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O Assunto (*Generated Transcript*), O nº 2 de Haddad indicado ao Banco Central I O ASSUNTO I g1

O nº 2 de Haddad indicado ao Banco Central I O ASSUNTO I g1

O diretor de política monetária indicado pelo presidente da república é o Gabriel Galípolo.

Confirmado.

Confirmado.

Não, eu já conversei com o presidente Lula tem um tempo sobre essa minha intenção e

recebi o aval dele.

Confia absolutamente nas pessoas que estão sendo indicadas e chancelou os dois nomes.

O nome escolhido por Fernando Haddad foi quem atuou como ponte entre o Banco Central e o

governo em tempos de discordância sobre a política de juros.

Desde o início do ano, vários integrantes do governo criticam o BC por manter a taxa

de juros em 13,75% ao ano, mesmo patamar desde agosto de 2022.

De um lado, o chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto, resiste a pressão e sustenta

estar no caminho certo.

É muito importante a gente entender que não tem mágica no fiscal e infelizmente

não tem bala de prata.

Se a gente não tiver as contas em dia, se a gente não tiver uma perspectiva, a gente

não consegue melhorar.

E o Banco Central não é culpado por todas as mazelas que foram aí descritas.

É verdade, a taxa de juros é alta e a gente tem que baixar.

E a gente quer baixar.

E é importante fazer um trabalho para isso.

Causando irritação e reações do presidente Lula.

Esse cidadão não tem.

Ele não tem nenhum compromisso comigo.

Ele tem compromisso com quem?

Com o Bravil?

Não tem.

Ele tem compromisso com outro governo que o indicou.

E ele tem compromisso com aqueles que gostam de taxa de juros alta.

Porque não há outra explicação.

O nome de Galípolo ainda precisa ser aprovado no Senado.

Mas já tem muita gente de olho em como a sindicação pode influenciar a decisão sobre

os juros.

O nome de Galípolo já era visto como o nome do governo, pelo menos de Fernando Haddad,

para suceder Roberto Campos Neto no final do ano que vem, quando termina o mandato do

atual presidente do BC.

Agora, eu acho que ele não seria indicado agora para a diretoria de política monetária.

Mas eu acho que o governo mudou quando sentiu que, olha, não adianta fazer pressão sobre

o grupo de Roberto Campos Neto, não adianta fazer ameaças, porque eles vão seguir o

que eles querem.

E aí, já que é assim, vamos colocar alguém da total confiança do governo lá dentro.

Solange, você pode começar nos explicando o que faz o diretor de política monetária

do Banco Central e o que é esse cargo para o qual o Gabriel Galípolo foi indicado?

Sim, o diretor de política monetária, ele é responsável pela execução das políticas

monetária e cambial.

Então é ele que leva a fim a cabo a decisão, a decisão da CDI que ela é implementada

por esse diretor, através das operações de mercado e também no caso da política

cambial, ele que opera o mercado de campo.

Então é um cargo extremamente técnico, é um cargo que exige uma certa experiência

em termos de gestão financeira.

Geralmente esses diretores, os diretores nomeados para esse cargo, eles têm uma experiência

em bancos, na tesouraria de bancos, operando o mercado de juros, operando o mercado de

câmbio.

Então é realmente um cargo muito, acho que é uma das diretorias mais técnicas que

o Banco Central dispõe.

Quando a gente fala em mercado, na verdade a gente está falando de pessoas influentes

no mercado financeiro, pessoas que você conhece bem e sabe bem quem são.

Como esses agentes enxergam essa indicação, Solange?

O Gabriel Galípolo, ele é visto como o número dois da Fazenda.

Então hoje ele está sendo responsável, junto com o ministro Haddad, por trazer o

novo arcabouço fiscal, que foi até esse momento bem recebido pelo mercado como uma

política que pode trazer alguma sustentabilidade para a dívida pública.

Eu acho que a gente, em particular, tem bastante crítica em relação a vários pontos do

arcabouço, mas o mercado tem recebido muito bem.

Talvez não tenha 100% de agrado, mas a gente vê agentes financeiros do mercado gostando

do que estão vendo, especialmente já da perspectiva de zerar déficit fiscal já no

ano que vem.

O Congresso reagindo bem, até mesmo outras fontes da área econômica, Banco Central,

todo mundo reagindo bem.

Então hoje é visto como uma pessoa moderada, porque trouxe um arcabouço novo, que é melhor

do que as especulações que haviam antes sobre a falta de regra fiscal, mas ao mesmo

tempo é uma pessoa que veio do Ministério da Fazenda, que junto com o governo tem dado

declarações colocando uma certa pressão para a queda de juros ocorrer ainda no curso

prazo.

Se a economia continuar desacelerando, por razões ligadas à política monetária, nós

vamos ter problemas fiscais, porque a arrecadação vai ser impactada.

Eu não tenho como dissociar o monetário do fiscal.

Se eu desacelero a economia, saindo de 4% para 3%, para 2%, para 1%, eu vou ter impactos

fiscais.

E nós estamos tomando medidas, inclusive, difíceis de tomar, impopulares.

Então vai ser necessário para o Gabriel Calipolo manter hoje a confiança que o mercado

tem nas contas fiscais e conquistar a confiança de que ele vai atuar de uma forma independente

do Ministério da Fazenda na condução da política monetária, que ele se manifeste

de uma maneira menos assertiva em relação à iminência de quedas de juros no curto

prazo.

Existe de fato conflito de interesses na indicação, como alegado por alguns agentes do mercado

financeiro?

Uma vez que a gente tem um Banco Central autônomo, não deveria ter esse conflito de interesses.

Mas como é uma indicação que veio do Ministério da Fazenda, porque de fato ele estava trabalhando

no Ministério da Fazenda, é claro que existe no mercado uma certa desconfiança de que

o Banco Central possa, entre aspas, ser tomado pelo Ministério da Fazenda.

Então vai caber ao Gabriel e vai caber ao outro diretor que foi indicado.

Haddad também indicou a Hilton de Aquino Santos, funcionário de carreira do Banco

Central, para a diretoria de fiscalização.

E aos outros dois diretores que virão em dezembro trazer credibilidade para este novo

Banco Central, porque é novo Banco Central, porque é natural que o mercado veja como

Banco Central diferente à medida que o corpo do COPOM vai se modificando.

Acho que isso iria acontecer com qualquer indicação, porque é uma indicação, sempre

é uma indicação do governo.

Ele está indo para lá com a autonomia necessária para cumprir a lei.

A mesma lei que os outros sete membros do COPOM têm que respeitar.

Os dois indicados do presidente Lula hoje vão observar rigorosamente a mesma lei.

E com o seguinte comando, é buscar harmonizar a política fiscal e a política monetária.

Então o fato dele ter trabalhado no Ministério da Fazenda é claro que vai trazer uma desconfiança

maior, apesar de que, como eu disse, hoje o Galimpo é bem visto pelo mercado como uma

voz moderada e que trouxe um arcabouço que tem sido bem recebido.

Mas vai caber a ele e aos demais diretores que vão ser nomeados em dezembro e o diretor

que foi nomeado hoje, construir essa confiança.

Solange, a escolha do Galipolo é uma espécie de comer pelas bordas.

Eu explico.

Seria uma tentativa do governo para baixar os juros sem mexer na independência do Banco Central?

Olha, o mercado vê o Gabriel Galipolo como um potencial substituto do Roberto Campos.

Essa questão dele já começar a influenciar o Banco Central agora,

eu acho que é algo que o mercado não vê como algo muito iminente.

Não vai ser agora porque a maioria dos diretores ainda estão,

ainda são os diretores que foram nomeados pelo governo passado,

tem um bom relacionamento com o Roberto Campos.

Então vai ser difícil comer pelas bordas nesse momento.

Mas é claro que dependendo da atuação dele isso vai ser expresso nas comunicações

porque o diretor de política humanitária faz conversas públicas com o mercado,

lives, ajuda a escrever a ata do COPOM.

Então vai ser muito importante entender depois da sabatina a sua atuação,

se essa prática que você colocou aí, comer pelas bordas, já vai começar agora

ou se vai ser alguma coisa realmente que vai acontecer

se ele eventualmente for nomeado como presidente do Banco Central.

Por exemplo, eu acho que na sabatina vai ter muita discussão

sobre a maneira como ele encara a política humanitária,

se ele é a favor da MMT ou não,

na revisão do sistema de metas de inflação,

porque mal ou bem o Galípolo tem participado ou participou

durante o programa de governo do atual presidente de documentos,

assinou documentos favoráveis a uma revisão do sistema de metas de inflação.

Então esse posicionamento vai ser importantíssimo para a gente entender

se já dá para começar a comer pelas bordas ou não

e se como futuro presidente do Banco Central

ele pode realmente fazer o U-turn, uma virada total no atual arca-bolsa monetário.

O sistema de metas de inflação hoje é o sistema mais utilizado pelos países

para controlar a instabilidade de preço é amplamente utilizado.

A gente está discutindo inclusive

fazer mudanças nesse sistema.

Por exemplo o CMN vai se reunir no final de junho

e pode provocar umas certas mudanças no funcionamento do sistema de inflação

Target mas não trocar o sistema de inflação.

No sistema de inflação Target o Banco Central decide a taxa de juros

para alcançar uma meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional

que é composto pelo ministro da Fazenda Planejamento e do presidente do Banco Central.

Então no final das contas o governo já que tem dois ministros no CMN

define a meta de inflação que pode ser corroborado ou não

pelo presidente do Banco Central e o Banco Central ele é.

A missão dele é atingir essa meta de inflação e também obviamente estabilizar

o crescimento do PIB não só atingir a meta de inflação

mas existe um objetivo secundário definida na legislação da autonomia do Banco Central

de que o Banco Central tem que promover uma estabilização do crescimento

e como o Banco Central atua para atingir o objetivo definido pelo governo

através do CMN é subindo ou descendo a taxa de juros.

A Minil Fraga ex-presidente do Banco Central disse que é frequente

a busca por atalhos e milagres para resolver as questões brasileiras.

E que é preciso equilibrar as contas públicas.

Gente isso não existe não existe.

Bom por que eu digo isso o que nós temos claramente o Banco Central sobrecarregado

recomendaria que houvesse um apoio da área fiscal

justamente o que está se propondo nesse momento e claramente

hoje o Banco Central precisa de ajuda porque a taxa de juros de fato é muito alta

só não vê quem não quer.

A todo ano você define uma meta e é cobrado por essa meta

se essa meta não for cumprida no ano calendário.

O Banco Central é obrigado a escrever uma carta para o Ministério da Fazenda

explicando por que não cumpriu

tanto porque a inflação ficou acima ou abaixo da banda de inflação.

Mas o CMN pode mudar essa aferição

para um prazo maior do que o ano calendário que é algo que está se discutindo

que possa ser feito no final de junho pelo CMN.

Por que a sindicação parece um teste

e pode ser uma espécie de ponto de virada na relação entre Campos Neto e Lula.

A questão é que o Banco Central hoje tem autonomia pela lei

a gente aprovou essa autonomia na administração passada.

No entanto a autonomia de fato a autonomia na prática

ela depende das pessoas que estão no copom

nas pessoas que vão decidir a taxa de juros junto com o presidente do Banco Central.

Nada adianta você ter uma lei dizendo que o Banco Central é autônomo

se há indicações políticas que influenciam essa decisão técnica

de atingir a meta definida pelo governo como a gente mesmo já explicou.

Então essa nomeação ela pode ser vista como começo de indicações políticas

porque afinal de contas o Galípolo estava trabalhando no Ministério da Fazenda

participou do programa de governo do candidato Lula.

Então pode ser visto como uma indicação política.

Se vai se mostrar na prática como uma já como uma maneira de se mudar

a autonomia do Banco Central na prática ainda que a lei continue a mesma.

Como eu disse vai depender da sua atuação.

Uma vez sentada na cadeira a cobrança é completamente diferente

a maneira como o mercado encara o posto é muito diferente.

Então o que eu quero dizer com isso é que se as indicações

as próximas indicações forem também muito relacionadas ao Ministério da Fazenda.

Sim com o tempo pode ser pode se imaginar ou pode se pensar que o Banco Central

de fato não vai ser mais independente apesar que na lei vai continuar.

Espera um pouquinho que eu já volto para continuar minha conversa com a Solange.

Essa indicação do ministro Fernando Haddad parece agradar tanto o Rodrigo Pacheco

que é presidente do Senado quanto o presidente Lula que são duas das pessoas

mais importantes e vocais nas críticas a Roberto Campos Neto.

Essa indicação agora por acaso abre caminho para que Galípolo assuma

lá na frente a presidência do Banco Central

quando o mandato de Campos Neto na presidência acabar no ano que vem.

Não eu acho que abre caminho inclusive há uma grande expectativa

de que ele será o substituto do Roberto Campos.

Então existe uma expectativa sim acho que o mercado hoje aposta

majoritariamente nesse nome para substituir o Roberto Campos.

A questão é se ele vai conseguir ser ou não eu acho que vai depender muito

dos resultados que vão ser colhidos daqui até final de 2024.

Não adianta na meu ponto de vista agradar entre aspas o governo caindo muito juros

se a meta de inflação é ser inflação por ficar muito distante da meta

porque a inflação é algo muito impopular e que vai trazer impopularidade para o governo.

Então eu digo que o desafio do Galípolo

é muito grande porque eu não acho que o Banco Central

não esteja cortando os juros hoje por uma questão ideológica

não está cortando os juros hoje porque realmente a inflação ainda

está muito alta parte de núcleos a parte que não é sensível

diretamente à queda de commodities.

A gente está vendo as expectativas de inflação ainda muito elevadas

ainda que parar ainda que elas pararam de subir elas ainda estão muito elevadas

e isso prejudica que a inflação corrente caia.

Então é uma tarefa difícil para se credenciar

e ser presidente do Banco Central com credibilidade.

Ele até pode ser bem visto pelo sistema político

mas ele precisa de credibilidade do mercado para ser nomeado para esse cargo

porque caso contrário a gente pode ter as expectativas

desencorando a inflação corrente sumindo muito o próprio câmbio.

Ele fica atrelado à credibilidade do Banco Central

quando a gente imagina um país com uma inflação muito alta o câmbio desvaloriza

rapidamente.

Então eu acho que hoje é uma pessoa que tem

acho que nas bolsas de apostas a maior probabilidade de ser nomeado.

O sistema político tem

receberia esse nome muito positivamente agora

vai precisar ter o apoio do mercado também.

Há quem diga que o Banco Central está errando a mão

porque não existiria uma inflação de demanda

e que se os juros estivessem a 19% ao ano

que ainda assim os níveis inflacionários estariam semelhantes.

Como é que se responde a essa observação?

Primeiro assim para a gente avaliar se a inflação é de demanda ou não

a gente tem que olhar o IPCA no detalhe e ver quais os itens que estão mais resistentes.

E quando a gente faz essa diferenciação a gente vê que os itens mais resistentes

são os serviços e todos os produtos que não são diretamente relacionados

a preços de comodos.

Então os preços de comodos agrícolas

o petróleo tem caído muito e isso ajuda a inflação a cair.

Mas quando você olha os produtos que não são diretamente ligados

a essas commodities e os serviços eles estão bastante altos como eu disse

os núcleos chamados núcleos que são esse conjunto de bens e serviços

eles estão rodando num patamar mais próximo de 6,5

bastante longe de qualquer meta de inflação defendida no país.

Pode se defender que não seja 3 que seja 4 mas não que seja 6,5.

Então eu acho que não existe o diagnóstico de que não tem inflação de demanda

já que os produtos e serviços mais relacionados a demandas

e não relacionados a choques de ofertas estão altos.

Simone Tebet afirmou que embora a atuação do BC seja técnica

a instituição deve considerar que as decisões têm impactos nas políticas públicas.

O governo não interfere nas decisões técnicas do Banco Central

mas o Banco Central também não pode considerar

que as suas ações são apenas técnicas.

São técnicas mas também são decisões que interferem na política

especialmente os seus comunicados e as suas atas.

E em segundo lugar mesmo que a gente tivesse

uma situação onde a demanda fosse menos forte ou seja

se serviços e outros produtos não relacionados a commodities

estivessem num patamar mais baixo como 4,5 ou 5

choques de oferta importam para o Banco Central.

Então não é verdade que sempre que tiver choque de oferta

o Banco Central não deve reagir porque choques de oferta afetam as expectativas

e se afetam as expectativas afeta o comportamento das pessoas

e demandar salários e aumentar preços.

Então é importante é claro a diferenciação de choque de oferta e demanda.

No atual na atual circunstância eu acho que a gente tem ainda

a gente tem evidências de que existe inflação de demanda no Brasil

mas ainda que não tivesse inflação de demanda a inflação

a inflação cheia ainda está muito alta e isso afeta as expectativas.

Então o Banco Central tem que sempre estar reagindo

ao impacto que a inflação elevada tem no comportamento das pessoas.

Roberto Campos Neto disse que o BC trabalha para que as decisões do banco

tenham o menor impacto possível para a população.

O Banco Central faz um trabalho técnico com um quadro que é altamente capacitado

e que busca cumprir seu mandato de estabilidade de preço.

Não se consegue estabilidade social com a inflação descontrolada.

Eu não acho que o Banco Central está errando a mão.

Eu acho que a gente pode ter uma situação onde o Banco Central

comece o ciclo de afrouxamento monetário comece a reduzir a taxa de juros.

Por que o Banco Central não começa imediatamente?

Porque ele precisa ter mais confiança de que as expectativas de inflação

não vão voltar a subir e vão eventualmente começar a cair

porque hoje elas estão muito longe da meta de 3%.

Então eu acho que o Banco Central está esperando primeiro

essa votação do arcabouço fiscal e o impacto que essa votação vai ter

nas expectativas de inflação que grande parte subiram

nas últimas semanas e meses por conta da falta de credibilidade na âncora fiscal.

Na Câmara dos Deputados, o projeto do novo arcabouço fiscal

enviado pelo governo federal começou a ser debatido.

O texto deixou fora do limite 13 despesas, entre elas recursos

para o pagamento do piso da enfermagem e do Fundeb, o Fundo da Educação Básica.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, do Progressistas, disse que mudanças

no texto do novo marco fiscal serão feitas com transparência.

Nós iremos trabalhar de uma maneira sempre franca,

ouvindo a todos os líderes partidários, medindo e pesando as consequências.

Mas este Congresso não permitirá retrocessos.

E esperando a definição da meta de inflação.

E aí é um ponto muito importante.

O senso comum ou a pressão política por aumentar a meta de inflação

sugere que se aumentarmos a meta de inflação, o Banco Central poderá

imediatamente cair os juros.

Eu discordo dessa afirmativa, eu acho que se aumentarmos a meta de inflação

vai haver uma desconfiança na sociedade que a inflação perseguida vai ser maior.

Mesmo que a meta mudou mas ela pode ser ainda maior do que a meta.

Ela pode ir para o topo da meta ou até mesmo passar do topo da meta.

Isso acaba atrapalhando a convergência da inflação

até para o valor da nova meta.

Por exemplo se a meta for estabelecida em 4 mas todo mundo começar

a acreditar que o Banco Central vai perseguir 5, 5,5

porque é um governo que é mais para a inflação.

A inflação não vai para 4 nem para 5, ela pode ir para um patamar ainda mais alto.

Não é o Banco Central que faz a dívida ser alta.

É a dívida alta que faz o juros ser alto.

Nós temos uma meta de inflação de 3% e um núcleo que está rodando

se a gente olhar os 12 meses perto de 8 e se olhar o trimestre

está rodando em torno de 7.

A gente ainda é muito alto para a nossa meta.

Então nós temos por lei o dever de buscar a meta de inflação

e o instrumento que nós temos é o juros.

A gente pode dividir a Selic em dois pedaços.

Eu diria que o primeiro pedaço é o que a gente chama de taxa de juros de equilíbrio.

Cada país tem uma taxa de juros que é não inflacionária.

Uma taxa de juros que deixa a inflação estável no patamar desejável

ou escolhido pelo governo.

A gente chama de taxa neutra.

A outro pedaço da Selic é o que o Banco Central decide

se ele vai colocar acima do neutro se ele quer ser um banco central

com uma política monetária restritiva porque a inflação está acima do desejável.

Então ele tem que colocar a taxa de juros acima do neutro

para trazer a atividade para baixo e a inflação para baixo

ou se ele vai colocar a taxa de juros abaixo do neutro

porque precisa estimular a atividade porque a inflação está muito baixa.

Eu diria que hoje a gente tem uma taxa neutra alta

e uma política monetária restritiva.

O pedaço que é a taxa neutra e ela é alta ela está derivada

muito derivada também da situação fiscal.

A gente quando a gente aprovou o teto de gastos a taxa neutra no Brasil

ela desabou ela caiu muito e por isso a Selic conseguiu

atingir patamares baixíssimos como 7 por cento.

E aí à medida que a gente foi alterando

o arcabouço antigo o teto de gastos foi trazendo programas sociais

temporários como permanentes triplicando o gasto social.

Essa taxa neutra foi subindo.

Então o Banco Central para conseguir controlar a inflação

ele teve que colocar a Selic no patamar restritivo

e ainda respeitar uma taxa neutra maior.

Então eu diria que a Selic hoje no Brasil é maior do que em países

que tem uma taxa de inflação maior porque a nossa taxa neutra

ela é maior e ela subiu ao longo do tempo e ela vai conseguir.

Ela só vai conseguir retroceder essa taxa neutra

quando existir credibilidade que a dívida PIB vai se estabilizar.

A dívida pública ficou estável em 73 por cento do PIB.

Vamos lembrar que a meta do governo é zerar o déficit público brasileiro

em 2024.

Eu acho que grande parte do mercado não vê essa queda de juros

neutro acontecendo porque não tem hipóteses tão otimistas como o governo

em relação ao crescimento do PIB daqui para frente

em relação à própria taxa de juros e nem tem hipóteses

tão otimistas em relação à capacidade

de expandirmos muito a arrecadação que é um dos pilares desse arcabouço.

Ainda que não publicitados ele só é sustentável se a gente aumentar

de uma forma significativa impostos no Brasil.

Solange muito obrigada pela participação.

Portas abertas para você voltar aqui outras vezes.

Muito obrigada Natuza sempre que me convidar estarei aqui.

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Comigo na equipe do assunto estão Mônica Mariotti Amanda Polato

Tiago Aguiar Luiz Felipe Silva Tiago Casoroski Gabriel de Campos

Naiara Fernandes e Guilherme Romero.

Eu sou Natuzaneri e fico por aqui até o próximo assunto.

Legendas pela comunidade Amara.org


O nº 2 de Haddad indicado ao Banco Central I O ASSUNTO I g1 Haddads Kandidat Nr. 2 für die Zentralbank I DAS THEMA I g1 Haddad's No. 2 nominee for the Central Bank I THE SUBJECT I g1 ハダドのNo.2が中央銀行に就任 I 主題 I g1 하다드 2세, 중앙은행 부총재에 임명 I 주제 I g1 Haddad nr 2 powołany do Banku Centralnego I PRZEDMIOT I g1

O diretor de política monetária indicado pelo presidente da república é o Gabriel Galípolo.

Confirmado.

Confirmado.

Não, eu já conversei com o presidente Lula tem um tempo sobre essa minha intenção e

recebi o aval dele.

Confia absolutamente nas pessoas que estão sendo indicadas e chancelou os dois nomes.

O nome escolhido por Fernando Haddad foi quem atuou como ponte entre o Banco Central e o

governo em tempos de discordância sobre a política de juros.

Desde o início do ano, vários integrantes do governo criticam o BC por manter a taxa

de juros em 13,75% ao ano, mesmo patamar desde agosto de 2022.

De um lado, o chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto, resiste a pressão e sustenta

estar no caminho certo.

É muito importante a gente entender que não tem mágica no fiscal e infelizmente

não tem bala de prata.

Se a gente não tiver as contas em dia, se a gente não tiver uma perspectiva, a gente

não consegue melhorar.

E o Banco Central não é culpado por todas as mazelas que foram aí descritas.

É verdade, a taxa de juros é alta e a gente tem que baixar.

E a gente quer baixar.

E é importante fazer um trabalho para isso.

Causando irritação e reações do presidente Lula.

Esse cidadão não tem.

Ele não tem nenhum compromisso comigo.

Ele tem compromisso com quem?

Com o Bravil?

Não tem.

Ele tem compromisso com outro governo que o indicou.

E ele tem compromisso com aqueles que gostam de taxa de juros alta.

Porque não há outra explicação.

O nome de Galípolo ainda precisa ser aprovado no Senado.

Mas já tem muita gente de olho em como a sindicação pode influenciar a decisão sobre

os juros.

O nome de Galípolo já era visto como o nome do governo, pelo menos de Fernando Haddad,

para suceder Roberto Campos Neto no final do ano que vem, quando termina o mandato do

atual presidente do BC.

Agora, eu acho que ele não seria indicado agora para a diretoria de política monetária.

Mas eu acho que o governo mudou quando sentiu que, olha, não adianta fazer pressão sobre

o grupo de Roberto Campos Neto, não adianta fazer ameaças, porque eles vão seguir o

que eles querem.

E aí, já que é assim, vamos colocar alguém da total confiança do governo lá dentro.

Solange, você pode começar nos explicando o que faz o diretor de política monetária

do Banco Central e o que é esse cargo para o qual o Gabriel Galípolo foi indicado?

Sim, o diretor de política monetária, ele é responsável pela execução das políticas

monetária e cambial.

Então é ele que leva a fim a cabo a decisão, a decisão da CDI que ela é implementada

por esse diretor, através das operações de mercado e também no caso da política

cambial, ele que opera o mercado de campo.

Então é um cargo extremamente técnico, é um cargo que exige uma certa experiência

em termos de gestão financeira.

Geralmente esses diretores, os diretores nomeados para esse cargo, eles têm uma experiência

em bancos, na tesouraria de bancos, operando o mercado de juros, operando o mercado de

câmbio.

Então é realmente um cargo muito, acho que é uma das diretorias mais técnicas que

o Banco Central dispõe.

Quando a gente fala em mercado, na verdade a gente está falando de pessoas influentes

no mercado financeiro, pessoas que você conhece bem e sabe bem quem são.

Como esses agentes enxergam essa indicação, Solange?

O Gabriel Galípolo, ele é visto como o número dois da Fazenda.

Então hoje ele está sendo responsável, junto com o ministro Haddad, por trazer o

novo arcabouço fiscal, que foi até esse momento bem recebido pelo mercado como uma

política que pode trazer alguma sustentabilidade para a dívida pública.

Eu acho que a gente, em particular, tem bastante crítica em relação a vários pontos do

arcabouço, mas o mercado tem recebido muito bem.

Talvez não tenha 100% de agrado, mas a gente vê agentes financeiros do mercado gostando

do que estão vendo, especialmente já da perspectiva de zerar déficit fiscal já no

ano que vem.

O Congresso reagindo bem, até mesmo outras fontes da área econômica, Banco Central,

todo mundo reagindo bem.

Então hoje é visto como uma pessoa moderada, porque trouxe um arcabouço novo, que é melhor

do que as especulações que haviam antes sobre a falta de regra fiscal, mas ao mesmo

tempo é uma pessoa que veio do Ministério da Fazenda, que junto com o governo tem dado

declarações colocando uma certa pressão para a queda de juros ocorrer ainda no curso

prazo.

Se a economia continuar desacelerando, por razões ligadas à política monetária, nós

vamos ter problemas fiscais, porque a arrecadação vai ser impactada.

Eu não tenho como dissociar o monetário do fiscal.

Se eu desacelero a economia, saindo de 4% para 3%, para 2%, para 1%, eu vou ter impactos

fiscais.

E nós estamos tomando medidas, inclusive, difíceis de tomar, impopulares.

Então vai ser necessário para o Gabriel Calipolo manter hoje a confiança que o mercado

tem nas contas fiscais e conquistar a confiança de que ele vai atuar de uma forma independente

do Ministério da Fazenda na condução da política monetária, que ele se manifeste

de uma maneira menos assertiva em relação à iminência de quedas de juros no curto

prazo.

Existe de fato conflito de interesses na indicação, como alegado por alguns agentes do mercado

financeiro?

Uma vez que a gente tem um Banco Central autônomo, não deveria ter esse conflito de interesses.

Mas como é uma indicação que veio do Ministério da Fazenda, porque de fato ele estava trabalhando

no Ministério da Fazenda, é claro que existe no mercado uma certa desconfiança de que

o Banco Central possa, entre aspas, ser tomado pelo Ministério da Fazenda.

Então vai caber ao Gabriel e vai caber ao outro diretor que foi indicado.

Haddad também indicou a Hilton de Aquino Santos, funcionário de carreira do Banco

Central, para a diretoria de fiscalização.

E aos outros dois diretores que virão em dezembro trazer credibilidade para este novo

Banco Central, porque é novo Banco Central, porque é natural que o mercado veja como

Banco Central diferente à medida que o corpo do COPOM vai se modificando.

Acho que isso iria acontecer com qualquer indicação, porque é uma indicação, sempre

é uma indicação do governo.

Ele está indo para lá com a autonomia necessária para cumprir a lei.

A mesma lei que os outros sete membros do COPOM têm que respeitar.

Os dois indicados do presidente Lula hoje vão observar rigorosamente a mesma lei.

E com o seguinte comando, é buscar harmonizar a política fiscal e a política monetária.

Então o fato dele ter trabalhado no Ministério da Fazenda é claro que vai trazer uma desconfiança

maior, apesar de que, como eu disse, hoje o Galimpo é bem visto pelo mercado como uma

voz moderada e que trouxe um arcabouço que tem sido bem recebido.

Mas vai caber a ele e aos demais diretores que vão ser nomeados em dezembro e o diretor

que foi nomeado hoje, construir essa confiança.

Solange, a escolha do Galipolo é uma espécie de comer pelas bordas.

Eu explico.

Seria uma tentativa do governo para baixar os juros sem mexer na independência do Banco Central?

Olha, o mercado vê o Gabriel Galipolo como um potencial substituto do Roberto Campos.

Essa questão dele já começar a influenciar o Banco Central agora,

eu acho que é algo que o mercado não vê como algo muito iminente.

Não vai ser agora porque a maioria dos diretores ainda estão,

ainda são os diretores que foram nomeados pelo governo passado,

tem um bom relacionamento com o Roberto Campos.

Então vai ser difícil comer pelas bordas nesse momento.

Mas é claro que dependendo da atuação dele isso vai ser expresso nas comunicações

porque o diretor de política humanitária faz conversas públicas com o mercado,

lives, ajuda a escrever a ata do COPOM.

Então vai ser muito importante entender depois da sabatina a sua atuação,

se essa prática que você colocou aí, comer pelas bordas, já vai começar agora

ou se vai ser alguma coisa realmente que vai acontecer

se ele eventualmente for nomeado como presidente do Banco Central.

Por exemplo, eu acho que na sabatina vai ter muita discussão

sobre a maneira como ele encara a política humanitária,

se ele é a favor da MMT ou não,

na revisão do sistema de metas de inflação,

porque mal ou bem o Galípolo tem participado ou participou

durante o programa de governo do atual presidente de documentos,

assinou documentos favoráveis a uma revisão do sistema de metas de inflação.

Então esse posicionamento vai ser importantíssimo para a gente entender

se já dá para começar a comer pelas bordas ou não

e se como futuro presidente do Banco Central

ele pode realmente fazer o U-turn, uma virada total no atual arca-bolsa monetário.

O sistema de metas de inflação hoje é o sistema mais utilizado pelos países

para controlar a instabilidade de preço é amplamente utilizado.

A gente está discutindo inclusive

fazer mudanças nesse sistema.

Por exemplo o CMN vai se reunir no final de junho

e pode provocar umas certas mudanças no funcionamento do sistema de inflação

Target mas não trocar o sistema de inflação.

No sistema de inflação Target o Banco Central decide a taxa de juros

para alcançar uma meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional

que é composto pelo ministro da Fazenda Planejamento e do presidente do Banco Central.

Então no final das contas o governo já que tem dois ministros no CMN

define a meta de inflação que pode ser corroborado ou não

pelo presidente do Banco Central e o Banco Central ele é.

A missão dele é atingir essa meta de inflação e também obviamente estabilizar

o crescimento do PIB não só atingir a meta de inflação

mas existe um objetivo secundário definida na legislação da autonomia do Banco Central

de que o Banco Central tem que promover uma estabilização do crescimento

e como o Banco Central atua para atingir o objetivo definido pelo governo

através do CMN é subindo ou descendo a taxa de juros.

A Minil Fraga ex-presidente do Banco Central disse que é frequente

a busca por atalhos e milagres para resolver as questões brasileiras.

E que é preciso equilibrar as contas públicas.

Gente isso não existe não existe.

Bom por que eu digo isso o que nós temos claramente o Banco Central sobrecarregado

recomendaria que houvesse um apoio da área fiscal

justamente o que está se propondo nesse momento e claramente

hoje o Banco Central precisa de ajuda porque a taxa de juros de fato é muito alta

só não vê quem não quer.

A todo ano você define uma meta e é cobrado por essa meta

se essa meta não for cumprida no ano calendário.

O Banco Central é obrigado a escrever uma carta para o Ministério da Fazenda

explicando por que não cumpriu

tanto porque a inflação ficou acima ou abaixo da banda de inflação.

Mas o CMN pode mudar essa aferição

para um prazo maior do que o ano calendário que é algo que está se discutindo

que possa ser feito no final de junho pelo CMN.

Por que a sindicação parece um teste

e pode ser uma espécie de ponto de virada na relação entre Campos Neto e Lula.

A questão é que o Banco Central hoje tem autonomia pela lei

a gente aprovou essa autonomia na administração passada.

No entanto a autonomia de fato a autonomia na prática

ela depende das pessoas que estão no copom

nas pessoas que vão decidir a taxa de juros junto com o presidente do Banco Central.

Nada adianta você ter uma lei dizendo que o Banco Central é autônomo

se há indicações políticas que influenciam essa decisão técnica

de atingir a meta definida pelo governo como a gente mesmo já explicou.

Então essa nomeação ela pode ser vista como começo de indicações políticas

porque afinal de contas o Galípolo estava trabalhando no Ministério da Fazenda

participou do programa de governo do candidato Lula.

Então pode ser visto como uma indicação política.

Se vai se mostrar na prática como uma já como uma maneira de se mudar

a autonomia do Banco Central na prática ainda que a lei continue a mesma.

Como eu disse vai depender da sua atuação.

Uma vez sentada na cadeira a cobrança é completamente diferente

a maneira como o mercado encara o posto é muito diferente.

Então o que eu quero dizer com isso é que se as indicações

as próximas indicações forem também muito relacionadas ao Ministério da Fazenda.

Sim com o tempo pode ser pode se imaginar ou pode se pensar que o Banco Central

de fato não vai ser mais independente apesar que na lei vai continuar.

Espera um pouquinho que eu já volto para continuar minha conversa com a Solange.

Essa indicação do ministro Fernando Haddad parece agradar tanto o Rodrigo Pacheco

que é presidente do Senado quanto o presidente Lula que são duas das pessoas

mais importantes e vocais nas críticas a Roberto Campos Neto.

Essa indicação agora por acaso abre caminho para que Galípolo assuma

lá na frente a presidência do Banco Central

quando o mandato de Campos Neto na presidência acabar no ano que vem.

Não eu acho que abre caminho inclusive há uma grande expectativa

de que ele será o substituto do Roberto Campos.

Então existe uma expectativa sim acho que o mercado hoje aposta

majoritariamente nesse nome para substituir o Roberto Campos.

A questão é se ele vai conseguir ser ou não eu acho que vai depender muito

dos resultados que vão ser colhidos daqui até final de 2024.

Não adianta na meu ponto de vista agradar entre aspas o governo caindo muito juros

se a meta de inflação é ser inflação por ficar muito distante da meta

porque a inflação é algo muito impopular e que vai trazer impopularidade para o governo.

Então eu digo que o desafio do Galípolo

é muito grande porque eu não acho que o Banco Central

não esteja cortando os juros hoje por uma questão ideológica

não está cortando os juros hoje porque realmente a inflação ainda

está muito alta parte de núcleos a parte que não é sensível

diretamente à queda de commodities.

A gente está vendo as expectativas de inflação ainda muito elevadas

ainda que parar ainda que elas pararam de subir elas ainda estão muito elevadas

e isso prejudica que a inflação corrente caia.

Então é uma tarefa difícil para se credenciar

e ser presidente do Banco Central com credibilidade.

Ele até pode ser bem visto pelo sistema político

mas ele precisa de credibilidade do mercado para ser nomeado para esse cargo

porque caso contrário a gente pode ter as expectativas

desencorando a inflação corrente sumindo muito o próprio câmbio.

Ele fica atrelado à credibilidade do Banco Central

quando a gente imagina um país com uma inflação muito alta o câmbio desvaloriza

rapidamente.

Então eu acho que hoje é uma pessoa que tem

acho que nas bolsas de apostas a maior probabilidade de ser nomeado.

O sistema político tem

receberia esse nome muito positivamente agora

vai precisar ter o apoio do mercado também.

Há quem diga que o Banco Central está errando a mão

porque não existiria uma inflação de demanda

e que se os juros estivessem a 19% ao ano

que ainda assim os níveis inflacionários estariam semelhantes.

Como é que se responde a essa observação?

Primeiro assim para a gente avaliar se a inflação é de demanda ou não

a gente tem que olhar o IPCA no detalhe e ver quais os itens que estão mais resistentes.

E quando a gente faz essa diferenciação a gente vê que os itens mais resistentes

são os serviços e todos os produtos que não são diretamente relacionados

a preços de comodos.

Então os preços de comodos agrícolas

o petróleo tem caído muito e isso ajuda a inflação a cair.

Mas quando você olha os produtos que não são diretamente ligados

a essas commodities e os serviços eles estão bastante altos como eu disse

os núcleos chamados núcleos que são esse conjunto de bens e serviços

eles estão rodando num patamar mais próximo de 6,5

bastante longe de qualquer meta de inflação defendida no país.

Pode se defender que não seja 3 que seja 4 mas não que seja 6,5.

Então eu acho que não existe o diagnóstico de que não tem inflação de demanda

já que os produtos e serviços mais relacionados a demandas

e não relacionados a choques de ofertas estão altos.

Simone Tebet afirmou que embora a atuação do BC seja técnica

a instituição deve considerar que as decisões têm impactos nas políticas públicas.

O governo não interfere nas decisões técnicas do Banco Central

mas o Banco Central também não pode considerar

que as suas ações são apenas técnicas.

São técnicas mas também são decisões que interferem na política

especialmente os seus comunicados e as suas atas.

E em segundo lugar mesmo que a gente tivesse

uma situação onde a demanda fosse menos forte ou seja

se serviços e outros produtos não relacionados a commodities

estivessem num patamar mais baixo como 4,5 ou 5

choques de oferta importam para o Banco Central.

Então não é verdade que sempre que tiver choque de oferta

o Banco Central não deve reagir porque choques de oferta afetam as expectativas

e se afetam as expectativas afeta o comportamento das pessoas

e demandar salários e aumentar preços.

Então é importante é claro a diferenciação de choque de oferta e demanda.

No atual na atual circunstância eu acho que a gente tem ainda

a gente tem evidências de que existe inflação de demanda no Brasil

mas ainda que não tivesse inflação de demanda a inflação

a inflação cheia ainda está muito alta e isso afeta as expectativas.

Então o Banco Central tem que sempre estar reagindo

ao impacto que a inflação elevada tem no comportamento das pessoas.

Roberto Campos Neto disse que o BC trabalha para que as decisões do banco

tenham o menor impacto possível para a população.

O Banco Central faz um trabalho técnico com um quadro que é altamente capacitado

e que busca cumprir seu mandato de estabilidade de preço.

Não se consegue estabilidade social com a inflação descontrolada.

Eu não acho que o Banco Central está errando a mão.

Eu acho que a gente pode ter uma situação onde o Banco Central

comece o ciclo de afrouxamento monetário comece a reduzir a taxa de juros.

Por que o Banco Central não começa imediatamente?

Porque ele precisa ter mais confiança de que as expectativas de inflação

não vão voltar a subir e vão eventualmente começar a cair

porque hoje elas estão muito longe da meta de 3%.

Então eu acho que o Banco Central está esperando primeiro

essa votação do arcabouço fiscal e o impacto que essa votação vai ter

nas expectativas de inflação que grande parte subiram

nas últimas semanas e meses por conta da falta de credibilidade na âncora fiscal.

Na Câmara dos Deputados, o projeto do novo arcabouço fiscal

enviado pelo governo federal começou a ser debatido.

O texto deixou fora do limite 13 despesas, entre elas recursos

para o pagamento do piso da enfermagem e do Fundeb, o Fundo da Educação Básica.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, do Progressistas, disse que mudanças

no texto do novo marco fiscal serão feitas com transparência.

Nós iremos trabalhar de uma maneira sempre franca,

ouvindo a todos os líderes partidários, medindo e pesando as consequências.

Mas este Congresso não permitirá retrocessos.

E esperando a definição da meta de inflação.

E aí é um ponto muito importante.

O senso comum ou a pressão política por aumentar a meta de inflação

sugere que se aumentarmos a meta de inflação, o Banco Central poderá

imediatamente cair os juros.

Eu discordo dessa afirmativa, eu acho que se aumentarmos a meta de inflação

vai haver uma desconfiança na sociedade que a inflação perseguida vai ser maior.

Mesmo que a meta mudou mas ela pode ser ainda maior do que a meta.

Ela pode ir para o topo da meta ou até mesmo passar do topo da meta.

Isso acaba atrapalhando a convergência da inflação

até para o valor da nova meta.

Por exemplo se a meta for estabelecida em 4 mas todo mundo começar

a acreditar que o Banco Central vai perseguir 5, 5,5

porque é um governo que é mais para a inflação.

A inflação não vai para 4 nem para 5, ela pode ir para um patamar ainda mais alto.

Não é o Banco Central que faz a dívida ser alta.

É a dívida alta que faz o juros ser alto.

Nós temos uma meta de inflação de 3% e um núcleo que está rodando

se a gente olhar os 12 meses perto de 8 e se olhar o trimestre

está rodando em torno de 7.

A gente ainda é muito alto para a nossa meta.

Então nós temos por lei o dever de buscar a meta de inflação

e o instrumento que nós temos é o juros.

A gente pode dividir a Selic em dois pedaços.

Eu diria que o primeiro pedaço é o que a gente chama de taxa de juros de equilíbrio.

Cada país tem uma taxa de juros que é não inflacionária.

Uma taxa de juros que deixa a inflação estável no patamar desejável

ou escolhido pelo governo.

A gente chama de taxa neutra.

A outro pedaço da Selic é o que o Banco Central decide

se ele vai colocar acima do neutro se ele quer ser um banco central

com uma política monetária restritiva porque a inflação está acima do desejável.

Então ele tem que colocar a taxa de juros acima do neutro

para trazer a atividade para baixo e a inflação para baixo

ou se ele vai colocar a taxa de juros abaixo do neutro

porque precisa estimular a atividade porque a inflação está muito baixa.

Eu diria que hoje a gente tem uma taxa neutra alta

e uma política monetária restritiva.

O pedaço que é a taxa neutra e ela é alta ela está derivada

muito derivada também da situação fiscal.

A gente quando a gente aprovou o teto de gastos a taxa neutra no Brasil

ela desabou ela caiu muito e por isso a Selic conseguiu

atingir patamares baixíssimos como 7 por cento.

E aí à medida que a gente foi alterando

o arcabouço antigo o teto de gastos foi trazendo programas sociais

temporários como permanentes triplicando o gasto social.

Essa taxa neutra foi subindo.

Então o Banco Central para conseguir controlar a inflação

ele teve que colocar a Selic no patamar restritivo

e ainda respeitar uma taxa neutra maior.

Então eu diria que a Selic hoje no Brasil é maior do que em países

que tem uma taxa de inflação maior porque a nossa taxa neutra

ela é maior e ela subiu ao longo do tempo e ela vai conseguir.

Ela só vai conseguir retroceder essa taxa neutra

quando existir credibilidade que a dívida PIB vai se estabilizar.

A dívida pública ficou estável em 73 por cento do PIB.

Vamos lembrar que a meta do governo é zerar o déficit público brasileiro

em 2024.

Eu acho que grande parte do mercado não vê essa queda de juros

neutro acontecendo porque não tem hipóteses tão otimistas como o governo

em relação ao crescimento do PIB daqui para frente

em relação à própria taxa de juros e nem tem hipóteses

tão otimistas em relação à capacidade

de expandirmos muito a arrecadação que é um dos pilares desse arcabouço.

Ainda que não publicitados ele só é sustentável se a gente aumentar

de uma forma significativa impostos no Brasil.

Solange muito obrigada pela participação.

Portas abertas para você voltar aqui outras vezes.

Muito obrigada Natuza sempre que me convidar estarei aqui.

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