Conto do Cão - parte 3
Meus planos eram de ir ao supermercado e depois limpar o apartamento, pois Luciane, uma boa amiga de Curitiba, vinha me visitar.
Com cachorro não tem condições de ir ao supermercado. Fui então direto para casa. Chegando em casa, imaginei que o bichinho estivesse com fome, mas tanto a geladeira quanto os armários estavam vazios. (Por acaso eu mencionei que meus planos eram de ir ao supermercado? )
Na geladeira ainda tinha leite e fiz a burrada de dar um pouquinho para ele. Pouco tempo depois ele fez cocô mole e esverdeado. Não sei se tem relação. Então preparei um pouco de arroz e comemos nós dois.
Arrumei uma camiseta velha para ele deitar em cima e depois telefonei para minha mãe, para contar da história, e também para saber se eu poderia levar o cachorro para ela no dia seguinte. Ela disse: “Sem problemas”.
Com a consciência tranquila, comecei a fazer a limpeza. Mas claro que eu não poderia fazer a coisa de uma maneira fácil. Olha a complicação:
Toda essa aventura do cachorro aconteceu no final de fevereiro de 2001. Uns meses antes, em dezembro de 2000, o Carsten, meu namorado gringo, tinha vindo ao Brasil passar o Natal comigo, e nós estávamos aguardando a visita de duas amigas, que iriam passar o fim de semana conosco no apartamento, e por isso tínhamos que fazer uma pequena limpeza antes de recebê-las. Mas como eu já tinha limpado tudo antes do Carsten chegar, o que fiz foi varrer um pouco o chão e dar uma ajeitada geral.
Depois da varredura, Carsten me diz que para limpar bem eu deveria “wash the floor”. OK, traduzindo na minha cabecinha: lavar o chão. Mas lavar para mim (e para a maioria dos brasileiros) significa lavar com balde, muita água e sabão. Porém para ele, proveniente da Dinamarca, "wash the floor" significava passar um pano úmido no chão - mas esse detalhe eu só descobri meses depois, quando me mudei para a Dinamarca!
burrada = asneira, estupidez gringo = pessoa que não é nativa do Brasil, estrangeiro