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BBC News 2021 (Brasil), O que foi e como acabou a Primavera Árabe | 21 notícias que marcaram o século 21 (2)

O que foi e como acabou a Primavera Árabe | 21 notícias que marcaram o século 21 (2)

Unidas criou uma zona de exclusão aérea no país, impedindo o regime de Khadafi de

usar aviões para bombardear Benghazi

A resolução da ONU foi além: aprovou o bombardeio de tanques líbios que se dirigissem

à cidade rebelde

As medidas seriam implementadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança

militar ocidental

Aviões franceses, britânicos e canadenses, além de navios

americanos, passaram a bombardear posições

do regime líbio

O quadro levou a uma guerra civil entre o regime de Khadafi, baseado do lado oeste do

país, e os rebeldes, na parte leste

Apesar da intenção manifestada inicialmente pela resolução do Conselho de Segurança

da ONU de proteger a população civil, os bombardeios das potências ocidentais favoreceram

os rebeldes e criaram as condições para que passassem de uma posição de defesa para

uma ação ofensiva

Em agosto de 2011, soldados rebeldes tomaram o palácio presidencial de Muammar Khadafi,

e controlaram a capital

Khadafi conseguiu fugir

Começaria então uma caçada implacável

Forças rebeldes se concentraram na tomada da cidade natal do agora ex-ditador, Sirte

Khadafi estava na cidade, protegido por combatentes leais ao regime que entrava em colapso

Em outubro de dois mil e onze, ele e um

grupo de soldados foram bombardeados por caças

franceses e finalmente caíram nas mãos de rebeldes

Detido, Khadafi foi espancado

Imagens do ex-ditador ainda vivo, coberto de sangue e pedindo clemência, se espalharam

pelas redes sociais

O ex-ditador seria assassinado pouco depois a tiros

Era o fim da versão líbia da Primavera Árabe, mas o começo da guerra pelo poder no país

A composição de uma nova ordem na Líbia se mostrou muito mais difícil do que imaginavam

as potências ocidentais que apoiaram a queda de Khadafi

Diferentes facções passaram a disputar o domínio do país, e o crescente caos permitiu

o avanço de radicais islâmicos

No ano seguinte à queda de Khadafi, do dia onze de setembro, aniversário dos ataques

ao World Trade Center, em Nova York, em dois mil e um, a embaixada dos Estados Unidos em

Benghazi foi atacada

O embaixador americano e outras três pessoas foram mortas

Washington inicialmente chamou o ataque de protesto espontâneo

Mas estava claro o grau de instabilidade na Líbia

O grupo Ansar al-Sharia, formado naquele mesmo ano em Benghazi com o objetivo de implementar

a lei islâmica na Líbia, foi acusado de ter organizado o ataque

A disputa pelo poder e pelos campos de petróleo na Líbia pós-Khadafi, além da presença

de jihadistas, lançou o país numa guerra civil que durou anos

Numa tentativa de estabilização, as Nações Unidas

apoiaram a implementação de um governo em Trípoli

Mas, no leste do país, a história era outra

Inicialmente tomada por islamistas, a região foi tomada

por um grupo secular liderado pelo general Khalifa Haftar

Após anos de guerra civil, a Líbia continuou dividida até dois mil e vinte, com a maior

parte do território controlada por Haftar

Devido à influência de grupos islamistas na composição do governo em Trípoli, nações

como Rússia, Egito e França estavam com o general dissidente

Já países como Turquia e Itália seguiam apoiando o regime baseado na capital

Mas em outubro passado, os dois lados assinaram um cessar-fogo em Genebra (Suíça) e deram

esperanças para uma futura reunificação do país

Última a sentir a onda de protestos que varriam o mundo árabe naquele início de dois mil

e onze, a Siria enfrentaria o mais danosos efeitos das disputas por poder

O país era conhecido pela repressão do regime a oponentes

Prisões, torturas e assassinatos eram usados com frequência para calar qualquer possível

dissidência política

O presidente da Síria, Bashar al-Assad herdou a presidência do pai, Hafez al-Assad, que

chegou ao poder com um golpe de Estado em 1970

Representante da minoria alauíta, um segmento do lado xiita do Islã, Assad era um dos principais

aliados do Irã no Oriente Médio

Em março de dois mil e onze, foram registradas as primeiras manifestações contra o governo,

incluindo uma pequena reunião de pessoas na capital, Damasco

Na cidade de Deraa, no sul do país, a repressão armada causou as primeiras fatalidades

Jovens morreram durante um protesto contra a prisão e tortura de adolescentes que haviam

pichado dizeres contra o governo

A partir de Deraa, os protestos cresceram em outras cidades importantes, como Homs e

Hama, na região central, e Banias, na costa oeste

Para cada uma delas, o regime adotou tática semelhante, com o envio de tanques que sitiavam

e bombardeavam a área

Serviços básicos como água, eletricidade e telefone eram cortados

As autoridades diziam sempre que seus alvos eram terroristas

Os manifestantes, por sua vez, cresciam em número

O que começou com demandas por mais direitos e liberdade rapidamente virou um movimento

para derrubar o regime

Ao longo de dois mil e onze, a repressão de Assad ficou cada vez mais violenta, com

o uso de armamento pesado contra as concentrações de manifestantes

Os excessos do regime foram logo denunciados por jovens pela internet

Em Aleppo, segunda maior cidade do país, estudantes da universidade local passaram

a se manifestar e exigir o fim do cerco a outras cidades

Como relatou anos depois a União dos Estudantes Livres da Síria (UFSS), criada durante os

protestos, abre aspas: "Estudantes de diferentes universidades por

todo o país uniram forças para registrar as violações do regime de Assad contra eles

e contra a população de Homs e Banias, que foram alvos nos estágios iniciais da revolução"

O governo seguiu com suas ações repressivas, cada vez mais violentas, apesar da crescente

pressão internacional

Mas com o tempo, os confrontos mostravam uma mudança na natureza do que ocorria na Síria

Em junho, centenas de homens atacaram forças de segurança na cidade de Jisr al-Shughour,

matando cerca de 120 soldados e policiais

Foi o primeiro sinal claro de que a revolução pacífica tinha ficado para trás

No segundo semestre de dois mil e onze, em vez de manifestantes ou estudantes, Bashar

al-Assad já enfrentava rebeldes organizados

A Primavera Síria tinha virado uma sangrenta guerra civil

A vizinha Turquia alertou

"Olhe para o assassinado líder da Líbia, que virou suas armas para seu povo e apenas

32 dias atrás usou as mesmas palavras que você"

Mas o presidente da Síria, Bashar al-Assad, prometeu lutar até a morte

Dele ou de seus adversários

Logo, viriam as suspeitas de uso de armas químicas e biológicas por parte do regime de Assad

O então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ameaçava intervir:

Em agosto de 2013, rebeldes acusaram o governo de ser o autor de um ataque químico

que deixou mais de mil mortos nos arredores de Damasco

O regime Assad negou o uso dos armamentos e disse que a acusação era fabricada, mas

o incidente colocou forte pressão por uma intervenção dos Estados Unidos e do Reino Unido

Dias depois, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, tentou aprovar no Parlamento

uma autorização para o bombardeio de posições do regime sírio no país

Com os britânicos ainda sob os efeitos da trágica guerra no Iraque e diante do caos

que tomara conta da Líbia, após os ataques aéreos contra as forças de Khadafi, o Parlamento

rejeitou a proposta

Sem apoio do Reino Unido, Obama desistiu de uma intervenção americana direta

A decisão permitiu que Assad ganhasse terreno, com a participação de contingentes do grupo

xiita libanês Hezbollah, a assistência do Irã e o crescente apoio da Rússia

Nos primeiros anos do conflito na Síria, o Exército Sírio Livre, formado em agosto

de dois mil e onze por desertores do Exército nacional, foi o principal grupo a combater

o regime de Assad

Ao longo de 2012 e 2013, com o agravamento do conflito, centenas de

outros grupos rebeldes foram formados, alguns pequenos e locais, outros com conexões e

estrutura em várias partes da Síria

Em dezembro de 2013, a BBC publicou uma lista dos principais grupos envolvidos na guerra

civil

Seriam mais de cem, com mais de 100 mil combatentes

Além do Exército Sírio Livre, a BBC listava duas grandes coalizões de organizações

jihadistas sunitas espalhadas pelo país

A primeira, Frente Islâmica, era a maior delas, com cerca de quarenta e cinco mil combatentes

Juntava grupos abertos à participação de combatentes estrangeiros, mas não ligados

à Al-Qaeda

A segunda coalizão, a Frente Síria de Libertação Islâmica, era menor, mas definiria os rumos

da guerra

Entre seus grupos, estavam a Frente Al-Nusra, um braço da al-Qaeda na Síria,

e o EstadoIslâmico no Iraque e no Levante, também conhecido como Isis, Isil ou Daesh

Apesar da intenção inicial do Isis de se aliar à Al-Nusra em um só movimento, a frente

rejeitou a união e manteve-se fiel à Al-Qaeda

Nascido da temida Al-Qaeda, e inicialmente chamado apenas Estado Islâmico no Iraque,

o grupo avançou de forma impressionante na Síria

Comandado pelo iraquiano Abu Bakr al-Baghdadi, já em 2014 o Isis tomou Falluja,

no Iraque, e derrotou outros grupos rebeldes na disputa pela cidade síria de Raqqa

Em junho, Baghdadi declarou que o Estado Islâmico no Iraque e no Levante era agora um califado,

e ele era o califa

Em seu auge, entre 2015 e 2016, o chamado Estado Islâmico controlou cerca

de um quarto do território sírio, especialmente o nordeste, onde implantou o terror das execuções

em massa e sua visão extremista do Islã

Mas também foi neste período que as ações militares externas se intensificaram

Primeiro, foram os bom bombardeios de aviões americanos e britânicos

Em março de 2016, o Estado Islâmico foi expulso definitivamente da cidade

histórica de Palmira, que tomara um ano antes

Grande parte das ruínas históricas foi destruída pela organização

A guerra ao Estado Islâmico foi um esforço conjunto, mesmo que não coordenado

O regime sírio, o grupo libanês Hezbollah, a Jordânia, outros grupos islamistas e as

Forças Democráticas Sírias - aliança secular rebelde formada em 2015 - participaram,

de uma forma ou de outra, do combate ao chamado Estado Islâmico na Síria

Ganhou destaque a luta travada pelas Unidades de Proteção das Mulheres, grupo de mulheres

curdas, no norte do país

Aos poucos, o Estado Islâmico perdeu Raqqa e Baghuz, sua última base na Síria

Em 2019 chegava ao fim o califado de Abu Bakr al-Baghdadi

Durante a luta contra o chamado Estado Islâmico, a preocupação da comunidade internacional

com a derrubada do regime de Assad diminuiu

O presidente sírio também teve a preciosa ajuda de seu grande aliado, a Rússia

Os incansáveis bombardeios russos que contribuíram para derrotar o Estado Islâmico também miravam

outros grupos rebeldes

A Rússia acabou acusada de destruir vários hospitais e matar um grande número de civis

Assad aos poucos recuperou o controle de cidades como Homs e Aleppo e afastou o risco de ser

derrubado militarmente

Segundo uma estimativa do Observatório Sírio de Direitos Humanos, de março de 2011

a março de 2020, a guerra civil na Síria deixou meio milhão de mortos

O conflito também destruiu completamente as construções e a infraestrutura de muitas cidades

No início de dois mil e vinte um, a Síria ainda estava dividida, com o leste controlado

por rebeldes seculares liderados por curdos e apoiados pelos Estados Unidos

Já a parte oeste e central está nas mãos do governo

E ainda há pontos ocupados por extremistas religiosos e outros pela Turquia, acusada

de apoiar os jihadistas

O regime de Bashar al-Assad sobrevive

Enquanto a Síria enfrentava quase uma década de guerra civil, outra guerra devastadora

recebia menos atenção da comunidade internacional

No Iêmen, a história começou de forma parecida à de seus vizinhos

Manifestantes também saíram às ruas no início de dois mil e onze com esperança

de obter mais democracia e melhores condições econômicas

do regime do autoritário presidente Ali Abdullah Saleh

Em abril, os protestos já reuniam dezenas de milhares na capital, Sanaa, e em outras cidades

Saleh resistiu durante meses

No início de 2012, após 33 anos no poder, Saleh deixou o posto

Passou o comando do país a seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi

Após dois anos de tensão e protestos, liderados pelo

movimento xiita Houthi, a crise do Iêmen virou guerra civil

Em 2015, rebeldes tomaram o poder em Sanaa

O que foi e como acabou a Primavera Árabe | 21 notícias que marcaram o século 21 (2) What was the Arab Spring and how it ended - 21 news items that marked the 21st century (2) Qué fue y cómo acabó la Primavera Árabe | 21 noticias que marcaron el siglo XXI (2) 什麼是阿拉伯之春,它是如何結束的 |標誌著 21 世紀的 21 條新聞 (2)

Unidas criou uma zona de exclusão aérea no país, impedindo o regime de Khadafi de

usar aviões para bombardear Benghazi

A resolução da ONU foi além: aprovou o bombardeio de tanques líbios que se dirigissem

à cidade rebelde

As medidas seriam implementadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança

militar ocidental

Aviões franceses, britânicos e canadenses, além de navios

americanos, passaram a bombardear posições

do regime líbio

O quadro levou a uma guerra civil entre o regime de Khadafi, baseado do lado oeste do

país, e os rebeldes, na parte leste

Apesar da intenção manifestada inicialmente pela resolução do Conselho de Segurança

da ONU de proteger a população civil, os bombardeios das potências ocidentais favoreceram

os rebeldes e criaram as condições para que passassem de uma posição de defesa para

uma ação ofensiva

Em agosto de 2011, soldados rebeldes tomaram o palácio presidencial de Muammar Khadafi,

e controlaram a capital

Khadafi conseguiu fugir

Começaria então uma caçada implacável

Forças rebeldes se concentraram na tomada da cidade natal do agora ex-ditador, Sirte

Khadafi estava na cidade, protegido por combatentes leais ao regime que entrava em colapso

Em outubro de dois mil e onze, ele e um

grupo de soldados foram bombardeados por caças

franceses e finalmente caíram nas mãos de rebeldes

Detido, Khadafi foi espancado

Imagens do ex-ditador ainda vivo, coberto de sangue e pedindo clemência, se espalharam

pelas redes sociais

O ex-ditador seria assassinado pouco depois a tiros

Era o fim da versão líbia da Primavera Árabe, mas o começo da guerra pelo poder no país

A composição de uma nova ordem na Líbia se mostrou muito mais difícil do que imaginavam

as potências ocidentais que apoiaram a queda de Khadafi

Diferentes facções passaram a disputar o domínio do país, e o crescente caos permitiu

o avanço de radicais islâmicos

No ano seguinte à queda de Khadafi, do dia onze de setembro, aniversário dos ataques

ao World Trade Center, em Nova York, em dois mil e um, a embaixada dos Estados Unidos em

Benghazi foi atacada

O embaixador americano e outras três pessoas foram mortas

Washington inicialmente chamou o ataque de protesto espontâneo

Mas estava claro o grau de instabilidade na Líbia

O grupo Ansar al-Sharia, formado naquele mesmo ano em Benghazi com o objetivo de implementar

a lei islâmica na Líbia, foi acusado de ter organizado o ataque

A disputa pelo poder e pelos campos de petróleo na Líbia pós-Khadafi, além da presença

de jihadistas, lançou o país numa guerra civil que durou anos

Numa tentativa de estabilização, as Nações Unidas

apoiaram a implementação de um governo em Trípoli

Mas, no leste do país, a história era outra

Inicialmente tomada por islamistas, a região foi tomada

por um grupo secular liderado pelo general Khalifa Haftar

Após anos de guerra civil, a Líbia continuou dividida até dois mil e vinte, com a maior

parte do território controlada por Haftar

Devido à influência de grupos islamistas na composição do governo em Trípoli, nações

como Rússia, Egito e França estavam com o general dissidente

Já países como Turquia e Itália seguiam apoiando o regime baseado na capital

Mas em outubro passado, os dois lados assinaram um cessar-fogo em Genebra (Suíça) e deram

esperanças para uma futura reunificação do país

Última a sentir a onda de protestos que varriam o mundo árabe naquele início de dois mil

e onze, a Siria enfrentaria o mais danosos efeitos das disputas por poder

O país era conhecido pela repressão do regime a oponentes

Prisões, torturas e assassinatos eram usados com frequência para calar qualquer possível

dissidência política

O presidente da Síria, Bashar al-Assad herdou a presidência do pai, Hafez al-Assad, que

chegou ao poder com um golpe de Estado em 1970

Representante da minoria alauíta, um segmento do lado xiita do Islã, Assad era um dos principais

aliados do Irã no Oriente Médio

Em março de dois mil e onze, foram registradas as primeiras manifestações contra o governo,

incluindo uma pequena reunião de pessoas na capital, Damasco

Na cidade de Deraa, no sul do país, a repressão armada causou as primeiras fatalidades

Jovens morreram durante um protesto contra a prisão e tortura de adolescentes que haviam

pichado dizeres contra o governo

A partir de Deraa, os protestos cresceram em outras cidades importantes, como Homs e

Hama, na região central, e Banias, na costa oeste

Para cada uma delas, o regime adotou tática semelhante, com o envio de tanques que sitiavam

e bombardeavam a área

Serviços básicos como água, eletricidade e telefone eram cortados

As autoridades diziam sempre que seus alvos eram terroristas

Os manifestantes, por sua vez, cresciam em número

O que começou com demandas por mais direitos e liberdade rapidamente virou um movimento

para derrubar o regime

Ao longo de dois mil e onze, a repressão de Assad ficou cada vez mais violenta, com

o uso de armamento pesado contra as concentrações de manifestantes

Os excessos do regime foram logo denunciados por jovens pela internet

Em Aleppo, segunda maior cidade do país, estudantes da universidade local passaram

a se manifestar e exigir o fim do cerco a outras cidades

Como relatou anos depois a União dos Estudantes Livres da Síria (UFSS), criada durante os

protestos, abre aspas: "Estudantes de diferentes universidades por

todo o país uniram forças para registrar as violações do regime de Assad contra eles

e contra a população de Homs e Banias, que foram alvos nos estágios iniciais da revolução"

O governo seguiu com suas ações repressivas, cada vez mais violentas, apesar da crescente

pressão internacional

Mas com o tempo, os confrontos mostravam uma mudança na natureza do que ocorria na Síria

Em junho, centenas de homens atacaram forças de segurança na cidade de Jisr al-Shughour,

matando cerca de 120 soldados e policiais

Foi o primeiro sinal claro de que a revolução pacífica tinha ficado para trás

No segundo semestre de dois mil e onze, em vez de manifestantes ou estudantes, Bashar

al-Assad já enfrentava rebeldes organizados

A Primavera Síria tinha virado uma sangrenta guerra civil

A vizinha Turquia alertou

"Olhe para o assassinado líder da Líbia, que virou suas armas para seu povo e apenas

32 dias atrás usou as mesmas palavras que você"

Mas o presidente da Síria, Bashar al-Assad, prometeu lutar até a morte

Dele ou de seus adversários

Logo, viriam as suspeitas de uso de armas químicas e biológicas por parte do regime de Assad

O então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ameaçava intervir:

Em agosto de 2013, rebeldes acusaram o governo de ser o autor de um ataque químico

que deixou mais de mil mortos nos arredores de Damasco

O regime Assad negou o uso dos armamentos e disse que a acusação era fabricada, mas

o incidente colocou forte pressão por uma intervenção dos Estados Unidos e do Reino Unido

Dias depois, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, tentou aprovar no Parlamento

uma autorização para o bombardeio de posições do regime sírio no país

Com os britânicos ainda sob os efeitos da trágica guerra no Iraque e diante do caos

que tomara conta da Líbia, após os ataques aéreos contra as forças de Khadafi, o Parlamento

rejeitou a proposta

Sem apoio do Reino Unido, Obama desistiu de uma intervenção americana direta

A decisão permitiu que Assad ganhasse terreno, com a participação de contingentes do grupo

xiita libanês Hezbollah, a assistência do Irã e o crescente apoio da Rússia

Nos primeiros anos do conflito na Síria, o Exército Sírio Livre, formado em agosto

de dois mil e onze por desertores do Exército nacional, foi o principal grupo a combater

o regime de Assad

Ao longo de 2012 e 2013, com o agravamento do conflito, centenas de

outros grupos rebeldes foram formados, alguns pequenos e locais, outros com conexões e

estrutura em várias partes da Síria

Em dezembro de 2013, a BBC publicou uma lista dos principais grupos envolvidos na guerra

civil

Seriam mais de cem, com mais de 100 mil combatentes

Além do Exército Sírio Livre, a BBC listava duas grandes coalizões de organizações

jihadistas sunitas espalhadas pelo país

A primeira, Frente Islâmica, era a maior delas, com cerca de quarenta e cinco mil combatentes

Juntava grupos abertos à participação de combatentes estrangeiros, mas não ligados

à Al-Qaeda

A segunda coalizão, a Frente Síria de Libertação Islâmica, era menor, mas definiria os rumos

da guerra

Entre seus grupos, estavam a Frente Al-Nusra, um braço da al-Qaeda na Síria,

e o EstadoIslâmico no Iraque e no Levante, também conhecido como Isis, Isil ou Daesh

Apesar da intenção inicial do Isis de se aliar à Al-Nusra em um só movimento, a frente

rejeitou a união e manteve-se fiel à Al-Qaeda

Nascido da temida Al-Qaeda, e inicialmente chamado apenas Estado Islâmico no Iraque,

o grupo avançou de forma impressionante na Síria

Comandado pelo iraquiano Abu Bakr al-Baghdadi, já em 2014 o Isis tomou Falluja,

no Iraque, e derrotou outros grupos rebeldes na disputa pela cidade síria de Raqqa

Em junho, Baghdadi declarou que o Estado Islâmico no Iraque e no Levante era agora um califado,

e ele era o califa

Em seu auge, entre 2015 e 2016, o chamado Estado Islâmico controlou cerca

de um quarto do território sírio, especialmente o nordeste, onde implantou o terror das execuções

em massa e sua visão extremista do Islã

Mas também foi neste período que as ações militares externas se intensificaram

Primeiro, foram os bom bombardeios de aviões americanos e britânicos

Em março de 2016, o Estado Islâmico foi expulso definitivamente da cidade

histórica de Palmira, que tomara um ano antes

Grande parte das ruínas históricas foi destruída pela organização

A guerra ao Estado Islâmico foi um esforço conjunto, mesmo que não coordenado

O regime sírio, o grupo libanês Hezbollah, a Jordânia, outros grupos islamistas e as

Forças Democráticas Sírias - aliança secular rebelde formada em 2015 - participaram,

de uma forma ou de outra, do combate ao chamado Estado Islâmico na Síria

Ganhou destaque a luta travada pelas Unidades de Proteção das Mulheres, grupo de mulheres

curdas, no norte do país

Aos poucos, o Estado Islâmico perdeu Raqqa e Baghuz, sua última base na Síria

Em 2019 chegava ao fim o califado de Abu Bakr al-Baghdadi

Durante a luta contra o chamado Estado Islâmico, a preocupação da comunidade internacional

com a derrubada do regime de Assad diminuiu

O presidente sírio também teve a preciosa ajuda de seu grande aliado, a Rússia

Os incansáveis bombardeios russos que contribuíram para derrotar o Estado Islâmico também miravam

outros grupos rebeldes

A Rússia acabou acusada de destruir vários hospitais e matar um grande número de civis

Assad aos poucos recuperou o controle de cidades como Homs e Aleppo e afastou o risco de ser

derrubado militarmente

Segundo uma estimativa do Observatório Sírio de Direitos Humanos, de março de 2011

a março de 2020, a guerra civil na Síria deixou meio milhão de mortos

O conflito também destruiu completamente as construções e a infraestrutura de muitas cidades

No início de dois mil e vinte um, a Síria ainda estava dividida, com o leste controlado

por rebeldes seculares liderados por curdos e apoiados pelos Estados Unidos

Já a parte oeste e central está nas mãos do governo

E ainda há pontos ocupados por extremistas religiosos e outros pela Turquia, acusada

de apoiar os jihadistas

O regime de Bashar al-Assad sobrevive

Enquanto a Síria enfrentava quase uma década de guerra civil, outra guerra devastadora

recebia menos atenção da comunidade internacional

No Iêmen, a história começou de forma parecida à de seus vizinhos

Manifestantes também saíram às ruas no início de dois mil e onze com esperança

de obter mais democracia e melhores condições econômicas

do regime do autoritário presidente Ali Abdullah Saleh

Em abril, os protestos já reuniam dezenas de milhares na capital, Sanaa, e em outras cidades

Saleh resistiu durante meses

No início de 2012, após 33 anos no poder, Saleh deixou o posto

Passou o comando do país a seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi

Após dois anos de tensão e protestos, liderados pelo

movimento xiita Houthi, a crise do Iêmen virou guerra civil

Em 2015, rebeldes tomaram o poder em Sanaa