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Embrulha Pra Viagem, QUEIMA DE FAVELA | EMBRULHA PRA VIAGEM

QUEIMA DE FAVELA | EMBRULHA PRA VIAGEM

Essa história de caixa dois não vai dar nada pra nós!

E tem mais:

Hoje é sábado, dia de descanso. Ninguém trabalha. Vamos relaxar.

Vamos comemorar. Vem aqui pra casa, cara.

Tá todo mundo chegando. Puta data histórica.

Eu quero estar do lado dos meus amigos quando começar.

É. Não, que queima de fogos?

Queima de favela!

É, vão implodir aqui o Morro da Esperança.

Na frente do meu apartamento. A gente vai assitir de camarote.

Não, tá super seguro. Interditaram a favela inteira.

Ninguém entra, ninguém sai. Vão matar os bandidos no ninho!

É.

Tem sempre um ou dois inocentes que pagam o pato,

mas a região aqui vai ficar totalmente revitalizada.

-Você vem? Tá bom! -Não tem problema, eu explico.

-Abraço. -Vou explicar pra ele.

-O Lima não vem. -Como assim?

O motorista dele não foi trabalhar hoje.

Eu não acredito. Puta motorista vagabundo.

Pleno sábado e o cara não quer trabalhar?

O folgado mora no morro, não conseguiu sair, você acredita?

Mas que o cara tem na cabeça de inventar de morar na favela?

Tem coisa errada aí.

Vive no meio de bandido. Mas manda o Liminha vir dirigindo.

Eu falei, mas ele falou que não vem. Que tá um trânsito absurdo,

porque os motoristas de ônibus também tão lá na favela,

parece que não deixaram eles descerem.

Mas agora até motorista de ônibus tá inventando de subir na favela?

-É droga, hein. -Não, diz que eles moram lá.

Mas também, pediram. Foi se envolver com bandido.

Ninguém chega, a montagem já vai começar.

Amor, vamos comemorar a gente.

Pega uma taça lá que eu tenho um puta nojo de tomar no bico.

A louça tá toda suja.

-Por quê? -A Beth também não veio.

Ela tá lá em cima. Não conseguiu descer do morro.

A Beth mora na favela? -Eu também não sabia.

Fiquei sabendo hoje quando ela me mandou o recado.

Meu Deus.

Cinco anos trabalhando aqui em casa, sempre educada.

Eu nunca soube que ela morava na favela.

A gente dormindo com o inimigo.

Engraçado, cinco anos aqui ela nunca mexeu em nada!

Com certeza ela tava armando algum golpe.

Sequestro no mínimo. Mas agora acabou.

Essa região vai ficar limpa, amor.

É o fim da insegurança.

Oi, oi, mamãe.

Calma, respira e fala devagar. Onde a senhora está?

Que absurdo. Espera um pouquinho.

Mamãe tá presa no elevador

há um tempão chamando na portaria, ninguém atende.

Fala pra ela que eu já tô resolvendo.

-Vou ligar pro síndico. -Tá, mamãe. Já vai resolver.

Esses porteiros filhos da puta.

Quando a gente precisa, ninguém tá lá.

Oi André. Aqui é o Fernando, do décimo andar.

Olha, eu tô com minha sogra presa no elevador.

Ela tem síndrome do pânico.

Ela tá interfonando na portaria e ninguém atende.

Como assim não veio ninguém?

Onde esses bostas desses porteiros moram?

Entendi.

Tá, mas então é legal ligar pra empresa de manutenção.

Você já ligou? Ah, mas não...

Puta bando de favelado, hein?

Eu vou te contar, meu querido.

Depois eu ligo pra você. Vai começar a explosão.

Já te ligo.

Fernando, quando que a mamãe vai sair do elevador?

Assim que trocarem o quadro de funcionários.

Mas então...

Então vai chamar a Maria Júlia e o Luiz Henrique

que eu quero passar esse momento histórico

do lado dos meus filhos. Vai começar a contagem regressiva.

Espera aí que eles não estão no quarto. Deixa eu ligar pra ela.

Tô filmando, hein?

Alô.

Julinha? Oi, filha. Você tá com seu irmão?

Gente, onde vocês estão? Vai começar a explosão.

O papai quer ver com todo mundo aqui em casa.

Baile funk na comunidade?

Comunidade?

Quem vai? Mas também é...

Mas pediram, né? Mas pediram, hein?

A minha sogra, ela tem mal de Parkinson,

síndrome de Alzheimer e pânico.


QUEIMA DE FAVELA | EMBRULHA PRA VIAGEM

Essa história de caixa dois não vai dar nada pra nós!

E tem mais:

Hoje é sábado, dia de descanso. Ninguém trabalha. Vamos relaxar.

Vamos comemorar. Vem aqui pra casa, cara.

Tá todo mundo chegando. Puta data histórica.

Eu quero estar do lado dos meus amigos quando começar.

É. Não, que queima de fogos?

Queima de favela!

É, vão implodir aqui o Morro da Esperança.

Na frente do meu apartamento. A gente vai assitir de camarote.

Não, tá super seguro. Interditaram a favela inteira.

Ninguém entra, ninguém sai. Vão matar os bandidos no ninho!

É.

Tem sempre um ou dois inocentes que pagam o pato,

mas a região aqui vai ficar totalmente revitalizada.

-Você vem? Tá bom! -Não tem problema, eu explico.

-Abraço. -Vou explicar pra ele.

-O Lima não vem. -Como assim?

O motorista dele não foi trabalhar hoje.

Eu não acredito. Puta motorista vagabundo.

Pleno sábado e o cara não quer trabalhar?

O folgado mora no morro, não conseguiu sair, você acredita?

Mas que o cara tem na cabeça de inventar de morar na favela?

Tem coisa errada aí.

Vive no meio de bandido. Mas manda o Liminha vir dirigindo.

Eu falei, mas ele falou que não vem. Que tá um trânsito absurdo,

porque os motoristas de ônibus também tão lá na favela,

parece que não deixaram eles descerem.

Mas agora até motorista de ônibus tá inventando de subir na favela?

-É droga, hein. -Não, diz que eles moram lá.

Mas também, pediram. Foi se envolver com bandido.

Ninguém chega, a montagem já vai começar.

Amor, vamos comemorar a gente.

Pega uma taça lá que eu tenho um puta nojo de tomar no bico.

A louça tá toda suja.

-Por quê? -A Beth também não veio.

Ela tá lá em cima. Não conseguiu descer do morro.

A Beth mora na favela? -Eu também não sabia.

Fiquei sabendo hoje quando ela me mandou o recado.

Meu Deus.

Cinco anos trabalhando aqui em casa, sempre educada.

Eu nunca soube que ela morava na favela.

A gente dormindo com o inimigo.

Engraçado, cinco anos aqui ela nunca mexeu em nada!

Com certeza ela tava armando algum golpe.

Sequestro no mínimo. Mas agora acabou.

Essa região vai ficar limpa, amor.

É o fim da insegurança.

Oi, oi, mamãe.

Calma, respira e fala devagar. Onde a senhora está?

Que absurdo. Espera um pouquinho.

Mamãe tá presa no elevador

há um tempão chamando na portaria, ninguém atende.

Fala pra ela que eu já tô resolvendo.

-Vou ligar pro síndico. -Tá, mamãe. Já vai resolver.

Esses porteiros filhos da puta.

Quando a gente precisa, ninguém tá lá.

Oi André. Aqui é o Fernando, do décimo andar.

Olha, eu tô com minha sogra presa no elevador.

Ela tem síndrome do pânico.

Ela tá interfonando na portaria e ninguém atende.

Como assim não veio ninguém?

Onde esses bostas desses porteiros moram?

Entendi.

Tá, mas então é legal ligar pra empresa de manutenção.

Você já ligou? Ah, mas não...

Puta bando de favelado, hein?

Eu vou te contar, meu querido.

Depois eu ligo pra você. Vai começar a explosão.

Já te ligo.

Fernando, quando que a mamãe vai sair do elevador?

Assim que trocarem o quadro de funcionários.

Mas então...

Então vai chamar a Maria Júlia e o Luiz Henrique

que eu quero passar esse momento histórico

do lado dos meus filhos. Vai começar a contagem regressiva.

Espera aí que eles não estão no quarto. Deixa eu ligar pra ela.

Tô filmando, hein?

Alô.

Julinha? Oi, filha. Você tá com seu irmão?

Gente, onde vocês estão? Vai começar a explosão.

O papai quer ver com todo mundo aqui em casa.

Baile funk na comunidade?

Comunidade?

Quem vai? Mas também é...

Mas pediram, né? Mas pediram, hein?

A minha sogra, ela tem mal de Parkinson,

síndrome de Alzheimer e pânico.