ONG
Oi, vem pegar o seu brinde.
Bom dia.
Posso falar com o senhor sobre
- o nosso projeto da UNICEF? - Não. Desculpa,
- Eu estou com pressa agora... - Você sabia que
a cada sete crianças na África,
seis e meio não tem o que comer
e seis não tem como beber água diarimente?
Eu não sabia disso,
- mas é que eu realmente estou com pre... - Você sabia que com apenas 1 real por dia,
- o senhor ajuda... - Mas.. Mas eu não tenho dinheiro aqui...
- Para pagar... - Bom dia.
Você gostaria de ouvir sobre o Greenpeace?
E as maravilhas que eles vem fazendo
- por todos nós... - Ei, meu irmão!
- Em 40 anos de história... - Ei, ei, ei...
Ei, tá me vendo aqui não?
- Tô falando com ele aqui. - Ele já estava desgarrando.
Você já sabe que tinha perdido ele. Ele estava quase indo embora.
Deixa o papai trabalhar?
- Greenpeace, você já ouviu falar? - Eu conheço o Greenpeace.
- Mas é que eu tô com pressa... - Desculpa!
Eu não queria falar nada não.
Mas eu tô pedindo contribuição para salvar crianças que estão morrendo
com fome e com sede por 1 real.
Você tá pedindo quanto?
Três...
Para salvar o globo terrestre do extermínio absoluto.
É mais caro e não salva nenhuma criancinha...
Ele salva... Você salva o quê? Pombo?
- Eu salvo criança, ele salva pombo. - Eu salvo o planeta Terra, idiota!
Sem o planeta Terra não há nem criança para passar fome. Não há nada!
Então, tem que salvar a Terra para depois pensar...
- Em criança... - É, mas é a escolha do senhor.
- Sim... - Se você quer salvar,
uma criança que tá morrendo magrinha,
- tadinha... - Ou a foquinha bonitinha...
Do olhinho amendoado, branquinha do bigodinho. Ó o bigodinho dela.
Eu tenho um ano
- e o peso de uma criança de quatro meses, - Gente, gente,
- eu entendo que vocês estão falando - sou desnutrida e tenho AIDS.
- Aí pensa nela esquartejada no Alasca... - Salva eu, tio.
- Sangue escorrendo naquela branquitude, - Oi, tio...
e a foquinha: AHHH
Oi. Oi, tio. Eu sou a Ludmila. Ei, eu tenho 15 irmãs.
Oh, não! Me esqueci que Ariel e Cláudia, morreram agora a pouco...
- Mortas pelo bicho homem. - Salva eu...
Ô gente, eu tô tentando falar com vocês.
Eu não tenho dinheiro aqui, eu não posso pagar.
Eu vou passar aqui amanhã, de novo. Vocês não querem tentar de novo, não?!
- Eu entendo que... - Ih, quê que é aquilo ali?
- É as porra dos Médicos Sem Fronteira. - Filha da puta do caralho!
Ah não! Pera aí. Aquilo ali é palhaço.
Aquilo ali, é o Doutores da Alegria.
Ah! É isso que mundo precisa agora. De mais palhaço!
Vem aqui, ô filha da puta!
A foca tá preta, por causa do petróleo. É o sofrimento...
Ai, meu Deus...
Mas, se não ajudar Thiago,
ele vai morrer de forma lenta e dolorosa...
- Não.. Não, pera aí... - Nossa!
Aqui já está... Aqui já morreu, aqui já faleceu.
Aqui não tá legal. Ela tá sofrendo.
Ai, gente! Eu quero ajudar todo mundo...
- Isso, ajuda todo mundo... - Vamos, vamos ajudar todo mundo.