Conto do Cão - parte 2
Uns dias mais tarde o inacreditável aconteceu.
Numa sexta-feira, tinha caído um verdadeiro toró. Quando cheguei para buscar James, os gatos todos estavam rodeando o carro. Desconfiada, resolvi abrir o capô e tomei um baita susto.
Dentro do carro não tinha gato, mas um cachorrinho! Filhote, pretinho e com uma coleira que mais parecia colar de boneca Barbie. Não acreditei que aquilo estava acontecendo.
Coloquei o bichinho no chão e fiquei me perguntando como ele conseguiu entrar ali? Olhando os vãos entre as partes do carro, supus que ele, talvez com medo dos gatos ou dos trovões, fez aquela escalada até o topo e depois não conseguiu descer.
Peguei o cachorro no colo e entrei no prédio para perguntar se ele pertencia a alguém dali. Dentro do prédio, segurando o cão e olhando para a escadaria, tive um "déjà vu", sabe, aquela sensação de que aquela cena já tinha acontecido antes? Mas definitivamente, na minha vida, eu nunca tinha achado um cachorro dentro do capô do carro, e honestamente, duvido que isso tenha acontecido com muitas outras pessoas na face dessa terra!
Já estava tarde e funcionário público vai embora cedo. Não encontrei ninguém no prédio. De volta ao estacionamento, coloquei o bichinho no chão e fui para o carro. Eu ia deixá-lo ali, mas para onde eu andava, ele me seguia. Fiquei com pena e resolvi trazê-lo comigo. Na saída do estacionamento mostrei o cãozinho no meu colo para o segurança e perguntei se ele sabia quem era o dono do animal. Ele não sabia. Contei o acontecido de forma sucinta, e ele riu. Decerto achou que eu era louca.
toró = chuva torrencial, tempestade baita = grande, enorme