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Timor-Leste - Português Europeu, Personalidades de Timor - Ximenes Belo

Personalidades de Timor - Ximenes Belo

Carlos Filipe Ximenes Belo nascido em Baucau, Timor-Leste, a 3 de fevereiro de 1948, é um bispo católico timorense que, em conjunto com José Ramos-Horta, foi agraciado com o Nobel da Paz de 1996, pelo seu trabalho "em prol de uma solução justa e pacífica para o conflito em Timor-Leste". Os anos de infância foram passados nas escolas católicas de Baucau e Ossu, antes de ingressar no seminário de Daré, nos arredores de Díli, formando-se em 1968. Excetuando um pequeno período entre 1974 e 1976 - quando esteve em Timor e em Macau - entre 1969 e 1981, D. Ximenes Belo repartiu o seu tempo entre Portugal e Roma, onde se tornou membro da congregação dos Salesianos e estudou filosofia e teologia antes de ser ordenado padre em 1980. De regresso a Timor-Leste, em julho de 1981, D. Ximenes Belo esteve ligado ao Colégio Salesiano de Fatumaca, onde foi professor e diretor.

Quando em 1983 se reformou D. Martinho da Costa Lopes, Ximenes Belo foi nomeado administrador apostólico da diocese de Díli, tornando-se chefe da igreja católica em Timor-Leste, respondendo exclusivamente perante o Papa. Em 1988, em Lorium, Itália, foi consagrado como Bispo.

A nomeação de Ximenes Belo foi do agrado do núncio apostólico em Jacarta e dos próprios líderes indonésios pela sua aparente submissão. No entanto, cinco meses bastaram para que, num sermão na Sé Catedral, D. Ximenes Belo tecesse veementes protestos contra as brutalidades do massacre de Craras, em 1983, perpetrado pela Indonésia. Nos dias de ocupação, a igreja era a única instituição capaz de comunicar com o mundo exterior, o que levou D. Ximenes Belo a enviar sucessivas cartas a personalidades em todo o mundo, tentando vencer o isolamento imposto pelos indonésios e o desinteresse de grande parte da comunidade internacional.

Em fevereiro de 1989 D. Ximenes Belo escreveu ao presidente de Portugal, Mário Soares, ao Papa João Paulo II e ao Secretário-geral das Nações Unidas, Javier Pérez de Cuellar, reclamando por um referendo sob os auspícios da ONU sobre o futuro de Timor-Leste e pela ajuda internacional ao povo timorense que estava "a morrer como povo e como nação". No entanto, quando a carta dirigida à ONU se tornou pública em abril, D. Ximenes Belo tornou-se uma figura pouco querida pelas autoridades indonésias. Esta situação veio a piorar ainda mais quando o Bispo deu abrigo na sua própria casa a jovens que tinham escapado ao massacre de Santa Cruz, em 1991, e denunciou os números das vítimas mortais.

A sua obra corajosa em prol dos timorenses e em busca da paz e da reconciliação foi internacionalmente reconhecida quando, em conjunto com José Ramos-Horta, lhe foi entregue o Prémio Nobel da Paz em dezembro de 1996. Na sequência deste reconhecimento, D. Ximenes Belo teve oportunidade de se reunir com Bill Clinton dos Estados Unidos e Nelson Mandela da África do Sul.

Após a independência de Timor-Leste, a 20 de maio de 2002, a saúde do Bispo começou a esmorecer, perante a pressão dos acontecimentos que tinha vivido. O papa João Paulo II aceitou a sua demissão como administrador apostólico de Díli em 26 de novembro de 2002. Após se ter retirado, Ximenes Belo viajou para Portugal para receber tratamento médico. No início de 2004, houve numerosos pedidos para que se candidatasse à presidência da república de Timor-Leste. No entanto, em maio de 2004 declarou à televisão estatal portuguesa RTP que não autorizaria que o seu nome fosse considerado para nomeação. "Decidi deixar a política para os políticos" - afirmou. Com a saúde restabelecida, em meados de 2004, D. Ximenes Belo aceitou a ordem da Santa Sé para fazer trabalho de missionação na diocese de Maputo, como membro da congregação dos Salesianos em Moçambique.

D. Ximenes Belo é Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto, por proposta da respetiva Faculdade de Letras (investido em outubro de 2000, juntamente com Xanana Gusmão e José Ramos-Horta). Em 21 de fevereiro de 2010 recebeu o "Prémio Personalidade Lusófona do Ano", concedido pelo MIL - Movimento Internacional Lusófono.

Personalidades de Timor - Ximenes Belo

Carlos Filipe Ximenes Belo nascido em Baucau, Timor-Leste, a 3 de fevereiro de 1948, é um bispo católico timorense que, em conjunto com José Ramos-Horta, foi agraciado com o Nobel da Paz de 1996, pelo seu trabalho "em prol de uma solução justa e pacífica para o conflito em Timor-Leste". Carlos Filipe Ximenes Belo, born in Baucau, Timor-Leste, on February 3, 1948, is a Timorese Catholic bishop who, together with José Ramos-Horta, was awarded the 1996 Nobel Peace Prize for his work "for of a just and peaceful solution to the conflict in Timor-Leste". Os anos de infância foram passados nas escolas católicas de Baucau e Ossu, antes de ingressar no seminário de Daré, nos arredores de Díli, formando-se em 1968. His childhood years were spent in Catholic schools in Baucau and Ossu, before he entered the Daré seminary on the outskirts of Dili, graduating in 1968. Excetuando um pequeno período entre 1974 e 1976 - quando esteve em Timor e em Macau - entre 1969 e 1981, D. Ximenes Belo repartiu o seu tempo entre Portugal e Roma, onde se tornou membro da congregação dos Salesianos e estudou filosofia e teologia antes de ser ordenado padre em 1980. Except for a short period between 1974 and 1976 - when he was in Timor and Macao - between 1969 and 1981, D. Ximenes Belo divided his time between Portugal and Rome, where he became a member of the Salesian congregation and studied philosophy and theology before be ordained priest in 1980. De regresso a Timor-Leste, em julho de 1981, D. Ximenes Belo esteve ligado ao Colégio Salesiano de Fatumaca, onde foi professor e diretor. On his return to Timor-Leste, in July 1981, D. Ximenes Belo was linked to the Colégio Salesiano de Fatumaca, where he was professor and director.

Quando em 1983 se reformou D. Martinho da Costa Lopes, Ximenes Belo foi nomeado administrador apostólico da diocese de Díli, tornando-se chefe da igreja católica em Timor-Leste, respondendo exclusivamente perante o Papa. When D. Martinho da Costa Lopes retired in 1983, Ximenes Belo was appointed apostolic administrator of the diocese of Dili, becoming head of the Catholic Church in Timor-Leste, answering exclusively to the Pope. Em 1988, em Lorium, Itália, foi consagrado como Bispo. In 1988, in Lorium, Italy, he was consecrated as Bishop.

A nomeação de Ximenes Belo foi do agrado do núncio apostólico em Jacarta e dos próprios líderes indonésios pela sua aparente submissão. The appointment of Ximenes Belo was pleased by the apostolic nuncio in Jakarta and the Indonesian leaders themselves for their apparent submission. No entanto, cinco meses bastaram para que, num sermão na Sé Catedral, D. Ximenes Belo tecesse veementes protestos contra as brutalidades do massacre de Craras, em 1983, perpetrado pela Indonésia. However, five months were enough for a sermon at the Cathedral, D. Ximenes Belo to make strong protests against the brutalities of the 1983 Craras massacre, perpetrated by Indonesia. Nos dias de ocupação, a igreja era a única instituição capaz de comunicar com o mundo exterior, o que levou D. Ximenes Belo a enviar sucessivas cartas a personalidades em todo o mundo, tentando vencer o isolamento imposto pelos indonésios e o desinteresse de grande parte da comunidade internacional. In the days of occupation, the church was the only institution capable of communicating with the outside world, which led D. Ximenes Belo to send successive letters to personalities around the world, trying to overcome the isolation imposed by the Indonesians and the great lack of interest. from the international community.

Em fevereiro de 1989 D. Ximenes Belo escreveu ao presidente de Portugal, Mário Soares, ao Papa João Paulo II e ao Secretário-geral das Nações Unidas, Javier Pérez de Cuellar, reclamando por um referendo sob os auspícios da ONU sobre o futuro de Timor-Leste e pela ajuda internacional ao povo timorense que estava "a morrer como povo e como nação". In February 1989 D. Ximenes Belo wrote to the President of Portugal, Mario Soares, Pope John Paul II and the United Nations Secretary-General Javier Pérez de Cuellar, calling for a referendum under UN auspices on the future of Timor. -East and for international aid to the Timorese people who were "dying as a people and as a nation." No entanto, quando a carta dirigida à ONU se tornou pública em abril, D. Ximenes Belo tornou-se uma figura pouco querida pelas autoridades indonésias. However, when the letter addressed to the UN became public in April, D. Ximenes Belo became a figure that was not well liked by the Indonesian authorities. Esta situação veio a piorar ainda mais quando o Bispo deu abrigo na sua própria casa a jovens que tinham escapado ao massacre de Santa Cruz, em 1991, e denunciou os números das vítimas mortais. This situation worsened further when the Bishop gave shelter in his own home to young women who had escaped the Santa Cruz massacre in 1991 and denounced the numbers of the dead.

A sua obra corajosa em prol dos timorenses e em busca da paz e da reconciliação foi internacionalmente reconhecida quando, em conjunto com José Ramos-Horta, lhe foi entregue o Prémio Nobel da Paz em dezembro de 1996. His courageous work on behalf of the Timorese and in search of peace and reconciliation was internationally recognized when, together with José Ramos-Horta, he was awarded the Nobel Peace Prize in December 1996. Na sequência deste reconhecimento, D. Ximenes Belo teve oportunidade de se reunir com Bill Clinton dos Estados Unidos e Nelson Mandela da África do Sul. Following this recognition, D. Ximenes Belo had the opportunity to meet with Bill Clinton from the United States and Nelson Mandela from South Africa.

Após a independência de Timor-Leste, a 20 de maio de 2002, a saúde do Bispo começou a esmorecer, perante a pressão dos acontecimentos que tinha vivido. Following the independence of Timor-Leste on May 20, 2002, the Bishop's health began to deteriorate under the pressure of events he had experienced. O papa João Paulo II aceitou a sua demissão como administrador apostólico de Díli em 26 de novembro de 2002. Pope John Paul II accepted his resignation as Apostolic Administrator of Dili on 26 November 2002. Após se ter retirado, Ximenes Belo viajou para Portugal para receber tratamento médico. After retiring, Ximenes Belo traveled to Portugal to receive medical treatment. No início de 2004, houve numerosos pedidos para que se candidatasse à presidência da república de Timor-Leste. In early 2004, there were numerous requests for him to run for the presidency of the Republic of Timor-Leste. No entanto, em maio de 2004 declarou à televisão estatal portuguesa RTP que não autorizaria que o seu nome fosse considerado para nomeação. However, in May 2004, he told Portuguese state television RTP that he would not allow his name to be considered for appointment. "Decidi deixar a política para os políticos" - afirmou. "I decided to leave politics to the politicians," he said. Com a saúde restabelecida, em meados de 2004, D. Ximenes Belo aceitou a ordem da Santa Sé para fazer trabalho de missionação na diocese de Maputo, como membro da congregação dos Salesianos em Moçambique. With his health restored, in mid-2004, Bishop Ximenes Belo accepted an order from the Holy See to do missionary work in the diocese of Maputo, as a member of the congregation of the Salesians in Mozambique.

D. Ximenes Belo é Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto, por proposta da respetiva Faculdade de Letras (investido em outubro de 2000, juntamente com Xanana Gusmão e José Ramos-Horta). D. Ximenes Belo is Doctor Honoris Causa by the University of Porto, by proposal of the respective Faculty of Letters (invested in October 2000, together with Xanana Gusmão and José Ramos-Horta). Em 21 de fevereiro de 2010 recebeu o "Prémio Personalidade Lusófona do Ano", concedido pelo MIL - Movimento Internacional Lusófono. On February 21, 2010, he received the "Lusophone Personality of the Year Award", granted by MIL - International Lusophone Movement.