×

We use cookies to help make LingQ better. By visiting the site, you agree to our cookie policy.


image

Tecnocracia, Tecnocracia #52: Ao trocar transparência por lucro, Facebook coloca em risco toda a sociedade (1)

Tecnocracia #52: Ao trocar transparência por lucro, Facebook coloca em risco toda a sociedade (1)

Até o século XIX, baleias iluminavam ruas e aqueciam casas. Não as baleias em si — ver o maior animal do planeta trocando a lâmpada de um poste seria alucinógeno demais até para o Buñuel —, mas algo que elas carregam. Durante décadas, um dos produtos mais cobiçados provenientes da carcaça da baleia foi a sua gordura, da qual químicos eram capazes de extrair um óleo. Entre algumas utilidades, como produzir margarina, esse óleo também servia como combustível para os recém-inaugurados sistemas de iluminação pública nos Estados Unidos e na Europa. Mais que isso, o óleo de baleia foi usado como lubrificante para as máquinas da Revolução Industrial. A demanda pelo óleo fez a indústria baleeira crescer até atingir seu ápice em 1820.

“Novas tecnologias, incluindo armas com arpões e navios a vapor, tornaram os baleeiros ao redor do mundo mais eficientes. A frota de baleeiros dos EUA, baseada na Costa Oeste, operava centenas de navios no Atlântico Sul, Pacífico e no Índico. Caçar baleias era uma indústria de milhões de dólares e alguns cientistas estimam que mais baleias foram mortas no começo dos anos 1900 do que nos quatro séculos anteriores somados”, diz reportagem da National Geographic. Herman Melville se baseou nesse massacre para escrever um clássico da literatura mundial — Moby Dick é de 1850, algumas décadas após o ápice.

Havia outros tipos de óleos disponíveis, mas nenhum queimava tão bem e com tão pouco resíduo como o de baleia. A matança só terminou a partir de 1854, quando descobriu-se que era possível sintetizar um óleo ainda mais eficiente a partir de um óleo cru extraído de bolsões debaixo da terra.

O geólogo canadense Abraham Gesner foi capaz de transformar carvão em uma substância mais clara cuja queima não produzia tanta fumaça escura. Era a querosene. Anos depois, o norte-americano Samuel Martin Kier inventou um processo que chegava na mesma querosene a partir daquele caldo escuro e espesso encontrado debaixo da terra. Saem as baleias, entra o petróleo. Este foi o ponto zero da indústria que domina o consumo de energia da humanidade.

A indústria petrolífera está ativa há cerca de 150 anos — o primeiro poço de petróleo comercial no mundo foi aberto em 1858 no Canadá. Dada a importância que tem em nossas vidas, parece muito mais tempo. Nesse um século e meio, a indústria petrolífera passou por uma série de fases acompanhando sua crescente relevância. Começa com as explorações experimentais, vai para as primeiras histórias de sucesso, passa pela horizontalização do negócio com empresas operando transporte e refino, continua com a consolidação do mercado e chega mais ou menos a como estamos hoje, com a indústria sob uma pressão inédita.

Se você assistiu (e eu te aconselho a ver, caso não tenha), “Sangue negro” cobre essas primeiras fases em que o negócio se provou e, com isso, desencadeou uma corrida maluca para achar, comprar e colocar para funcionar poços em regiões com reservas de petróleo e como quem teve sucesso nessa empreitada virou barão da energia. As baleias se salvaram, pelo menos temporariamente, dos arpões. O que elas não contavam é que havia outra ameaça no horizonte: a temperatura da água e o volume de plástico lançado no oceano. Ambos também eram causados pela necessidade humana de energia.

O nome mais conhecido desse fenômeno que hoje a gente chama de “Big Oil” foi John Rockefeller, um sujeito que fundou e liderou a Standard Oil, a maior empresa petrolífera do mundo. Entre algumas inovações técnicas no setor de energia, como o processo de Frasch para extrair enxofre, a Standard Oil também inovou na forma como atacou o mercado para formar trustes, ou seja, a integração de todos seus negócios como forma de dominar todo o setor, ou impedir que rivais conseguissem se fortalecer no mercado ao praticar margens negativas (você vende um produto com prejuízo para quebrar um rival que, ao contrário de você, não tem gordura para sobreviver). A história da Standard Oil durou 41 anos, até 1911, quando a Suprema Corte dos EUA entendeu que a empresa era um monopólio e decidiu pela sua quebra. Existe um livro excelente que reconta a ascensão e queda da Standard Oil chamado The prize: The epic quest for oil, money, and power, do Daniel Yergin. O livro, que tem uma edição em português da editora Paz & Terra chamado O petróleo: Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro, ganhou o Prêmio Pulitzer. A gente já falou sobre a questão da Standard Oil no episódio do Tecnocracia sobre monopólios.

A quebra do monopólio da Standard Oil foi a decisão correta e resolveu alguns problemas por algum tempo, como a falta de competitividade no setor, mas não corrigiu todos os problemas para sempre. Eu não estou defendendo que não havia nada a ser feito, tá? Existia, sim, a necessidade de devolver competição ao setor. A quebra foi a decisão correta, mas a gente precisa entender quais foram os desdobramentos daquela decisão para não ficar com aquela síndrome de filme da Disney — na vida real, o “felizes para sempre” não encerra a história.

Após ser quebrada, a Standard Oil foi, aos pouquinhos, se reconstruindo. Das sete empresas desmembradas, o mercado norte-americano tem, hoje, quatro: a Chevron, a ExxonMobil, a BP e a Marathon. É um fenômeno muito parecido com o que a gente vê em tecnologia. No Brasil, a quebra do sistema Telebrás em 1998 criou 12 novas empresas de telefonia. Aos poucos, o sistema foi se concentrando. Hoje a gente tem três saudáveis, a Tim, a Claro e a Vivo, e uma nos seus estertores há quase uma década e prestes a ser repartida entre as três rivais, a Oi. mas isso é assunto para um outro episódio. Pode ser, inclusive, o segundo da série “O que foi”.

Um dos problemas que a quebra não resolveu foi a questão de como essas gigantes petrolíferas lidavam com seus dados.

A partir da década de 1940, elas passaram a financiar estudos para entender o impacto que seus negócios tinham no planeta. Os diferentes estudos conduzidos por diferentes cientistas chegaram majoritariamente a uma mesma conclusão: a queima de combustíveis fósseis naquela escala libera monóxido de carbono suficiente na atmosfera para desengatilhar mudanças relevantes no meio ambiente. Uma das principais mudanças é no clima: o excesso de carbono na atmosfera após a queima do petróleo faria com que a temperatura da Terra aumentasse o suficiente para causar impactos catastróficos para humanos, fauna e flora.

Com as conclusões em mãos, o que fez a Big Oil? Mais que esconder o problema, criou uma estratégia de comunicação baseada em confundir. “Por décadas, as principais empresas de petróleo e gás entenderam ciência por trás das mudanças climáticas e os perigos dos combustíveis fósseis. Ano após ano, os principais executivos ouviram dos seus próprios cientistas alertas explícitos e frequentemente pintando um cenário terrível. Em 1979, um estudo da Exxon defendeu que a queima de combustíveis fósseis ‘causará efeitos ambientais dramáticos' pelas décadas seguintes. ‘O problema potencial é enorme e urgente', conclui o estudo. Mas, em vez de confiar nas evidências das pesquisas que financiavam, as maiores petrolíferas trabalharam juntas para enterrar as descobertas e fabricar uma contra narrativa que minasse o crescente consenso da ciência sobre as mudanças climáticas. A campanha da indústria do combustível fóssil para criar incerteza deu certo durante décadas ao confundir o entendimento público dos crescentes perigos do aquecimento global e a falta de ação política na questão”, diz reportagem do jornal britânico The Guardian.

E como nós só soubemos desses estudos agora? Na última década, as petrolíferas se viram envolvidas em centenas de processos relevantes sobre o papel que tiveram nas cada vez mais evidentes mudanças climáticas. Esses processos, em vários países pelo mundo, forçaram as empresas a entregar documentos. Assim, só mais de 50 anos depois é possível entender como o Big Oil, em vez de resolver o problema explícito e grave, investiu para sabotar a ciência como forma de confundir o público, evitar punições e manter seu lucrativo negócio intocado.

Você, bonitinho e bonitinha, já deve ter entendido para onde nós estamos indo. Cinquenta anos depois do Big Oil, nós temos novos gigantes que vêm demonstrando pouco ou nenhum comprometimento com o que os dados revelam deles mesmos. No Tecnocracia desta quinzena, a gente vai falar sobre como, ao controlar o acesso e, consequentemente, a análise dos dados do que acontece em suas plataformas, a Big Tech também esconde a realidade. Mais do que combater fake news, as próprias plataformas estão nos prendendo em realidades paralelas e fragmentadas. A cada quinze dias (às vezes um pouco mais, às vezes muito mais), o Tecnocracia faz um resgate histórico para mostrar que a tecnologia pode ser nova, mas a gente já viu métodos e comportamentos nocivos muito parecidos há décadas. Tudo é reprise. Eu sou o Guilherme Felitti. Aquele lembrete esperto: o Tecnocracia está na campanha de financiamento do Manual do Usuário. Quem paga a partir do plano II, de R$ 16 por mês, tem acesso ao Tecnocracia Balcão, um programa ao vivo feito uma vez por mês, e um adesivo do podcast. Se você quiser, acesse manualdousuario.net/apoie.

Em novembro de 2016, o Facebook comprou mais uma startup, mas ninguém deu muita atenção já que a rede social já tinha desembolsado um total de US$ 22 bilhões comprando três dos serviços mais bombados da época nos anos anteriores: o Instagram, o WhatsApp e o Oculus. O alvo de aquisição em novembro de 2016 (sem valor revelado) foi o Crowdtangle, uma plataforma gratuita que permitia entender como conteúdos se espalhavam pelas mídias sociais, como Facebook, Twitter, Instagram e YouTube. Era uma plataforma excelente para veículos de comunicação entenderem quais assuntos vinham bombando e como seus conteúdos estavam se saindo socialmente. Ao comprar o Crowdtangle, o Facebook garantiu a base de uma estratégia praticada até hoje para controlar quem pode ver e analisar o que rola dentro da rede social.

Uma pequena explicação técnica. Se você quiser monitorar o que acontece nos quatro grandes serviços sociais do mundo — Facebook, Instagram, Twitter e YouTube —, do que você precisa? Para começo de conversa, os dados brutos. Ter os dados brutos é essencial para fazer análises mais profundas do que só quantas contas citaram sua empresa nesta semana comparada à anterior, algo ofertado pelos serviços de social listening disponíveis no mercado. O acesso a dados brutos por essas plataformas é muito limitado, já que o objetivo principal é deixar o cliente preso ali dentro, vendo gráficos simplórios e aqueles insights a que todo mundo tem acesso. Se você quiser se aprofundar na análise, o ponto de partida é o dado bruto.

Como obter os dados brutos? O principal caminho é por APIs. APIs funcionam como balcões em que você chega, pede um dado e o balconista te entrega aquele dado — só que é tudo automatizado. APIs são criadas oficialmente pelos donos dos serviços para evitar que milhares de pessoas criem robôs para extrair dados diretamente das páginas (o chamado “scraping”), algo que impactaria o desempenho do serviço.

Eu critico publicamente YouTube e Twitter por uma série de decisões equivocadas, não é surpresa nenhuma. Mas ambos oferecem APIs abertas que permitem a fiscalização e o monitoramento independentes do que rola dentro das plataformas sem a intromissão do departamento de relações públicas. Qualquer um com o mínimo de conhecimento técnico sobre programação pode fazer robôs que monitoram quem publica, quem apaga, quem está subindo, quem está descendo e quais assuntos estão bombando. E isso sem depender do recorte ou da boa vontade das plataformas — ao oferecer os dados brutos, quem criou o robô tem liberdade para fazer sua própria análise. A análise que a Novelo Data, meu estúdio de data analytics, faz sobre a extrema-direita no YouTube é pela API. O monitoramento que o projeto 7c0, do Lucas Lago, faz de tuítes excluídos por parlamentares brasileiros também é por API.

O Facebook e o Instagram oferecem APIs, mas o uso é limitado aos próprios conteúdos — você pode consultar o conteúdo que você publicou na sua página. Quer raspar o conteúdo de outras páginas? Não pela API.

Tecnocracia #52: Ao trocar transparência por lucro, Facebook coloca em risco toda a sociedade (1) Technocracy #52: Facebook gefährdet die Gesellschaft, indem es Transparenz gegen Profit eintauscht (1) Technocracy #52: By trading transparency for profit, Facebook puts society at risk (1) Tecnocracia #52: Facebook pone en peligro a la sociedad al cambiar transparencia por beneficios (1) Technocratie #52 : En troquant la transparence contre le profit, Facebook met en péril la société dans son ensemble (1) Tecnocrazia #52: Facebook mette a rischio la società scambiando la trasparenza per il profitto (1) テクノクラシー #52: 透明性を利益と交換することで、フェイスブックは社会全体を危険にさらす (1) Технократия #52: Меняя прозрачность на прибыль, Facebook ставит под удар все общество (1) 技术民主》第 52 期:以透明度换取利润,Facebook 危害整个社会 (1) 技術官僚主義 #52:通過以透明度換取利潤,Facebook 將社會置於危險之中 (1)

Até o século XIX, baleias iluminavam ruas e aqueciam casas. 19世紀まで、クジラは通りを照らし、家を暖めていた。 Não as baleias em si — ver o maior animal do planeta trocando a lâmpada de um poste seria alucinógeno demais até para o Buñuel —, mas algo que elas carregam. Nicht die Wale selbst – zu sehen, wie das größte Tier der Welt eine Glühbirne an einer Stange auswechselt, wäre selbst für Buñuel zu halluzinogen –, sondern etwas, das sie tragen. Not the whales themselves - seeing the largest animal on the planet changing a lamppost would be too hallucinatory even for Buñuel - but something they carry. Durante décadas, um dos produtos mais cobiçados provenientes da carcaça da baleia foi a sua gordura, da qual químicos eram capazes de extrair um óleo. Eines der begehrtesten Produkte aus dem Walkadaver war jahrzehntelang sein Speck, aus dem Chemiker ein Öl gewinnen konnten. For decades, one of the most coveted products from the whale carcass was its blubber, from which chemists were able to extract an oil. Entre algumas utilidades, como produzir margarina, esse óleo também servia como combustível para os recém-inaugurados sistemas de iluminação pública nos Estados Unidos e na Europa. Neben einigen Anwendungen, wie der Herstellung von Margarine, diente dieses Öl auch als Brennstoff für die kürzlich eingeweihten öffentlichen Beleuchtungssysteme in den Vereinigten Staaten und Europa. Mais que isso, o óleo de baleia foi usado como lubrificante para as máquinas da Revolução Industrial. Darüber hinaus wurde Walöl als Schmiermittel für die Maschinen der industriellen Revolution verwendet. さらに、鯨油は産業革命の機械の潤滑油として使われた。 A demanda pelo óleo fez a indústria baleeira crescer até atingir seu ápice em 1820. Die Nachfrage nach dem Öl ließ die Walfangindustrie wachsen, bis sie 1820 ihren Höhepunkt erreichte.

“Novas tecnologias, incluindo armas com arpões e navios a vapor, tornaram os baleeiros ao redor do mundo mais eficientes. „Neue Technologien, darunter Harpunenkanonen und Dampfschiffe, haben Walfänger auf der ganzen Welt effizienter gemacht. A frota de baleeiros dos EUA, baseada na Costa Oeste, operava centenas de navios no Atlântico Sul, Pacífico e no Índico. Die an der Westküste stationierte US-Walfangflotte betrieb Hunderte von Schiffen im Südatlantik, im Pazifik und im Indischen Ozean. Caçar baleias era uma indústria de milhões de dólares e alguns cientistas estimam que mais baleias foram mortas no começo dos anos 1900 do que nos quatro séculos anteriores somados”, diz reportagem da National Geographic. Der Walfang war eine Multi-Millionen-Dollar-Industrie und einige Wissenschaftler schätzen, dass in den frühen 1900er Jahren mehr Wale getötet wurden als in den vorangegangenen vier Jahrhunderten zusammen. 捕鯨は100万ドル規模の産業であり、1900年代初頭には、それまでの4世紀を合わせたよりも多くのクジラが殺されたと推定する科学者もいる」と、『ナショナル・ジオグラフィック』誌のレポートは述べている。 Herman Melville se baseou nesse massacre para escrever um clássico da literatura mundial — Moby Dick é de 1850, algumas décadas após o ápice. Herman Melville hat auf der Grundlage dieses Massakers einen Klassiker der Weltliteratur geschrieben – Moby Dick ist von 1850, ein paar Jahrzehnte nach der Blütezeit.

Havia outros tipos de óleos disponíveis, mas nenhum queimava tão bem e com tão pouco resíduo como o de baleia. Es gab andere Arten von Ölen, aber keines brannte so gut und mit so wenig Rückständen wie Walöl. A matança só terminou a partir de 1854, quando descobriu-se que era possível sintetizar um óleo ainda mais eficiente a partir de um óleo cru extraído de bolsões debaixo da terra. Das Gemetzel endete erst 1854, als entdeckt wurde, dass ein noch effizienteres Öl aus Rohöl synthetisiert werden konnte, das aus unterirdischen Taschen gewonnen wurde. 虐殺は1854年まで終わらなかった。地下のポケットから抽出した原油から、さらに効率的な石油を合成できることが発見されたのだ。

O geólogo canadense Abraham Gesner foi capaz de transformar carvão em uma substância mais clara cuja queima não produzia tanta fumaça escura. Der kanadische Geologe Abraham Gesner war in der Lage, Kohle in eine leichtere Substanz umzuwandeln, deren Verbrennung nicht so viel dunklen Rauch erzeugte. Era a querosene. Es war Kerosin. Anos depois, o norte-americano Samuel Martin Kier inventou um processo que chegava na mesma querosene a partir daquele caldo escuro e espesso encontrado debaixo da terra. 数年後、アメリカ人のサミュエル・マーティン・キアーが、地下にある黒くて濃いスープから同じパラフィンを得るプロセスを発明した。 Saem as baleias, entra o petróleo. Whales out, oil in. Este foi o ponto zero da indústria que domina o consumo de energia da humanidade. ここは、人類のエネルギー消費を支配する産業のゼロ地点だった。

A indústria petrolífera está ativa há cerca de 150 anos — o primeiro poço de petróleo comercial no mundo foi aberto em 1858 no Canadá. Dada a importância que tem em nossas vidas, parece muito mais tempo. Angesichts der Bedeutung, die es in unserem Leben hat, fühlt es sich viel länger an. Given the importance it has in our lives, it feels like a lot longer. Nesse um século e meio, a indústria petrolífera passou por uma série de fases acompanhando sua crescente relevância. In diesen anderthalb Jahrhunderten hat die Ölindustrie eine Reihe von Phasen durchlaufen, die mit ihrer wachsenden Bedeutung einhergingen. In this century and a half, the oil industry has gone through a series of phases accompanying its growing relevance. Começa com as explorações experimentais, vai para as primeiras histórias de sucesso, passa pela horizontalização do negócio com empresas operando transporte e refino, continua com a consolidação do mercado e chega mais ou menos a como estamos hoje, com a indústria sob uma pressão inédita. It starts with experimental explorations, goes to the first success stories, goes through the horizontalization of the business with companies operating transport and refining, continues with market consolidation and reaches more or less where we are today, with the industry under unprecedented pressure.

Se você assistiu (e eu te aconselho a ver, caso não tenha), “Sangue negro” cobre essas primeiras fases em que o negócio se provou e, com isso, desencadeou uma corrida maluca para achar, comprar e colocar para funcionar poços em regiões com reservas de petróleo e como quem teve sucesso nessa empreitada virou barão da energia. Wenn Sie es gesehen haben (und ich rate Ihnen, es zu sehen, falls Sie es nicht getan haben), deckt „Black Blood“ diese frühen Stadien ab, in denen sich das Geschäft bewährt hat, und hat damit einen wahnsinnigen Ansturm ausgelöst, um zu finden, zu kaufen und Brunnen in Regionen mit Ölvorkommen in Betrieb genommen und wie wer dabei erfolgreich war, zum Energiebaron wurde. If you've watched (and I advise you to check it out, if you haven't), "Black Blood" covers these early stages in which the business proved itself and, with that, triggered a mad rush to find, buy and start up wells in regions with oil reserves and as whoever was successful in this endeavor became an energy baron. As baleias se salvaram, pelo menos temporariamente, dos arpões. Wale wurden zumindest vorübergehend vor Harpunen gerettet. The whales were saved, at least temporarily, from the harpoons. O que elas não contavam é que havia outra ameaça no horizonte: a temperatura da água e o volume de plástico lançado no oceano. Was sie nicht zählten, war, dass sich am Horizont eine andere Bedrohung abzeichnete: die Temperatur des Wassers und die Menge an Plastik, die in den Ozean geworfen wurde. Ambos também eram causados pela necessidade humana de energia. Beide wurden auch durch den Energiebedarf des Menschen verursacht.

O nome mais conhecido desse fenômeno que hoje a gente chama de “Big Oil” foi John Rockefeller, um sujeito que fundou e liderou a Standard Oil, a maior empresa petrolífera do mundo. Der bekannteste Name für dieses Phänomen, das wir heute „Big Oil“ nennen, war John Rockefeller, ein Typ, der Standard Oil, die größte Ölgesellschaft der Welt, gründete und leitete. Entre algumas inovações técnicas no setor de energia, como o processo de Frasch para extrair enxofre, a Standard Oil também inovou na forma como atacou o mercado para formar trustes, ou seja, a integração de todos seus negócios como forma de dominar todo o setor, ou impedir que rivais conseguissem se fortalecer no mercado ao praticar margens negativas (você vende um produto com prejuízo para quebrar um rival que, ao contrário de você, não tem gordura para sobreviver). Neben einigen technischen Innovationen im Energiesektor, wie dem Frasch-Verfahren zur Gewinnung von Schwefel, führte Standard Oil auch Neuerungen ein, indem es den Markt angriff, um Trusts zu bilden, d.h. die Integration aller seiner Unternehmen, um den gesamten Sektor zu dominieren, oder Konkurrenten daran hindern, sich auf dem Markt zu stärken, indem Sie negative Margen praktizieren (Sie verkaufen ein Produkt mit Verlust, um einen Konkurrenten zu brechen, der im Gegensatz zu Ihnen nicht das Fett zum Überleben hat). A história da Standard Oil durou 41 anos, até 1911, quando a Suprema Corte dos EUA entendeu que a empresa era um monopólio e decidiu pela sua quebra. Die Geschichte von Standard Oil dauerte 41 Jahre, bis 1911 der Oberste Gerichtshof der USA entschied, dass das Unternehmen ein Monopol ist, und beschloss, es zu brechen. Existe um livro excelente que reconta a ascensão e queda da Standard Oil chamado The prize: The epic quest for oil, money, and power, do Daniel Yergin. Es gibt ein ausgezeichnetes Buch, das den Aufstieg und Fall von Standard Oil mit dem Titel „The Prize: The epic quest for oil, money, and power“ von Daniel Yergin beschreibt. O livro, que tem uma edição em português da editora Paz & Terra chamado O petróleo: Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro, ganhou o Prêmio Pulitzer. A gente já falou sobre a questão da Standard Oil no episódio do Tecnocracia sobre monopólios.

A quebra do monopólio da Standard Oil foi a decisão correta e resolveu alguns problemas por algum tempo, como a falta de competitividade no setor, mas não corrigiu todos os problemas para sempre. Eu não estou defendendo que não havia nada a ser feito, tá? Ich behaupte nicht, dass nichts zu tun wäre, okay? I'm not arguing that there was nothing to be done, okay? Existia, sim, a necessidade de devolver competição ao setor. There was, yes, the need to return competition to the sector. A quebra foi a decisão correta, mas a gente precisa entender quais foram os desdobramentos daquela decisão para não ficar com aquela síndrome de filme da Disney — na vida real, o “felizes para sempre” não encerra a história. Die Pause war die richtige Entscheidung, aber wir müssen verstehen, was die Auswirkungen dieser Entscheidung waren, damit wir nicht dieses Disney-Filmsyndrom bekommen – im wirklichen Leben beendet „glücklich bis ans Ende“ die Geschichte nicht. The break was the right decision, but we need to understand what the consequences of that decision were in order not to be left with that Disney movie syndrome — in real life, the “happily ever after” doesn't end the story.

Após ser quebrada, a Standard Oil foi, aos pouquinhos, se reconstruindo. Nach dem Zusammenbruch baute sich Standard Oil Stück für Stück wieder auf. Das sete empresas desmembradas, o mercado norte-americano tem, hoje, quatro: a Chevron, a ExxonMobil, a BP e a Marathon. Von den sieben ausgegliederten Unternehmen gibt es derzeit vier auf dem nordamerikanischen Markt: Chevron, ExxonMobil, BP und Marathon. É um fenômeno muito parecido com o que a gente vê em tecnologia. Es ist ein Phänomen, das dem sehr ähnlich ist, was wir in der Technologie sehen. No Brasil, a quebra do sistema Telebrás em 1998 criou 12 novas empresas de telefonia. In Brasilien entstanden durch den Ausfall des Telebrás-Systems im Jahr 1998 12 neue Telefongesellschaften. Aos poucos, o sistema foi se concentrando. Allmählich begann sich das System zu konzentrieren. Gradually, the system was concentrating. Hoje a gente tem três saudáveis, a Tim, a Claro e a Vivo, e uma nos seus estertores há quase uma década e prestes a ser repartida entre as três rivais, a Oi. Heute haben wir drei gesunde, Tim, Claro und Vivo, und einen, der seit fast einem Jahrzehnt in Schwierigkeiten ist und kurz davor steht, zwischen den drei Rivalen, Oi, aufgeteilt zu werden. Today we have three healthy ones, Tim, Claro and Vivo, and one in her death throes for almost a decade and about to be shared between her three rivals, Oi. mas isso é assunto para um outro episódio. Pode ser, inclusive, o segundo da série “O que foi”. Es könnte sogar der zweite in der Reihe „O que foi“ sein. It may even be the second in the series “What was”.

Um dos problemas que a quebra não resolveu foi a questão de como essas gigantes petrolíferas lidavam com seus dados. Eines der Probleme, die der Verstoß nicht löste, war die Frage, wie diese Ölgiganten mit ihren Daten umgingen. One of the problems that the crash didn't solve was the question of how these oil giants handled their data.

A partir da década de 1940, elas passaram a financiar estudos para entender o impacto que seus negócios tinham no planeta. Ab den 1940er Jahren begannen sie, Studien zu finanzieren, um die Auswirkungen ihrer Unternehmen auf den Planeten zu verstehen. Os diferentes estudos conduzidos por diferentes cientistas chegaram majoritariamente a uma mesma conclusão: a queima de combustíveis fósseis naquela escala libera monóxido de carbono suficiente na atmosfera para desengatilhar mudanças relevantes no meio ambiente. Verschiedene Studien, die von verschiedenen Wissenschaftlern durchgeführt wurden, kamen größtenteils zum gleichen Ergebnis: Die Verbrennung fossiler Brennstoffe in diesem Ausmaß setzt genügend Kohlenmonoxid in die Atmosphäre frei, um relevante Veränderungen in der Umwelt auszulösen. The different studies conducted by different scientists have mostly come to the same conclusion: burning fossil fuels on that scale releases enough carbon monoxide into the atmosphere to trigger relevant changes in the environment. Uma das principais mudanças é no clima: o excesso de carbono na atmosfera após a queima do petróleo faria com que a temperatura da Terra aumentasse o suficiente para causar impactos catastróficos para humanos, fauna e flora. Eine der wichtigsten Veränderungen betrifft das Klima: Der überschüssige Kohlenstoff in der Atmosphäre nach der Ölverbrennung würde dazu führen, dass die Temperatur der Erde so stark ansteigt, dass katastrophale Auswirkungen auf Mensch, Fauna und Flora entstehen.

Com as conclusões em mãos, o que fez a Big Oil? Mais que esconder o problema, criou uma estratégia de comunicação baseada em confundir. Mehr als das Problem zu verbergen, schuf es eine Kommunikationsstrategie, die auf Verwirrung basierte. “Por décadas, as principais empresas de petróleo e gás entenderam ciência por trás das mudanças climáticas e os perigos dos combustíveis fósseis. „Seit Jahrzehnten verstehen führende Öl- und Gasunternehmen die Wissenschaft hinter dem Klimawandel und den Gefahren fossiler Brennstoffe. Ano após ano, os principais executivos ouviram dos seus próprios cientistas alertas explícitos e frequentemente pintando um cenário terrível. Jahr für Jahr hören Top-Führungskräfte explizite Warnungen ihrer eigenen Wissenschaftler und zeichnen oft ein düsteres Bild. Em 1979, um estudo da Exxon defendeu que a queima de combustíveis fósseis ‘causará efeitos ambientais dramáticos' pelas décadas seguintes. 1979 argumentierte eine Exxon-Studie, dass die Verbrennung fossiler Brennstoffe in den kommenden Jahrzehnten „dramatische Auswirkungen auf die Umwelt haben“ werde. ‘O problema potencial é enorme e urgente', conclui o estudo. 'The potential problem is huge and urgent,' the study concludes. Mas, em vez de confiar nas evidências das pesquisas que financiavam, as maiores petrolíferas trabalharam juntas para enterrar as descobertas e fabricar uma contra narrativa que minasse o crescente consenso da ciência sobre as mudanças climáticas. Aber anstatt sich auf Beweise aus der von ihnen finanzierten Forschung zu verlassen, arbeiteten die großen Ölunternehmen zusammen, um die Ergebnisse zu begraben und eine Gegenerzählung zu fabrizieren, die den wachsenden wissenschaftlichen Konsens über den Klimawandel untergrub. A campanha da indústria do combustível fóssil para criar incerteza deu certo durante décadas ao confundir o entendimento público dos crescentes perigos do aquecimento global e a falta de ação política na questão”, diz reportagem do jornal britânico The Guardian. Die Kampagne der Industrie für fossile Brennstoffe zur Schaffung von Unsicherheit hat jahrzehntelang erfolgreich dazu beigetragen, das öffentliche Verständnis der wachsenden Gefahren der globalen Erwärmung und des Mangels an politischen Maßnahmen zu diesem Thema zu verwirren.

E como nós só soubemos desses estudos agora? And how did we only know about these studies now? Na última década, as petrolíferas se viram envolvidas em centenas de processos relevantes sobre o papel que tiveram nas cada vez mais evidentes mudanças climáticas. In den letzten zehn Jahren waren Ölunternehmen in Hunderte relevanter Klagen über ihre Rolle beim immer deutlicher werdenden Klimawandel verwickelt. Over the last decade, oil companies have been involved in hundreds of relevant lawsuits about the role they played in increasingly evident climate change. Esses processos, em vários países pelo mundo, forçaram as empresas a entregar documentos. Assim, só mais de 50 anos depois é possível entender como o Big Oil, em vez de resolver o problema explícito e grave, investiu para sabotar a ciência como forma de confundir o público, evitar punições e manter seu lucrativo negócio intocado.

Você, bonitinho e bonitinha, já deve ter entendido para onde nós estamos indo. Du, hübsch und hübsch, musst inzwischen herausgefunden haben, wohin wir gehen. Cinquenta anos depois do Big Oil, nós temos novos gigantes que vêm demonstrando pouco ou nenhum comprometimento com o que os dados revelam deles mesmos. Fünfzig Jahre nach Big Oil haben wir neue Giganten, die sich wenig oder gar nicht dafür einsetzen, was die Daten über sich selbst verraten. No Tecnocracia desta quinzena, a gente vai falar sobre como, ao controlar o acesso e, consequentemente, a análise dos dados do que acontece em suas plataformas, a Big Tech também esconde a realidade. In this fortnight's Tecnocracia, we will talk about how, by controlling access and, consequently, analyzing the data of what happens on its platforms, Big Tech also hides reality. Mais do que combater fake news, as próprias plataformas estão nos prendendo em realidades paralelas e fragmentadas. Die Plattformen selbst bekämpfen nicht nur Fake News, sondern fangen uns auch in parallelen und fragmentierten Realitäten ein. More than fighting fake news, the platforms themselves are trapping us in parallel and fragmented realities. A cada quinze dias (às vezes um pouco mais, às vezes muito mais), o Tecnocracia faz um resgate histórico para mostrar que a tecnologia pode ser nova, mas a gente já viu métodos e comportamentos nocivos muito parecidos há décadas. Alle vierzehn Tage (manchmal etwas länger, manchmal viel länger) führt Technocracy einen historischen Rückblick durch, um zu zeigen, dass Technologie neu sein kann, aber wir haben seit Jahrzehnten sehr ähnliche schädliche Methoden und Verhaltensweisen gesehen. Every fortnight (sometimes a little more, sometimes a lot more), the Tecnocracia carries out a historical review to show that the technology may be new, but we've seen very similar harmful methods and behaviors for decades. Tudo é reprise. Everything is rerun. Eu sou o Guilherme Felitti. Aquele lembrete esperto: o Tecnocracia está na campanha de financiamento do Manual do Usuário. That smart reminder: Technocracy is in the User Manual funding campaign. Quem paga a partir do plano II, de R$ 16 por mês, tem acesso ao Tecnocracia Balcão, um programa ao vivo feito uma vez por mês, e um adesivo do podcast. Those who pay under plan II, at R$16 per month, have access to Tecnocracia Balcão, a live program made once a month, and a podcast sticker. Se você quiser, acesse manualdousuario.net/apoie.

Em novembro de 2016, o Facebook comprou mais uma startup, mas ninguém deu muita atenção já que a rede social já tinha desembolsado um total de US$ 22 bilhões comprando três dos serviços mais bombados da época nos anos anteriores: o Instagram, o WhatsApp e o Oculus. O alvo de aquisição em novembro de 2016 (sem valor revelado) foi o Crowdtangle, uma plataforma gratuita que permitia entender como conteúdos se espalhavam pelas mídias sociais, como Facebook, Twitter, Instagram e YouTube. Era uma plataforma excelente para veículos de comunicação entenderem quais assuntos vinham bombando e como seus conteúdos estavam se saindo socialmente. Ao comprar o Crowdtangle, o Facebook garantiu a base de uma estratégia praticada até hoje para controlar quem pode ver e analisar o que rola dentro da rede social. Mit dem Kauf von Crowdtangle sicherte sich Facebook die Grundlage einer bis heute praktizierten Strategie, zu steuern, wer sehen und analysieren kann, was innerhalb des sozialen Netzwerks passiert.

Uma pequena explicação técnica. Eine kleine technische Erklärung. Se você quiser monitorar o que acontece nos quatro grandes serviços sociais do mundo — Facebook, Instagram, Twitter e YouTube —, do que você precisa? Was brauchen Sie, wenn Sie überwachen möchten, was in den vier großen sozialen Diensten der Welt – Facebook, Instagram, Twitter und YouTube – passiert? Para começo de conversa, os dados brutos. Zunächst einmal die Rohdaten. Ter os dados brutos é essencial para fazer análises mais profundas do que só quantas contas citaram sua empresa nesta semana comparada à anterior, algo ofertado pelos serviços de social listening disponíveis no mercado. Die Rohdaten sind unerlässlich, um eine tiefere Analyse durchzuführen als nur, wie viele Accounts Ihr Unternehmen diese Woche im Vergleich zur Vorwoche zitiert haben, was von den auf dem Markt erhältlichen Social-Listening-Diensten angeboten wird. O acesso a dados brutos por essas plataformas é muito limitado, já que o objetivo principal é deixar o cliente preso ali dentro, vendo gráficos simplórios e aqueles insights a que todo mundo tem acesso. Der Zugriff auf Rohdaten über diese Plattformen ist sehr begrenzt, da das Hauptziel darin besteht, den Kunden im Inneren zu lassen und einfache Grafiken und Erkenntnisse zu sehen, auf die jeder Zugriff hat. Access to raw data on these platforms is very limited, since the main objective is to leave the client trapped inside, looking at simple graphs and those insights that everyone else has access to. Se você quiser se aprofundar na análise, o ponto de partida é o dado bruto. Wenn Sie tiefer in die Analyse einsteigen möchten, sind Rohdaten der Ausgangspunkt.

Como obter os dados brutos? O principal caminho é por APIs. Der Hauptweg führt über APIs. APIs funcionam como balcões em que você chega, pede um dado e o balconista te entrega aquele dado — só que é tudo automatizado. APIs funktionieren wie Schalter, wo Sie ankommen, nach Daten fragen und der Angestellte Ihnen diese Daten gibt – nur dass alles automatisiert ist. APIs são criadas oficialmente pelos donos dos serviços para evitar que milhares de pessoas criem robôs para extrair dados diretamente das páginas (o chamado “scraping”), algo que impactaria o desempenho do serviço. APIs werden offiziell von den Dienstinhabern erstellt, um zu verhindern, dass Tausende von Menschen Roboter erstellen, um Daten direkt von den Seiten zu extrahieren (das sogenannte „Scraping“), was die Leistung des Dienstes beeinträchtigen würde.

Eu critico publicamente YouTube e Twitter por uma série de decisões equivocadas, não é surpresa nenhuma. Ich kritisiere YouTube und Twitter öffentlich für eine Reihe fehlgeleiteter Entscheidungen, das ist keine Überraschung. Mas ambos oferecem APIs abertas que permitem a fiscalização e o monitoramento independentes do que rola dentro das plataformas sem a intromissão do departamento de relações públicas. Aber beide bieten offene APIs, die eine unabhängige Aufsicht und Überwachung dessen ermöglichen, was auf den Plattformen vor sich geht, ohne dass die PR-Abteilung eingreifen muss. Qualquer um com o mínimo de conhecimento técnico sobre programação pode fazer robôs que monitoram quem publica, quem apaga, quem está subindo, quem está descendo e quais assuntos estão bombando. E isso sem depender do recorte ou da boa vontade das plataformas — ao oferecer os dados brutos, quem criou o robô tem liberdade para fazer sua própria análise. Und das hängt nicht von der Plattform oder dem guten Willen der Plattformen ab – durch das Anbieten der Rohdaten kann derjenige, der den Roboter erstellt hat, seine eigene Analyse durchführen. A análise que a Novelo Data, meu estúdio de data analytics, faz sobre a extrema-direita no YouTube é pela API. O monitoramento que o projeto 7c0, do Lucas Lago, faz de tuítes excluídos por parlamentares brasileiros também é por API.

O Facebook e o Instagram oferecem APIs, mas o uso é limitado aos próprios conteúdos — você pode consultar o conteúdo que você publicou na sua página. Quer raspar o conteúdo de outras páginas? Não pela API.