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O Assunto (*Generated Transcript*), 30.06.23-O recorde de 110 milhões de refugiados

30.06.23-O recorde de 110 milhões de refugiados

A situação lá era realmente insuportável.

Já chegaram mais de 40 familiares, 42 familiares, depois de eu vir.

Vêm minha mãe, meu pai, meus sobrinhos, minha irmã, cunhados todos, meus primos, meus tios.

Eu trabalho, a igreja ajuda, e eu trabalho, fábrica.

Nós estamos felizes agora, queremos fazer a vida aqui prosperar, diz o jovem recém formado no ensino médio.

Eu gostaria de ser como uma pessoa normal, ter mulher, crianças, um carro e uma casa.

Meu sonho é ter uma família, e eu quero muito ter uma família.

Eu tenho uma namorada que eu amo e quero casar com ela, então esse é o meu sonho.

E o que eu mais quero é viver em paz.

Vozes de quem fugiu de guerras, perseguições e condições de vida muito, muito difíceis.

Todas encontraram no Brasil um refúgio.

Essas vozes são de algumas das mais de 108 milhões de pessoas

que foram obrigadas a deixar seus países para trás em 2022.

Um número recorde, 35% maior do que no ano anterior,

segundo a Organização das Nações Unidas.

67% dos refugiados são de quatro países.

Síria, país em guerra civil desde 2011.

Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro do ano passado.

Afeganistão.

E Venezuela, país vizinho do Brasil, controlado pelo mesmo grupo político, o chavismo, desde 1998.

A maior parte desses refugiados vai para países vizinhos mais pobres ou em desenvolvimento,

como o Brasil.

Nações que enfrentam muitos desafios para acolher os novos moradores.

Em um ano e meio, mais de 7 mil vistos humanitários foram emitidos pelo governo brasileiro para afegãos

que fogem do regime talibã.

Muitos são direcionados para 11 abrigos que oferecem 800 vagas.

O problema é que essas vagas não têm sido suficientes.

As condições insalubres de habitação e também de higiene nas quais vivem os afegãos

acampados no aeroporto internacional de São Paulo, acabam favorecendo esse tipo de situação.

Pelo menos 26 deles estão com escabiose, doença popularmente conhecida como sarna.

São 20 adultos e seis crianças.

A sarna é uma doença altamente contagiosa e de rápida transmissão causada por um parasita.

Diante da situação emergencial, o Ministério da Justiça decidiu pagar hotéis para mais

de 200 afegãos acampados no aeroporto de Guarulhos.

Mas a situação ainda carece de soluções definitivas.

Quando você indica um visto humanitário, você está fazendo o quê?

Você está convidando aquela pessoa a vir para o seu país.

Você está dando àquela pessoa uma esperança de vida diferente, de uma vida nova.

E aí a gente está numa crise humanitária que a gente não está conseguindo dar a eles

a mínima dignidade humana.

Da redação do G1, eu sou Nathuzan Nery e o assunto hoje é

O recorde de refugiados no mundo.

Que desafios o Brasil e outros países enfrentam diante do maior fluxo de deslocamento forçado

da história.

Neste episódio, eu converso com Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Alto Comissariado da

ONU para os Refugiados, o Acnur, para a América do Sul.

Sexta-feira, 30 de junho.

Godinho, o Brasil tem hoje a maior fila da história de pedidos para concessão de refúgio.

São 100 mil pessoas esperando na fila.

E esse número não para de crescer.

5 mil novos pedidos, novos por mês.

Como é que o país lida com a entrada de refugiados e onde dá para melhorar?

Bom, o Brasil tem uma trajetória muito importante na proteção de pessoas refugiadas.

É uma liderança regional que vem se consolidando ao longo dos anos.

Porque o Brasil tem uma legislação muito avançada, muito em linha com as normativas

internacionais e tem um sistema de acolhimento, de reconhecimento desses pedidos de reconhecimento

da condição de refugiado, bastante efetivo.

O Comitê Nacional para os Refugiados funciona regularmente, tem a participação da sociedade

civil, tem a participação da ONU por meio do Acnur e o país vem dando conta desse recado.

Esse número crescente de pedidos de refúgio que é feito no Brasil reflete exatamente

essa imagem que o país tem de um país aberto, de um país onde as pessoas podem encontrar

essa proteção que elas necessitam.

Nos últimos anos disparou o número de pedidos de refúgio recebidos pelo governo brasileiro.

Em 2013, foram pouco menos de 7 mil pedidos.

O número chegou ao auge em 2019, com mais de 82 mil pedidos.

E no ano passado, houve um aumento de 73% em comparação com 2021.

É claro que esse é um tema que é muito dinâmico, é um assunto que vai evoluindo

ao longo do tempo e infelizmente a gente tem visto um número cada vez maior de refugiados

no mundo e o Brasil não fica isento do impacto dessa situação.

E é claro, nesse processo de evolução do assunto, a gente tem trabalhado com as autoridades

brasileiras para melhorar os procedimentos de reconhecimento dos pedidos que são feitos

e também com a sociedade civil, com as autoridades públicas para melhorar o acolhimento dessas

pessoas e a capacidade delas se integrarem social e economicamente no Brasil.

De acordo com dados do Comitê Nacional para os Refugiados e da Acnur, a agência da ONU,

no começo do ano havia mais de 65 mil pessoas reconhecidas como refugiadas no Brasil.

No mês de abril, a nacionalidade que mais solicitou reconhecimento da condição de

refugiado foi a venezuelana, com mais de 2 mil pedidos.

Os cubanos vêm em segundo lugar e Roraima é o estado brasileiro que mais recebeu esses

pedidos, seguido de São Paulo.

O Brasil, pelo fato de não ter um país que esteja passando por alguma guerra, algum

conflito interno, a estratégia principal do Acnur e das agências da sociedade civil

que trabalham conosco no país é promover a integração dessas pessoas aqui para que

elas possam construir a vida delas aqui.

Mas é claro, sempre vai ter espaço para melhorar, sem dúvida nenhuma.

E esse desafio a que você se refere, de integrar os refugiados, ele está presente também

em outros países.

O relatório mais recente da Acnur, que foi divulgado nesse mês, indica que desde que

os dados começaram a ser registrados, nunca houve tanta gente forçada a sair de casa.

Olha só esse número, são 108 milhões de pessoas.

O que explica esse recorde e o salto entre 2021 e 2022?

Bom, o número revelado em 2022 é a confirmação de uma tendência que já dura uma década.

A cada ano a gente vem notando esse crescimento consistente no número de pessoas que são

forçadas a deixar sua casa por guerras, conflitos, perseguições, etc.

O relatório da Acnur, agência da ONU para refugiados, mostra que o mundo ultrapassou

pela primeira vez o número de 100 milhões de refugiados, 108 milhões e 400 mil no

fim de 2022.

O número é 35% maior do que o registrado no ano anterior e o dobro do de 10 anos atrás,

quando a quantidade de refugiados começou a subir e não parou mais.

Nos últimos tempos você tem outros elementos como pobreza, mudanças climáticas e ainda

os próprios efeitos da Covid-19 que tem forçado muita gente ainda para outros países.

Mas o fato é que o grande motivador, o grande eixo, o vetor de deslocamento forçado no

mundo são as guerras e os conflitos.

E esse número é resultado de uma combinação bastante nefasta, na qual você tem crises

anteriores, antigas, que não são solucionadas, com crises novas que surgem.

E mais recentemente temos, obviamente, a da Ucrânia e agora no Sudão.

O exército sudanês e o principal grupo paramilitar do país romperam a trégua que haviam aceitado

e a capital, Khartoum, foi alvo de ataques.

Inimigos hoje, os dois lados já foram aliados.

Quatro anos atrás, lutaram juntos para derrubar o ditador Omar al-Bashir, que governou o Sudão

por 26 anos.

Mas agora discordam sobre a formação de um novo governo e disputam poder.

Esse conflito já deixou mais de 500 mortos e milhares de feridos.

Mais de 73 mil pessoas já abandonaram o país.

A ONU teme que o êxodo possa chegar a 800 mil.

São crises que vão se sobrepondo umas às outras.

As que já existiam não são solucionadas, ou seja, aqueles refugiados das crises mais

antigas não têm capacidade de voltar para casa.

Uma nova crise gera novos refugiados, novamente tende a durar bastante tempo, não é solucionada

aquela situação, então cada vez mais um número maior de pessoas se vê nessa situação

de refúgio.

Infelizmente, é resultado dessa combinação.

E o relatório também derruba o mito de que refugiados buscam países ricos, porque os

dados apontam que 76% vivem em países de baixa ou de média renda e que 70% inclusive

estão em países vizinhos ao de origem.

Você pode nos falar mais sobre esse perfil de destino e explicar quais são os desafios

que esses países mais pobres acabam enfrentando ao receber os refugiados?

Certamente, esse percentual é muito importante exatamente para desmistificar esse mito de

que a maioria das pessoas estão indo em direção ao ocidente, digamos assim.

As pessoas realmente buscam refúgio onde elas conseguem chegar.

E os dados apontam isso, os países que mais recebem refugiados, que mais têm refugiados,

que é o caso da Turquia, do Irã e da Colômbia, estão próximos das crises.

Ou seja, as pessoas estão chegando até onde elas conseguem chegar.

Os países mais pobres recebem uma carga muito pesada em relação a isso, porque já possuem

seus problemas com seus próprios nacionais, muitas vezes não têm os recursos necessários

para prestar essa assistência às pessoas do seu próprio país e também precisam lidar,

por causa das suas responsabilidades internacionais, com as pessoas refugiadas de outras nacionalidades.

Esses desafios vão desde a resposta emergencial, aquela resposta primeira que é dada a essas pessoas

no sentido de, muitas vezes, salvar a vida delas, até situações que vão se prolongando

em que é preciso trabalhar de novo na integração dessas pessoas com acesso aos serviços sociais,

com a possibilidade de trabalhar e com isso se restabelecer e se estabilizar.

Então, esses países não têm essas condições e muitas vezes o que vemos hoje,

muitas dessas tragédias que temos visto hoje, refletem exatamente essa necessidade

que as pessoas que fugiram de uma guerra têm de continuar nesse movimento,

de fazer novos movimentos, porque elas não tiveram os meios para se estabilizar

naquele país em que elas solicitaram refúgio.

Só no ano passado, na África, guerras em cinco países levaram mais de 24 milhões de pessoas

a se refugiarem em países vizinhos. Além de guerras, essa nova onda migratória

se deve, em grande parte, a uma enorme seca na África Ocidental, consequência direta

do aquecimento climático, seca que deixou 37 milhões de pessoas nos países da região

em situação de insegurança alimentar aguda, um eufemismo oficial para a fome.

E também demonstra que essas pessoas precisam de mais apoio para que possam se estabilizar

e evitar movimentos secundários que podem colocar a vida delas em risco.

Bom, embora não haja esse rumo ao ocidente nesse volume, a maneira como os países ricos lidam

com essas pessoas é muito questionada. Recentemente, o mar Mediterrâneo, por onde a maioria dos refugiados

entra na Europa, foi palco de uma cena muito triste, um naufrágio que matou 700 pessoas.

Que medidas podem ser tomadas pelas nações para reduzir os riscos para essas pessoas?

Olha, as soluções, Natuza, são no sentido de criar maneiras, vias legais para que as pessoas

possam chegar até os países em que elas querem chegar ou que podem chegar.

Olha, aqui em Genebra, a Organização Internacional para as Migrações e a Agência da ONU para os Refugiados

destacaram que foi a pior tragédia no Mediterrâneo em vários anos e pediram uma ação decisiva

para evitar que isso se repita. O governo grego anunciou a prisão de nove egípcios suspeitos de tráfico humano

e homicídio culposo, entre outros crimes. Sobreviventes contaram ter pago o equivalente a quase 22 mil reais

cada um para ir para a Itália.

Mais de 200 refugiados morreram na costa da Tunísia nos últimos 10 dias.

Essas pessoas que naufragaram morreram afogadas tentando atravessar o Mediterrâneo, saindo do norte da África

para a ilha de Lampedusa, que pertence à Itália, na esperança de migrar para a Europa.

Segundo a ONU, só este ano, 824 pessoas morreram nessa travessia.

É o maior número nesse período nos últimos seis anos.

Essa tragédia específica reflete uma situação em que essas pessoas não têm, por um lado, a condição,

o apoio para ficar onde elas se encontram e, por outro lado, precisam se valer de qualquer mecanismo

para chegar em outro país.

Embarcam nessas embarcações que não têm nenhuma capacidade de prestar o serviço.

Na verdade, elas são vítimas de crimes organizados, de organizações que lidam com o tráfico de pessoas.

51 imigrantes morreram presos num caminhão no estado americano do Texas.

A descoberta macabra aconteceu quando um homem ouviu pedidos de socorro vindos de um caminhão abandonado

nos arredores da cidade de San Antônio, no Texas.

Dentro, as autoridades resgataram 16 pessoas em estado grave, entre elas, 4 crianças,

e encontraram dezenas de mortos.

As vítimas eram imigrantes que teriam atravessado ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos com o México,

escondidos dentro do veículo.

A polícia prendeu três suspeitos e investiga a hipótese de tráfico humano.

E a gente não precisa olhar para o Mediterrâneo, podemos olhar aqui na nossa região,

que se vê na selva de Darien, que divide a Colômbia com o Panamá,

e portanto, digamos, é uma porta de entrada para a América Central em direção à América do Norte.

São pessoas vítimas dessas mesmas organizações que lidam com o tráfico de pessoas

e que entram em uma viagem bastante perigosa, porque não têm a capacidade, não têm os meios

de fazer uma movimentação, uma migração, uma solicitação de refúgio de maneira legal e segura.

Então, a partir do momento em que se criam esses novos mecanismos,

essas novas maneiras para se acessar os países,

certamente essas movimentações perigosas vão ser reduzidas, vão ser minimizadas.

Espera um pouquinho que eu já volto para continuar minha conversa com o Godinho.

Agora eu quero olhar para as crianças.

As crianças representam 30% da população mundial, mas são 41% do total de refugiados.

Eu queria te ouvir sobre os efeitos de ser refugiado logo no começo da vida.

Olha, são efeitos muito dramáticos, né?

Porque se a gente imagina uma criança que está começando a construir o seu mundo,

começando a estabelecer essas relações afetivas com pessoas da sua mesma idade,

com seus familiares, de repente essa pessoa, essa criança,

ela perde tudo ou é obrigada a deixar tudo para trás, juntamente com a sua família,

por causa de uma guerra ou por causa de uma perseguição ética ou religiosa ou política.

Então, o trauma para esse pequeno, essa pequena cidadã vai ser muito grande,

porque ela vai ter que... é jogada numa situação de instabilidade,

muitas vezes sem nem mesmo entender o que está acontecendo.

Além disso, nesse processo de deslocamento forçado,

muitas crianças se veem desacompanhadas, se veem separadas das pessoas que são responsáveis por elas,

e isso as coloca em riscos adicionais de proteção, como violência sexual, violência de gênero

e mesmo, normalmente, tráfico de pessoas, né?

Então, é um grupo, digamos assim, que requer uma atenção muito especial.

As agências humanitárias, elas têm um olhar dedicado a essa questão das crianças,

no sentido de poder criar ainda, numa situação, por exemplo, de um abrigo ou de um campo de refugiados,

mecanismos que tragam um pouco mais de normalidade à vida dessas crianças.

Significa criar escolas, ainda que temporárias, para que elas possam retomar os seus estudos,

criar momentos de diversão, momentos lúdicos, para que elas possam se reconectar

com tudo que a infância tem que pode oferecer a elas.

Godinho, em 2022, o número de pessoas que conseguiu voltar para casa, voltar para os seus países de origem, caiu.

Muitos querem voltar, só que não conseguem.

Então, eu queria te ouvir sobre os desafios que esses países enfrentam,

tantos países de origem, quantos de destino, para ajudar essas pessoas que querem voltar para casa.

Ninguém quer ser refugiado. A gente pode afirmar isso com bastante segurança,

porque isso vem das conversas que nós próprios, nós temos com as pessoas refugiadas.

É uma situação extrema, a decisão de você deixar o seu país,

deixar tudo para trás, as propriedades, os vínculos sociais, é uma decisão bastante dura.

Então, a gente sempre escuta das pessoas a vontade de voltar.

A grande maioria dos refugiados pensa em voltar para casa o quanto antes,

mas os que conseguiram no ano passado foram muito poucos, menos de 350 mil, no universo de milhões.

Para cada refugiado que retorna ao seu país em segurança, 22 são obrigados a ir embora.

Quando começou essa guerra na Ucrânia, o governo brasileiro abriu as portas para receber refugiados.

Mais de 400 deixaram tudo para trás e vieram morar aqui.

Um ano depois de iniciada a guerra, nem todos conseguiram se adaptar.

A família de Nadia é uma delas. A saudade falou mais alto e elas decidiram retornar para a Europa no mês que vem.

Maridos, alguns avôs estavam lá. E aqui, eles falam que é aqui muito longe.

Eles gostariam de ficar mais perto.

Mas esse retorno precisa ter condições.

Ele precisa ser feito de maneira sustentável, de maneira em que as pessoas tenham a capacidade de retornar para o seu país,

tenha segurança, tenha como retomar suas atividades, muitas vezes retomar as suas propriedades

que foram deixadas para trás e ocupadas por outras pessoas.

São várias condições que precisam existir para que essas pessoas possam retornar aos seus países.

De certa maneira, sim, os números não foram tão bons quanto a gente gostaria que fossem,

mas a gente tem visto alguns processos de retorno que têm acontecido.

Mas tudo isso depende exatamente dessas condições, tanto do país que vai receber,

mas também das comunidades onde essas pessoas serão acolhidas ao retornar para os seus países.

Godinho, muito obrigada por topar falar com a gente sobre um tema tão importante.

Eu, pessoalmente, que não falava com você há tanto tempo, fiquei muito feliz de ter você no episódio hoje aqui no assunto.

Eu que agradeço e é realmente importante a gente trazer isso para o debate,

porque é uma questão que envolve todos nós, não envolve só os estados, não envolve só as autoridades públicas,

mas envolve a gente também como cidadão.

Eu acho que todo mundo tem um pouco a contribuir para a solução dessa questão,

reconhecendo essas pessoas, dando a elas também uma oportunidade de se integrar.

Então, é muito importante trazer esse debate e eu agradeço a oportunidade de participar do assunto.

Este foi o Assunto Podcast Diário disponível no G1, no Globoplay, no YouTube ou na sua plataforma de áudio preferida.

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Comigo na equipe do assunto estão Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Luiz Felipe Silva,

Thiago Kaczorowski, Gabriel de Campos, Guilherme Romero e Nayara Fernandes.

Eu sou Nath Zaneri e fico por aqui. Até o próximo assunto.

Legendas pela comunidade Amara.org

30.06.23-O recorde de 110 milhões de refugiados 30.06.23-Der Rekord von 110 Millionen Flüchtlingen 06.30.23-The record 110 million refugees 30.06.23-La cifra récord de 110 millones de refugiados 30.06.23-記録的な1億1千万人の難民

A situação lá era realmente insuportável.

Já chegaram mais de 40 familiares, 42 familiares, depois de eu vir.

Vêm minha mãe, meu pai, meus sobrinhos, minha irmã, cunhados todos, meus primos, meus tios.

Eu trabalho, a igreja ajuda, e eu trabalho, fábrica.

Nós estamos felizes agora, queremos fazer a vida aqui prosperar, diz o jovem recém formado no ensino médio.

Eu gostaria de ser como uma pessoa normal, ter mulher, crianças, um carro e uma casa.

Meu sonho é ter uma família, e eu quero muito ter uma família.

Eu tenho uma namorada que eu amo e quero casar com ela, então esse é o meu sonho.

E o que eu mais quero é viver em paz.

Vozes de quem fugiu de guerras, perseguições e condições de vida muito, muito difíceis.

Todas encontraram no Brasil um refúgio.

Essas vozes são de algumas das mais de 108 milhões de pessoas

que foram obrigadas a deixar seus países para trás em 2022.

Um número recorde, 35% maior do que no ano anterior,

segundo a Organização das Nações Unidas.

67% dos refugiados são de quatro países.

Síria, país em guerra civil desde 2011.

Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro do ano passado.

Afeganistão.

E Venezuela, país vizinho do Brasil, controlado pelo mesmo grupo político, o chavismo, desde 1998.

A maior parte desses refugiados vai para países vizinhos mais pobres ou em desenvolvimento,

como o Brasil.

Nações que enfrentam muitos desafios para acolher os novos moradores.

Em um ano e meio, mais de 7 mil vistos humanitários foram emitidos pelo governo brasileiro para afegãos

que fogem do regime talibã.

Muitos são direcionados para 11 abrigos que oferecem 800 vagas.

O problema é que essas vagas não têm sido suficientes.

As condições insalubres de habitação e também de higiene nas quais vivem os afegãos

acampados no aeroporto internacional de São Paulo, acabam favorecendo esse tipo de situação.

Pelo menos 26 deles estão com escabiose, doença popularmente conhecida como sarna.

São 20 adultos e seis crianças.

A sarna é uma doença altamente contagiosa e de rápida transmissão causada por um parasita.

Diante da situação emergencial, o Ministério da Justiça decidiu pagar hotéis para mais

de 200 afegãos acampados no aeroporto de Guarulhos.

Mas a situação ainda carece de soluções definitivas.

Quando você indica um visto humanitário, você está fazendo o quê?

Você está convidando aquela pessoa a vir para o seu país.

Você está dando àquela pessoa uma esperança de vida diferente, de uma vida nova.

E aí a gente está numa crise humanitária que a gente não está conseguindo dar a eles

a mínima dignidade humana.

Da redação do G1, eu sou Nathuzan Nery e o assunto hoje é

O recorde de refugiados no mundo.

Que desafios o Brasil e outros países enfrentam diante do maior fluxo de deslocamento forçado

da história.

Neste episódio, eu converso com Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Alto Comissariado da

ONU para os Refugiados, o Acnur, para a América do Sul.

Sexta-feira, 30 de junho.

Godinho, o Brasil tem hoje a maior fila da história de pedidos para concessão de refúgio.

São 100 mil pessoas esperando na fila.

E esse número não para de crescer.

5 mil novos pedidos, novos por mês.

Como é que o país lida com a entrada de refugiados e onde dá para melhorar?

Bom, o Brasil tem uma trajetória muito importante na proteção de pessoas refugiadas.

É uma liderança regional que vem se consolidando ao longo dos anos.

Porque o Brasil tem uma legislação muito avançada, muito em linha com as normativas

internacionais e tem um sistema de acolhimento, de reconhecimento desses pedidos de reconhecimento

da condição de refugiado, bastante efetivo.

O Comitê Nacional para os Refugiados funciona regularmente, tem a participação da sociedade

civil, tem a participação da ONU por meio do Acnur e o país vem dando conta desse recado.

Esse número crescente de pedidos de refúgio que é feito no Brasil reflete exatamente

essa imagem que o país tem de um país aberto, de um país onde as pessoas podem encontrar

essa proteção que elas necessitam.

Nos últimos anos disparou o número de pedidos de refúgio recebidos pelo governo brasileiro.

Em 2013, foram pouco menos de 7 mil pedidos.

O número chegou ao auge em 2019, com mais de 82 mil pedidos.

E no ano passado, houve um aumento de 73% em comparação com 2021.

É claro que esse é um tema que é muito dinâmico, é um assunto que vai evoluindo

ao longo do tempo e infelizmente a gente tem visto um número cada vez maior de refugiados

no mundo e o Brasil não fica isento do impacto dessa situação.

E é claro, nesse processo de evolução do assunto, a gente tem trabalhado com as autoridades

brasileiras para melhorar os procedimentos de reconhecimento dos pedidos que são feitos

e também com a sociedade civil, com as autoridades públicas para melhorar o acolhimento dessas

pessoas e a capacidade delas se integrarem social e economicamente no Brasil.

De acordo com dados do Comitê Nacional para os Refugiados e da Acnur, a agência da ONU,

no começo do ano havia mais de 65 mil pessoas reconhecidas como refugiadas no Brasil.

No mês de abril, a nacionalidade que mais solicitou reconhecimento da condição de

refugiado foi a venezuelana, com mais de 2 mil pedidos.

Os cubanos vêm em segundo lugar e Roraima é o estado brasileiro que mais recebeu esses

pedidos, seguido de São Paulo.

O Brasil, pelo fato de não ter um país que esteja passando por alguma guerra, algum

conflito interno, a estratégia principal do Acnur e das agências da sociedade civil

que trabalham conosco no país é promover a integração dessas pessoas aqui para que

elas possam construir a vida delas aqui.

Mas é claro, sempre vai ter espaço para melhorar, sem dúvida nenhuma.

E esse desafio a que você se refere, de integrar os refugiados, ele está presente também

em outros países.

O relatório mais recente da Acnur, que foi divulgado nesse mês, indica que desde que

os dados começaram a ser registrados, nunca houve tanta gente forçada a sair de casa.

Olha só esse número, são 108 milhões de pessoas.

O que explica esse recorde e o salto entre 2021 e 2022?

Bom, o número revelado em 2022 é a confirmação de uma tendência que já dura uma década.

A cada ano a gente vem notando esse crescimento consistente no número de pessoas que são

forçadas a deixar sua casa por guerras, conflitos, perseguições, etc.

O relatório da Acnur, agência da ONU para refugiados, mostra que o mundo ultrapassou

pela primeira vez o número de 100 milhões de refugiados, 108 milhões e 400 mil no

fim de 2022.

O número é 35% maior do que o registrado no ano anterior e o dobro do de 10 anos atrás,

quando a quantidade de refugiados começou a subir e não parou mais.

Nos últimos tempos você tem outros elementos como pobreza, mudanças climáticas e ainda

os próprios efeitos da Covid-19 que tem forçado muita gente ainda para outros países.

Mas o fato é que o grande motivador, o grande eixo, o vetor de deslocamento forçado no

mundo são as guerras e os conflitos.

E esse número é resultado de uma combinação bastante nefasta, na qual você tem crises

anteriores, antigas, que não são solucionadas, com crises novas que surgem.

E mais recentemente temos, obviamente, a da Ucrânia e agora no Sudão.

O exército sudanês e o principal grupo paramilitar do país romperam a trégua que haviam aceitado

e a capital, Khartoum, foi alvo de ataques.

Inimigos hoje, os dois lados já foram aliados.

Quatro anos atrás, lutaram juntos para derrubar o ditador Omar al-Bashir, que governou o Sudão

por 26 anos.

Mas agora discordam sobre a formação de um novo governo e disputam poder.

Esse conflito já deixou mais de 500 mortos e milhares de feridos.

Mais de 73 mil pessoas já abandonaram o país.

A ONU teme que o êxodo possa chegar a 800 mil.

São crises que vão se sobrepondo umas às outras.

As que já existiam não são solucionadas, ou seja, aqueles refugiados das crises mais

antigas não têm capacidade de voltar para casa.

Uma nova crise gera novos refugiados, novamente tende a durar bastante tempo, não é solucionada

aquela situação, então cada vez mais um número maior de pessoas se vê nessa situação

de refúgio.

Infelizmente, é resultado dessa combinação.

E o relatório também derruba o mito de que refugiados buscam países ricos, porque os

dados apontam que 76% vivem em países de baixa ou de média renda e que 70% inclusive

estão em países vizinhos ao de origem.

Você pode nos falar mais sobre esse perfil de destino e explicar quais são os desafios

que esses países mais pobres acabam enfrentando ao receber os refugiados?

Certamente, esse percentual é muito importante exatamente para desmistificar esse mito de

que a maioria das pessoas estão indo em direção ao ocidente, digamos assim.

As pessoas realmente buscam refúgio onde elas conseguem chegar.

E os dados apontam isso, os países que mais recebem refugiados, que mais têm refugiados,

que é o caso da Turquia, do Irã e da Colômbia, estão próximos das crises.

Ou seja, as pessoas estão chegando até onde elas conseguem chegar.

Os países mais pobres recebem uma carga muito pesada em relação a isso, porque já possuem

seus problemas com seus próprios nacionais, muitas vezes não têm os recursos necessários

para prestar essa assistência às pessoas do seu próprio país e também precisam lidar,

por causa das suas responsabilidades internacionais, com as pessoas refugiadas de outras nacionalidades.

Esses desafios vão desde a resposta emergencial, aquela resposta primeira que é dada a essas pessoas

no sentido de, muitas vezes, salvar a vida delas, até situações que vão se prolongando

em que é preciso trabalhar de novo na integração dessas pessoas com acesso aos serviços sociais,

com a possibilidade de trabalhar e com isso se restabelecer e se estabilizar.

Então, esses países não têm essas condições e muitas vezes o que vemos hoje,

muitas dessas tragédias que temos visto hoje, refletem exatamente essa necessidade

que as pessoas que fugiram de uma guerra têm de continuar nesse movimento,

de fazer novos movimentos, porque elas não tiveram os meios para se estabilizar

naquele país em que elas solicitaram refúgio.

Só no ano passado, na África, guerras em cinco países levaram mais de 24 milhões de pessoas

a se refugiarem em países vizinhos. Além de guerras, essa nova onda migratória

se deve, em grande parte, a uma enorme seca na África Ocidental, consequência direta

do aquecimento climático, seca que deixou 37 milhões de pessoas nos países da região

em situação de insegurança alimentar aguda, um eufemismo oficial para a fome.

E também demonstra que essas pessoas precisam de mais apoio para que possam se estabilizar

e evitar movimentos secundários que podem colocar a vida delas em risco.

Bom, embora não haja esse rumo ao ocidente nesse volume, a maneira como os países ricos lidam

com essas pessoas é muito questionada. Recentemente, o mar Mediterrâneo, por onde a maioria dos refugiados

entra na Europa, foi palco de uma cena muito triste, um naufrágio que matou 700 pessoas.

Que medidas podem ser tomadas pelas nações para reduzir os riscos para essas pessoas?

Olha, as soluções, Natuza, são no sentido de criar maneiras, vias legais para que as pessoas

possam chegar até os países em que elas querem chegar ou que podem chegar.

Olha, aqui em Genebra, a Organização Internacional para as Migrações e a Agência da ONU para os Refugiados

destacaram que foi a pior tragédia no Mediterrâneo em vários anos e pediram uma ação decisiva

para evitar que isso se repita. O governo grego anunciou a prisão de nove egípcios suspeitos de tráfico humano

e homicídio culposo, entre outros crimes. Sobreviventes contaram ter pago o equivalente a quase 22 mil reais

cada um para ir para a Itália.

Mais de 200 refugiados morreram na costa da Tunísia nos últimos 10 dias.

Essas pessoas que naufragaram morreram afogadas tentando atravessar o Mediterrâneo, saindo do norte da África

para a ilha de Lampedusa, que pertence à Itália, na esperança de migrar para a Europa.

Segundo a ONU, só este ano, 824 pessoas morreram nessa travessia.

É o maior número nesse período nos últimos seis anos.

Essa tragédia específica reflete uma situação em que essas pessoas não têm, por um lado, a condição,

o apoio para ficar onde elas se encontram e, por outro lado, precisam se valer de qualquer mecanismo

para chegar em outro país.

Embarcam nessas embarcações que não têm nenhuma capacidade de prestar o serviço.

Na verdade, elas são vítimas de crimes organizados, de organizações que lidam com o tráfico de pessoas.

51 imigrantes morreram presos num caminhão no estado americano do Texas.

A descoberta macabra aconteceu quando um homem ouviu pedidos de socorro vindos de um caminhão abandonado

nos arredores da cidade de San Antônio, no Texas.

Dentro, as autoridades resgataram 16 pessoas em estado grave, entre elas, 4 crianças,

e encontraram dezenas de mortos.

As vítimas eram imigrantes que teriam atravessado ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos com o México,

escondidos dentro do veículo.

A polícia prendeu três suspeitos e investiga a hipótese de tráfico humano.

E a gente não precisa olhar para o Mediterrâneo, podemos olhar aqui na nossa região,

que se vê na selva de Darien, que divide a Colômbia com o Panamá,

e portanto, digamos, é uma porta de entrada para a América Central em direção à América do Norte.

São pessoas vítimas dessas mesmas organizações que lidam com o tráfico de pessoas

e que entram em uma viagem bastante perigosa, porque não têm a capacidade, não têm os meios

de fazer uma movimentação, uma migração, uma solicitação de refúgio de maneira legal e segura.

Então, a partir do momento em que se criam esses novos mecanismos,

essas novas maneiras para se acessar os países,

certamente essas movimentações perigosas vão ser reduzidas, vão ser minimizadas.

Espera um pouquinho que eu já volto para continuar minha conversa com o Godinho.

Agora eu quero olhar para as crianças.

As crianças representam 30% da população mundial, mas são 41% do total de refugiados.

Eu queria te ouvir sobre os efeitos de ser refugiado logo no começo da vida.

Olha, são efeitos muito dramáticos, né?

Porque se a gente imagina uma criança que está começando a construir o seu mundo,

começando a estabelecer essas relações afetivas com pessoas da sua mesma idade,

com seus familiares, de repente essa pessoa, essa criança,

ela perde tudo ou é obrigada a deixar tudo para trás, juntamente com a sua família,

por causa de uma guerra ou por causa de uma perseguição ética ou religiosa ou política.

Então, o trauma para esse pequeno, essa pequena cidadã vai ser muito grande,

porque ela vai ter que... é jogada numa situação de instabilidade,

muitas vezes sem nem mesmo entender o que está acontecendo.

Além disso, nesse processo de deslocamento forçado,

muitas crianças se veem desacompanhadas, se veem separadas das pessoas que são responsáveis por elas,

e isso as coloca em riscos adicionais de proteção, como violência sexual, violência de gênero

e mesmo, normalmente, tráfico de pessoas, né?

Então, é um grupo, digamos assim, que requer uma atenção muito especial.

As agências humanitárias, elas têm um olhar dedicado a essa questão das crianças,

no sentido de poder criar ainda, numa situação, por exemplo, de um abrigo ou de um campo de refugiados,

mecanismos que tragam um pouco mais de normalidade à vida dessas crianças.

Significa criar escolas, ainda que temporárias, para que elas possam retomar os seus estudos,

criar momentos de diversão, momentos lúdicos, para que elas possam se reconectar

com tudo que a infância tem que pode oferecer a elas.

Godinho, em 2022, o número de pessoas que conseguiu voltar para casa, voltar para os seus países de origem, caiu.

Muitos querem voltar, só que não conseguem.

Então, eu queria te ouvir sobre os desafios que esses países enfrentam,

tantos países de origem, quantos de destino, para ajudar essas pessoas que querem voltar para casa.

Ninguém quer ser refugiado. A gente pode afirmar isso com bastante segurança,

porque isso vem das conversas que nós próprios, nós temos com as pessoas refugiadas.

É uma situação extrema, a decisão de você deixar o seu país,

deixar tudo para trás, as propriedades, os vínculos sociais, é uma decisão bastante dura.

Então, a gente sempre escuta das pessoas a vontade de voltar.

A grande maioria dos refugiados pensa em voltar para casa o quanto antes,

mas os que conseguiram no ano passado foram muito poucos, menos de 350 mil, no universo de milhões.

Para cada refugiado que retorna ao seu país em segurança, 22 são obrigados a ir embora.

Quando começou essa guerra na Ucrânia, o governo brasileiro abriu as portas para receber refugiados.

Mais de 400 deixaram tudo para trás e vieram morar aqui.

Um ano depois de iniciada a guerra, nem todos conseguiram se adaptar.

A família de Nadia é uma delas. A saudade falou mais alto e elas decidiram retornar para a Europa no mês que vem.

Maridos, alguns avôs estavam lá. E aqui, eles falam que é aqui muito longe.

Eles gostariam de ficar mais perto.

Mas esse retorno precisa ter condições.

Ele precisa ser feito de maneira sustentável, de maneira em que as pessoas tenham a capacidade de retornar para o seu país,

tenha segurança, tenha como retomar suas atividades, muitas vezes retomar as suas propriedades

que foram deixadas para trás e ocupadas por outras pessoas.

São várias condições que precisam existir para que essas pessoas possam retornar aos seus países.

De certa maneira, sim, os números não foram tão bons quanto a gente gostaria que fossem,

mas a gente tem visto alguns processos de retorno que têm acontecido.

Mas tudo isso depende exatamente dessas condições, tanto do país que vai receber,

mas também das comunidades onde essas pessoas serão acolhidas ao retornar para os seus países.

Godinho, muito obrigada por topar falar com a gente sobre um tema tão importante.

Eu, pessoalmente, que não falava com você há tanto tempo, fiquei muito feliz de ter você no episódio hoje aqui no assunto.

Eu que agradeço e é realmente importante a gente trazer isso para o debate,

porque é uma questão que envolve todos nós, não envolve só os estados, não envolve só as autoridades públicas,

mas envolve a gente também como cidadão.

Eu acho que todo mundo tem um pouco a contribuir para a solução dessa questão,

reconhecendo essas pessoas, dando a elas também uma oportunidade de se integrar.

Então, é muito importante trazer esse debate e eu agradeço a oportunidade de participar do assunto.

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Comigo na equipe do assunto estão Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Luiz Felipe Silva,

Thiago Kaczorowski, Gabriel de Campos, Guilherme Romero e Nayara Fernandes.

Eu sou Nath Zaneri e fico por aqui. Até o próximo assunto.

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