A HISTÓRIA POR TRÁS DA FAMILIA REAL | EDUARDO BUENO
Toda a história que começa com "era uma vez um" tem um rei e uma rainha.
E o Brasil já teve o Rei Dom João VI e a Rainha Carlota Joaquina.
Bomba! Bomba! O rei gordo e a rainha bigoduda não eram caricatura.
8 de março de 1808.
O dia nasceu radiante na Baía de Guanabara quando, na entrada da baía, se vê em torno
de quarenta embarcações.
Quarenta embarcações. Oito naus, cinco fragatas, três brigues e vários navios mercantes.
Eles traziam em torno de 10 mil pessoas.
Era um império à deriva. Era um reino flutuante. Era a nobreza a classe
administrativa de Portugal chegando para sugar as veias abertas da América Latrina
Opa, não! Essa é outra... Veias abertas do Brasil.
Cara, essa é a história da chegada da família real ao Rio de Janeiro.
Essa história já foi contada várias vezes,
já virou livro de sucesso, já virou um filme horroroso que foi
responsável pela retomada do cinemabrasileiro. Mas de alguma forma, não sei por que
ela não é contado exatamente como ela deveria ser contada.
Quando a família real portuguesa abandona Lisboa, ela o faz porque não tinha mais
nenhum outra alternativa. É óbvio, é evidente.
A máquina de guerra de Napoleão, associada com o exército que tinha sido capaz de vencer o exército
prussiano, se aproximava rapidamente de Portugal, embora as tropas comandadas
pelo general Junot, que era um general francês que já tinha sido inclusive
embaixador da França em Portugal.
Quando essa tropa mal armada, mal alimentado e
mal equipada vai se aproximando de Lisboa a corte portuguesa, cujo príncipe
regente era o futuro Dom João VI, e cuja rainha era Dona Maria, muito
propriamente cognominada de Dona Maria, a louca.
Que louca era.
Percebe imediatamente que não tem mais como se manter em Portugal
a não ser como um prisioneiro.
Então embarca rapidamente em navios que já estavam,
que já tinham sido requisitados pela própria corte,
e que estavam ancorados no Porto do Restelo, no Rio Tejo, de onde
inclusive tinha partido há 308 anos antes o Pedro Alvares Cabral, de onde tinham
partido todas as expedições que tinham vindo colonizar o Brasil. Esses barcos
partem em direção ao Novo Mundo. É um novo momento que se inicia na
história não só do Brasil, mas de certa forma na história de toda América
Latina e da humanidade também porque pela primeira vez na história um
um monarca de sangue real europeu não só vinha para o novo mundo como se
instalaria no novo mundo. A primeira impressão não só da corte sobre o Rio de Janeiro
como do Rio de Janeiro para corte foi de um total estranhamento, porque
a maior parte das mulheres que estavam a bordo da corte desembarcar no Brasil
com a cabeça raspada porque tinha havido uma epidemia de piolhos a bordo
que as forçou a raspar os seus cabelos.
Muitas das cortesãs e das mulheres da alta sociedade carioca
acharam que aquela era a moda na Europa e trataram de, ou raspar o seu próprio
cabelo ou botar um lenço na cabeça que nem viam as damas portuguesas fazerem.
Por seu turno os portugueses que desembarcaram acharam e concluíram que
o Rio de Janeiro era, como de fato era, a mais imunda das cidades do planeta
porque o Rio de Janeiro hoje a gente tem essa imagem no Rio de Janeiro belíssimo
lindíssimo e o Rio de Janeiro sempre foi lindíssimo e belíssimo. A paisagem
física. A geografia física do Rio de Janeiro porque a geografia humana e
urbana do Rio de Janeiro era horrorosa, era imunda. Os esgotos fizeram a céu aberto
hoje graças a Deus não são mais, especialmente na Baixada Fluminense,
Mas era um lugar perigoso, violento e sujo, ou seja, bem
diferente do Rio de Janeiro de hoje em dia. E aquele desembarque lhes causa um
espanto, especialmente na Carlota Joaquina que nunca gostou do seu marido Dom João
os dois tinham casados quando eles tinham dez, doze anos de idade
a noite de núpcias dos dois é um desastre.
A Carlota Joaquina morde a orelha
do Dom João quase a arrancar a orelha dele. O próprio Dom João era uma figura
quase caricatural. Ele era realmente muito feio. As faces dele surgiam de um
volteio de rugas. E cara, ele tinha sido mal diagramado
só que os dois, tanto a Carlota quanto Dom João, passam uma história vitimados
pelas suas características físicas que não indicam a real realidade dos fatos.
Dom João fez muito pelo Brasil.
Dom João melhorou muito o Rio de Janeiro, Dom João
foi uma força progressista e que transformou o Brasil, não apenas em
reino unido a Portugal, mudando todo o estado colonial do Brasil,
como nos deu o Jardim Botânico, a Biblioteca Nacional. Trouxe
a missão francesa e a Carlota Joaquina, que também passa a história como
uma bruxa, manca, horrorosas, bigoduda, e aliás ela era meio bruxa, meio manca e meio bigoduda,
ela passa pra história como uma inimiga total do Brasil, que ela de fato era,
só que ela era e isso num contexto muito diferente. Ela era espanhola
Portugal e Espanha sempre foram adversários. A Espanha tinha se
submetido ao jogo napoleônico. Então havia na mente da Carlota Joaquina toda
uma visão imperial de se tornar rainha do vice-reino platino, que tinha a ver
com a província cisplatina, que tinha a ver com a Argentina e de certa forma tinha
até a ver com o Peru. Então ela estava agindo de acordo com uma visão
geopolítica que, pela ótica dela, estava correta.
Além de tudo, Carlota Joaquina; um fumava diamba, como era chamada a maconha;
dois tomava banho pelada na praia do Flamengo;
três adorava transar, especialmente com um negão, ou seja, um mulher que transa, toma
banho nua e fuma maconha a gente não pode ficar falando mal dela o tempo inteiro né?
Pelo amor de Deus algo de bom tinha que ter. O próprio Dom João, que nunca aguentou
muito a Carlota, era um casamento de fachada que eles tiveram que manter, o Dom João
seria pai unicamente
do Dom Pedro, que viria a ser o Dom Pedro I.
A Carlota Joaquina desprezava o Dom Pedro. O Dom Pedro passou a vida inteira em busca do amor
da mãe e nunca o teve, inclusive uma das teorias de psicanálise de botequim
é que o fato de Dom Pedro ter tido mulheres sem fim, a psicologia de botequim
indica que isso era porque nunca teve o amor da mãe, que ele sempre buscou
e pouco teve do amor do pai também, embora o pai lhe projetasse toda uma
visão estratégica que viria fazer com que ele se tornasse o primeiro imperador
do Brasil quando o Dom João é forçado a voltar para Portugal
depois de todo o período que ele viveu aqui no Brasil, aliás o período que
viveu no Brasil muito produtivo Brasil era pago por Portugal, né?
Tudo bem que o Brasil produzir muita renda, mas muito do dinheiro
Muito do dinheiro gerado em Portugal era enviado pro Brasil para manter a corte morando aqui
nos trópicos enquanto os portugueses ficavam lá sem sem seu rei sob o comando
de um inglês marechal Beresford, que aliás tinha expulsado o Junot que foi
quem tomou Portugal lá de Portugal. Então crianças têm rei, tem rainha, tem
a corte, tem quase a feia adormecida, a bela adormecida também e é o seguinte
tá na hora de acordar, de despertar porque é o único jeito de construir um país
é sabendo história. E é essa história que a gente vem contando aqui no
não vai cair no enem. Xau, até a próxima .
O que você acaba de ver, está repleto de generalizações
e simplificações, mas o quadro geral era esse aí mesmo.
Agora, se você quiser saber como as coisas de fato foram
então você vai ter que ler.