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Porta Dos Fundos 2017, PERDEU

PERDEU

Opa!

Tudo bem?

Oi.

Então, um momento chato agora, um climão...

Nem gosto de ver.

Mas eu vou te assaltar.

Ih cara, sério mesmo?

Pois é, pois é.

Mas eu não queria que fosse um negócio assim

de trauma.

Eu não queria, entendeu? Que fosse negativo pra gente.

Como é que a gente pode fazer?

Tá. Vem cá, você é ladrão?

Sou. E aí eu queria te roubar e é isso que eu não queria

que você levasse com você uma experiência ruim.

Então, eu queria só pegar teu dinheiro e ir embora.

Ok, qual o seu nome?

Rafael.

Rafael. Rafael, me assalta não...

Por favor.

Aí o que acontece, nego vem te dá coronhada na cabeça, tu dá dinheiro.

- Ok... ok... - Te dá soco na cara, tu dá dinheiro,

fura com caco de vidro.

Vocês só entendem na violência, cara.

- Tá, então toma aqui... - Pô, mas aí é complicado,

- Leva. - eu tô tentando fazer, dá...

Os cartões, tá tudo aqui dentro.

- Beleza. - Leva.

Dá o celular também.

Ah não, celular não tenho não.

Não tem celular em 2017, você mora na caverna?

Cara, eu...

Tenho celular, mas eu não trouxe.

Poxa vida...

É cara, eu não uso.

- Passa a porra do celular! - Caralho.

- Passa essa merda, filha da puta! - Que é isso cara? Espera aí, cara.

- Passa o celular pra cá. - Cuidado, cara.

- Quer que eu te mate? Quer eu te fure, cara? - Toma, toma, toma.

Olha aí, precisava disso tudo?

- Machucou meu braço. - É, precisava.

Agora, quebramos tudo que a gente tinha construído.

Não tava muito mais legalzinho a gente no bate-papo?

Desculpa.

Mas não é desculpa.

É que você vai chegar agora

- em casa nervoso, - Des-cul-pa!

vai chegar triste, tremendo.

Vai falar ''violência no Rio de Janeiro é foda'', não é!

A violência é tranquila.

Se não são vocês no desespero, todo mundo rouba todo mundo,

- todo mundo... - Já pedi desculpa!

É, mas... Passa o relógio, vai!

- Foda-se. - Ah não, relógio?

- Tu quer relógio pra quê, cara? - Me dá o relógio.

- Você vai usar relógio? - Não, vou levar seu rológio agora

- de sacanagem. - Cara, tudo que você vê você quer, cara.

- Pra você aprender essa lição. - Tu vai usar relógio, cara?

Vai, passa logo o relógio.

Opa!

Olha quem tá aí.

- Ô, Peçanha. - Olha quem tá aí.

E aí, tudo bem?

Porra, tô achando que você tava de folga hoje.

Tava, mas acabei caindo na escala aqui. Tô pegando essa área toda aqui.

Puta azar...

É, hoje você se fodeu.

- Bom, toma aí. Leva vai. - Tá bom.

- Porra, vou lá pra 39ª direto? - Vai indo na 39ª.

Mesma cela de sempre?

Mesma cela, pega a reta, vai na mesma,

já vai pedindo pro da Silva fazer aquele cafezinho pra mim.

- Valeu. - Não vai prender ele não?

Ele? Não, isso aí é velho de casa.

Isso aí no caminho já vai passando um KY pra dar uma azeitada já.

Ah tá, devolve aí então.

Devolve o quê? Puta que p...

Tu não aprendeu porra nenhuma mesmo, né, caralho? Ê, puta merda...

E aqui.

Poxa, Satanás, não faz isso não.

Você sabe que esse corpo não te pertence, né?

Tô falando de boa com ele viu, gente?

Ah lá, tacou a plantinha que a irmã Cecília comprou com carinho.

Não taca o vaso... Aí, eu sou obrigado a te tirar daqui.

Eu vou ser obrigado a te tirar. Pra quê esse teatro, gente?

Aí eu vou ter que gritar, fazer aquela performace toda, sabe?

E eu não queria isso, sai daqui, por favor?

Wallace?

Oi.

- Ah, saiu. - Eu tô até atrasado até.

Obrigado, vai lá.

- Tá bom. - Tá vendo?

Às vezes com o Satanás a gente não precisa...

Vai lá, meu anjo.

A gente não precisa ficar gritando essas coisas.


PERDEU

Opa!

Tudo bem?

Oi.

Então, um momento chato agora, um climão...

Nem gosto de ver.

Mas eu vou te assaltar.

Ih cara, sério mesmo?

Pois é, pois é.

Mas eu não queria que fosse um negócio assim

de trauma.

Eu não queria, entendeu? Que fosse negativo pra gente.

Como é que a gente pode fazer?

Tá. Vem cá, você é ladrão?

Sou. E aí eu queria te roubar e é isso que eu não queria

que você levasse com você uma experiência ruim.

Então, eu queria só pegar teu dinheiro e ir embora.

Ok, qual o seu nome?

Rafael.

Rafael. Rafael, me assalta não...

Por favor.

Aí o que acontece, nego vem te dá coronhada na cabeça, tu dá dinheiro.

- Ok... ok... - Te dá soco na cara, tu dá dinheiro,

fura com caco de vidro.

Vocês só entendem na violência, cara.

- Tá, então toma aqui... - Pô, mas aí é complicado,

- Leva. - eu tô tentando fazer, dá...

Os cartões, tá tudo aqui dentro.

- Beleza. - Leva.

Dá o celular também.

Ah não, celular não tenho não.

Não tem celular em 2017, você mora na caverna?

Cara, eu...

Tenho celular, mas eu não trouxe.

Poxa vida...

É cara, eu não uso.

- Passa a porra do celular! - Caralho.

- Passa essa merda, filha da puta! - Que é isso cara? Espera aí, cara.

- Passa o celular pra cá. - Cuidado, cara.

- Quer que eu te mate? Quer eu te fure, cara? - Toma, toma, toma.

Olha aí, precisava disso tudo?

- Machucou meu braço. - É, precisava.

Agora, quebramos tudo que a gente tinha construído.

Não tava muito mais legalzinho a gente no bate-papo?

Desculpa.

Mas não é desculpa.

É que você vai chegar agora

- em casa nervoso, - Des-cul-pa!

vai chegar triste, tremendo.

Vai falar ''violência no Rio de Janeiro é foda'', não é!

A violência é tranquila.

Se não são vocês no desespero, todo mundo rouba todo mundo,

- todo mundo... - Já pedi desculpa!

É, mas... Passa o relógio, vai!

- Foda-se. - Ah não, relógio?

- Tu quer relógio pra quê, cara? - Me dá o relógio.

- Você vai usar relógio? - Não, vou levar seu rológio agora

- de sacanagem. - Cara, tudo que você vê você quer, cara.

- Pra você aprender essa lição. - Tu vai usar relógio, cara?

Vai, passa logo o relógio.

Opa!

Olha quem tá aí.

- Ô, Peçanha. - Olha quem tá aí.

E aí, tudo bem?

Porra, tô achando que você tava de folga hoje.

Tava, mas acabei caindo na escala aqui. Tô pegando essa área toda aqui.

Puta azar...

É, hoje você se fodeu.

- Bom, toma aí. Leva vai. - Tá bom.

- Porra, vou lá pra 39ª direto? - Vai indo na 39ª.

Mesma cela de sempre?

Mesma cela, pega a reta, vai na mesma,

já vai pedindo pro da Silva fazer aquele cafezinho pra mim.

- Valeu. - Não vai prender ele não?

Ele? Não, isso aí é velho de casa.

Isso aí no caminho já vai passando um KY pra dar uma azeitada já.

Ah tá, devolve aí então.

Devolve o quê? Puta que p...

Tu não aprendeu porra nenhuma mesmo, né, caralho? Ê, puta merda...

E aqui.

Poxa, Satanás, não faz isso não.

Você sabe que esse corpo não te pertence, né?

Tô falando de boa com ele viu, gente?

Ah lá, tacou a plantinha que a irmã Cecília comprou com carinho.

Não taca o vaso... Aí, eu sou obrigado a te tirar daqui.

Eu vou ser obrigado a te tirar. Pra quê esse teatro, gente?

Aí eu vou ter que gritar, fazer aquela performace toda, sabe?

E eu não queria isso, sai daqui, por favor?

Wallace?

Oi.

- Ah, saiu. - Eu tô até atrasado até.

Obrigado, vai lá.

- Tá bom. - Tá vendo?

Às vezes com o Satanás a gente não precisa...

Vai lá, meu anjo.

A gente não precisa ficar gritando essas coisas.