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BBC News 2021 (Brasil), Covid-19: o que explica internações e casos raros de morte mesmo após vacina?

Covid-19: o que explica internações e casos raros de morte mesmo após vacina?

Você já deve ter visto histórias de pessoas que pegaram covid ou morreram de complicações

da doença mesmo após tomarem a vacina.

Um caso recente foi o do cantor Agnaldo Timóteo.

Ele já havia tomado a segunda dose quando começou a apresentar sintomas e morreu semanas depois

Eu sou Luís Barrucho, repórter da BBC News Brasil aqui em Londres, e neste vídeo vou explicar

o que há por trás de internações e mortes mesmo após tomar a vacina.

Primeiro de tudo: casos como o do Agnaldo Timóteo são raros,

apesar de amplamente noticiados pela imprensa.

E não significam que as vacinas não funcionam.

Mas para saber por que esses casos raros acontecem, a gente precisa entender qual é

a função de uma vacina.

Eu conversei sobre isso com a microbiologista Natalia Pasternak.

Segundo Pasternak, as vacinas "reduzem a chance de ficarmos doentes, a chance de precisarmos

de hospitalização e a chance de morrermos".

E foi exatamente isso que os testes de eficácia das principais vacinas disponíveis no Brasil

e no restante do mundo têm mostrado.

A taxa de eficácia geral da CoronaVac, a vacina mais usada no Brasil, é de 50,38%,

por exemplo.

E a proteção é de 78% para casos leves, segundo informou o Instituto Butantan em janeiro.

Isso significa que a vacina reduziu em 50,38% o número de casos sintomáticos entre os

voluntários da pesquisa e em 78% o número de infecções leves.

No Chile, onde a CoronaVac também é a vacina mais aplicada, testes recentes de larga escala

mostraram resultados até mais otimistas.

Segundo o Ministério da Saúde chileno, um estudo com 10,5 milhões de pessoas mostrou

que o imunizante tem 80% de efetividade para prevenir mortes, 14 dias depois da segunda dose

Os resultados mostram que a vacina chinesa foi efetiva em 89% para evitar a internação

de pacientes críticos em UTIs, em 85% para prevenir as hospitalizações e 67% para impedir

a infecção sintomática da doença.

Para entender como a vacina funciona, muitos epidemiologistas recorrem à analogia

do goleiro.

Uma boa vacina é como se fosse um bom goleiro.

Isso não quer dizer que ele é invicto, que nunca vai deixar de tomar gol.

Mas, mesmo se tomar gol, ele não deixa de ser um bom goleiro.

Precisamos olhar o histórico dele.

Se o time dele for ruim, ele vai tomar mais gol, porque vai ter muito mais bolas indo

para o gol.

Então, claro, a probabilidade dele errar, aumenta.

Em outras palavras: se as pessoas não usarem máscara, se aglomerarem, vai haver muito

mais vírus circulando, então a probabilidade de haver mais casos e, consequentemente, mortes,

é maior.

E se a pessoa infectada já tiver doenças associadas, as chamadas comorbidades, como

obesidade, diabetes, hipertensão, a chance de desenvolver o quadro mais grave

da doença é maior.

Mesmo se essa pessoa já tiver sido vacinada.

Conclusão: vacinas funcionam, mas não são infalíveis.

Nenhuma oferece proteção de 100%.

Mas, apesar de essa probabilidade ser pequena, quanto mais a doença estiver circulando,

maior é a chance de a vacina falhar.

Um adendo importante: há evidências de que pessoas totalmente vacinadas também têm

menos probabilidade de ter infecções assintomáticas e, potencialmente, menos probabilidade de

transmitir o vírus a outras pessoas.

Essas evidências foram observadas em países onde a vacinação está mais avançada, como Israel.

Lá, as infecções entre as pessoas com mais de 60 anos caíram 77% até 24 de fevereiro,

enquanto as hospitalizações nesta mesma faixa etária foram reduzidas em 68%.

Mais um dado que mostra o que já sabíamos: a vacina é uma ferramenta essencial para

controlar a pandemia.

Mas não podemos esquecer de tomar as duas doses.

Todos os estudos de eficácia das vacinas disponíveis no Brasil para combater a covid

mostraram a imunização completa somente 14 dias depois da segunda dose.

Um levantamento recente realizado pelo Ministério da Saúde apontou que pelo menos 1,5 milhão

de pessoas que tomaram a primeira dose da vacina contra a covid no país não completaram

o esquema vacinal com a segunda dose.

E um estudo realizado na Universidade do Chile identificou que uma única aplicação da

vacina fornece proteção contra infecções de apenas 3%.

Essa mesma proteção sobe para 56,5% duas semanas após a segunda dose.

Esses números foram calculados levando em conta as vacinas atualmente aplicadas no Chile,

a CoronaVac e a Pfizer.

E só para concluir: a assessoria de Agnaldo Timóteo, de quem eu falei no começo do vídeo,

informou que ele havia tomado a segunda dose dois dias antes de ser internado, o que sugere

que ele foi infectado entre a primeira e segunda doses.

E, de novo, isso é algo que pode acontecer pois, como eu disse, a proteção mesmo só depois

de 14 dias da segunda dose.

E mesmo após esse período, o risco ainda existe.

Por isso, é importante continuar se protegendo.

Eu fico por aqui.

Espero que você tenha gostado do vídeo.

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Até a próxima!


Covid-19: o que explica internações e casos raros de morte mesmo após vacina? Covid-19: What explains hospitalizations and rare cases of death even after vaccination?

Você já deve ter visto histórias de pessoas que pegaram covid ou morreram de complicações

da doença mesmo após tomarem a vacina.

Um caso recente foi o do cantor Agnaldo Timóteo.

Ele já havia tomado a segunda dose quando começou a apresentar sintomas e morreu semanas depois

Eu sou Luís Barrucho, repórter da BBC News Brasil aqui em Londres, e neste vídeo vou explicar

o que há por trás de internações e mortes mesmo após tomar a vacina. what is behind hospitalizations and deaths even after getting the vaccine.

Primeiro de tudo: casos como o do Agnaldo Timóteo são raros, First of all: cases like Agnaldo Timóteo's are rare,

apesar de amplamente noticiados pela imprensa. despite being widely reported in the press.

E não significam que as vacinas não funcionam.

Mas para saber por que esses casos raros acontecem, a gente precisa entender qual é

a função de uma vacina.

Eu conversei sobre isso com a microbiologista Natalia Pasternak.

Segundo Pasternak, as vacinas "reduzem a chance de ficarmos doentes, a chance de precisarmos According to Pasternak, vaccines "reduce the chance of getting sick, the chance that we need

de hospitalização e a chance de morrermos".

E foi exatamente isso que os testes de eficácia das principais vacinas disponíveis no Brasil

e no restante do mundo têm mostrado. and the rest of the world have shown.

A taxa de eficácia geral da CoronaVac, a vacina mais usada no Brasil, é de 50,38%,

por exemplo.

E a proteção é de 78% para casos leves, segundo informou o Instituto Butantan em janeiro. And protection is 78% for mild cases, as reported by the Butantan Institute in January.

Isso significa que a vacina reduziu em 50,38% o número de casos sintomáticos entre os

voluntários da pesquisa e em 78% o número de infecções leves.

No Chile, onde a CoronaVac também é a vacina mais aplicada, testes recentes de larga escala In Chile, where CoronaVac is also the most widely used vaccine, recent large-scale trials

mostraram resultados até mais otimistas. showed even more optimistic results.

Segundo o Ministério da Saúde chileno, um estudo com 10,5 milhões de pessoas mostrou

que o imunizante tem 80% de efetividade para prevenir mortes, 14 dias depois da segunda dose

Os resultados mostram que a vacina chinesa foi efetiva em 89% para evitar a internação The results show that the Chinese vaccine was 89% effective in preventing hospitalization

de pacientes críticos em UTIs, em 85% para prevenir as hospitalizações e 67% para impedir of critically ill patients in ICUs, 85% to prevent hospitalizations and 67% to prevent

a infecção sintomática da doença. the symptomatic infection of the disease.

Para entender como a vacina funciona, muitos epidemiologistas recorrem à analogia To understand how the vaccine works, many epidemiologists resort to the analogy

do goleiro. of the goalkeeper.

Uma boa vacina é como se fosse um bom goleiro. A good shot is like a good goalkeeper.

Isso não quer dizer que ele é invicto, que nunca vai deixar de tomar gol. This is not to say that he is undefeated, that he will never miss a goal.

Mas, mesmo se tomar gol, ele não deixa de ser um bom goleiro.

Precisamos olhar o histórico dele.

Se o time dele for ruim, ele vai tomar mais gol, porque vai ter muito mais bolas indo

para o gol.

Então, claro, a probabilidade dele errar, aumenta.

Em outras palavras: se as pessoas não usarem máscara, se aglomerarem, vai haver muito

mais vírus circulando, então a probabilidade de haver mais casos e, consequentemente, mortes,

é maior.

E se a pessoa infectada já tiver doenças associadas, as chamadas comorbidades, como

obesidade, diabetes, hipertensão, a chance de desenvolver o quadro mais grave

da doença é maior.

Mesmo se essa pessoa já tiver sido vacinada.

Conclusão: vacinas funcionam, mas não são infalíveis.

Nenhuma oferece proteção de 100%.

Mas, apesar de essa probabilidade ser pequena, quanto mais a doença estiver circulando,

maior é a chance de a vacina falhar.

Um adendo importante: há evidências de que pessoas totalmente vacinadas também têm

menos probabilidade de ter infecções assintomáticas e, potencialmente, menos probabilidade de

transmitir o vírus a outras pessoas.

Essas evidências foram observadas em países onde a vacinação está mais avançada, como Israel.

Lá, as infecções entre as pessoas com mais de 60 anos caíram 77% até 24 de fevereiro,

enquanto as hospitalizações nesta mesma faixa etária foram reduzidas em 68%.

Mais um dado que mostra o que já sabíamos: a vacina é uma ferramenta essencial para

controlar a pandemia.

Mas não podemos esquecer de tomar as duas doses.

Todos os estudos de eficácia das vacinas disponíveis no Brasil para combater a covid

mostraram a imunização completa somente 14 dias depois da segunda dose.

Um levantamento recente realizado pelo Ministério da Saúde apontou que pelo menos 1,5 milhão

de pessoas que tomaram a primeira dose da vacina contra a covid no país não completaram

o esquema vacinal com a segunda dose.

E um estudo realizado na Universidade do Chile identificou que uma única aplicação da

vacina fornece proteção contra infecções de apenas 3%.

Essa mesma proteção sobe para 56,5% duas semanas após a segunda dose.

Esses números foram calculados levando em conta as vacinas atualmente aplicadas no Chile,

a CoronaVac e a Pfizer.

E só para concluir: a assessoria de Agnaldo Timóteo, de quem eu falei no começo do vídeo,

informou que ele havia tomado a segunda dose dois dias antes de ser internado, o que sugere

que ele foi infectado entre a primeira e segunda doses.

E, de novo, isso é algo que pode acontecer pois, como eu disse, a proteção mesmo só depois

de 14 dias da segunda dose.

E mesmo após esse período, o risco ainda existe.

Por isso, é importante continuar se protegendo.

Eu fico por aqui.

Espero que você tenha gostado do vídeo.

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