República e não inserte

a fazenda da economia, a gente perde o

ano do censo. Todos os países fazem

censo em ano terminado em zero.

O Brasil também era assim, 60, 70, 80,

aí foi fazer em 90, deu o Collor,

adiou o censo, foi para 91. Agora vem

Bolsonaro, em vez de fazer em 2020,

foi feito em 2022. Vamos dizer que

era por causa da pandemia? Meia verdade.

Na verdade, faltou dinheiro, planejamento

e vontade. Eles não queriam mostrar uma

radiografia do Brasil catastrófico que

eles estavam deixando antes da eleição.

Cortaram de uma maneira criminosa o

orçamento do censo, sabotaram o quanto

puderam e o resultado desse que a gente

tem aí. O resultado vai ser questionado

na justiça, vai terminar nos tribunais

porque...

2.399 municípios brasileiros perderam

população de 2010 para 2022. Isso vai

impactar o fundo de participação dos

municípios deles, ou seja, vão receber

menos dinheiro no repasse de tributos e

vão questionar o resultado na justiça.

Comparando, por exemplo, dados do

comparecimento ao primeiro turno da

eleição de 2022 com dados do censo, no

estado de São Paulo tem pelo menos um

município que teve mais eleitor do que

morador, que é Águas de São Pedro.

É um município muito peculiar, muito

pequeno, fica inteiro dentro de

Piracicaba, mas isso vai servir de

desculpa para os bolsonaristas de novo

voltarem a atacar o resultado da eleição.

Mas enfim, é só mais uma memória que a

gente não deve nunca esquecer do

malefício que o Bolsonaro fez e, portanto,

a condenação dele não só é justa como é

necessária para evitar que o mal igual,

que é difícil, volte a nos acometer.

Eu diria necessária e insuficiente ainda.

Thaís Bilencki, vamos passar para você

e vamos especular um pouco, por favor.

Não, sempre especulando, especulando

muito, mas sempre pensando...

Apurando e especulando.

Não, e o que o especulol diz sobre o

momento, assim, mais do que só a mera

especulação, interpretar os interesses

de quem especula. Mas eu queria fazer

antes, nesta etapa do nosso programa,

uma outra etapa sobre uma coincidência

histórica do momento que vive Bolsonaro

agora com o momento que viveu Lula em

abril de 2018. Ele estava às vésperas de

ser preso pela Lava Jato, destino dele

estava já selado como o de Bolsonaro e

aí ele resolveu tirar uns dias para ir

para Maresias, no litoral norte paulista,

com a Janja, com quem ele já estava,

embora não se soubesse publicamente disso,

na casa da Gabriela Araújo, que é uma

advogada do Prerrogativas e casada com

Emílio de Souza, que é um deputado estadual

do PT, amigo dele de longa data. E aí

eu conto essa história no perfil da Janja

que eu publiquei na PAOI um tempo atrás.

E o Bolsonaro, da mesma forma, acabou

de voltar de Maresias, na mesma cidade

litorânea paulista, para onde ele foi

na casa do Fábio Weingarten, que foi

secretário de comunicação dele no governo

e tem sido um porta-voz, estrategista,

assessor de tudo quanto é coisa. E voltou

de lá também, recentemente, esteve agora

em junho, para se reenergizar.

Ele foi para a casa do Weingarten

domingo passado, depois do jogo do Palmeiras,

quando o Palmeiras perdeu do Botafogo.

Isso aí vocês deixem, viu, Evelyn?

É importante falar que o Botafogo

ganhou do Palmeiras. É raro isso.

Mas é o seguinte, o clima do Bolsonaro,

o humor dele, segundo me falaram,

as pessoas que estão convivendo bastante,

não é legal, ele está baqueado,

ele não superou. Embora ele tenha

feito essa rodada toda aí de entrevistas,

coisas que ele tinha parado de fazer,

até voltou a postar, mas a página não

foi virada definitivamente. A expectativa

para quem está junto dele é que

agora seja só o começo de uma,

como eles dizem, lavada judicial,

que vai ladeira abaixo.

Agora, fato é, vamos reconhecer,

que ele conseguiu virar o voto do Raul Araújo.

Ele fez pressão nominalmente,

numa entrevista, pelo menos nesta que eu acompanhei,

para uma rádio no Rio Grande do Sul,

falando, ministro, vamos lá.

E o ministro Raul Araújo foi o único

que até agora votou pela absolvição

do Bolsonaro e votou contra a inclusão

da minuta do golpe.

Só lembrando que esse é o mesmo ministro

que proibiu a Pabllo Vittar

de se manifestar

politicamente durante o

Festival Musical Lollapalooza.

Esse mesmo. Agora,

tudo dava conta. Quando eu

conversava com gente do TSE,

a expectativa era que se alguém

fosse fazer algo, era o Cássio Nunes Marques,

só que ele é o sexto do sete a votar.

E o Bolsonaro falou isso

em mais de uma entrevista, que daí

seria tarde demais. Ele pressionou

diretamente o Raul Araújo e funcionou.

Algum tipo de influência ele conseguiu

exercer. Mas, isso dito,

bora para a segunda parte do que a gente

tem para dizer. O especulal

dessa semana, a ideia

que foi lançada aí é de uma chapa

para 2026, encabeçada pela

Tereza Cristina, atualmente senadora,

que foi ministra da Agricultura do Bolsonaro,

com a Michelle Bolsonaro na vice.

A Tereza Cristina é do PP do Ciro Nogueira

pelo Mato Grosso do Sul. O Fabio

Weingarten está falando em ONG publicamente

sobre essa chapa que ele

considera espetacular, porque

segundo ele, a Tereza Cristina

agrega o apoio do Centrão,

do Agro, das Mulheres, e ela é

boa de papo com os grandes aos pequenos,

produtores, empresários, etc e tal.

E a Michelle tem a simplicidade

da Ceilândia, mas a temência

a Deus fervorosa e não traz

a rejeição do Bolsonaro com seus rompantes

nas palavras dele e em tempestividades.

O fato de estarem falando

publicamente sobre

uma chapa como essa, e segundo

o Fabio Weingarten

sem resistência nem oposição

do Bolsonaro, mostra que

eles estão tentando de alguma forma

manter o sobrenome e a

influência total do Bolsonaro que ele teria

sobre uma chapa como essa. Porque a coisa pode

acabar escapando mais das mãos

dele e pelos dedos, porque

por exemplo, tem um particípio de

freitas, governador de São Paulo,

tem se fortalecido e ganhado

musculatura sem contar

diretamente ou exclusivamente

com o Bolsonaro. Agora, segundo eu

apurei, o Kassab, que é secretário

de governo do Tarcísio e um

dos seus principais conselheiros políticos

e articuladores, mantém a

avaliação de que o ideal pro Tarcísio é se

lançar reeleição em 26

pra ir pra presidência eventualmente

só em 2030. Pro Bolsonaro não convém

ter ninguém forte demais que tire

qualquer influência do nome que ele vier

apoiar, já que o candidato ele não vai

ser ao que tudo indica. Então tem

essa especulação que é isso, pra gente ler o que está acontecendo

no momento é, Bolsonaro

tentando de todo jeito fazer

com que o nome dele e

o apoio dele, a influência dele, não

se esvaia junto com os

direitos políticos que ele deve perder

essa semana no TSE.

Essa chapa aí que eles estão

tentando emplacar. Tem um

pequeno problema. O dono

do PL, que é o partido

ao qual o Bolsonaro e a

Michelle estão filiados, é o

Valdemar da Costa Neto. Por que motivos

o Valdemar abriria a mão da

cabeça da chapa, sendo o maior partido

na Câmara, com o maior número de deputados

e com o maior fundo eleitoral,

pra lançar uma candidata absolutamente

inexpressiva como a Tereza Cristina

de outro partido na cabeça de chapa?

Não fecha a conta. Eu entendo

o movimento deles, que é um movimento

meio desesperado de tentar

se manter em evidência e dizer que

eles têm alguma influência no jogo político, mas

não faz sentido político porque

não interessa ao Valdemar essa chapa, por exemplo.

Não, pode interessar se ela

se tornar viável, como ele é um

pragmático. Não, sim, mas

pra se tornar viável a Tereza Cristina tem que estar liderando

a pesquisa. Certo. Ela não lidera

a pesquisa nem no Mato Grosso. É que eu leio

essas coisas como algo pra

movimentar o cenário agora.

Porque 2026,

assim, ainda tem 2024 antes,

tem disputa da Prefeitura. Sim, tá muito longe.

Assim, eu não acho que isso seja pra valer.

Isso é pra, neste momento de agora,

servir ao interesse do Bolsonaro.

O Zé gosta de contar a história

do marshmallow, que eu vou pedir pra ele contar.

É que a gente deve experimentar o marshmallow

logo, né, Zé? Ele quer dizer que a gente deve

comemorar. Eu acho também que devemos

comemorar essa inelegibilidade.

Mas é muito pouco

diante do que foi feito ao longo

dos últimos quatro anos, dos crimes

que foram cometidos.

E isso é o que as instituições brasileiras foram capazes

de fazer até agora. É muito

insuficiente. Esperamos...

Mas eu acho que é um processo, Fernando.

Primeiro você ganha eleição,

depois você evita o golpe

de Estado, incoluiu

com os militares.

A gente ganhou todas as batalhas até agora.

Se a gente tivesse perdido alguma delas no meio do caminho,

eu estaria preocupado. Mas como a gente ganhou

todas, o prognóstico

é positivo, na minha opinião. Tá certo.

Eu sou um pouco cética sobre o tipo de

punição que o Bolsonaro vai receber do sistema

judicial, assim. Seja na

justiça comum, seja na eleitoral.

Eu acho que vai ser uma negociação

de meio termo e, essencialmente,

política. E muito pouco jurídico.

Eu acompanho você, Thaís.

Todo julgamento em tribunal superior é um

julgamento político. Ele já está

sendo julgado e ele mesmo está dizendo

politicamente e é político. Claro que é político.

Tem base na lei. Claro que tem

base na lei. Mas a política

sempre influencia. Como influenciou

desde sempre. Mas, enfim,

o meu ponto é, não há nenhum

indicativo de recuperação

do Bolsonaro. Tudo vai se acumulando

contra ele. A investigação criminal

sobre o golpe está cada vez

mais forte, pegando gente cada vez

mais perto dele,

patentes mais altas. Pode ser

que não dê em nada? Pode. Claro, sempre pode

não dar em nada. Mas eu não

vejo sinais de que seja essa

tendência predominante.

Bom, você vai falar do Marshmello

antes que ele se converta

em leite condensado ou não?

A história do Marshmello que você me

mandou falar é o seguinte.

Um clássico da psicologia social

é um teste. Era usado como

um preditor do futuro

das crianças. Então, você põe

as crianças numa sala e diz pra

elas o seguinte. Você pode

comer esse Marshmello agora, mas se você

esperar 15 minutos até eu voltar

pra sala, eu te dou mais um Marshmello

e você pode comer dois. E daí você deixa

o Marshmello lá. A criança fica sozinha

olhando pro Marshmello. O outro sai da

sala e os cientistas

ficam lá contando os minutos

pra ver quanto tempo ela vai demorar pra comer

o Marshmello ou se bravamente

ela vai evitar. A maioria

das crianças come o Marshmello. E isso

diziam os cientistas, os

psicólogos sociais, que

era um preditor do que ia acontecer

na vida dela. Porque se você tem a capacidade

a força de espírito de

postergar a sua gratificação

isso te daria

uma vantagem na vida. Isso é uma coisa calvinista, né?

Porém, mas é...

tem uma certa correlação estatística, só que

eles ignoravam

a situação. A pessoa é ela

e sua circunstância, seu

ambiente. Obviamente, crianças

que já tiveram uma experiência negativa

na vida, em que elas deixaram de comer

o Marshmello e depois não comeram

nem aquele nem os outros dois,

elas daí comiam imediatamente. Não esperavam

nem fechar a porta pra sair comendo.

Porque é com base na sua experiência,

entendeu? Então, essa teoria ficou

meio superada. Mas eu sou da teoria

de que

no Brasil, pelo passado

de quem já tomaram

muito Marshmello da minha mão,

eu prefiro tomar o champanhe em toda oportunidade

que me aparece. É isso.

Dadas as circunstâncias brasileiras,

comam o seu Marshmello,

abram as suas champanhes. Com o detalhe

aqui, ouvintes, pra terminar, que o Toledo não

convidou eu e a Thaís pra essa champanhe

porque ele nem bebe.

Eu quero ver.

Tira a foto. Tá bom.

Gente, encerramos assim o primeiro bloco

do programa. Depois do intervalo, a gente vai

falar das encrencas de Arthur Lira.

A gente já volta.

Na última edição da Piauí,

os obstáculos para a reconstrução da nossa

política ambiental estão na

reportagem de Bernardo Esteves.

O que mais me chocou na pesquisa pra essa

matéria foi, por um lado,

enxergar com nitidez

o desleixo e o despreparo

da gestão anterior com as questões

da política ambiental,

mas também e sobretudo,

uma determinação deliberada

de frear o combate ao desmatamento

que era uma missão constitucional

do governo. Então, pra isso, precisa

ter um esforço

nosso aqui enquanto estamos

nesse momento de tranquilidade no aspecto

de cobertura de imprensa, porque só fala de

covid, e passando

a boiada. Foram cerca de

dois meses de apuração

nos principais órgãos ambientais

do país. E eu vi

aproximadamente 30 pessoas,

incluindo a ministra Marina Silva,

praticamente todo o primeiro escalão do

Ministério do Meio Ambiente, além de funcionários

do IBAMA, do ICMBio,

do Serviço Florestal

e representantes da sociedade civil.

Se você está assistindo ao papel, no computador ou no celular,

assinante Piauí lê essas

e outras reportagens exclusivas.

Saiba mais em revistapiaui.com.br.

Muito bem, Thais Bilenk.

Eu tentei fazer um resumo canhestro

deste embrólio em que se meteu

o Arthur Lira, desse caso de corrupção

evidente, e talvez você possa

então começar pelas

implicações políticas ou pelo que

você anda ouvindo aí, de pessoas

ligadas ao nobre deputado.

Obviamente, não precisaria

nem dizer, Fernando, que é um

péssimo momento pro Lira, ele está aquadíssimo

e um sinal disso é que

ele anda muito obediente até

aos assessores dele, coisa que foge

ao padrão absolutamente.

E o pior, né? Espera-se que

venha mais coisa por aí, inclusive no entorno

do Lira, porque as revelações são

importantes, é parte de

uma investigação da Polícia Federal, e

nada indica que sejam achados

finais de uma investigação, ao

contrário, parece que está só começando.

No entorno do Lira, a versão

de que ele, de alguma forma, vê digitais

do governo federal, por quê?

Polícia Federal subordinada ao Ministério

da Justiça, Ministério da Justiça subordinada

ao Palácio do Planalto, ainda que ele

tenha algum tipo de

desconfiança sobre isso,

ele não tem muita carta na manga

pra retalhar o governo, ele

está, basicamente, com a pauta

de curto prazo bastante limitada,

porque o marco fiscal foi aprovado,

ainda falta o terceiro round

na Câmara dos Deputados pra ir à sanção,

a reforma tributária, que

é o que está na mesa no momento,

é uma pauta mais do Congresso Nacional

do que do governo. Por que que eu digo que

é uma pauta mais do Congresso que do governo?

Porque ela é anterior à posse do Lula,

ela vem lá de 5, 6 anos atrás,

e o relator, inclusive, que é o Agnaldo Ribeiro,

também já tinha sido relator

em outras legislaturas. O governo

tem interesses, o Haddad se envolve

nessa articulação, mas ele mantém

uma distância segura, porque tem uma

disputa muito grande entre setores

e lobbies que está rolando e que vai rolar

até a aprovação, se houver,

que convém ao governo não se miscuir

tanto, só voltando à

linha de raciocínio em relação

à articulação com o Congresso Nacional.

O governo também deu um passo atrás,

depois do susto que tomou

na aprovação da medida provisória da Esplanada,

o governo baixou a bola na

pauta legislativa, não pôs mais pressão

para aprovar outros projetos,

deixou recriar a FUNASA,

que é aquela fundação estatal

para tocar obra de saneamento em um pequeno município,

sem fazer grande alarde

sobre isso, para lotear

pelo Centrão, e outras pautas

do interesse do Centrão, o governo

deixou rolar porque

sentiu que era necessário fazer isso

para ter respiro. Agora, o Lira, para ter

poder, para ser insubstituível,

para ser indispensável, como ele se acostumou

a ser durante o governo Bolsonaro, ele precisa

ser um fiador da negociação do Palácio

com a Câmara. Agora, num momento

de fraqueza como o que ele vive agora,

regra número um em Brasília

é que ele é alvo de ataques especulativos

de todas as partes. Primeiro,

da própria Câmara dos Deputados, já

de deputados pensando na sucessão

dele, na formação de outros blocos e

outros grupos para disputar força com o próprio

Lira, e do próprio governo

que tem feito aí sim um esforço

grande de diminuir a

dependência do Palácio do Planalto ao

poder de fogo do Lira na negociação com a

Câmara. Como que o governo faz isso? O que

que o governo tem feito silenciosamente?

Tem construído e fortalecido

pontes, canais diretos

com líderes das bancadas

e, em especial, os

Lira Boys. O governo tem escolhido

deputados que são muito

ligados ao Arthur Lira

para estabelecer canais diretos.

Cito alguns. Antônio Brito, PSD

da Bahia. O governo tem se esforçado

na comunicação com ele. Hugo Mota,

Republicanos Paraíba. O Hugo Mota é

super Lira Boy. Outros grupos, por exemplo,

o PL do Nordeste. O PL

partido do Bolsonaro do Nordeste, que tem uma

tendência a se aproximar do governo

por uma questão de emenda, recurso, cargo, etc.

O governo tem feito também

um esforço de aproximação.

E até com o Elmar Nascimento, né, que a gente já falou,

que é o líder do União Brasil,

braço direito do Lira, que foi ao

Palácio ter reunião com o Lula fora da agenda.

E, assim, o governo, obviamente,

tem toda a cautela do mundo, mas

negocia direto com o Elmar. Então, o Lira,

nessas semanas agora, ele tem

tido pouco instrumento

para agir diante dessa

artilharia que ele está sendo alvo. E aí, ele

tenta manter uma fritura em fogo baixo

do Alexandre Padilha, ministro que cuida

das articulações na Câmara,

para tentar valorizar o próprio passe. Então, de vez em quando

saem matérias sobre isso,

sobre as reclamações do Centrão,

do Alexandre Padilha e tal. Agora,

essa é a situação do Lira agora, que é uma situação

frágil e delicada, mas

o governo também tem muito claro

que tem uma votação só

que pode ser uma

bela dor de cabeça para o Palácio do Planalto,

que é a votação da LDO,

Lei de Diretrizes Orçamentárias,

que o governo manda

para o Congresso e o Congresso precisa aprovar,

em que a previsão do salário mínimo

do ano seguinte, ou seja, de 2024,

a previsão de déficit público,

quais são os valores totais de despesa,

como e quanto o governo

quer gastar com o orçamento público.

É uma aprovação de uma lei muito fundamental

e, nesse projeto que o governo

mandou, ainda em abril,

havia a aprovação do

marco fiscal como condição

para aprovação da própria LDO.

Então, o Lira tem aí um bom

nicho para atuar, aí vai ter

algo com o qual o governo vai ter total

interesse de aprovar

e aprovar da forma que propôs

e aí não é à toa

que o Arthur Lira escolheu o relator

Tenilo Forte, que é um deputado do Ceará,

do União Brasil, uma experientíssima

figura do Centrão

e então o governo está muito atento

à tramitação da LDO, mas que

é um momento de total fragilidade

para o Arthur Lira, politicamente, é.

Bom, o Arthur Lira, de qualquer forma,

eleito com 464

votos, votação recorde

há poucos meses, creio eu,

ainda tem lenha para queimar, embora esteja

fragilizado, porque é um escândalo de corrupção

desses de almanac, que vai para os livros escolares.

É, mas ele já queimou parte

dessa lenha e esses votos são resultado

do que ele entregou no passado no orçamento secreto.

Sim. Ele precisa continuar entregando,

porque ali não tem bobo.

Bom, vou passar para o Zé antes de dar o meu

eventual pitaco sobre este

caso. José Roberto de Toledo,

seu amigo Arthur Lira.

O governo está aprendendo

com o submersível

Titã.

Que mostrou de modo, digamos,

cabal e definitivo

que não é porque é caro

que é bom e confiável, né?

E o Arthur

Lira, ele custa caro

e não é bom nem confiável, é mais

ou menos como o Titã. Se ele vai ter

o mesmo destino do submersível,

ainda não sabemos.

Mas o mergulho não

começou muito bem. Porque

as reportagens do Breno Peters e da Folha

de São Paulo, elas, não sei se

prestaram atenção, mas ela é

escandalosa não é tanto pelos valores,

mas é pela metodologia.

Então, assim, tem lá

um cara que é um Arthur com H

tá sem sobrenome,

são anotações do

Luciano Cavalcante, que é

investigado pela polícia, que é assim,

o cara vai no restaurante

e o Luciano paga.

O cara vai no hotel e o Luciano

paga. O cara vai viajar e o Luciano

paga. Quer dizer, é como se fosse uma

espécie de... Vai consertar uma coisa na fazenda

o cara paga também. É, o padrinho,

né, vai lá e paga.

Então, não é verdade que é outro

CPF, é o mesmo, né?

Para efeito de pagamentos, é um CPF só.

Então, é um escândalo que

a impressão que me dá

pelo fluxo de informações

que não vai parar

onde está, vai piorar.

E o governo, embora

não esteja triste com esse mergulho

às profundezas do Arthur Lira,

também tem que ficar um pouco ressabiado

porque a gente viu

o que aconteceu com um

predecessor do Arthur Lira, que

aceitou o impedido de impeachment contra

a Dilma, mesmo que isso custasse

o seu próprio mandato.

Sobre a violência política. Pois é, foi parar na

cadeia, mas enfim, que foi o Cunha, né?

As circunstâncias são muito

diferentes, as circunstâncias do

Cunha e do Arthur Lira.

A Dilma tinha 7%,

um dígito de ótimo e bom.

O Lula tem 37, segundo

o IPEC, Data Folha,

todos os institutos. Quer dizer, tem

uma diferença muito grande.

E os sinais da economia, por enquanto,

estão ajudando o governo.

A confiança do consumidor cresceu,

em geral, ela é uma proxy, ou seja,

uma aproximação da popularidade.

Então, se cresce a confiança do consumidor,

é esperado que

cresça também a popularidade do governante.

Então, é um cenário muito diferente.

Hoje não haveria condições políticas, por exemplo,

por o Lira aceitar um pedido de cassação

do Lula, né? É muito diferente sobre esse

aspecto, mas ele tem munição

pra gastar contra o governo se vier nesse

ponto. Agora, eu faço aqui um acompanhamento

diário das execuções

de emendas parlamentares, com a

ajuda do Luiz Fernando Toledo, lá pro UOL.

O que eu notei aqui é uma

coisa interessante. Tem três coisas

que a gente precisa acompanhar. Uma

são os restos a pagar do

orçamento secreto que o Bolsonaro

deixou de herança maldita pro Lula.

Ele não pagou no governo dele, que deveria

ter pago, são emendas de outros anos

e que sobraram pro Lula pagar.

Então, dos restos a pagar do orçamento

secreto, até agora,

o Lula já pagou uns 6 bilhões,

mais ou menos, de reais, aí valores

aproximados, sendo que

1 bilhão e 100 milhões...


#259: O espocar dos votos no TSE - Part 1 #259: Das Stimmengewirr bei der TSE - Teil 1 #259: The splattering of votes at the TSE - Part 1 #第259回:東証の開票結果(前編 #259: Spridningen av röster på TSE - Del 1

em Manaus. Rádio Piauí.

Olá, sejam muito bem-vindos ao

foro de Teresina, o podcast de

política da revista Piauí. No

mérito, julgo parcialmente

procedente o pedido para

condenar o primeiro investigado

Jair Messias Bolsonaro,

declaro sua inelegibilidade por

oito anos. Eu, Fernando de

Moura, tenho o prazer de

conversar com o meu amigo José

Roberto de Toledo, aqui pertinho.

Opa Toledo. Opa Fernando, opa

Thaís. Qual a diferença

presidencial Alagoas pra

Pernambuco? Alagoas sessenta e

sete, Pernambuco treze por

cento do total dos recursos

liberados para kit de robótica.

E com a minha amiga Thaís

Bilenk também em São Paulo.

Salve, salve Thaís. Salve, salve

Fernando, salve, salve Toledo,

nem tão perto, nem tão longe,

como no filme, tão perto, tão

longe? Tão longe, tão perto.

Tão longe, tão perto. Sempre

perto Thaís, sempre perto.

Nós apresentamos um texto

conceitual importante, né? Que

consolida de fato um novo

sistema tributário no Brasil,

que é tão complexo e obscuro

porque as pessoas não sabem

quanto pagam de imposto no

nosso país. Bom, todos

pertinho, vamos sem mais

delongas aos assuntos da

semana. Abrimos o programa com

Jair Bolsonaro. O Tribunal

Superior Eleitoral interrompeu

ontem o julgamento quando o

placar apontava três votos a

um a favor da inelegibilidade.

Quando você estiver nos

escutando, é provável que

Bolsonaro já esteja inelegível

até dois mil e trinta. A única

chance disso não se consumar

nesta sexta-feira é um

eventual pedido de vista do

ministro Nunes Marques, o

penúltimo a votar. Além dele,

Carmen Lúcia e Alexandre de

Moraes devem selar o destino

político de Bolsonaro. Vamos

discutir a votação e os efeitos

políticos deste resultado. No

segundo bloco, o assunto é

Arthur Lira. O presidente da

Câmara está em má situação

desde que vieram a público

documentos apreendidos pela

Polícia Federal há um mês em

Alagoas, nas casas de dois de

seus auxiliares. Esses

documentos fazem parte da

investigação da PF sobre o

desvio de dinheiro do Fundo

Nacional de Desenvolvimento

da Educação. Dinheiro que

deveria ser usado na compra de

material escolar, os chamados

kits de robótica por prefeituras

de Alagoas. Os kits foram

comprados pelas escolas

municipais de uma empresa

alagoana por quatorze mil reais

a unidade, sendo que essa mesma

empresa, de pessoas ligadas a

Arthur Lira, tinha pago apenas

dois vírgula sete mil por cada

kit. A polícia tem evidências de

que a diferença estratosférica

entre a compra e a venda era

destinada a Luciano Cavalcante,

uma espécie de Mauro Cid, ou de

Fabrício Queiroz de Lira. O

parlamentar vinha dizendo que

nada tem a ver com o escândalo,

mas desde o último domingo

ficamos sabendo que Cavalcante

fez vários repasses de dinheiro

ao longo dos últimos meses a

um tal Arthur, conforme ele

anotou em seu caderno de

contabilidade. As revelações

desses documentos foram feitas

pelo repórter Breno Pires, da

Piauí, e pela Folha de São

Paulo. Lira está encrencado e

a gente discute quais podem ser

as consequências políticas deste

escândalo. Por último, falaremos

da reforma tributária. O deputado

Ignaldo Ribeiro, do PP da

Paraíba, apresentou o relatório

da proposta de amenda à

Constituição depois de quatro

meses de discussões. Arthur Lira

prometeu manter a votação para

a semana que vem e os lobbies

estão a todo vapor. Nós vamos

explicar o que está em jogo e

onde a coisa pode emperrar.

É isso? Vem com a gente!

Muito bem, José Roberto de Toledo,

vamos começar com você. Hoje,

quinta-feira, quando gravamos,

3x1. Então, devo dizer que eu

já coloquei o champanhe no gelo,

só falta mais dois votos ou três

para a gente expocar o vinho.

É motivo de comemoração, mesmo

que não seja a punição ideal,

ele está inelegível até a eleição

de 2028. Em 2030 ele já pode

participar, por uma peculiaridade

do calendário, por alguns dias

ele vai poder participar, mas

a gente sabe que não vai parar

por aí. Esse é um de 15, 16

processos que ele tem na justiça

eleitoral e, oxalá, outros tantos

na justiça criminal. Se ele for

condenado na justiça criminal,

aí ele vira ficha suja e não

apenas deixa de ser elegível,

como perde os direitos políticos.

Então, esse é o primeiro motivo

para a gente comemorar, mesmo que

não tenhamos, nesta quinta-feira,

terminado o julgamento.

Segundo, o Bolsonaro perdeu

o controle sobre a própria

narrativa. O levantamento da

Arquimedes mostra que ele ficou

bastante tempo sem aparecer

nas redes sociais. Nesse tempo,

as menções negativas a ele

cresceram e se tornaram majoritárias.

Nas vésperas do julgamento, ele

tentou retomar essa narrativa,

até fez o impensável, deu entrevista

para a Folha de São Paulo, para a

nossa colega e amiga Mônica Bergamo,

e para rádios, etc., para ver justamente

se conseguia reaparecer melhor na

fita. Segundo o levantamento, o

Arquimedes não conseguiu, o efeito

foi pífio e, portanto, o Bolsonaro

continua deficitário, justamente

naquela área que ele sempre, nos

últimos cinco anos, reinou absoluto,

que é o mundo digital. Então, ele está

sem capacidade de articulação alguma.

Basta ver como o PL, partido dele,

racha em votações de interesse

do governo Lula, está cada um chutando

para um lado, atirando para um lado,

defendendo o seu. Esse é o cenário

em que ele vai ter que enfrentar,

é a garoa que ele vai ter que sofrer

pelos próximos oito anos, se é que

não vai piorar com uma condenação

criminal. Queria, antes de passar a bola

para a Thaís, lembrar outra catástrofe

herdada pelo governo Lula, do

Bolsonaro, que foi o censo demográfico

de 2022, divulgado na quarta-feira,

que mostrou uma desaceleração

acentuada do crescimento

populacional brasileiro. Perdemos

10 milhões de habitantes em relação

ao que o próprio IBGE projetava

antes de terminar o censo, em vez de

213 milhões, somos 203 milhões de

brasileiros, com grandes diferenças

regionais de taxa de crescimento,

o Norte crescendo e o Centro-Oeste

principalmente crescendo mais, o Nordeste

crescendo bem mais lentamente, mudando

inclusive as proporções e os pesos

das regiões na economia e até na eleição.

O censo não saiu como se gostaria

que ele tivesse saído, demorou meses

para ser feito, outros tantos meses

para ser processado, por culpa

exclusivamente do senhor Paulo Guedes

e do senhor Jair Bolsonaro. Toda vez

que um liberal aloprado assume a

presidência da República e não inserte

a fazenda da economia, a gente perde o

ano do censo. Todos os países fazem

censo em ano terminado em zero.

O Brasil também era assim, 60, 70, 80,

aí foi fazer em 90, deu o Collor,

adiou o censo, foi para 91. Agora vem

Bolsonaro, em vez de fazer em 2020,

foi feito em 2022. Vamos dizer que

era por causa da pandemia? Meia verdade.

Na verdade, faltou dinheiro, planejamento

e vontade. Eles não queriam mostrar uma

radiografia do Brasil catastrófico que

eles estavam deixando antes da eleição.

Cortaram de uma maneira criminosa o

orçamento do censo, sabotaram o quanto

puderam e o resultado desse que a gente

tem aí. O resultado vai ser questionado

na justiça, vai terminar nos tribunais

porque...

2.399 municípios brasileiros perderam

população de 2010 para 2022. Isso vai

impactar o fundo de participação dos

municípios deles, ou seja, vão receber

menos dinheiro no repasse de tributos e

vão questionar o resultado na justiça.

Comparando, por exemplo, dados do

comparecimento ao primeiro turno da

eleição de 2022 com dados do censo, no

estado de São Paulo tem pelo menos um

município que teve mais eleitor do que

morador, que é Águas de São Pedro.

É um município muito peculiar, muito

pequeno, fica inteiro dentro de

Piracicaba, mas isso vai servir de

desculpa para os bolsonaristas de novo

voltarem a atacar o resultado da eleição.

Mas enfim, é só mais uma memória que a

gente não deve nunca esquecer do

malefício que o Bolsonaro fez e, portanto,

a condenação dele não só é justa como é

necessária para evitar que o mal igual,

que é difícil, volte a nos acometer.

Eu diria necessária e insuficiente ainda.

Thaís Bilencki, vamos passar para você

e vamos especular um pouco, por favor.

Não, sempre especulando, especulando

muito, mas sempre pensando...

Apurando e especulando.

Não, e o que o especulol diz sobre o

momento, assim, mais do que só a mera

especulação, interpretar os interesses

de quem especula. Mas eu queria fazer

antes, nesta etapa do nosso programa,

uma outra etapa sobre uma coincidência

histórica do momento que vive Bolsonaro

agora com o momento que viveu Lula em

abril de 2018. Ele estava às vésperas de

ser preso pela Lava Jato, destino dele

estava já selado como o de Bolsonaro e

aí ele resolveu tirar uns dias para ir

para Maresias, no litoral norte paulista,

com a Janja, com quem ele já estava,

embora não se soubesse publicamente disso,

na casa da Gabriela Araújo, que é uma

advogada do Prerrogativas e casada com

Emílio de Souza, que é um deputado estadual

do PT, amigo dele de longa data. E aí

eu conto essa história no perfil da Janja

que eu publiquei na PAOI um tempo atrás.

E o Bolsonaro, da mesma forma, acabou

de voltar de Maresias, na mesma cidade

litorânea paulista, para onde ele foi

na casa do Fábio Weingarten, que foi

secretário de comunicação dele no governo

e tem sido um porta-voz, estrategista,

assessor de tudo quanto é coisa. E voltou

de lá também, recentemente, esteve agora

em junho, para se reenergizar.

Ele foi para a casa do Weingarten

domingo passado, depois do jogo do Palmeiras,

quando o Palmeiras perdeu do Botafogo.

Isso aí vocês deixem, viu, Evelyn?

É importante falar que o Botafogo

ganhou do Palmeiras. É raro isso.

Mas é o seguinte, o clima do Bolsonaro,

o humor dele, segundo me falaram,

as pessoas que estão convivendo bastante,

não é legal, ele está baqueado,

ele não superou. Embora ele tenha

feito essa rodada toda aí de entrevistas,

coisas que ele tinha parado de fazer,

até voltou a postar, mas a página não

foi virada definitivamente. A expectativa

para quem está junto dele é que

agora seja só o começo de uma,

como eles dizem, lavada judicial,

que vai ladeira abaixo.

Agora, fato é, vamos reconhecer,

que ele conseguiu virar o voto do Raul Araújo.

Ele fez pressão nominalmente,

numa entrevista, pelo menos nesta que eu acompanhei,

para uma rádio no Rio Grande do Sul,

falando, ministro, vamos lá.

E o ministro Raul Araújo foi o único

que até agora votou pela absolvição

do Bolsonaro e votou contra a inclusão

da minuta do golpe.

Só lembrando que esse é o mesmo ministro

que proibiu a Pabllo Vittar

de se manifestar

politicamente durante o

Festival Musical Lollapalooza.

Esse mesmo. Agora,

tudo dava conta. Quando eu

conversava com gente do TSE,

a expectativa era que se alguém

fosse fazer algo, era o Cássio Nunes Marques,

só que ele é o sexto do sete a votar.

E o Bolsonaro falou isso

em mais de uma entrevista, que daí

seria tarde demais. Ele pressionou

diretamente o Raul Araújo e funcionou.

Algum tipo de influência ele conseguiu

exercer. Mas, isso dito,

bora para a segunda parte do que a gente

tem para dizer. O especulal

dessa semana, a ideia

que foi lançada aí é de uma chapa

para 2026, encabeçada pela

Tereza Cristina, atualmente senadora,

que foi ministra da Agricultura do Bolsonaro,

com a Michelle Bolsonaro na vice.

A Tereza Cristina é do PP do Ciro Nogueira

pelo Mato Grosso do Sul. O Fabio

Weingarten está falando em ONG publicamente

sobre essa chapa que ele

considera espetacular, porque

segundo ele, a Tereza Cristina

agrega o apoio do Centrão,

do Agro, das Mulheres, e ela é

boa de papo com os grandes aos pequenos,

produtores, empresários, etc e tal.

E a Michelle tem a simplicidade

da Ceilândia, mas a temência

a Deus fervorosa e não traz

a rejeição do Bolsonaro com seus rompantes

nas palavras dele e em tempestividades.

O fato de estarem falando

publicamente sobre

uma chapa como essa, e segundo

o Fabio Weingarten

sem resistência nem oposição

do Bolsonaro, mostra que

eles estão tentando de alguma forma

manter o sobrenome e a

influência total do Bolsonaro que ele teria

sobre uma chapa como essa. Porque a coisa pode

acabar escapando mais das mãos

dele e pelos dedos, porque

por exemplo, tem um particípio de

freitas, governador de São Paulo,

tem se fortalecido e ganhado

musculatura sem contar

diretamente ou exclusivamente

com o Bolsonaro. Agora, segundo eu

apurei, o Kassab, que é secretário

de governo do Tarcísio e um

dos seus principais conselheiros políticos

e articuladores, mantém a

avaliação de que o ideal pro Tarcísio é se

lançar reeleição em 26

pra ir pra presidência eventualmente

só em 2030. Pro Bolsonaro não convém

ter ninguém forte demais que tire

qualquer influência do nome que ele vier

apoiar, já que o candidato ele não vai

ser ao que tudo indica. Então tem

essa especulação que é isso, pra gente ler o que está acontecendo

no momento é, Bolsonaro

tentando de todo jeito fazer

com que o nome dele e

o apoio dele, a influência dele, não

se esvaia junto com os

direitos políticos que ele deve perder

essa semana no TSE.

Essa chapa aí que eles estão

tentando emplacar. Tem um

pequeno problema. O dono

do PL, que é o partido

ao qual o Bolsonaro e a

Michelle estão filiados, é o

Valdemar da Costa Neto. Por que motivos

o Valdemar abriria a mão da

cabeça da chapa, sendo o maior partido

na Câmara, com o maior número de deputados

e com o maior fundo eleitoral,

pra lançar uma candidata absolutamente

inexpressiva como a Tereza Cristina

de outro partido na cabeça de chapa?

Não fecha a conta. Eu entendo

o movimento deles, que é um movimento

meio desesperado de tentar

se manter em evidência e dizer que

eles têm alguma influência no jogo político, mas

não faz sentido político porque

não interessa ao Valdemar essa chapa, por exemplo.

Não, pode interessar se ela

se tornar viável, como ele é um

pragmático. Não, sim, mas

pra se tornar viável a Tereza Cristina tem que estar liderando

a pesquisa. Certo. Ela não lidera

a pesquisa nem no Mato Grosso. É que eu leio

essas coisas como algo pra

movimentar o cenário agora.

Porque 2026,

assim, ainda tem 2024 antes,

tem disputa da Prefeitura. Sim, tá muito longe.

Assim, eu não acho que isso seja pra valer.

Isso é pra, neste momento de agora,

servir ao interesse do Bolsonaro.

O Zé gosta de contar a história

do marshmallow, que eu vou pedir pra ele contar.

É que a gente deve experimentar o marshmallow

logo, né, Zé? Ele quer dizer que a gente deve

comemorar. Eu acho também que devemos

comemorar essa inelegibilidade.

Mas é muito pouco

diante do que foi feito ao longo

dos últimos quatro anos, dos crimes

que foram cometidos.

E isso é o que as instituições brasileiras foram capazes

de fazer até agora. É muito

insuficiente. Esperamos...

Mas eu acho que é um processo, Fernando.

Primeiro você ganha eleição,

depois você evita o golpe

de Estado, incoluiu

com os militares.

A gente ganhou todas as batalhas até agora.

Se a gente tivesse perdido alguma delas no meio do caminho,

eu estaria preocupado. Mas como a gente ganhou

todas, o prognóstico

é positivo, na minha opinião. Tá certo.

Eu sou um pouco cética sobre o tipo de

punição que o Bolsonaro vai receber do sistema

judicial, assim. Seja na

justiça comum, seja na eleitoral.

Eu acho que vai ser uma negociação

de meio termo e, essencialmente,

política. E muito pouco jurídico.

Eu acompanho você, Thaís.

Todo julgamento em tribunal superior é um

julgamento político. Ele já está

sendo julgado e ele mesmo está dizendo

politicamente e é político. Claro que é político.

Tem base na lei. Claro que tem

base na lei. Mas a política

sempre influencia. Como influenciou

desde sempre. Mas, enfim,

o meu ponto é, não há nenhum

indicativo de recuperação

do Bolsonaro. Tudo vai se acumulando

contra ele. A investigação criminal

sobre o golpe está cada vez

mais forte, pegando gente cada vez

mais perto dele,

patentes mais altas. Pode ser

que não dê em nada? Pode. Claro, sempre pode

não dar em nada. Mas eu não

vejo sinais de que seja essa

tendência predominante.

Bom, você vai falar do Marshmello

antes que ele se converta

em leite condensado ou não?

A história do Marshmello que você me

mandou falar é o seguinte.

Um clássico da psicologia social

é um teste. Era usado como

um preditor do futuro

das crianças. Então, você põe

as crianças numa sala e diz pra

elas o seguinte. Você pode

comer esse Marshmello agora, mas se você

esperar 15 minutos até eu voltar

pra sala, eu te dou mais um Marshmello

e você pode comer dois. E daí você deixa

o Marshmello lá. A criança fica sozinha

olhando pro Marshmello. O outro sai da

sala e os cientistas

ficam lá contando os minutos

pra ver quanto tempo ela vai demorar pra comer

o Marshmello ou se bravamente

ela vai evitar. A maioria

das crianças come o Marshmello. E isso

diziam os cientistas, os

psicólogos sociais, que

era um preditor do que ia acontecer

na vida dela. Porque se você tem a capacidade

a força de espírito de

postergar a sua gratificação

isso te daria

uma vantagem na vida. Isso é uma coisa calvinista, né?

Porém, mas é...

tem uma certa correlação estatística, só que

eles ignoravam

a situação. A pessoa é ela

e sua circunstância, seu

ambiente. Obviamente, crianças

que já tiveram uma experiência negativa

na vida, em que elas deixaram de comer

o Marshmello e depois não comeram

nem aquele nem os outros dois,

elas daí comiam imediatamente. Não esperavam

nem fechar a porta pra sair comendo.

Porque é com base na sua experiência,

entendeu? Então, essa teoria ficou

meio superada. Mas eu sou da teoria

de que

no Brasil, pelo passado

de quem já tomaram

muito Marshmello da minha mão,

eu prefiro tomar o champanhe em toda oportunidade

que me aparece. É isso.

Dadas as circunstâncias brasileiras,

comam o seu Marshmello,

abram as suas champanhes. Com o detalhe

aqui, ouvintes, pra terminar, que o Toledo não

convidou eu e a Thaís pra essa champanhe

porque ele nem bebe.

Eu quero ver.

Tira a foto. Tá bom.

Gente, encerramos assim o primeiro bloco

do programa. Depois do intervalo, a gente vai

falar das encrencas de Arthur Lira.

A gente já volta.

Na última edição da Piauí,

os obstáculos para a reconstrução da nossa

política ambiental estão na

reportagem de Bernardo Esteves.

O que mais me chocou na pesquisa pra essa

matéria foi, por um lado,

enxergar com nitidez

o desleixo e o despreparo

da gestão anterior com as questões

da política ambiental,

mas também e sobretudo,

uma determinação deliberada

de frear o combate ao desmatamento

que era uma missão constitucional

do governo. Então, pra isso, precisa

ter um esforço

nosso aqui enquanto estamos

nesse momento de tranquilidade no aspecto

de cobertura de imprensa, porque só fala de

covid, e passando

a boiada. Foram cerca de

dois meses de apuração

nos principais órgãos ambientais

do país. E eu vi

aproximadamente 30 pessoas,

incluindo a ministra Marina Silva,

praticamente todo o primeiro escalão do

Ministério do Meio Ambiente, além de funcionários

do IBAMA, do ICMBio,

do Serviço Florestal

e representantes da sociedade civil.

Se você está assistindo ao papel, no computador ou no celular,

assinante Piauí lê essas

e outras reportagens exclusivas.

Saiba mais em revistapiaui.com.br.

Muito bem, Thais Bilenk.

Eu tentei fazer um resumo canhestro

deste embrólio em que se meteu

o Arthur Lira, desse caso de corrupção

evidente, e talvez você possa

então começar pelas

implicações políticas ou pelo que

você anda ouvindo aí, de pessoas

ligadas ao nobre deputado.

Obviamente, não precisaria

nem dizer, Fernando, que é um

péssimo momento pro Lira, ele está aquadíssimo

e um sinal disso é que

ele anda muito obediente até

aos assessores dele, coisa que foge

ao padrão absolutamente.

E o pior, né? Espera-se que

venha mais coisa por aí, inclusive no entorno

do Lira, porque as revelações são

importantes, é parte de

uma investigação da Polícia Federal, e

nada indica que sejam achados

finais de uma investigação, ao

contrário, parece que está só começando.

No entorno do Lira, a versão

de que ele, de alguma forma, vê digitais

do governo federal, por quê?

Polícia Federal subordinada ao Ministério

da Justiça, Ministério da Justiça subordinada

ao Palácio do Planalto, ainda que ele

tenha algum tipo de

desconfiança sobre isso,

ele não tem muita carta na manga

pra retalhar o governo, ele

está, basicamente, com a pauta

de curto prazo bastante limitada,

porque o marco fiscal foi aprovado,

ainda falta o terceiro round

na Câmara dos Deputados pra ir à sanção,

a reforma tributária, que

é o que está na mesa no momento,

é uma pauta mais do Congresso Nacional

do que do governo. Por que que eu digo que

é uma pauta mais do Congresso que do governo?

Porque ela é anterior à posse do Lula,

ela vem lá de 5, 6 anos atrás,

e o relator, inclusive, que é o Agnaldo Ribeiro,

também já tinha sido relator

em outras legislaturas. O governo

tem interesses, o Haddad se envolve

nessa articulação, mas ele mantém

uma distância segura, porque tem uma

disputa muito grande entre setores

e lobbies que está rolando e que vai rolar

até a aprovação, se houver,

que convém ao governo não se miscuir

tanto, só voltando à

linha de raciocínio em relação

à articulação com o Congresso Nacional.

O governo também deu um passo atrás,

depois do susto que tomou

na aprovação da medida provisória da Esplanada,

o governo baixou a bola na

pauta legislativa, não pôs mais pressão

para aprovar outros projetos,

deixou recriar a FUNASA,

que é aquela fundação estatal

para tocar obra de saneamento em um pequeno município,

sem fazer grande alarde

sobre isso, para lotear

pelo Centrão, e outras pautas

do interesse do Centrão, o governo

deixou rolar porque

sentiu que era necessário fazer isso

para ter respiro. Agora, o Lira, para ter

poder, para ser insubstituível,

para ser indispensável, como ele se acostumou

a ser durante o governo Bolsonaro, ele precisa

ser um fiador da negociação do Palácio

com a Câmara. Agora, num momento

de fraqueza como o que ele vive agora,

regra número um em Brasília

é que ele é alvo de ataques especulativos

de todas as partes. Primeiro,

da própria Câmara dos Deputados, já

de deputados pensando na sucessão

dele, na formação de outros blocos e

outros grupos para disputar força com o próprio

Lira, e do próprio governo

que tem feito aí sim um esforço

grande de diminuir a

dependência do Palácio do Planalto ao

poder de fogo do Lira na negociação com a

Câmara. Como que o governo faz isso? O que

que o governo tem feito silenciosamente?

Tem construído e fortalecido

pontes, canais diretos

com líderes das bancadas

e, em especial, os

Lira Boys. O governo tem escolhido

deputados que são muito

ligados ao Arthur Lira

para estabelecer canais diretos.

Cito alguns. Antônio Brito, PSD

da Bahia. O governo tem se esforçado

na comunicação com ele. Hugo Mota,

Republicanos Paraíba. O Hugo Mota é

super Lira Boy. Outros grupos, por exemplo,

o PL do Nordeste. O PL

partido do Bolsonaro do Nordeste, que tem uma

tendência a se aproximar do governo

por uma questão de emenda, recurso, cargo, etc.

O governo tem feito também

um esforço de aproximação.

E até com o Elmar Nascimento, né, que a gente já falou,

que é o líder do União Brasil,

braço direito do Lira, que foi ao

Palácio ter reunião com o Lula fora da agenda.

E, assim, o governo, obviamente,

tem toda a cautela do mundo, mas

negocia direto com o Elmar. Então, o Lira,

nessas semanas agora, ele tem

tido pouco instrumento

para agir diante dessa

artilharia que ele está sendo alvo. E aí, ele

tenta manter uma fritura em fogo baixo

do Alexandre Padilha, ministro que cuida

das articulações na Câmara,

para tentar valorizar o próprio passe. Então, de vez em quando

saem matérias sobre isso,

sobre as reclamações do Centrão,

do Alexandre Padilha e tal. Agora,

essa é a situação do Lira agora, que é uma situação

frágil e delicada, mas

o governo também tem muito claro

que tem uma votação só

que pode ser uma

bela dor de cabeça para o Palácio do Planalto,

que é a votação da LDO,

Lei de Diretrizes Orçamentárias,

que o governo manda

para o Congresso e o Congresso precisa aprovar,

em que a previsão do salário mínimo

do ano seguinte, ou seja, de 2024,

a previsão de déficit público,

quais são os valores totais de despesa,

como e quanto o governo

quer gastar com o orçamento público.

É uma aprovação de uma lei muito fundamental

e, nesse projeto que o governo

mandou, ainda em abril,

havia a aprovação do

marco fiscal como condição

para aprovação da própria LDO.

Então, o Lira tem aí um bom

nicho para atuar, aí vai ter

algo com o qual o governo vai ter total

interesse de aprovar

e aprovar da forma que propôs

e aí não é à toa

que o Arthur Lira escolheu o relator

Tenilo Forte, que é um deputado do Ceará,

do União Brasil, uma experientíssima

figura do Centrão

e então o governo está muito atento

à tramitação da LDO, mas que

é um momento de total fragilidade

para o Arthur Lira, politicamente, é.

Bom, o Arthur Lira, de qualquer forma,

eleito com 464

votos, votação recorde

há poucos meses, creio eu,

ainda tem lenha para queimar, embora esteja

fragilizado, porque é um escândalo de corrupção

desses de almanac, que vai para os livros escolares.

É, mas ele já queimou parte

dessa lenha e esses votos são resultado

do que ele entregou no passado no orçamento secreto.

Sim. Ele precisa continuar entregando,

porque ali não tem bobo.

Bom, vou passar para o Zé antes de dar o meu

eventual pitaco sobre este

caso. José Roberto de Toledo,

seu amigo Arthur Lira.

O governo está aprendendo

com o submersível

Titã.

Que mostrou de modo, digamos,

cabal e definitivo

que não é porque é caro

que é bom e confiável, né?

E o Arthur

Lira, ele custa caro

e não é bom nem confiável, é mais

ou menos como o Titã. Se ele vai ter

o mesmo destino do submersível,

ainda não sabemos.

Mas o mergulho não

começou muito bem. Porque

as reportagens do Breno Peters e da Folha

de São Paulo, elas, não sei se

prestaram atenção, mas ela é

escandalosa não é tanto pelos valores,

mas é pela metodologia.

Então, assim, tem lá

um cara que é um Arthur com H

tá sem sobrenome,

são anotações do

Luciano Cavalcante, que é

investigado pela polícia, que é assim,

o cara vai no restaurante

e o Luciano paga.

O cara vai no hotel e o Luciano

paga. O cara vai viajar e o Luciano

paga. Quer dizer, é como se fosse uma

espécie de... Vai consertar uma coisa na fazenda

o cara paga também. É, o padrinho,

né, vai lá e paga.

Então, não é verdade que é outro

CPF, é o mesmo, né?

Para efeito de pagamentos, é um CPF só.

Então, é um escândalo que

a impressão que me dá

pelo fluxo de informações

que não vai parar

onde está, vai piorar.

E o governo, embora

não esteja triste com esse mergulho

às profundezas do Arthur Lira,

também tem que ficar um pouco ressabiado

porque a gente viu

o que aconteceu com um

predecessor do Arthur Lira, que

aceitou o impedido de impeachment contra

a Dilma, mesmo que isso custasse

o seu próprio mandato.

Sobre a violência política. Pois é, foi parar na

cadeia, mas enfim, que foi o Cunha, né?

As circunstâncias são muito

diferentes, as circunstâncias do

Cunha e do Arthur Lira.

A Dilma tinha 7%,

um dígito de ótimo e bom.

O Lula tem 37, segundo

o IPEC, Data Folha,

todos os institutos. Quer dizer, tem

uma diferença muito grande.

E os sinais da economia, por enquanto,

estão ajudando o governo.

A confiança do consumidor cresceu,

em geral, ela é uma proxy, ou seja,

uma aproximação da popularidade.

Então, se cresce a confiança do consumidor,

é esperado que

cresça também a popularidade do governante.

Então, é um cenário muito diferente.

Hoje não haveria condições políticas, por exemplo,

por o Lira aceitar um pedido de cassação

do Lula, né? É muito diferente sobre esse

aspecto, mas ele tem munição

pra gastar contra o governo se vier nesse

ponto. Agora, eu faço aqui um acompanhamento

diário das execuções

de emendas parlamentares, com a

ajuda do Luiz Fernando Toledo, lá pro UOL.

O que eu notei aqui é uma

coisa interessante. Tem três coisas

que a gente precisa acompanhar. Uma

são os restos a pagar do

orçamento secreto que o Bolsonaro

deixou de herança maldita pro Lula.

Ele não pagou no governo dele, que deveria

ter pago, são emendas de outros anos

e que sobraram pro Lula pagar.

Então, dos restos a pagar do orçamento

secreto, até agora,

o Lula já pagou uns 6 bilhões,

mais ou menos, de reais, aí valores

aproximados, sendo que

1 bilhão e 100 milhões...