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Porta Dos Fundos 2018, BOCA ARTESANAL

BOCA ARTESANAL

-Coé, Marquinho! -Coé, meu irmãozinho!

-Beleza, irmão? -Beleza?

Vem cá, você tem 5 gramas de pó pra mim?

Claro que tenho. É 1.200 pratas.

-O quê? -As 5 gramas de pó.

1.200 pratas?

1.200 pratas, mas sabe o que é, meu camarada?

O pó agora da boca é todo orgânico da Bolívia, entendeu?

-Não, irmão. -As plantinhas de cocaína

fica tudo ouvindo música clássica lá na fazenda do Xavier, entendeu?

Depois vai pra cristalizar lá na refinaria artesanal, meu camarada.

-Isso aqui é um outro tipo de coisa. -Tá de sacanagem?

-Porra! -Prova aqui, ó.

Tô achando muita frescura, irmão, essa...

-Aí, sentiu? Sentiu a dormência? -É diferente mesmo.

-Foda, né? Vegana, viado. -É vegana essa porra, é?

-É vegano sem glúten. -Maltratou animal, não, essa porra?

Não maltratou nada. E outra coisa: a onda que isso aqui dá

não é aquela onda que tu vai querer bater na tua mãe,

roubar teu irmão pra comprar droga,

querer comer um cu de um amigo teu, entendeu?

-Porra, quem nunca, né? -Essa onda aqui

é aquela de abrir uma produtora de cinema...

-Botar uns projeto no edital. -Aí, tu já entendeu.

Uns longa-metragem que nunca vão ser filmados.

Eu conheço bem. Depois, se filmar,

não consegue editar porque ficou uma merda.

É isso. É isso a onda da droga. O quê que tu acha?

-Eu gosto disso, hein. -Outra coisa:

esse pó aqui é dermatologicamente testado.

-Jura? -Antialergênico.

-Puta... -Não ataca a mucosa.

Pode até botar no cu à vontade que não pega nada.

-Tu garante? -Eu garanto.

-Eu tô aqui agora. -Tá mesmo?

Aqui. Wake up!

Isso que eu queria saber, Marquinho, que eu tô todo assado da última vez.

Tô passando Desitin da minha filha no cu,

-porque tô todo, todo roxo, cara. -Então, não pode.

-Essa aqui que é a tua droga, então. -É mesmo?

Mas é que o problema é o seguinte, irmão:

tô querendo aquele pó de 10 mesmo, tô até com saudade daquela merda.

Então, se tu quer comprar pó de 10,

vai lá no começo da rua com o Buiú, meu camarada.

Só que sabe que teu pó vai vir com cimento, vai vir com mijo.

Ele bota, bota vidro ralado pra ganhar volume.

-Então é por isso. -Vai passar um pó com vidro no cu

-e tu vai ficar todo fodido. -Puta, não pode, irmão.

Caralho, é por isso que eu tô todo rasgado.

-É por isso, pô. -Eu não tenho mil reais aqui, não.

Sabe o que é? Você tá pensando que você vai gastar mil reais no pó,

mas, na verdade, você tá comprando a experiência

-que você vai tá levando pra casa. -Agora tu falou.

Você vai tá levando esse produto orgânico, artesanal,

que todo mundo se envolveu nele, entendeu?

-Me dá uma grama dessa porra aí. -Tu trouxe a embalagem?

-Como é que é? -A embalagem, o pino, a ecobag

alguma coisa pra levar o pó.

Vocês não fornecem a embalagem aqui, não?

Pô, meu camarada, a boca não tá mais trabalhando com plástico, não.

Eu não tava a fim de fazer isso, não,

mas eu tenho um último aqui de plástico em pino,

tu guarda e volta pra fazer refil, entendeu?

-Brigado, irmão. -Mas tu fica sabendo

que tu tá vacilando comigo e com a porra do planeta. Entendeu?

O planeta é nosso amigo, meu camarada.

Vai, se adianta aí! Porra, vacilão do caralho.

Não usa canudo, não, hein.

Vamos lá, viciado, vou te explicar mais uma vez.

Isso aqui é heroína artesanal, entendeu?

É feita em formato de floral, não usa seringa.

Plástico tá acabando com o planeta.

Isso aqui vem na embalagem de vidro retornável, entendeu?

-Tu tem rinite? Tem rinite? -Sim.

Porra, perfeito. Tu cheira, funciona até pra melhorar tua rinite.

Quer dar uma provadinha, ó? Duas gotinhas pela casa, vai.

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