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Embrulha Pra Viagem, CINEMA NACIONAL | EMBRULHA PRA VIAGEM

CINEMA NACIONAL | EMBRULHA PRA VIAGEM

-É verdade, é verdade. -Tá certo.

Agora, Miguel, junto dessa nova safra do cinema nacional,

a gente percebe uma crescente muito grande

na busca por não-atores.

E seus últimos filmes têm deixado isso bem nítido.

Tá aqui seu casal de protagonistas que não me deixa mentir.

Então eu queria que você falasse um pouquinho pra gente

o porquê desse aumento de não-atores no nosso cinema.

Olha, é interessante esse seu questionamento

porque realmente é uma polêmica que permeia no meio artístico, né?

Sendo que esse recurso é utilizado desde lá atrás,

com Pixote, de Babenco,

Meirelles, em Cidade de Deus, teve muito êxito.

Então eu não consigo entender, compreender esse questionamento

essa inquietação da classe artística

por conta de uma opção de linguagem que nós optamos.

Eu imagino, mas são vagas que poderiam ser preenchidas

por profissionais da área, não é mesmo?

É, mas o que é o "preencher" na arte, não é?

No cinema ou audiovisual não é uma ficha de cadastro.

O que o ator precisa compreender e que eu entendo

é que muitas vezes, eu até respeito,

o excessivo contato com outros trabalhos

talvez uma vivência demasiada no teatro

talvez acabe fazendo com que ele crie

alguns vícios de interpretação

que pra minha pesquisa não é interessante.

Então, é por isso que eu tenho essa busca insaciável

pela pureza e pelo cru de seres humanos reais.

Entendo, Miguel.

Agora eu quero falar com o Seu Juarez.

Como é que tá a sua vida depois de fazer esse protagonista

nesse longa-metragem?

Juarez.

Eu tô podendo agora aos poucos voltar pra minha rotina.

porque eu sou marceneiro, sabe? Eu tenho 35 anos de profissão.

Porque meu negócio, o que eu faço bem mesmo

é planejamento de móveis.

Todo mundo com a mão pra cima! Porra, vamo lá!

-Cadê a segurança desse lugar? -Cala a boca, porra!

-Celular, joia, dinheiro, tudo! -Tem um policial ali!

Mão na cabeça que aqui é polícia, mané!

Só um pouquinho que tá emperrando aqui.

-Que porra é essa?! -Falaram que tinha um botão...

Que porra é essa, vacilão!

Eu tô falando, cara. É melhor você abaixar essa arma.

Vou acertar pipoco em você aí, porra!

Minha nossa senhora!

Por quê você atirou nele?

Me desculpa, pô. Eu sou um não-ladrão, entendeu?

O pessoal lá da quebrada me chamou

porque os bandido de lá já tavam adquirindo

um monte de vício e tudo mais, porra.

Eu nunca dei um tiro, é meu primeiro tiro, porra.

E você! Você é muito lento!

Por que você não sacou esse revólver e atirou nele?!

Desculpa, moça, é que eu sou um não-policial.

Essa era minha primeira ocorrência.

O pessoal da corporação só me contratou

porque os policiais antigos já adquiriram muitos vícios.

Dá licença, dá licença!

Graças a Deus você chegou. Ajuda a gente!

Ele tá perdendo muito sangue!

Ai meu Deus, desculpa, eu não trouxe nem um band-aid.

Calma, calma.

O que você tá fazendo?! Ele tomou um tiro no peito!

É que eu não tenho muita experiência, entendeu?

-Na verdade eu sou um... -Não-bombeiro.

Isso! O pessoal do batalhão, eles adquiriram muitos vícios

aí acharam melhor contratar uma pessoa que não...

-Ele tá tendo uma parada cardíaca! -Não, pera aí!

Graças a Deus! Ele tá passando muito mal

mas ele ainda tá respirando!

Meu Deus, que nojo! Olha quanto sangue!

Eu acho que isso aí é uma hemorragia que ele tá tendo.

Fica tranquilo.

Ainda é a primeira vez, ele não adquiriu muitos vícios.

Ah, é um não-morto!

Cinema nacional... Olha só!

Tem uma maritaca fazendo um ninho bem agora.


CINEMA NACIONAL | EMBRULHA PRA VIAGEM

-É verdade, é verdade. -Tá certo.

Agora, Miguel, junto dessa nova safra do cinema nacional,

a gente percebe uma crescente muito grande

na busca por não-atores.

E seus últimos filmes têm deixado isso bem nítido.

Tá aqui seu casal de protagonistas que não me deixa mentir.

Então eu queria que você falasse um pouquinho pra gente

o porquê desse aumento de não-atores no nosso cinema.

Olha, é interessante esse seu questionamento

porque realmente é uma polêmica que permeia no meio artístico, né?

Sendo que esse recurso é utilizado desde lá atrás,

com Pixote, de Babenco,

Meirelles, em Cidade de Deus, teve muito êxito.

Então eu não consigo entender, compreender esse questionamento

essa inquietação da classe artística

por conta de uma opção de linguagem que nós optamos.

Eu imagino, mas são vagas que poderiam ser preenchidas

por profissionais da área, não é mesmo?

É, mas o que é o "preencher" na arte, não é?

No cinema ou audiovisual não é uma ficha de cadastro.

O que o ator precisa compreender e que eu entendo

é que muitas vezes, eu até respeito,

o excessivo contato com outros trabalhos

talvez uma vivência demasiada no teatro

talvez acabe fazendo com que ele crie

alguns vícios de interpretação

que pra minha pesquisa não é interessante.

Então, é por isso que eu tenho essa busca insaciável

pela pureza e pelo cru de seres humanos reais.

Entendo, Miguel.

Agora eu quero falar com o Seu Juarez.

Como é que tá a sua vida depois de fazer esse protagonista

nesse longa-metragem?

Juarez.

Eu tô podendo agora aos poucos voltar pra minha rotina.

porque eu sou marceneiro, sabe? Eu tenho 35 anos de profissão.

Porque meu negócio, o que eu faço bem mesmo

é planejamento de móveis.

Todo mundo com a mão pra cima! Porra, vamo lá!

-Cadê a segurança desse lugar? -Cala a boca, porra!

-Celular, joia, dinheiro, tudo! -Tem um policial ali!

Mão na cabeça que aqui é polícia, mané!

Só um pouquinho que tá emperrando aqui.

-Que porra é essa?! -Falaram que tinha um botão...

Que porra é essa, vacilão!

Eu tô falando, cara. É melhor você abaixar essa arma.

Vou acertar pipoco em você aí, porra!

Minha nossa senhora!

Por quê você atirou nele?

Me desculpa, pô. Eu sou um não-ladrão, entendeu?

O pessoal lá da quebrada me chamou

porque os bandido de lá já tavam adquirindo

um monte de vício e tudo mais, porra.

Eu nunca dei um tiro, é meu primeiro tiro, porra.

E você! Você é muito lento!

Por que você não sacou esse revólver e atirou nele?!

Desculpa, moça, é que eu sou um não-policial.

Essa era minha primeira ocorrência.

O pessoal da corporação só me contratou

porque os policiais antigos já adquiriram muitos vícios.

Dá licença, dá licença!

Graças a Deus você chegou. Ajuda a gente!

Ele tá perdendo muito sangue!

Ai meu Deus, desculpa, eu não trouxe nem um band-aid.

Calma, calma.

O que você tá fazendo?! Ele tomou um tiro no peito!

É que eu não tenho muita experiência, entendeu?

-Na verdade eu sou um... -Não-bombeiro.

Isso! O pessoal do batalhão, eles adquiriram muitos vícios

aí acharam melhor contratar uma pessoa que não...

-Ele tá tendo uma parada cardíaca! -Não, pera aí!

Graças a Deus! Ele tá passando muito mal

mas ele ainda tá respirando!

Meu Deus, que nojo! Olha quanto sangue!

Eu acho que isso aí é uma hemorragia que ele tá tendo.

Fica tranquilo.

Ainda é a primeira vez, ele não adquiriu muitos vícios.

Ah, é um não-morto!

Cinema nacional... Olha só!

Tem uma maritaca fazendo um ninho bem agora.