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PODCAST Português (*Generated Transcript*), A fascinante nova teoria sobre a origem de Stonehenge

A fascinante nova teoria sobre a origem de Stonehenge

BBC Lê

A fascinante nova teoria sobre a origem de Stonehenge.

Reportagem de Anna Muckerman, da BBC Travel, publicada pela BBC News Brasil em 2 de junho de 2023.

Lida por Silvia Salleck.

Passando pelas portas do prédio de uma universidade,

atravessando um corredor de concreto e entrando em uma sala com paredes cobertas por espuma acústica,

encontramos uma réplica em miniatura de um dos monumentos mais misteriosos já construídos no mundo, Stonehenge.

A réplica não é aberta à visitação pública,

mas ela poderia oferecer às milhões de pessoas que visitam o local verdadeiro todos os anos

uma melhor compreensão da imponente estrutura de pedras cobertas por líquen construída há cerca de 5 mil anos.

Na verdade, essa miniatura está no centro de uma pesquisa em andamento sobre as propriedades acústicas de Stonehenge,

que tenta descobrir o que o som da estrutura pode nos revelar sobre o seu propósito.

Sabemos que a acústica dos lugares influencia a forma como eles são usados,

por isso compreender os sons de um local pré-histórico é uma parte importante da arqueologia,

segundo o professor e pesquisador de acústica Trevor Cox, da Universidade de Salford, em Manchester, no Reino Unido.

Stonehenge é o círculo de pedras mais conhecido e arquitetonicamente mais sofisticado do mundo antigo.

Mas os arqueólogos ainda não sabem quem o construiu nem para que ele era utilizado.

Existem teorias que sugerem que ele era usado como cemitério, local de cura, ou até como calendário celestial,

já que os espaços no anel de pedras externo estão em perfeito alinhamento com o solstício de verão e de inverno.

Mas conforme o tempo passa, o imenso monumento construído sobre um morro coberto de grama na zona rural de Wiltshire,

no sudoeste da Inglaterra, permanece um mistério.

Estamos gradualmente descobrindo cada vez mais sobre ele, mas achamos que nunca conseguiremos descobrir algumas coisas,

afirma Susan Martindale, gerente voluntária da organização English Heritage, responsável pela administração de Stonehenge.

Não temos como entender por que as pessoas começaram a construir o monumento,

e os motivos que as levaram a continuar trabalhando nele podem muito bem ter mudado

ao longo das centenas de anos que levou para completar a construção. Explica ela.

Mas graças aos estudos recentes de Trevor Cox, conhecemos hoje detalhes fascinantes sobre um dos locais mais enigmáticos do mundo.

Stonehenge serviu de câmara de eco gigante, amplificando os sons gerados dentro do círculo

para as pessoas que ficavam dentro dele e obstruindo os ruídos dos que ficavam fora do círculo.

A descoberta levou especialistas a considerarem a hipótese de que o monumento fosse uma espécie de templo

para a realização de rituais por um pequeno grupo de elite.

A pesquisa começou a ser feita há 10 anos, quando Trevor Cox estudava lugares tidos como maravilhas sônicas do mundo.

Eu percebi que havia uma técnica na acústica que nunca havia sido aplicada antes a sítios arqueológicos pré-históricos,

que era a análise acústica de modelagem em miniatura. Conta ele.

Sou o primeiro a fazer um modelo em escala de Stonehenge ou de qualquer outro local de pedra da pré-história. Acrescenta.

O pesquisador decidiu criar uma réplica em escala de 1 para 12, que pudesse ser testada no interior da câmara semianecoica da universidade.

É uma sala quase à prova de som, que absorve praticamente todos os ruídos graças à espuma geométrica

que recobre toda a superfície, exceto o piso.

Para criar a réplica, ele recebeu inicialmente um modelo de computador da English Heritage,

que permitiu a ele compreender melhor a aparência de Stonehenge na sua configuração completa, há cerca de 4 mil anos.

Se você visitar Stonehenge hoje em dia, é um local magnífico, mas muitas das pedras estão faltando ou caíram no solo, explica ele.

Ao todo, o processo de criação de 157 pedras com impressão 3D e técnicas de modelagem levou cerca de 6 meses para ficar pronto.

Trevor Cox lembra que, nesse período, o piso de sua sala de jantar ficou coberto de peças e pedaços do projeto,

em um esforço incansável para conseguir a qualidade das pedras reais em escala.

Quando as pedras foram pintadas de cinza e dispostas na distribuição correta segundo o modelo de computador,

começaram os desafios do processo de teste.

Tudo é 1 dozeavos do tamanho real, o que significa que precisamos testar com a frequência multiplicada por 12.

Você precisa ter alto-falantes e microfones que trabalhem nessas faixas de frequências, e eles não são tão fáceis de conseguir, explica.

Para realizar cada teste, o pesquisador e sua equipe colocaram os alto-falantes em volta das pedras e executaram as diversas frequências que queriam medir.

Os microfones da sala coletavam dados sobre como a forma das pedras afetava o som.

Com o processamento matemático dos dados, o pesquisador conseguiu criar um modelo por computador

que simula as propriedades acústicas de Stonehenge e pode distorcer vozes ou música para dar uma ideia de como elas teriam soado dentro do círculo.

O resultado foi uma surpresa.

Embora Stonehenge não tenha piso nem teto, o som ricocheteia entre os espaços nas pedras e permanece dentro do círculo.

Em acústica, esse fenômeno é conhecido como reverberação.

Sabemos que a música é aprimorada pela reverberação e por isso imaginamos que uma música soaria mais poderosa e impactante dentro do círculo, explica Cox.

Uma das descobertas mais notáveis da pesquisa é o efeito das pedras sobre a direcionalidade da voz.

Em um ambiente aberto natural, como um morro coberto de grama onde Stonehenge foi construído,

uma pessoa falando sem se dirigir diretamente ao seu interlocutor só seria compreendida por ele cerca de um terço do tempo.

Mas os reflexos das pedras de Stonehenge podem amplificar a voz em 4 decibéis, aumentando o índice de sentenças compreendidas para 100%.

Estes resultados demonstram que Stonehenge teria permitido que as pessoas dentro do círculo ouvissem umas às outras muito bem,

enquanto as que estavam fora do círculo teriam sido excluídas de qualquer cerimônia que fosse realizada ali dentro.

A pesquisa de Trevor Cox traz novas informações para um conjunto cada vez maior de evidências

de que Stonehenge pode ter sido utilizado para rituais reservados para um seleto grupo de pessoas.

Um dos estudos chegou a indicar a possibilidade de que havia uma cerca viva obstruindo a visão de quem estivesse de fora do círculo.

A pesquisa definitivamente fornece mais informações sobre como Stonehenge pode ter sido utilizado, prossegue Cox.

Mesmo se você virar de costas, sempre existem reflexos nas pedras para reforçar sua voz,

de forma que na verdade não importa se você não puder ver a pessoa falando, era um bom lugar para a comunicação por fala.

Explica.

Para dar uma ideia das propriedades acústicas de Stonehenge, ele diz que seriam como as de uma pessoa falando em pé em um cinema vazio,

comparadas com uma pessoa falando em uma catedral.

As pessoas acostumadas a entrar e sair de edifícios podem achar que a diferença não é muito perceptível,

mas Trevor Cox destaca que as pessoas do Neolítico Superior, que construíram Stonehenge,

não estavam acostumadas à acústica de grandes paredes e espaços fechados.

Elas provavelmente achavam o efeito hipnotizante.

Depois que ele publicou suas descobertas iniciais em 2020, Trevor Cox e seus colegas começaram a lidar com novas questões,

como, por exemplo, se as pessoas dentro do círculo poderiam mudar a acústica.

A equipe concluiu recentemente um novo conjunto de medições, colocando até 100 pequenos bonecos de madeira em volta do modelo.

Sabemos que a presença de várias pessoas no seu interior teria alterado a acústica, já que o corpo humano absorve os sons, explica ele.

Queremos quantificar como a entrada de mais pessoas no círculo mudava o som,

pois provavelmente havia pessoas dentro do círculo durante as cerimônias, acrescenta.

Embora o trabalho diário de Trevor Cox se concentre em melhorar o som para as pessoas com perda de audição,

ele agora atende com frequência a pedidos para discutir suas pesquisas sobre Stonehenge.

Uma das coisas sobre esse trabalho é que você percebe como ele é poderoso para as pessoas,

como as pessoas realmente se conectam com ele e como elas são fascinadas por tudo que tem a ver com Stonehenge, conta.

Acho que isso cria uma mística pela notável capacidade dos nossos ancestrais de criar os monumentos mais surpreendentes, conclui.

Você ouviu a reportagem A Fascinante Nova Teoria sobre a Origem de Stonehenge, publicada pela BBC News Brasil em 2 de junho de 2023.

A fascinante nova teoria sobre a origem de Stonehenge The fascinating new theory about the origin of Stonehenge La fascinante nueva teoría sobre el origen de Stonehenge

BBC Lê

A fascinante nova teoria sobre a origem de Stonehenge.

Reportagem de Anna Muckerman, da BBC Travel, publicada pela BBC News Brasil em 2 de junho de 2023.

Lida por Silvia Salleck.

Passando pelas portas do prédio de uma universidade,

atravessando um corredor de concreto e entrando em uma sala com paredes cobertas por espuma acústica,

encontramos uma réplica em miniatura de um dos monumentos mais misteriosos já construídos no mundo, Stonehenge.

A réplica não é aberta à visitação pública,

mas ela poderia oferecer às milhões de pessoas que visitam o local verdadeiro todos os anos

uma melhor compreensão da imponente estrutura de pedras cobertas por líquen construída há cerca de 5 mil anos.

Na verdade, essa miniatura está no centro de uma pesquisa em andamento sobre as propriedades acústicas de Stonehenge,

que tenta descobrir o que o som da estrutura pode nos revelar sobre o seu propósito.

Sabemos que a acústica dos lugares influencia a forma como eles são usados,

por isso compreender os sons de um local pré-histórico é uma parte importante da arqueologia,

segundo o professor e pesquisador de acústica Trevor Cox, da Universidade de Salford, em Manchester, no Reino Unido.

Stonehenge é o círculo de pedras mais conhecido e arquitetonicamente mais sofisticado do mundo antigo.

Mas os arqueólogos ainda não sabem quem o construiu nem para que ele era utilizado.

Existem teorias que sugerem que ele era usado como cemitério, local de cura, ou até como calendário celestial,

já que os espaços no anel de pedras externo estão em perfeito alinhamento com o solstício de verão e de inverno.

Mas conforme o tempo passa, o imenso monumento construído sobre um morro coberto de grama na zona rural de Wiltshire,

no sudoeste da Inglaterra, permanece um mistério.

Estamos gradualmente descobrindo cada vez mais sobre ele, mas achamos que nunca conseguiremos descobrir algumas coisas,

afirma Susan Martindale, gerente voluntária da organização English Heritage, responsável pela administração de Stonehenge.

Não temos como entender por que as pessoas começaram a construir o monumento,

e os motivos que as levaram a continuar trabalhando nele podem muito bem ter mudado

ao longo das centenas de anos que levou para completar a construção. Explica ela.

Mas graças aos estudos recentes de Trevor Cox, conhecemos hoje detalhes fascinantes sobre um dos locais mais enigmáticos do mundo.

Stonehenge serviu de câmara de eco gigante, amplificando os sons gerados dentro do círculo

para as pessoas que ficavam dentro dele e obstruindo os ruídos dos que ficavam fora do círculo.

A descoberta levou especialistas a considerarem a hipótese de que o monumento fosse uma espécie de templo

para a realização de rituais por um pequeno grupo de elite.

A pesquisa começou a ser feita há 10 anos, quando Trevor Cox estudava lugares tidos como maravilhas sônicas do mundo.

Eu percebi que havia uma técnica na acústica que nunca havia sido aplicada antes a sítios arqueológicos pré-históricos,

que era a análise acústica de modelagem em miniatura. Conta ele.

Sou o primeiro a fazer um modelo em escala de Stonehenge ou de qualquer outro local de pedra da pré-história. Acrescenta.

O pesquisador decidiu criar uma réplica em escala de 1 para 12, que pudesse ser testada no interior da câmara semianecoica da universidade.

É uma sala quase à prova de som, que absorve praticamente todos os ruídos graças à espuma geométrica

que recobre toda a superfície, exceto o piso.

Para criar a réplica, ele recebeu inicialmente um modelo de computador da English Heritage,

que permitiu a ele compreender melhor a aparência de Stonehenge na sua configuração completa, há cerca de 4 mil anos.

Se você visitar Stonehenge hoje em dia, é um local magnífico, mas muitas das pedras estão faltando ou caíram no solo, explica ele.

Ao todo, o processo de criação de 157 pedras com impressão 3D e técnicas de modelagem levou cerca de 6 meses para ficar pronto.

Trevor Cox lembra que, nesse período, o piso de sua sala de jantar ficou coberto de peças e pedaços do projeto,

em um esforço incansável para conseguir a qualidade das pedras reais em escala.

Quando as pedras foram pintadas de cinza e dispostas na distribuição correta segundo o modelo de computador,

começaram os desafios do processo de teste.

Tudo é 1 dozeavos do tamanho real, o que significa que precisamos testar com a frequência multiplicada por 12.

Você precisa ter alto-falantes e microfones que trabalhem nessas faixas de frequências, e eles não são tão fáceis de conseguir, explica.

Para realizar cada teste, o pesquisador e sua equipe colocaram os alto-falantes em volta das pedras e executaram as diversas frequências que queriam medir.

Os microfones da sala coletavam dados sobre como a forma das pedras afetava o som.

Com o processamento matemático dos dados, o pesquisador conseguiu criar um modelo por computador

que simula as propriedades acústicas de Stonehenge e pode distorcer vozes ou música para dar uma ideia de como elas teriam soado dentro do círculo.

O resultado foi uma surpresa.

Embora Stonehenge não tenha piso nem teto, o som ricocheteia entre os espaços nas pedras e permanece dentro do círculo.

Em acústica, esse fenômeno é conhecido como reverberação.

Sabemos que a música é aprimorada pela reverberação e por isso imaginamos que uma música soaria mais poderosa e impactante dentro do círculo, explica Cox.

Uma das descobertas mais notáveis da pesquisa é o efeito das pedras sobre a direcionalidade da voz.

Em um ambiente aberto natural, como um morro coberto de grama onde Stonehenge foi construído,

uma pessoa falando sem se dirigir diretamente ao seu interlocutor só seria compreendida por ele cerca de um terço do tempo.

Mas os reflexos das pedras de Stonehenge podem amplificar a voz em 4 decibéis, aumentando o índice de sentenças compreendidas para 100%.

Estes resultados demonstram que Stonehenge teria permitido que as pessoas dentro do círculo ouvissem umas às outras muito bem,

enquanto as que estavam fora do círculo teriam sido excluídas de qualquer cerimônia que fosse realizada ali dentro.

A pesquisa de Trevor Cox traz novas informações para um conjunto cada vez maior de evidências

de que Stonehenge pode ter sido utilizado para rituais reservados para um seleto grupo de pessoas.

Um dos estudos chegou a indicar a possibilidade de que havia uma cerca viva obstruindo a visão de quem estivesse de fora do círculo.

A pesquisa definitivamente fornece mais informações sobre como Stonehenge pode ter sido utilizado, prossegue Cox.

Mesmo se você virar de costas, sempre existem reflexos nas pedras para reforçar sua voz,

de forma que na verdade não importa se você não puder ver a pessoa falando, era um bom lugar para a comunicação por fala.

Explica.

Para dar uma ideia das propriedades acústicas de Stonehenge, ele diz que seriam como as de uma pessoa falando em pé em um cinema vazio,

comparadas com uma pessoa falando em uma catedral.

As pessoas acostumadas a entrar e sair de edifícios podem achar que a diferença não é muito perceptível,

mas Trevor Cox destaca que as pessoas do Neolítico Superior, que construíram Stonehenge,

não estavam acostumadas à acústica de grandes paredes e espaços fechados.

Elas provavelmente achavam o efeito hipnotizante.

Depois que ele publicou suas descobertas iniciais em 2020, Trevor Cox e seus colegas começaram a lidar com novas questões,

como, por exemplo, se as pessoas dentro do círculo poderiam mudar a acústica.

A equipe concluiu recentemente um novo conjunto de medições, colocando até 100 pequenos bonecos de madeira em volta do modelo.

Sabemos que a presença de várias pessoas no seu interior teria alterado a acústica, já que o corpo humano absorve os sons, explica ele.

Queremos quantificar como a entrada de mais pessoas no círculo mudava o som,

pois provavelmente havia pessoas dentro do círculo durante as cerimônias, acrescenta.

Embora o trabalho diário de Trevor Cox se concentre em melhorar o som para as pessoas com perda de audição,

ele agora atende com frequência a pedidos para discutir suas pesquisas sobre Stonehenge.

Uma das coisas sobre esse trabalho é que você percebe como ele é poderoso para as pessoas,

como as pessoas realmente se conectam com ele e como elas são fascinadas por tudo que tem a ver com Stonehenge, conta.

Acho que isso cria uma mística pela notável capacidade dos nossos ancestrais de criar os monumentos mais surpreendentes, conclui.

Você ouviu a reportagem A Fascinante Nova Teoria sobre a Origem de Stonehenge, publicada pela BBC News Brasil em 2 de junho de 2023.