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Porta Dos Fundos 2016, EU VOS DECLARO

EU VOS DECLARO

- Lívia Toledo do Amaral.

Você aceita José Roberto Dias da Rocha

como seu legitimo esposo,

na saúde e na doença,

na riqueza e na pobreza,

na alegria e na tristeza,

até que a morte os separe?

- Desculpa, desculpa,

é que essa parte eu não tava sabendo,

- Qual?

- Da doença,

da tristeza e

da pobreza.

É que eu queria com ele assim,

do jeitinho que ele é.

Ele todo destruído

eu não tava contando com isso não padre.

- É, é, é eu tô entendo o que ela tá falando assim,

porque, tudo bem, a gente se gosta e se ama e tal.

vamos supor que sei lá,

ela pegue uma infecção qualquer

por não escovar os dentes,

ai cai os dentes,

fica tudo com bolhas

eternamente.

Não sei se vou continuar amando...

Talvez continue, mas não com esse ímpeto.

- É, pois é, tem a coisa do dinheiro também, né?

É porque... a gente não é rico nem nada, entendeu? - Não somos.

- Eu sou uma pessoa que sou zero,

zero ligada a dinheiro mas,

ele desempregado? Assim...

desempregado dez anos,

eu não sei se me interessa.

Não tem como o senhor de repente falar um

Vos declaro, marido e mulher! Ponto.

- Ah, isso é bom.

- E deixa a coisa da desgraça subentendida,

ai no dia a dia a gente vai analisando caso a caso. - Mais no caso a caso.

- Mais no caso a caso.

- Não, não! Gente, não!

Casamento é assim.

- Sim, mas vamos supor, me veio aqui um negócio agora:

e se acontece tudo ao mesmo tempo?

A pobreza, a doença, a tristeza,

terremoto, vem tsunami.

- A gente pode escolher um.

- Aaaaah! - E aí fica bom.

- Como é que é isso? Porque aí a gente fica na saúde,

na riqueza e na tristeza.

- Sim porque rico, saudável, mas triste?

tô topando. - Bom.

- Vamos nessa? - Fechou.

- Fechou legal.

- Não, oooooooh, não.

Isso não é assim, não.

- Tá, então vamos fazer o seguinte,

vamos botar um teto?

- Tá.

- Vamos pensar o assim,

pra não partir do zero:

pobreza.

Absoluta? não.

Com salário mínimo de dois mil.

- Isso é bom.

- Na doença, saúde e doença.

Mas,

ainda podendo fazer sexo.

Isso vai fazer uma...

E assim na tristeza,

tudo bem, mas cada um curtindo a sua própria fossa.

Sem trazer o outro pra baixo.

- Ai eu gosto, ai é bom também.

- Não dá! Não, gente não dá!

Não tem condição.

- Padre, se não dá então é não.

- Não... é não. - É não... se é não é não.

- É não, - Eu prefiro dizer não.

- Calma ai, calma ai.

Calma ai!

Vocês não se amam?

- Eu amo ela,

essa tchutchuquita minha aqui.

Agora, essa poia, pobre, deprimida,

que você está vislumbrado ai... eu não sei!

Ela mijada num canto,

pedindo dinheiro,

toda ferrada, saindo gosma e cachorro passando... genitália. Não sei se...

- Calma.

Pessoal, calma.

Aqui, o mais importante é vocês estarem unidos.

- É.

- Vocês estarem juntos!

O mais importante aqui é o amor.

É o amor e a união.

- Ai que lindo.

- Falou assim suavizou, já tá mais leve.

- É, bateu aqui.

Tá vai, é sim, então é sim. - Claro que é sim.

- Bom, se alguém tem alguma coisa

que impeça a realização desse casamento.

Fale agora, ou cale-se para sempre.

- Oi!

Desculpa, eu nem ia falar nada não,

mas o senhor tocou nessa parte ai do...

"Cale-se para sempre",

eu confesso que fiquei até um pouco angustiado aí.

pra sempre é muito tempo, né?

Né?

- Tá, mas quando você fala da morte é meio que sentido figurado, né?

- É... é assim, é por que...

Vocês tem que entender que é meio complicado pra mim, entendeu?

Eu fico aqui em uma situação delicada, sabe?

- Eu entendo.

Mas é porque assim, vamos supor:

ela me trai? Eu tenho que ficar com ela pra sempre?

- E se ele me bate?

- Então, já que a gente chegou nesse nível de debate aqui,

eu vou abrir um negócio aqui pra vocês que eu não falo pra todo mundo não, entendeu?

Eu mesmo, eu quase casei,

antes de ser padre.

Eu conheci uma moça, a gente namorava,

tá, tá tudo certo.

Aí ela pegou, uma bicheira aqui,

o negocio começou a crescer, crescer,

foi dando uma necrose, ai a gente,

eu comprando antibiótico.

Fiquei pobre, porque gastava muito dinheiro com remédios,

- Lógico.

- O negocio foi pegando aqui,

um fedor de ferida, um negocio horroroso.

Eu tentava beijar ela e não conseguia,

Porque eu não sabia mais onde era a boca.

Ela foi ficando inchada...

Eu sei que no final tava todo mundo triste,

deprimido, pobre.

Aí a gente resolveu cancelar tudo,

virei padre...

graças a Deus, entendeu?

- Isso que a gente fala.

- O que quê é isso aqui?

- O quê?

- Aqui, ó! Era tipo isso aqui ó.


EU VOS DECLARO

- Lívia Toledo do Amaral.

Você aceita José Roberto Dias da Rocha

como seu legitimo esposo,

na saúde e na doença,

na riqueza e na pobreza,

na alegria e na tristeza,

até que a morte os separe?

- Desculpa, desculpa,

é que essa parte eu não tava sabendo,

- Qual?

- Da doença,

da tristeza e

da pobreza.

É que eu queria com ele assim,

do jeitinho que ele é.

Ele todo destruído

eu não tava contando com isso não padre.

- É, é, é eu tô entendo o que ela tá falando assim,

porque, tudo bem, a gente se gosta e se ama e tal.

vamos supor que sei lá,

ela pegue uma infecção qualquer

por não escovar os dentes,

ai cai os dentes,

fica tudo com bolhas

eternamente.

Não sei se vou continuar amando...

Talvez continue, mas não com esse ímpeto.

- É, pois é, tem a coisa do dinheiro também, né?

É porque... a gente não é rico nem nada, entendeu? - Não somos.

- Eu sou uma pessoa que sou zero,

zero ligada a dinheiro mas,

ele desempregado? Assim...

desempregado dez anos,

eu não sei se me interessa.

Não tem como o senhor de repente falar um

Vos declaro, marido e mulher! Ponto.

- Ah, isso é bom.

- E deixa a coisa da desgraça subentendida,

ai no dia a dia a gente vai analisando caso a caso. - Mais no caso a caso.

- Mais no caso a caso.

- Não, não! Gente, não!

Casamento é assim.

- Sim, mas vamos supor, me veio aqui um negócio agora:

e se acontece tudo ao mesmo tempo?

A pobreza, a doença, a tristeza,

terremoto, vem tsunami.

- A gente pode escolher um.

- Aaaaah! - E aí fica bom.

- Como é que é isso? Porque aí a gente fica na saúde,

na riqueza e na tristeza.

- Sim porque rico, saudável, mas triste?

tô topando. - Bom.

- Vamos nessa? - Fechou.

- Fechou legal.

- Não, oooooooh, não.

Isso não é assim, não.

- Tá, então vamos fazer o seguinte,

vamos botar um teto?

- Tá.

- Vamos pensar o assim,

pra não partir do zero:

pobreza.

Absoluta? não.

Com salário mínimo de dois mil.

- Isso é bom.

- Na doença, saúde e doença.

Mas,

ainda podendo fazer sexo.

Isso vai fazer uma...

E assim na tristeza,

tudo bem, mas cada um curtindo a sua própria fossa.

Sem trazer o outro pra baixo.

- Ai eu gosto, ai é bom também.

- Não dá! Não, gente não dá!

Não tem condição.

- Padre, se não dá então é não.

- Não... é não. - É não... se é não é não.

- É não, - Eu prefiro dizer não.

- Calma ai, calma ai.

Calma ai!

Vocês não se amam?

- Eu amo ela,

essa tchutchuquita minha aqui.

Agora, essa poia, pobre, deprimida,

que você está vislumbrado ai... eu não sei!

Ela mijada num canto,

pedindo dinheiro,

toda ferrada, saindo gosma e cachorro passando... genitália. Não sei se...

- Calma.

Pessoal, calma.

Aqui, o mais importante é vocês estarem unidos.

- É.

- Vocês estarem juntos!

O mais importante aqui é o amor.

É o amor e a união.

- Ai que lindo.

- Falou assim suavizou, já tá mais leve.

- É, bateu aqui.

Tá vai, é sim, então é sim. - Claro que é sim.

- Bom, se alguém tem alguma coisa

que impeça a realização desse casamento.

Fale agora, ou cale-se para sempre.

- Oi!

Desculpa, eu nem ia falar nada não,

mas o senhor tocou nessa parte ai do...

"Cale-se para sempre",

eu confesso que fiquei até um pouco angustiado aí.

pra sempre é muito tempo, né?

Né?

- Tá, mas quando você fala da morte é meio que sentido figurado, né?

- É... é assim, é por que...

Vocês tem que entender que é meio complicado pra mim, entendeu?

Eu fico aqui em uma situação delicada, sabe?

- Eu entendo.

Mas é porque assim, vamos supor:

ela me trai? Eu tenho que ficar com ela pra sempre?

- E se ele me bate?

- Então, já que a gente chegou nesse nível de debate aqui,

eu vou abrir um negócio aqui pra vocês que eu não falo pra todo mundo não, entendeu?

Eu mesmo, eu quase casei,

antes de ser padre.

Eu conheci uma moça, a gente namorava,

tá, tá tudo certo.

Aí ela pegou, uma bicheira aqui,

o negocio começou a crescer, crescer,

foi dando uma necrose, ai a gente,

eu comprando antibiótico.

Fiquei pobre, porque gastava muito dinheiro com remédios,

- Lógico.

- O negocio foi pegando aqui,

um fedor de ferida, um negocio horroroso.

Eu tentava beijar ela e não conseguia,

Porque eu não sabia mais onde era a boca.

Ela foi ficando inchada...

Eu sei que no final tava todo mundo triste,

deprimido, pobre.

Aí a gente resolveu cancelar tudo,

virei padre...

graças a Deus, entendeu?

- Isso que a gente fala.

- O que quê é isso aqui?

- O quê?

- Aqui, ó! Era tipo isso aqui ó.