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Filosofia - Português Europeu, Pretender o Mal - 09

Pretender o Mal - 09

O seu contexto: teorias

Na filosofia moral existe uma distinção importante entre teorias do valor e teorias da obrigação. As primeiras procuram dizer-nos o que há de bom ou mau, permitindo-nos comparar e hierarquizar estados de coisas de modo a determinar o que seria melhor acontecer. As segundas dizem respeito ao que é eticamente certo ou errado, indicando-nos aquilo que é obrigatório, permissível ou impermissível fazer. O hedonismo é um bom exemplo de teoria do valor. Partindo da ideia de que o prazer é o único bem fundamental, sendo todas as outras coisas boas apenas na medida em que são aprazíveis ou conduzem ao prazer, os hedonistas desenvolvem perspectivas sobre o que torna a vida de uma pessoa boa para ela própria, sobre as circunstâncias em que uma vida é mais valiosa que outra ou sobre se, para hierarquizar estados de coisas, basta «somar» a satisfação dos diversos sujeitos envolvidos ou é também preciso ter em conta o modo como esta está distribuída. É suposto que uma teoria do valor esclareça questões como estas. A DDE não é um aspecto de uma teoria deste género, mas as suas aplicações dependem decisivamente da teoria do valor que os seus defensores subscrevem. E, sobretudo no âmbito da medicina, tais aplicações associam-se frequentemente a uma perspectiva muito controversa sobre o valor da vida: a perspectiva, que capta parte do conteúdo da chamada «doutrina da santidade da vida humana», segundo a qual todas as vidas humanas têm o mesmo valor, independentemente de pertencerem a uma pessoa no exercício pleno das suas faculdades, a um embrião nas primeiras semanas de vida ou a uma vítima de Alzheimer já sem qualquer consciência de si. É importante salientar isto, porque se nos parecer que certas aplicações da DDE produzem resultados absurdos não nos devemos apressar a rejeitá-la, já que a fonte da absurdidade pode não residir na própria doutrina, mas noutros princípios morais — como uma determinada perspectiva do valor da vida — pressupostos na sua aplicação.


Pretender o Mal - 09 Böses beabsichtigen - 09 Pretend Evil - 09 Maldad intencionada - 09 L'intention de nuire - 09 Intendere il male - 09 Zamiar zła - 09

O seu contexto: teorias

Na filosofia moral existe uma distinção importante entre teorias do valor e teorias da obrigação. As primeiras procuram dizer-nos o que há de bom ou mau, permitindo-nos comparar e hierarquizar estados de coisas de modo a determinar o que seria melhor acontecer. As segundas dizem respeito ao que é eticamente certo ou errado, indicando-nos aquilo que é obrigatório, permissível ou impermissível fazer. O hedonismo é um bom exemplo de teoria do valor. Partindo da ideia de que o prazer é o único bem fundamental, sendo todas as outras coisas boas apenas na medida em que são aprazíveis ou conduzem ao prazer, os hedonistas desenvolvem perspectivas sobre o que torna a vida de uma pessoa boa para ela própria, sobre as circunstâncias em que uma vida é mais valiosa que outra ou sobre se, para hierarquizar estados de coisas, basta «somar» a satisfação dos diversos sujeitos envolvidos ou é também preciso ter em conta o modo como esta está distribuída. É suposto que uma teoria do valor esclareça questões como estas. A DDE não é um aspecto de uma teoria deste género, mas as suas aplicações dependem decisivamente da teoria do valor que os seus defensores subscrevem. E, sobretudo no âmbito da medicina, tais aplicações associam-se frequentemente a uma perspectiva muito controversa sobre o valor da vida: a perspectiva, que capta parte do conteúdo da chamada «doutrina da santidade da vida humana», segundo a qual todas as vidas humanas têm o mesmo valor, independentemente de pertencerem a uma pessoa no exercício pleno das suas faculdades, a um embrião nas primeiras semanas de vida ou a uma vítima de Alzheimer já sem qualquer consciência de si. É importante salientar isto, porque se nos parecer que certas aplicações da DDE produzem resultados absurdos não nos devemos apressar a rejeitá-la, já que a fonte da absurdidade pode não residir na própria doutrina, mas noutros princípios morais — como uma determinada perspectiva do valor da vida — pressupostos na sua aplicação.