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O Assunto (*Generated Transcript*), 20.06.23-Juros altos e a pressão sobre o Copom

20.06.23-Juros altos e a pressão sobre o Copom

Eu não discuto com o presidente do Banco Central.

Ele deve explicações não a mim, ele deve explicações ao Congresso Nacional, a quem o indicou.

Então é o seguinte, não é possível que a gente queira que esse país volte a crescer

com uma taxa de juros de 3,75% por tempo.

Vocalizado pelo presidente da República, o apelo pela queda dos juros ganhou adeptos fora do Planalto.

No Congresso...

Mas se há algo que nos une nesse momento é a impressão, o desejo, a obstinação

de reduzir taxa de juros no Brasil.

Por isso eu gostaria de pedir muito a uma súplica do Senado, meu caro presidente do

Banco Central do Brasil.

Na indústria...

É inconcebível a atual taxa de juros no Brasil.

Muitos querem associá-la a um problema fiscal.

Então esta não é uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros que praticamos

no Brasil e se não abaixarmos essas taxas de juros, de nada adiantará fazermos políticas

industriais no varejo.

Então se eu estou defendendo é por causa da pequena e média empresa.

Então eu queria te pedir, por favor, dá um sinal de abaixar esse juros.

Não está aguentando mais a pequena e média empresa.

Eu estou te pedindo, está todo mundo assim.

E às vésperas da reunião que define a taxa Selic, todos apontam um ambiente econômico

favorável para iniciar a queda.

A economia brasileira cresceu no primeiro trimestre do ano.

O produto interno bruto avançou 1,9%.

O desempenho veio bem acima do esperado pelo mercado.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico aumentou as projeções para o crescimento

do Brasil deste ano, de 1% para 1,7%.

Pela primeira vez em quatro anos, a Agência de Classificação de Risco Standard & Poor's

revisou para cima a perspectiva da nota de crédito do Brasil.

A inflação diminuiu pelo terceiro mês seguido no Brasil.

O IPCA de 0,23% foi o menor para um mês de maio nos últimos três anos.

Da redação do G1, eu sou Nathuzaneri e o assunto hoje é a pressão pela queda da taxa

de juros.

Um episódio para entender por que, mesmo diante de sinais positivos da economia, a

expectativa é de que a Selic só comece a cair a partir de agosto.

Minha convidada neste episódio é a economista Mônica de Boule, pesquisadora sênior do

Instituto Peterson para a Economia Internacional.

Terça-feira, 20 de junho.

Mônica, nesta semana o COPOM, que é o Comitê de Política Monetária do Banco Central,

se reúne para discutir o futuro dos juros aqui no Brasil.

E o cenário econômico é o seguinte.

PIB maior do que o esperado, inflação em queda, curva de juros de longo prazo também

em queda e dólar mais baixo.

Então a gente tem aí quatro elementos de pressão na economia que estão aparentemente

sob controle.

E apesar de todos esses sinais aparentemente favoráveis, a expectativa do mercado é de

manutenção da taxa básica de juros, a famosa Selic, que está em 13,75% ao ano.

Por que isso tudo não é suficiente para uma queda de juros?

Eu acho que as críticas ao Banco Central são pertinentes porque já estava claro há

alguns meses que nós estaríamos, claro, algumas coisas não, né?

O PIB maior do que o esperado foi uma surpresa, mas algumas outras coisas já apontavam para

um cenário em que o Banco Central não teria problemas caso tivesse resolvido reduzir os

juros antes.

Então é dizer o seguinte, que nos comunicados anteriores em que o Banco Central falou tão

duramente a respeito do cenário de um modo geral, inclusive aventou a hipótese de ter

que voltar a elevar os juros, fica claro agora que isso acontece, é normal, acontece com

todos os bancos centrais.

Nas melhores famílias, né Mônica?

Nas melhores famílias, exatamente.

Houve uma espécie de erro de cálculo no cenário, uma espécie de...

O que os bancos centrais estão sempre tentando fazer é medir os riscos, né?

E fazer um certo equilíbrio e balanceamento de riscos.

Então quais são os riscos que estão presentes e o que é mais provável que vai acontecer.

É um exercício complicado esse, porque ele envolve muito julgamento, ele não é só

baseado em modelos e projeções, ele envolve muito julgamento também.

E às vezes bancos centrais erram, é normal que isso aconteça.

E o Banco Central brasileiro, pelo menos se a gente for olhar para todo esse quadro interno,

o Banco Central brasileiro já está atrasado nesse processo de redução de juros, já

deveria ter começado o processo de redução de juros antes.

Se no comunicado não sair uma sinalização concreta de que no mês de agosto essa taxa

vai cair, o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na reunião ministerial da

semana passada, falou, olha, a partir de agora eu que tenho tido uma posição mais tranquila,

moderada, ponderada em relação ao Banco Central, vou cobrar de forma mais incisiva

um corte da taxa de juros.

Porque a gente sabe que as famílias brasileiras estão muito endividadas, que as empresas

brasileiras também estão muito endividadas e que essa taxa de juros, nesse nível, ela

é extremamente penosa para empresas e para famílias, então para as pessoas e para as

pessoas jurídicas.

E isso tem consequências sobre capacidade de consumo, capacidade de investimento.

Quase 80% das famílias brasileiras estão com a renda comprometida.

Os juros altos são considerados uma barreira para quem tenta conseguir crédito, um empréstimo

para ficar com o nome limpo.

E também não é fácil para quem quer empreender, né?

Três em cada dez empreendedores e pequenos empreendedores estão endividados aqui no

Brasil.

Essa proporção cresceu em cinco meses.

63% deles estão gastando aí um terço, pelo menos, do seu rendimento mensal para pagar

somente dívidas.

Então agora a gente precisa ter clareza sobre quais são, na visão do Banco Central, qual

é esse balanço de riscos em relação ao cenário inflacionário que vai prevalecer.

É um balanço de riscos que olha mais as variáveis internas e as condições internas,

todas elas apontando para redução de juros, inclusive porque a nossa taxa de juros real

está extremamente alta.

Ou o Banco Central vai continuar tendo uma postura de extrema cautela, sabendo que isso

pode vir a prejudicar a economia.

Então, Mônica, o que falta para reduzir a Selic agora?

Tem duas formas e eu acho que ambas são relevantes aqui nesse caso para olhar para essa questão

e responder essa pergunta.

Por que não agora?

A primeira razão tem a ver com um processo de comunicação dos bancos centrais que

é sempre bastante importante.

Então, é dizer o seguinte, o Banco Central brasileiro não vem sinalizando a intenção

de reduzir os juros nos seus últimos comunicados.

A monrata do Copom é um documento em que o comitê explica os motivos para tomar as

decisões sobre os juros.

O comitê mostrou preocupação com as previsões de que a inflação pode acelerar novamente.

Um dos motivos, segundo o Copom, é o aumento de gastos do governo com a política fiscal

expansionista.

Então, como o Banco Central não comunicou uma queda, no próprio regime de meta de inflação

existe um ritual a ser seguido que requer que o Banco Central dê essa sinalização

antes de fazer um movimento diferente na taxa de juros.

Então, uma explicação vai por aí, uma explicação vai pela não comunicação ainda

dessa sinalização de queda que viria nessa próxima reunião agora, quando o Banco Central

mantiver a Selic e aproveitar a oportunidade para então sinalizar a queda em agosto.

É como se você estivesse numa autoestrada e você não pode fazer uma conversão sem

dar seta antes.

Então, basicamente, esse comunicado seria essa seta antes da conversão, né?

Exatamente, perfeito.

O outro motivo, a outra forma da gente olhar para o contexto do Banco Central atualmente

é a gente trazer um pouco as questões externas.

A gente sabe quais são as internas, mas quais são as externas?

Para os bancos centrais, de um modo geral, o cenário está muito turvo.

Então, se a gente pega, por exemplo, o que está acontecendo nas discussões dentro do

Banco Central americano, do FED, do Banco da Inglaterra, do Banco Central europeu e

outros bancos centrais, existe uma grande dúvida a respeito do que vai acontecer com

a inflação global e com a inflação nesses países e regiões especificamente.

Então, eu vou te dar o caso aqui dos Estados Unidos, que é onde eu estou.

Aqui nos Estados Unidos, o FED parou de subir os juros, mas o que está acontecendo aqui

nos Estados Unidos é que, embora a inflação venha cedendo, ela está cedendo muito lentamente,

ela não está convergindo rapidamente para a meta do FED, que é uma meta de 2% de inflação.

Aqui a inflação continua muito alta e, portanto, é muito provável que o FED tenha que o próximo

movimento de juros do FED seja um movimento de alta e não um movimento de queda.

Então, esse tipo de contexto e a maneira como as ações do Banco Central norte-americano

têm impacto sobre os mercados emergentes de um modo geral, sobre países como o Brasil

e sobre variáveis como a taxa de câmbio, por exemplo.

Então, quando o FED eleva os juros, tipicamente o que acontece é que a taxa de câmbio real,

o dólar, como a gente fala no Brasil, o dólar tende a se fortalecer, então a gente tem

uma situação em que o real enfraquece, o dólar se fortalece.

A melhora da expectativa dos investidores para o crescimento da economia brasileira

e para a inflação fez a cotação do dólar comercial cair para R$ 4,77, a menor desde

maio do ano passado.

Então, esse tipo de dúvida acaba gerando um ambiente em que os bancos centrais, e aí

eu falo mais do que o Banco Central do Brasil, os bancos centrais dos países emergentes

de um modo geral, ficam com uma margem de atuação mais restrita para reduzir juros

ou para fazer as quedas necessárias.

O FED promete continuar agindo para baixar a inflação até a meta de 2% ao ano e por

isso adiantou que deverá elevar os juros mais duas vezes ainda este ano, até chegar

a 5,6%, o que é muito alto para os padrões americanos.

Banco Central Europeu aumentou a taxa de juros para o maior valor dos últimos 22 anos.

A presidente do banco, Christine Lagarde, justificou o aumento dizendo que, embora a

inflação na zona do euro esteja caindo, a projeção é que permaneça alta por muito

tempo.

O que o Banco Central agora precisa avaliar e precisa avaliar com clareza e dizer e comunicar

com clareza é, nesse balanço de riscos, por que não começar, apesar de não ter

feito a sinalização antes, por que não iniciar um processo de redução de juros

agora?

Eu sou favorável a esse início, mesmo que a sinalização não tenha ocorrido, justamente

porque o quadro interno o sugere.

Espera um pouquinho que eu já volto para continuar minha conversa com a Mônica.

Eu vi uma frase da Luisa Trajano, que é presidente do Conselho de Administração do Magazine

Luiza e reflete muito o desespero do setor do varejo.

Os bancos também que emprestam têm uma escassez de crédito, porque a inadimplência aumentou

e sobretudo o bolso dos brasileiros, né Mônica, porque a situação é muito amarga,

está muito amarga e aí quando você nos apresenta um cenário novo lá fora, de menor

visibilidade, esse senso de urgência bate, puxa.

Então, tudo bem, o Banco Central tem sempre que tomar decisões técnicas, mas tem muita

gente séria já de muito tempo dizendo que já havia espaço para essa redução começar.

A empresária Luisa Trajano se juntou ao coro daqueles que pedem há meses uma redução

na taxa Selic.

Ela participou de um evento de varejistas que teve a participação de Roberto Campos

Neto.

Ao lado do presidente do BC ela disse que os empresários não estão aguentando mais

a taxa atual e falou que vai continuar fazendo esse pedido até que os juros diminuam.

O varejo ele puxa tudo, ele puxa a indústria, ele puxa a construção, ele puxa tudo.

Nós estamos tendo excesso de produto, as indústrias não têm onde colocar.

Nem sempre esse remédio amargo também resolveu a inflação.

Eu queria voltar um pouco para o lado da nossa inflação, né, porque a gente sabe que a

função da taxa de juros é controlar a inflação.

Mas tem muita gente séria, muito economista sério, muito analista sério que diz o seguinte

olha a nossa inflação não é uma inflação de demanda.

O Banco Central pode colocar os juros lá no céu que essa inflação se cai, cai muito

pouco não vai ser uma, não seria uma panaceia.

Então eu te peço para falar um pouco, Mônica, mais sobre isso e explicar por que os analistas

já estão de olho nas projeções de inflação aqui no Brasil do ano que vem em diante.

Por que que se olha tão longe assim quando se fala em projeção de inflação?

Olha, por duas razões fundamentais, a primeira delas a mais importante de todas.

A maneira como os juros influenciam a economia e no final das contas levam a um determinado

resultado inflacionário, tudo mais constante, né, supondo que nada mais aconteça.

Ela demora, então por exemplo, se o Banco Central brasileiro começasse a reduzir as

taxas de juros agora, esse efeito de redução das taxas de juros só vai começar a ter

um impacto na economia brasileira daqui a uns seis a nove meses.

E por isso mesmo que na hora que você vai fazer um movimento qualquer na taxa de juros

não é a inflação do presente, a inflação momentânea, a inflação corrente que influencia

os rumos do Banco Central, então não é a inflação do último mês nem dos últimos

meses, é a expectativa do que vai acontecer com a inflação nos próximos meses e em

particular no próximo ano.

No caso do Brasil, a gente já vinha, inclusive antes mesmo dessa discussão que a gente está

tendo agora, a gente já sabia que havia muitos sinais e muitas razões para crer que a inflação

à frente, então se a gente contar alguns meses à frente ou até um ano à frente,

ia estar em processo de declínio, ia estar em queda e mesmo que o Banco Central começasse

a reduzir os juros.

Isso significa que a política monetária tal qual ela está hoje, ela está, como eu

dizia, atrasada, ela está fora do timing, o Banco Central já poderia ter reduzido os

juros antes, apesar dessas considerações sobre o cenário externo que eu fiz aqui para

você.

Por que ela está fora do timing?

Por que o Banco Central errou no tempo?

Porque essa é uma avaliação recorrente, inclusive, Mônica, de que o cavalo passou

selado e o Banco Central não montou nesse cavalo.

Na sua avaliação, quais são as explicações para isso, tendo o lugar de fala o Banco

Central?

Há duas explicações.

A primeira explicação, mais de ordem técnica, é que é muito complicado, quando você está

num cenário de transição, como o mundo tem passado ultimamente, é muito difícil

você ter clareza sobre quais são as reais causas da inflação doméstica.

Que no Brasil não havia nenhum tipo de pressão inflacionária persistente e que a maior parte

da pressão inflacionária em vigor no Brasil era uma pressão inflacionária decorrente

de problemas diversos ainda associados à pandemia e, obviamente, problemas relacionados

à guerra russo-ucrânia e aos preços de energia e tal.

Então, esse conjunto de fatores que nós sabíamos que era responsável por uma parte

da inflação brasileira, a gente não podia dizer que a inflação brasileira é só isso,

é difícil você fazer esse tipo de afirmação.

Então, havia uma cautela para que se tivesse essa certeza de que, na realidade, não tinha

nenhum outro fator causador da inflação que ia perdurar.

No entanto, você só consegue ter a certeza a respeito da não persistência inflacionária

depois que você a observou por algum período de tempo.

Então, isso explica uma parte do atraso do Banco Central.

Quantas lojas aqui já foram fechadas?

Quantas pessoas já foram mandadas embora?

A desigualdade social é muito grande.

Ela tem que vir com ajuda, mas o que gera é emprego.

É o emprego que salva as pessoas.

Então, eu queria te pedir, em nome dos brasileiros, para você dar um sinal de abaixação, mas

não é 0,25 não, que é muito pouco.

Você dá um pouquinho mais.

Obrigada.

A relutância do Banco Central em reduzir os juros é algo que, até agora, eu vejo

com alguma perplexidade, com alguma dificuldade de entender em sua plenitude, apesar das considerações

todas sobre as incertezas do cenário externo.

Então, esse é um conjunto de explicações.

O outro conjunto de explicações, Natuza, são as questões de ordem política.

Porque, embora, de um modo geral, as pessoas tenham, e existe muito isso no meio dos economistas,

há bancos centrais independentes que não devem sofrer pressões políticas de nenhuma

ordem ou não são políticos, são entidades completamente apolíticas e tal.

Agora, o Banco Central tem um timing, tem os critérios técnicos, e eu não tenho como

adiantar o que vai ser feito.

Como eu disse, eu sou um voto de nove, de um colegiado, então a gente vai ter que esperar

para ver como é que isso vai, de fato, se transformar numa melhora de expectativa.

Nenhuma entidade é apolítica.

Nenhuma entidade gestora de política econômica é apolítica.

Isso simplesmente não existe.

Então, o que estava havendo, o que está havendo ainda, é um embate entre uma entidade

que é membro do governo e o restante do governo.

E esse embate se tornou um embate político.

E na tentativa de preservar sua independência, por assim dizer, o Banco Central resolveu

tomar uma atitude um tanto extrema de ficar o pé nessa selic de 13,75% e assegurar a

todos que só iria mexer nos juros quando lhe conviesse, para não dar a impressão

de que o Banco Central estava fazendo uma redução de juros porque havia pressões

vindo de outras partes do governo.

Então, no Brasil, isso teve uma importância enorme.

O que, no final das contas, é um grande infortúnio para nós, porque com isso houve um atraso

da redução dos juros no Brasil.

E esse atraso está sendo custoso para a gente.

Eu entendo que você disse que há uma preocupação com o cenário turvo lá de fora.

Só que aqui dentro há uma voz crítica ou múltiplas vozes críticas à demora do

Banco Central de iniciar essa trajetória de queda.

Então eu quero saber o que te parece.

E isso é uma coisa que já era visível, já estava visível no início do ano.

A gente está em junho agora.

Em fevereiro eu me lembro de estar olhando, assim como várias outras pessoas estavam

olhando também, para as condições do mercado de crédito no Brasil e para as condições

do mercado de crédito para as empresas mais especificamente, também para as famílias,

mas para as empresas mais especificamente.

E as condições eram muito ruins, assim.

A situação do mercado de crédito no Brasil já era naquela altura, ou seja, há vários

meses, há cinco meses, já era uma situação de um mercado de crédito extremamente apertado,

onde as empresas estavam com extrema dificuldade de se financiar, porque as taxas estavam muito

altas, e de refinanciar suas dívidas e as empresas estão endividadas no Brasil.

As empresas começam a ter problema.

As empresas começam a ter problema de caixa, a ter problemas mais graves, inclusive, do

que problemas de caixa.

A gente teve uma série de empresas no Brasil e continua a ter uma série de empresas no

Brasil com risco grave de inadimplência e com risco grave de não conseguirem mais

ficar com a cabeça acima da linha d'água.

E a situação no mercado de crédito para as famílias, também, porque as famílias

também estão extremamente endividadas, então as pessoas estão sem capacidade de pagamento.

Quanto mais tempo você mantém as taxas de juros muito altas, menos capacidade de pagamento

tem tanto as empresas quanto as famílias.

E reduz tudo, reduz consumo, reduz investimento, cai tudo.

Mônica, muito obrigada pela conversa, sempre muito clara, volte mais vezes, você sabe

que as portas do assunto estão abertas aqui para você.

Muito obrigada, Natuza, é sempre um prazer conversar com você.

Alguns áudios que você ouviu neste episódio são do Poder 360 e TV Lead.

Este foi o assunto podcast diário disponível no G1, no Globoplay, no YouTube ou na sua

plataforma de áudio preferida.

Vale a pena seguir o podcast na Amazon ou no Spotify, assinar no Apple Podcasts, se

inscrever no Google Podcasts ou no CastBox e favoritar na Deezer.

Assim você recebe uma notificação sempre que tiver um novo episódio.

Comigo na equipe do assunto estão Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Luiz

Felipe Silva, Tiago Kaczorowski, Gabriel de Campos, Guilherme Romero e Nayara Fernandes.

Eu sou Natu Zaneri e fico por aqui.

Até o próximo assunto.

Legendas pela comunidade Amara.org

20.06.23-Juros altos e a pressão sobre o Copom 20.06.23-Hochzinsen und Druck auf Copom 20.06.23-High interest rates and pressure on Copom 20.06.23-高金利とコポンへの圧力

Eu não discuto com o presidente do Banco Central.

Ele deve explicações não a mim, ele deve explicações ao Congresso Nacional, a quem o indicou.

Então é o seguinte, não é possível que a gente queira que esse país volte a crescer

com uma taxa de juros de 3,75% por tempo.

Vocalizado pelo presidente da República, o apelo pela queda dos juros ganhou adeptos fora do Planalto.

No Congresso...

Mas se há algo que nos une nesse momento é a impressão, o desejo, a obstinação

de reduzir taxa de juros no Brasil.

Por isso eu gostaria de pedir muito a uma súplica do Senado, meu caro presidente do

Banco Central do Brasil.

Na indústria...

É inconcebível a atual taxa de juros no Brasil.

Muitos querem associá-la a um problema fiscal.

Então esta não é uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros que praticamos

no Brasil e se não abaixarmos essas taxas de juros, de nada adiantará fazermos políticas

industriais no varejo.

Então se eu estou defendendo é por causa da pequena e média empresa.

Então eu queria te pedir, por favor, dá um sinal de abaixar esse juros.

Não está aguentando mais a pequena e média empresa.

Eu estou te pedindo, está todo mundo assim.

E às vésperas da reunião que define a taxa Selic, todos apontam um ambiente econômico

favorável para iniciar a queda.

A economia brasileira cresceu no primeiro trimestre do ano.

O produto interno bruto avançou 1,9%.

O desempenho veio bem acima do esperado pelo mercado.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico aumentou as projeções para o crescimento

do Brasil deste ano, de 1% para 1,7%.

Pela primeira vez em quatro anos, a Agência de Classificação de Risco Standard & Poor's

revisou para cima a perspectiva da nota de crédito do Brasil.

A inflação diminuiu pelo terceiro mês seguido no Brasil.

O IPCA de 0,23% foi o menor para um mês de maio nos últimos três anos.

Da redação do G1, eu sou Nathuzaneri e o assunto hoje é a pressão pela queda da taxa

de juros.

Um episódio para entender por que, mesmo diante de sinais positivos da economia, a

expectativa é de que a Selic só comece a cair a partir de agosto.

Minha convidada neste episódio é a economista Mônica de Boule, pesquisadora sênior do

Instituto Peterson para a Economia Internacional.

Terça-feira, 20 de junho.

Mônica, nesta semana o COPOM, que é o Comitê de Política Monetária do Banco Central,

se reúne para discutir o futuro dos juros aqui no Brasil.

E o cenário econômico é o seguinte.

PIB maior do que o esperado, inflação em queda, curva de juros de longo prazo também

em queda e dólar mais baixo.

Então a gente tem aí quatro elementos de pressão na economia que estão aparentemente

sob controle.

E apesar de todos esses sinais aparentemente favoráveis, a expectativa do mercado é de

manutenção da taxa básica de juros, a famosa Selic, que está em 13,75% ao ano.

Por que isso tudo não é suficiente para uma queda de juros?

Eu acho que as críticas ao Banco Central são pertinentes porque já estava claro há

alguns meses que nós estaríamos, claro, algumas coisas não, né?

O PIB maior do que o esperado foi uma surpresa, mas algumas outras coisas já apontavam para

um cenário em que o Banco Central não teria problemas caso tivesse resolvido reduzir os

juros antes.

Então é dizer o seguinte, que nos comunicados anteriores em que o Banco Central falou tão

duramente a respeito do cenário de um modo geral, inclusive aventou a hipótese de ter

que voltar a elevar os juros, fica claro agora que isso acontece, é normal, acontece com

todos os bancos centrais.

Nas melhores famílias, né Mônica?

Nas melhores famílias, exatamente.

Houve uma espécie de erro de cálculo no cenário, uma espécie de...

O que os bancos centrais estão sempre tentando fazer é medir os riscos, né?

E fazer um certo equilíbrio e balanceamento de riscos.

Então quais são os riscos que estão presentes e o que é mais provável que vai acontecer.

É um exercício complicado esse, porque ele envolve muito julgamento, ele não é só

baseado em modelos e projeções, ele envolve muito julgamento também.

E às vezes bancos centrais erram, é normal que isso aconteça.

E o Banco Central brasileiro, pelo menos se a gente for olhar para todo esse quadro interno,

o Banco Central brasileiro já está atrasado nesse processo de redução de juros, já

deveria ter começado o processo de redução de juros antes.

Se no comunicado não sair uma sinalização concreta de que no mês de agosto essa taxa

vai cair, o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na reunião ministerial da

semana passada, falou, olha, a partir de agora eu que tenho tido uma posição mais tranquila,

moderada, ponderada em relação ao Banco Central, vou cobrar de forma mais incisiva

um corte da taxa de juros.

Porque a gente sabe que as famílias brasileiras estão muito endividadas, que as empresas

brasileiras também estão muito endividadas e que essa taxa de juros, nesse nível, ela

é extremamente penosa para empresas e para famílias, então para as pessoas e para as

pessoas jurídicas.

E isso tem consequências sobre capacidade de consumo, capacidade de investimento.

Quase 80% das famílias brasileiras estão com a renda comprometida.

Os juros altos são considerados uma barreira para quem tenta conseguir crédito, um empréstimo

para ficar com o nome limpo.

E também não é fácil para quem quer empreender, né?

Três em cada dez empreendedores e pequenos empreendedores estão endividados aqui no

Brasil.

Essa proporção cresceu em cinco meses.

63% deles estão gastando aí um terço, pelo menos, do seu rendimento mensal para pagar

somente dívidas.

Então agora a gente precisa ter clareza sobre quais são, na visão do Banco Central, qual

é esse balanço de riscos em relação ao cenário inflacionário que vai prevalecer.

É um balanço de riscos que olha mais as variáveis internas e as condições internas,

todas elas apontando para redução de juros, inclusive porque a nossa taxa de juros real

está extremamente alta.

Ou o Banco Central vai continuar tendo uma postura de extrema cautela, sabendo que isso

pode vir a prejudicar a economia.

Então, Mônica, o que falta para reduzir a Selic agora?

Tem duas formas e eu acho que ambas são relevantes aqui nesse caso para olhar para essa questão

e responder essa pergunta.

Por que não agora?

A primeira razão tem a ver com um processo de comunicação dos bancos centrais que

é sempre bastante importante.

Então, é dizer o seguinte, o Banco Central brasileiro não vem sinalizando a intenção

de reduzir os juros nos seus últimos comunicados.

A monrata do Copom é um documento em que o comitê explica os motivos para tomar as

decisões sobre os juros.

O comitê mostrou preocupação com as previsões de que a inflação pode acelerar novamente.

Um dos motivos, segundo o Copom, é o aumento de gastos do governo com a política fiscal

expansionista.

Então, como o Banco Central não comunicou uma queda, no próprio regime de meta de inflação

existe um ritual a ser seguido que requer que o Banco Central dê essa sinalização

antes de fazer um movimento diferente na taxa de juros.

Então, uma explicação vai por aí, uma explicação vai pela não comunicação ainda

dessa sinalização de queda que viria nessa próxima reunião agora, quando o Banco Central

mantiver a Selic e aproveitar a oportunidade para então sinalizar a queda em agosto.

É como se você estivesse numa autoestrada e você não pode fazer uma conversão sem

dar seta antes.

Então, basicamente, esse comunicado seria essa seta antes da conversão, né?

Exatamente, perfeito.

O outro motivo, a outra forma da gente olhar para o contexto do Banco Central atualmente

é a gente trazer um pouco as questões externas.

A gente sabe quais são as internas, mas quais são as externas?

Para os bancos centrais, de um modo geral, o cenário está muito turvo.

Então, se a gente pega, por exemplo, o que está acontecendo nas discussões dentro do

Banco Central americano, do FED, do Banco da Inglaterra, do Banco Central europeu e

outros bancos centrais, existe uma grande dúvida a respeito do que vai acontecer com

a inflação global e com a inflação nesses países e regiões especificamente.

Então, eu vou te dar o caso aqui dos Estados Unidos, que é onde eu estou.

Aqui nos Estados Unidos, o FED parou de subir os juros, mas o que está acontecendo aqui

nos Estados Unidos é que, embora a inflação venha cedendo, ela está cedendo muito lentamente,

ela não está convergindo rapidamente para a meta do FED, que é uma meta de 2% de inflação.

Aqui a inflação continua muito alta e, portanto, é muito provável que o FED tenha que o próximo

movimento de juros do FED seja um movimento de alta e não um movimento de queda.

Então, esse tipo de contexto e a maneira como as ações do Banco Central norte-americano

têm impacto sobre os mercados emergentes de um modo geral, sobre países como o Brasil

e sobre variáveis como a taxa de câmbio, por exemplo.

Então, quando o FED eleva os juros, tipicamente o que acontece é que a taxa de câmbio real,

o dólar, como a gente fala no Brasil, o dólar tende a se fortalecer, então a gente tem

uma situação em que o real enfraquece, o dólar se fortalece.

A melhora da expectativa dos investidores para o crescimento da economia brasileira

e para a inflação fez a cotação do dólar comercial cair para R$ 4,77, a menor desde

maio do ano passado.

Então, esse tipo de dúvida acaba gerando um ambiente em que os bancos centrais, e aí

eu falo mais do que o Banco Central do Brasil, os bancos centrais dos países emergentes

de um modo geral, ficam com uma margem de atuação mais restrita para reduzir juros

ou para fazer as quedas necessárias.

O FED promete continuar agindo para baixar a inflação até a meta de 2% ao ano e por

isso adiantou que deverá elevar os juros mais duas vezes ainda este ano, até chegar

a 5,6%, o que é muito alto para os padrões americanos.

Banco Central Europeu aumentou a taxa de juros para o maior valor dos últimos 22 anos.

A presidente do banco, Christine Lagarde, justificou o aumento dizendo que, embora a

inflação na zona do euro esteja caindo, a projeção é que permaneça alta por muito

tempo.

O que o Banco Central agora precisa avaliar e precisa avaliar com clareza e dizer e comunicar

com clareza é, nesse balanço de riscos, por que não começar, apesar de não ter

feito a sinalização antes, por que não iniciar um processo de redução de juros

agora?

Eu sou favorável a esse início, mesmo que a sinalização não tenha ocorrido, justamente

porque o quadro interno o sugere.

Espera um pouquinho que eu já volto para continuar minha conversa com a Mônica.

Eu vi uma frase da Luisa Trajano, que é presidente do Conselho de Administração do Magazine

Luiza e reflete muito o desespero do setor do varejo.

Os bancos também que emprestam têm uma escassez de crédito, porque a inadimplência aumentou

e sobretudo o bolso dos brasileiros, né Mônica, porque a situação é muito amarga,

está muito amarga e aí quando você nos apresenta um cenário novo lá fora, de menor

visibilidade, esse senso de urgência bate, puxa.

Então, tudo bem, o Banco Central tem sempre que tomar decisões técnicas, mas tem muita

gente séria já de muito tempo dizendo que já havia espaço para essa redução começar.

A empresária Luisa Trajano se juntou ao coro daqueles que pedem há meses uma redução

na taxa Selic.

Ela participou de um evento de varejistas que teve a participação de Roberto Campos

Neto.

Ao lado do presidente do BC ela disse que os empresários não estão aguentando mais

a taxa atual e falou que vai continuar fazendo esse pedido até que os juros diminuam.

O varejo ele puxa tudo, ele puxa a indústria, ele puxa a construção, ele puxa tudo.

Nós estamos tendo excesso de produto, as indústrias não têm onde colocar.

Nem sempre esse remédio amargo também resolveu a inflação.

Eu queria voltar um pouco para o lado da nossa inflação, né, porque a gente sabe que a

função da taxa de juros é controlar a inflação.

Mas tem muita gente séria, muito economista sério, muito analista sério que diz o seguinte

olha a nossa inflação não é uma inflação de demanda.

O Banco Central pode colocar os juros lá no céu que essa inflação se cai, cai muito

pouco não vai ser uma, não seria uma panaceia.

Então eu te peço para falar um pouco, Mônica, mais sobre isso e explicar por que os analistas

já estão de olho nas projeções de inflação aqui no Brasil do ano que vem em diante.

Por que que se olha tão longe assim quando se fala em projeção de inflação?

Olha, por duas razões fundamentais, a primeira delas a mais importante de todas.

A maneira como os juros influenciam a economia e no final das contas levam a um determinado

resultado inflacionário, tudo mais constante, né, supondo que nada mais aconteça.

Ela demora, então por exemplo, se o Banco Central brasileiro começasse a reduzir as

taxas de juros agora, esse efeito de redução das taxas de juros só vai começar a ter

um impacto na economia brasileira daqui a uns seis a nove meses.

E por isso mesmo que na hora que você vai fazer um movimento qualquer na taxa de juros

não é a inflação do presente, a inflação momentânea, a inflação corrente que influencia

os rumos do Banco Central, então não é a inflação do último mês nem dos últimos

meses, é a expectativa do que vai acontecer com a inflação nos próximos meses e em

particular no próximo ano.

No caso do Brasil, a gente já vinha, inclusive antes mesmo dessa discussão que a gente está

tendo agora, a gente já sabia que havia muitos sinais e muitas razões para crer que a inflação

à frente, então se a gente contar alguns meses à frente ou até um ano à frente,

ia estar em processo de declínio, ia estar em queda e mesmo que o Banco Central começasse

a reduzir os juros.

Isso significa que a política monetária tal qual ela está hoje, ela está, como eu

dizia, atrasada, ela está fora do timing, o Banco Central já poderia ter reduzido os

juros antes, apesar dessas considerações sobre o cenário externo que eu fiz aqui para

você.

Por que ela está fora do timing?

Por que o Banco Central errou no tempo?

Porque essa é uma avaliação recorrente, inclusive, Mônica, de que o cavalo passou

selado e o Banco Central não montou nesse cavalo.

Na sua avaliação, quais são as explicações para isso, tendo o lugar de fala o Banco

Central?

Há duas explicações.

A primeira explicação, mais de ordem técnica, é que é muito complicado, quando você está

num cenário de transição, como o mundo tem passado ultimamente, é muito difícil

você ter clareza sobre quais são as reais causas da inflação doméstica.

Que no Brasil não havia nenhum tipo de pressão inflacionária persistente e que a maior parte

da pressão inflacionária em vigor no Brasil era uma pressão inflacionária decorrente

de problemas diversos ainda associados à pandemia e, obviamente, problemas relacionados

à guerra russo-ucrânia e aos preços de energia e tal.

Então, esse conjunto de fatores que nós sabíamos que era responsável por uma parte

da inflação brasileira, a gente não podia dizer que a inflação brasileira é só isso,

é difícil você fazer esse tipo de afirmação.

Então, havia uma cautela para que se tivesse essa certeza de que, na realidade, não tinha

nenhum outro fator causador da inflação que ia perdurar.

No entanto, você só consegue ter a certeza a respeito da não persistência inflacionária

depois que você a observou por algum período de tempo.

Então, isso explica uma parte do atraso do Banco Central.

Quantas lojas aqui já foram fechadas?

Quantas pessoas já foram mandadas embora?

A desigualdade social é muito grande.

Ela tem que vir com ajuda, mas o que gera é emprego.

É o emprego que salva as pessoas.

Então, eu queria te pedir, em nome dos brasileiros, para você dar um sinal de abaixação, mas

não é 0,25 não, que é muito pouco.

Você dá um pouquinho mais.

Obrigada.

A relutância do Banco Central em reduzir os juros é algo que, até agora, eu vejo

com alguma perplexidade, com alguma dificuldade de entender em sua plenitude, apesar das considerações

todas sobre as incertezas do cenário externo.

Então, esse é um conjunto de explicações.

O outro conjunto de explicações, Natuza, são as questões de ordem política.

Porque, embora, de um modo geral, as pessoas tenham, e existe muito isso no meio dos economistas,

há bancos centrais independentes que não devem sofrer pressões políticas de nenhuma

ordem ou não são políticos, são entidades completamente apolíticas e tal.

Agora, o Banco Central tem um timing, tem os critérios técnicos, e eu não tenho como

adiantar o que vai ser feito.

Como eu disse, eu sou um voto de nove, de um colegiado, então a gente vai ter que esperar

para ver como é que isso vai, de fato, se transformar numa melhora de expectativa.

Nenhuma entidade é apolítica.

Nenhuma entidade gestora de política econômica é apolítica.

Isso simplesmente não existe.

Então, o que estava havendo, o que está havendo ainda, é um embate entre uma entidade

que é membro do governo e o restante do governo.

E esse embate se tornou um embate político.

E na tentativa de preservar sua independência, por assim dizer, o Banco Central resolveu

tomar uma atitude um tanto extrema de ficar o pé nessa selic de 13,75% e assegurar a

todos que só iria mexer nos juros quando lhe conviesse, para não dar a impressão

de que o Banco Central estava fazendo uma redução de juros porque havia pressões

vindo de outras partes do governo.

Então, no Brasil, isso teve uma importância enorme.

O que, no final das contas, é um grande infortúnio para nós, porque com isso houve um atraso

da redução dos juros no Brasil.

E esse atraso está sendo custoso para a gente.

Eu entendo que você disse que há uma preocupação com o cenário turvo lá de fora.

Só que aqui dentro há uma voz crítica ou múltiplas vozes críticas à demora do

Banco Central de iniciar essa trajetória de queda.

Então eu quero saber o que te parece.

E isso é uma coisa que já era visível, já estava visível no início do ano.

A gente está em junho agora.

Em fevereiro eu me lembro de estar olhando, assim como várias outras pessoas estavam

olhando também, para as condições do mercado de crédito no Brasil e para as condições

do mercado de crédito para as empresas mais especificamente, também para as famílias,

mas para as empresas mais especificamente.

E as condições eram muito ruins, assim.

A situação do mercado de crédito no Brasil já era naquela altura, ou seja, há vários

meses, há cinco meses, já era uma situação de um mercado de crédito extremamente apertado,

onde as empresas estavam com extrema dificuldade de se financiar, porque as taxas estavam muito

altas, e de refinanciar suas dívidas e as empresas estão endividadas no Brasil.

As empresas começam a ter problema.

As empresas começam a ter problema de caixa, a ter problemas mais graves, inclusive, do

que problemas de caixa.

A gente teve uma série de empresas no Brasil e continua a ter uma série de empresas no

Brasil com risco grave de inadimplência e com risco grave de não conseguirem mais

ficar com a cabeça acima da linha d'água.

E a situação no mercado de crédito para as famílias, também, porque as famílias

também estão extremamente endividadas, então as pessoas estão sem capacidade de pagamento.

Quanto mais tempo você mantém as taxas de juros muito altas, menos capacidade de pagamento

tem tanto as empresas quanto as famílias.

E reduz tudo, reduz consumo, reduz investimento, cai tudo.

Mônica, muito obrigada pela conversa, sempre muito clara, volte mais vezes, você sabe

que as portas do assunto estão abertas aqui para você.

Muito obrigada, Natuza, é sempre um prazer conversar com você.

Alguns áudios que você ouviu neste episódio são do Poder 360 e TV Lead.

Este foi o assunto podcast diário disponível no G1, no Globoplay, no YouTube ou na sua

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Comigo na equipe do assunto estão Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Luiz

Felipe Silva, Tiago Kaczorowski, Gabriel de Campos, Guilherme Romero e Nayara Fernandes.

Eu sou Natu Zaneri e fico por aqui.

Até o próximo assunto.

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