Vinte e seis: Luis & Pedro – Herança cultural
Luis: Sabes, eu a semana passada estava na faculdade, e foi-me pedido para fazer um trabalho acerca do património cultural em Portugal.
Das várias cidades e os vários... as várias atracções culturais que nós temos em Portugal, sítios de interesse. Gostavas de me ajudar?
Pedro: Sim, penso que não é muito difícil tentar fazer aí umas sugestões para que tu possas fazer um bom trabalho.
Luis: Ah, obrigado. Eu estava a pensar assim nas minhas experiências em Portugal, e bem, as mais recentes, vou começar por... não sei se conheces a Vila de Óbidos.
Pedro: Por acaso não conheço a Vila de Óbidos, sei que é para os lados de Lisboa, acho eu...
Luis: A Vila de Óbidos é um sítio extremamente bonito, que eu já lá fui umas quantas vezes, e gosto de ir pelo menos uma vez por ano. Fica ao pé das Caldas da Rainha.
Pedro: Ah, então quer dizer que estou completamente a leste...
Luís: Não não, é cerca de quarenta e cinco minutos a norte de Lisboa, de carro, não é assim muito longe de Lisboa. E eu normalmente costumo ir lá, não sei se já viste alguma imagem de Óbidos...
Pedro: Não, nunca vi, nunca vi.
Luis: ...aquilo básicamente é uma vila medieval. Ou seja, é uma vila que tem uma muralha à volta, foi... já tem muitos anos, não sei ao certo a idade daquela construção, mas é da altura da Idade Média. E é uma cidade... uma vila, peço desculpa, construida num grande alto, numa escarpa com uma inclinação muito forte, o que é curioso, porque se fores a andar pela vila a pé – e o acesso aos carros ali é muito limitado – tu para andares cem metros cansas-te bastante porque tens de subir muito.
Pedro: Ai sim?
Luis: Exactamente.
Pedro: Curioso, faz-me lembrar um pouco Coimbra que também é uma cidade que é aos altos e baixos...
Luis: Exacto.
Pedro: Em que temos que andar muito.
Luis: Pronto, mas Coimbra também tem um valor cultural muito grande, mas tem muito mais desenvolvimento.
Pedro: Sim, é uma cidade, não é uma vila.
Luis: Óbidos é uma vila que eles tentaram perservar quase parado no tempo. Claro que há muitos interesses turísticos também aí em jogo não é? Não foi por acaso que eles decidiram não modernizar muito aquela vila, foi por uma questão de interesse turístico. Mas penso que foi uma boa opção porque conseguiram manter a beleza histórica da própria vila, e tu passeias-te por aquela vila à noite, com aquelas luzes todas, a muralha, penso que até tem... não é bem um castelo nem bem um forte, onde há uma pousada inserida nesse forte, mas conseguiram manter as construções intactas, e as construções turísticas que acrescentaram foi sempre tendo em atenção a manutenção do que já lá estava. Portanto, eu penso que é uma vila que é Património Mundial, e eu estava a pensar incluir esta experiência no meu trabalho, claro que vou ter de investigar melhor as origens, mas recomendo. Acho que se não conheces era uma cidade... uma vila, peço desculpa, uma vila que era bastante importante conheceres tanto a nível de experiência pessoal, penso que ías gostar bastante. Mas é um sítio imperdível, principalmente para quem vive em Portugal.
Pedro: Olha, a meu ver acho que realmente tens razão. Eu não conheço Óbidos, nunca fui lá, mas pelo que tu acabaste de me contar, acho que sim, que é um ponto realmente interessante para baseares o teu trabalho, e acho que este tipo de vilas e de locais que são preservados para fins turísticos e não só, e também preservados na intenção de manter um pouco viva e perene a história do nosso país, são locais que devem-se manter, porque lá está, têm bastante história do nosso país, e se vamos estar a alterá-los vamos estar a perder um pouco dessa história do nosso país. Não é que não deva haver inovação, acho que sim, as cidades são prova disso, são prova que o nosso país se tem vindo a desenvolver ao longo dos tempos. Mas pronto, há que manter um pouco a nostalgia do que foi esta nação, para também nos apercebermos do quanto é que evoluimos. E não só, acho que a meu ver, um também dos outros pontos interessantes desse tipo de locais que se mantém, digamos como tu falaste à bocado, parados no tempo, é a de nós realmente deixarmos um pouco para trás a realidade que nos rodeia no dia-a-dia, e entrarmos numa realidade nova que para além de servir de ponto de aprendizagem também é um ponto, vá lá, de descompressão do nosso quotidiano e é uma forma interessante, lá está como tu disseste, de passar bons momentos de lazer e também incluir nesses momentos de lazer, aprendizagem. Portanto, por aí acho que tens realmente uma maneira interessante de abordares esse teu trabalho. Ao falares-me de Óbidos e da sua intemporalidade que foi submetida para manter essa noção do que é que era o nosso país acerca de alguns séculos atrás, fizeste-me lembrar um pouco de Sintra. Sintra, como tu sabes, já lá foste?
Luis: Já, já lá fui.
Pedro: Já lá foste a Sintra. Eu só lá fui uma vez, que foi numa viagem de estudo quando andava na escola secundária, e realmente adorei Sintra. Faz-me lembrar um pouco o que tu contaste sobre Óbidos porque também tem muita coisa que está preservada e que se tenta manter, não só como forma de atrair turistas, porque é necessário, um dos sectores da economia do nosso país, é o turismo...
Luis: Sim, é um dos principais... uma das principais fontes de rendimento do nosso país.
Pedro: Ora aí está. E turismo em Portugal não pode ser só referenciado como o turismo das praias, porque nós temos uma costa enorme, portanto temos muitas praias, temos o Algarve pronto, mas também realmente este turismo cultural. Sintra tem realmente essa intemporalidade, e também está envolta em outros aspectos, em factos históricos que são marcantes, e como tal acresce o seu valor cultural. Pronto, dou também a sugestão de Sintra. Agora, há também outras coisas interessantespara focares...
Luis: Sim, claro. Quando me propuseram este trabalho eu pensei imediatamente – como penso que quase qualquer português – pensei naqueles simbolos históricos mais marcantes do nosso país, e que provavelmente todos os turistas que vêm fazer turismo mais virado para a cultura em Portugal, reconhecem mais facilmente, que é basicamente tudo o que está centrado em Lisboa.
Pedro: Ora aí está, eu estava a pensar nisso.
Luis: Exacto.
É óbvio que para mim seria muito mais... teria um trabalho muito mais simplificado se pegasse nesses marcos mais conhecidos de Portugal, tudo o que está centrado na nossa história de navegação marítima e da descoberta dos novos mundos. Mas eu penso que o valor de Portugal também está em sítios muito menos conhecidos da população em geral. Se calhar esse teu exemplo de Sintra, o que eu falei há pouco acerca de Óbidos, e outras terras que têm menos divulgação, eu penso que é muito mais importante se calhar para mim estar a fazer um trabalho acerca desses sítios, porque não estou a seguir aquela corrente de pensamento, de quando se pensa em cultura em Portugal é aqueles grandes feitos, aquelas coisas com grande magnitude... Penso que me interessa mais fazer acerca de culturas menos exploradas mediáticamente.
Pero: Olha, eu acho que tens toda a razão. A prova disso é que eu não conheço Óbidos como já te disse anteriormente. E também acho que se pegares por aí és capaz de vir a ter uma melhor nota. Acho eu!
Luis: Eu espero que sim!
Pedro: É ou não é verdade?