7 Portuguese proverbs // Learn European Portuguese
Olá e bem vindos a mais um episódio de Portuguese With Leo!
O último episódio foi um episódio carregado com muita informação em que falámos muito sobre gramática.
É um episódio muito importante para orientar o vosso estudo de português e que eu recomendo
que vejam e ouçam mais do que uma vez.
Hoje vamos falar de um tema um pouco mais ligeiro e divertido: vamos falar de provérbios
portugueses!
Antes de mais nada, quero fazer uma distinção entre 2 coisas: uma são expressões idiomáticas
e a outra são provérbios ou ditados populares.
As expressões idiomáticas, ou idioms em inglês, são frases que têm um significado
diferente do seu significado literal e que são usadas para descrever situações do
dia-a-dia.
Existem expressões idiomáticas em todas as línguas, mas são diferentes em cada língua
e não fazem sentido se as tentarmos traduzir literalmente.
Por exemplo, a expressão portuguesa “Dar com a língua nos dentes”, é uma expressão
que significa contar um segredo, revelar alguma coisa que não devíamos contar a ninguém.
A tradução literal desta expressão para inglês seria algo como ”Tapping the tongue
against the teeth”, o que não existe em inglês e não faz sentido.
A verdadeira expressão correspondente em inglês é “Spill the beans”.
Da mesma forma, se traduzirmos a expressão inglesa “Spill the beans” para português
ficamos com algo como “Entornar os feijões”, que também não faz sentido.
Ou seja, as expressões idiomáticas não podem ser traduzidas literalmente de uma língua
para outra.
Os provérbios ou ditados populares, também conhecidos como proverbs em inglês, também
são expressões que têm um significado diferente do seu significado literal mas têm uma origem
popular e normalmente escondem uma lição de moral.
Hoje vamos aprender alguns dos provérbios mais utilizados em Portugal, vamos aprender
o seu significado literal, a sua origem e qual o conselho ou lição de moral que eles
escondem.
Durante a explicação de cada provérbio, eu vou traduzir cada um deles para inglês,
para vos ajudar a perceber melhor o seu significado e em que situações é que são utilizados.
Eu sei que nem todos vocês que seguem os meus episódios falam inglês, no entanto,
o motivo pelo qual eu uso o inglês como língua de tradução nestes episódios é porque,
por um lado, a maioria das pessoas que vêem e ouvem os meus episódios são falantes nativos
de inglês ou então têm algum nível de inglês; por outro lado, porque hoje em dia
o inglês é a língua mais falada na internet, e por isso ao utilizar o inglês como língua
de tradução, consigo chegar a mais pessoas.
E uma vez que normalmente todos os provérbios têm um provérbio equivalente noutras línguas,
eu gostava de pedir àqueles de vocês que não são falantes nativos de inglês que
escrevessem nos comentários quais as versões dos provérbios de que eu vou falar nas vossas
línguas.
E já que estão pela zona dos comentários, aproveitem e deixem um gosto no vídeo e se ainda não estão subscritos, subscrevam-se ao canal!
Bom, feito este aparte, vamos então passar aos provérbios!
O primeiro provérbio de hoje é: “Devagar se vai ao longe”.
Este provérbio pode ser traduzido de forma literal como “Slowly one goes far”, mas
o verdadeiro equivalente em inglês é “Slow and steady wins the race”.
É um provérbio muito conhecido e que certamente existe em muitas outras línguas para além
do português e do inglês.
Este provérbio tem origem na fábula da lebre e da tartaruga, que é uma fábula em que
uma lebre e uma tartaruga fazem uma corrida.
A lebre é muito rápida mas a tartaruga, apesar de ser lenta, é persistente e não
desiste e no final é a tartaruga que ganha a corrida.
A lição deste provérbio é que com determinação e sem desistir conseguimos alcançar aquilo
que desejamos.
O segundo provérbio é o seguinte: “Grão a grão enche a galinha o papo”.
A tradução literal deste provérbio seria “Grain by grain, the chicken fills its belly”,
mas o verdadeiro equivalente em inglês é “A penny saved is a penny earned”.
Este provérbio também tem um significado semelhante ao primeiro de que falei, é um
provérbio que ensina que a determinação e a persistência ajudam a chegar aos objetivos,
mas neste caso aplica-se mais a objetivos financeiros.
Normalmente usa-se esta expressão quando se quer dar conselhos sobre poupar dinheiro.
Se formos acumulado dinheiro de forma consistente, mesmo que seja muito pouco de cada vez, no
futuro teremos muito dinheiro.
O próximo provérbio também fala sobre galinhas, e é o seguinte: “A galinha da vizinha é
sempre melhor do que a minha”.
A tradução literal deste provérbio é “The neighbor's chicken is always better than mine”,
mas o verdadeiro equivalente em inglês é o provérbio “The grass is always greener
on the other side”.
Aqui podemos ver uma característica típica de alguns provérbios, que é o facto de rimarem
e terem uma cadência quase musical: “A galinha da vizinha é sempre melhor do que
a minha”.
Este provérbio chama a atenção para o facto de as pessoas nunca estarem satisfeitas com
aquilo que têm e acharem sempre que os outros têm mais sorte ou têm coisas melhores.
O quarto provérbio não fala sobre galinhas, mas ainda assim ainda fala sobre animais com
asas e é o seguinte: “Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”.
Este provérbio pode traduzir-se palavra por palavra como “It's better to have a bird
in the hand than two birds flying away”.
O provérbio inglês equivalente a este provérbio é muito parecido e é o seguinte: “A bird
in the hand is worth two in the bush”.
Este provérbio é usado quando queremos dizer que é melhor escolher coisas ou situações
que estão asseguradas, mesmo que tenham menor valor, do que escolher coisas ou situações
de maior risco, mesmo que possam no final trazer mais proveito.
Ou seja, é melhor jogar pelo seguro.
Este provérbio, “Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar” é um provérbio
mais conservador que diz que não devemos arriscar na vida e que devemos contentar-nos
com o pouco que temos.
No entanto, nem todos os provérbios defendem esta ideia e o próximo provérbio defende
precisamente o contrário.
O próximo provérbio defende precisamente que devemos arriscar se queremos ganhar e
é o seguinte: “Quem não arrisca, não petisca”.
Este provérbio pode traduzir-se palavra por palavra como “Those who don't risk don't
snack”, e é equivalente à versão inglesa “Nothing ventured, nothing gained”.
Como já expliquei, este provérbio que diz que, se queremos chegar longe na vida e atingir
os nossos objetivos, temos de correr riscos.
Voltando aos provérbios com animais, o nosso sexto provérbio é: “A cavalo dado não
se olha o dente” e corresponde ao provérbio em inglês “Don't look a gift horse in the
mouth”.
Aqui os provérbios nas duas línguas são quase exactamente iguais, palavra por palavra,
porque têm a mesma origem.
A origem deste provérbio vem do costume de se inspecionar os dentes de um cavalo para
avaliar a sua idade e a sua qualidade, porque normalmente os cavalos mais velhos têm dentes
mais compridos.
No entanto, se um cavalo foi oferecido e não foi comprado, se não pagámos nada pelo cavalo,
então não devemos avaliar a qualidade, devemos apenas aceitar o presente e agradecer.
A lição deste provérbio é que não devemos julgar aquilo que nos é oferecido, não devemos
julgar os presentes nem avaliar se são bons ou maus, devemos apenas aceitar com educação
porque “a cavalo dado não se olha o dente”.
Finalmente, o último provérbio de hoje é outro provérbio que rima, e é o seguinte:
“Quem conta um conto acrescenta um ponto”.
Este provérbio pode traduzir-se palavra por palavra como “He who tells a tale adds a
point”, mas a verdadeira tradução, o verdadeiro equivalente em inglês é “The tale grew
in the telling”.
Este provérbio refere-se ao facto de que, quando contamos histórias, muitas vezes de
forma consciente ou até mesmo de forma inconsciente, acabamos por exagerar e por modificar ou alterar
as histórias.
Cada pessoa altera um bocadinho a história cada vez que a conta, e no final a versão
final da história é muito diferente da versão original.
E chegámos ao final dos 7 provérbios que eu tenho para vocês hoje, espero que tenham
gostado!
Muitos destes provérbios revelam algumas características da cultura popular portuguesa,
e se vocês começarem a usá-los no vosso discurso vão certamente impressionar muitos
falantes nativos de português.
No entanto, não se esqueçam de que os provérbios em português, tal como nas outras línguas,
são usados com pouca frequência e só em situações muito específicas.
É muito estranho uma pessoa falar quase só em provérbios, por isso o meu conselho é
que os usem muito de vez em quando.
Finalmente, antes de me despedir de vocês, deixo-vos na descrição deste episódio o
link para um sketch de comédia de um grupo de comédia chamado Último Andar.
Neste sketch temos 3 amigos à conversa e um deles está sempre a misturar provérbios,
começa com a primeira parte de um provérbio e depois diz a segunda parte de outro provérbio
diferente.
É um sketch bastante engraçado, mas aviso já que é um pouco difícil de perceber
porque é feito para falantes nativos,
por isso eles falam bastante rápido no vídeo.
É um vídeo mais indicado para alunos de nível avançado, mas também é um bom treino
e um bom desafio para alunos de nível intermédio, por isso vão dar uma olhadela e digam-me
o que é que acharam!
Muito obrigado e até para a semana!