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Gloss Brazilian Portuguese Level 2+, É preciso resgatar a autoestima da citricultura

É preciso resgatar a autoestima da citricultura

Em entrevista à Globo Rural, o professor apresentou o livro e deu seu panorama do drama vivido recentemente pelo setor.

O livro que o senhor lançou recentemente aborda quais aspectos da citricultura?

O livro é um retrato da cadeia produtiva. Ele destrincha todas as etapas do processo de produção e explica os recentes acontecimentos no setor. Resgatamos o histórico do país na citricultura, damos um panorama atual e apresentamos propostas para o desenvolvimento do setor.

Um dos artigos fala sobre o resgate da autoestima na citricultura. O que isso significa?

Este é um setor que está sempre contaminado de notícias ruins. Está sempre se falando sobre pragas, diminuição no consumo, concentração de indústrias. É sempre uma agenda negativa, principalmente agora, com o problema do excesso de safra. Acredito que é preciso resgatar a autoestima do setor, tentar olhar as outras dimensões do negócio. A citricultura brasileira é uma das culturas que mais trazem dinheiro para o país. É um setor que gera 2 bilhões de dólares no ano para o Brasil.

Como o senhor vê a criação de um preço mínimo para a laranja pelo Conselho Monetário Nacional?

É uma ideia interessante para um momento como este, em que tudo o que podia complicar, complicou. Além da crise na citricultura em si, temos também a crise nos Estados Unidos, os estoques altos e a produção alta. Nesse momento, a citricultura precisa de um resgate e é assim que eu vejo essa medida do Conselho Monetário. Esse movimento ajudará a manter os produtores dentro dessa atividade, pelo menos por enquanto. Mas não sou a favor disso para sempre, é um socorro temporário.

A que o senhor atribui a queda no consumo de suco de laranja nos últimos anos? Isso é reversível, é uma fase, ou é algo a que os produtores devem se adaptar?

A queda no consumo ocorre porque surgem novos concorrentes a todo o momento. Todo dia lança-se uma bebida nova que toma um espaço pertencente ao suco de laranja. Não há o que fazer quanto a isso, é uma tendência em todo o mundo. Por isso, a perspectiva no setor é de estabilidade. A indústria de suco de laranja não vai crescer como a do milho, da soja ou do açúcar. Vai continuar no mesmo patamar.

Para resolver esse problema, acho que precisamos atuar naquilo que eu chamo de três “cês”da citricultura. O primeiro é o custo. Precisamos diminuir o custo de produção. É possível fazer isso produzindo de uma maneira mais intensiva, apostando na colheita mecânica que é mais barata que a manual e combatendo melhor as pragas e doenças. O segundo “c” é de coordenação da cadeia. É preciso implantar um mecanismo como o da cana, onde o preço do produto é dado pelo valor do suco no principal mercado mundial. E o terceiro “c” é de consumo. Deve-se tentar manter o que se tem e não deixar esse volume diminuir ainda mais. Acho importante trabalhar o consumo do suco de laranja no mercado interno, que é muito promissor. Outra possibilidade é apostar no concentrado congelado – o mesmo suco vendido para a Europa -, que é de melhor qualidade e que não varia de sabor.

Como o senhor vê a concentração na indústria de suco de laranja? Muitos criticam o posicionamento das empresas por acabarem prejudicando o produtor. Qual é a opinião do senhor sobre isso?

Como é um setor que vende para o mundo todo, ele precisa de ativos logísticos sofisticados, de navios, estruturas em portos. Por isso, é natural que o número de indústrias vá diminuindo. Hoje temos três, duas brasileiras e uma multinacional francesa. Essas empresas estão desempenhando o papel delas. Elas querem desenvolver o mercado, diminuir os custos e tornar o processo de produção mais eficiente. É preciso mudar um pouco essa visão que se tem da indústria e torná-la mais positiva – é um setor que traz bilhões de dólares para o Brasil.

Houve mudanças sensíveis no relacionamento entre o produtor e a indústria com a criação da CitrusBR?

Sim. Houve mudanças enormes. A indústria estava sem interlocução e voltou a ter um canal comum com o produtor. Hoje, o setor tem muito mais diálogo e quer resolver os problemas da citricultura em conjunto, ao lado do produtor.

O que o senhor recomendaria aos produtores fazerem com os excedentes da produção da safra 2011/2012?

A recomendação é tentar colocar a fruta em outros canais que não a indústria. A indústria já está estocada, não cabe mais suco de laranja lá.


É preciso resgatar a autoestima da citricultura It is necessary to rescue the self-esteem of citriculture

Em entrevista à Globo Rural, o professor apresentou o livro e deu seu panorama do drama vivido recentemente pelo setor.

**O livro que o senhor lançou recentemente aborda quais aspectos da citricultura? **

O livro é um retrato da cadeia produtiva. Ele destrincha todas as etapas do processo de produção e explica os recentes acontecimentos no setor. Resgatamos o histórico do país na citricultura, damos um panorama atual e apresentamos propostas para o desenvolvimento do setor.

**Um dos artigos fala sobre o resgate da autoestima na citricultura. O que isso significa? **

Este é um setor que está sempre contaminado de notícias ruins. Está sempre se falando sobre pragas, diminuição no consumo, concentração de indústrias. É sempre uma agenda negativa, principalmente agora, com o problema do excesso de safra. Acredito que é preciso resgatar a autoestima do setor, tentar olhar as outras dimensões do negócio. A citricultura brasileira é uma das culturas que mais trazem dinheiro para o país. É um setor que gera 2 bilhões de dólares no ano para o Brasil.

**Como o senhor vê a criação de um preço mínimo para a laranja pelo Conselho Monetário Nacional? **

É uma ideia interessante para um momento como este, em que tudo o que podia complicar, complicou. Além da crise na citricultura em si, temos também a crise nos Estados Unidos, os estoques altos e a produção alta. Nesse momento, a citricultura precisa de um resgate e é assim que eu vejo essa medida do Conselho Monetário. Esse movimento ajudará a manter os produtores dentro dessa atividade, pelo menos por enquanto. Mas não sou a favor disso para sempre, é um socorro temporário.

**A que o senhor atribui a queda no consumo de suco de laranja nos últimos anos? Isso é reversível, é uma fase, ou é algo a que os produtores devem se adaptar? **

A queda no consumo ocorre porque surgem novos concorrentes a todo o momento. Todo dia lança-se uma bebida nova que toma um espaço pertencente ao suco de laranja. Não há o que fazer quanto a isso, é uma tendência em todo o mundo. Por isso, a perspectiva no setor é de estabilidade. A indústria de suco de laranja não vai crescer como a do milho, da soja ou do açúcar. Vai continuar no mesmo patamar.

Para resolver esse problema, acho que precisamos atuar naquilo que eu chamo de três “cês”da citricultura. O primeiro é o custo. Precisamos diminuir o custo de produção. É possível fazer isso produzindo de uma maneira mais intensiva, apostando na colheita mecânica que é mais barata que a manual e combatendo melhor as pragas e doenças. O segundo “c” é de coordenação da cadeia. É preciso implantar um mecanismo como o da cana, onde o preço do produto é dado pelo valor do suco no principal mercado mundial. E o terceiro “c” é de consumo. Deve-se tentar manter o que se tem e não deixar esse volume diminuir ainda mais. Acho importante trabalhar o consumo do suco de laranja no mercado interno, que é muito promissor. Outra possibilidade é apostar no concentrado congelado – o mesmo suco vendido para a Europa -, que é de melhor qualidade e que não varia de sabor.

**Como o senhor vê a concentração na indústria de suco de laranja? Muitos criticam o posicionamento das empresas por acabarem prejudicando o produtor. Qual é a opinião do senhor sobre isso? **

Como é um setor que vende para o mundo todo, ele precisa de ativos logísticos sofisticados, de navios, estruturas em portos. Por isso, é natural que o número de indústrias vá diminuindo. Hoje temos três, duas brasileiras e uma multinacional francesa. Essas empresas estão desempenhando o papel delas. Elas querem desenvolver o mercado, diminuir os custos e tornar o processo de produção mais eficiente. É preciso mudar um pouco essa visão que se tem da indústria e torná-la mais positiva – é um setor que traz bilhões de dólares para o Brasil.

**Houve mudanças sensíveis no relacionamento entre o produtor e a indústria com a criação da CitrusBR? **

Sim. Houve mudanças enormes. A indústria estava sem interlocução e voltou a ter um canal comum com o produtor. Hoje, o setor tem muito mais diálogo e quer resolver os problemas da citricultura em conjunto, ao lado do produtor.

**O que o senhor recomendaria aos produtores fazerem com os excedentes da produção da safra 2011/2012? **

A recomendação é tentar colocar a fruta em outros canais que não a indústria. A indústria já está estocada, não cabe mais suco de laranja lá.