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Dobra Espacial - Ciência e Tecnologia, O plano do Elon Musk para colocar 1 milhão de pessoas em Marte

O plano do Elon Musk para colocar 1 milhão de pessoas em Marte

O objetivo final das pessoas que trabalham na SpaceX e do próprio Elon Musk é colocar 1 milhão de pessoas na superfície de Marte.

Por que 1 milhão de pessoas? Por que Marte?

Como isso vai ser feito? Por que isso vai ser feito?

O que essa lata de metal voadora (imensa) tem a ver com isso?

Bom, vamos falar sobre isso!

Nós, enquanto espécie, temos a exploração como uma característica bastante presente na nossa história.

Chegar mais longe e fazer algo nunca antes feito foram grandes motivadores para muitas coisas que a gente fez.

Mas quando se trata de colonização espacial, um outro problema se mostra (bem) mais importante: Risco de extinção.

Nós tomamos como certa a existência da nossa espécie e não costumamos confrontar o risco real de que nós podemos parar de existir em algum momento no futuro.

Eventos de extinção em massa aconteceram múltiplas vezes ao longo da história da vida na Terra.

A colisão de um asteroide com o planeta e seus efeitos posteriores é talvez o evento de extinção mais explorado pelo cinema e mais presente em nossas mentes, mas existem várias maneiras da nossa espécie se tornar apenas coisa do passado.

A erupção de um super vulcão afetando a cadeia de produção de alimentos e induzindo fome generalizada em vários países.

A explosão de uma supernova relativamente próxima da Terra.

Uma guerra nuclear.

Os efeitos das mudanças climáticas.

Ou, uma pandemia.

Há várias possibilidades para a extinção humana e mesmo no cenário totalmente improvável de que nenhuma dessas coisas aconteça e permaneçamos aqui por alguns bilhões de anos, quando o Sol se tornar uma gigante vermelha e engolir a Terra nós não conseguiremos escapar.

Depois de tanto tempo passado assim, não seremos nem ao menos a mesma espécie que somos hoje, mas o ponto continua o mesmo: Sair da Terra não é opcional.

Sempre me perguntam: com tanto avanço tecnológico durante a Guerra Fria com a corrida espacial, como a gente não tem uma colônia na Lua ou em Marte?

E por que nem ao menos voltamos a visitar a Lua?

A resposta curta? Dinheiro.

A corrida espacial da década de 60 foi impulsionada não só pelo desejo de exploração, mas também para provar um ponto.

Para os Estados Unidos, provar que o modelo econômico americano era melhor que o soviético.

E para a União Soviética, o contrário.

No auge do Programa Apollo o orçamento da NASA alcançou quase 4,5% do orçamento federal.

Para comparação, no ano fiscal de 2020 o orçamento da NASA foi só de 0,48%.

Mas, ainda assim, mesmo se a NASA tivesse muito dinheiro sobrando e financiar missões mais ousadas e bem mais caras não fosse um problema, é improvável que a espécie humana estivesse salva da obliteração caso algo acontecesse com a Terra.

Só teremos uma chance maior de continuar a construir a nossa história quando uma colônia autossustentável estiver em pleno funcionamento.

Isso significa que uma cidade em Marte, por exemplo, não pode depender de suprimentos vindos da Terra.

Mesmo se a troca entre os dois planetas parar de acontecer, a colônia precisa perseverar e até mesmo crescer.

Equipamentos, comidas, roupas e até mesmo veículos para sair de Marte precisam ser construídos inteiramente por lá.

E aí sim a gente ficar um pouco mais seguro com um backup da civilização.

E para chegar nesse ponto é preciso ter gente por lá.

Bastante gente.

E é daí que o número de 1 milhão de pessoas saiu.

Essa é uma estimativa grosseira de quantas pessoas são necessárias para isso.

E honestamente, esse número não é exatamente preciso e é baseado em um pouquinho de especulação.

Mas a lógica por trás ainda é válida, mesmo que mais ou menos pessoas sejam necessárias.

Elas não são só pessoas pra fazer trabalho braçal, embora isso talvez seja bastante importante principalmente no começo.

Mas também para ter variedade de conhecimento suficiente pra colônia saber resolver seus próprios problemas.

Médicos especialistas, dentistas, programadores, engenheiros, psicólogos, biólogos, agrônomos, geólogos.

Ter tudo isso por perto é importante para garantir que os problemas possam ser resolvidos pela própria colônia.

Ainda mais considerando que é um ambiente para o qual a gente não ta adaptado (não estamos adaptados).

Uma colônia assim é totalmente dependente da tecnologia.

O ar respirado por habitantes humanos de Marte vai depender de um sistema de produção e revitalização.

E se um dia ele quebrar e não tiver ninguém para arrumar, não dá pra só sair pra fora e respirar um ar puro.

Coisas que são garantidas pelo nosso planeta natal vão ser reais desafios por lá.

De qualquer maneira, já que ter gente por lá é o primeiro passo, a primeira coisa a ser resolvida é como colocar elas lá.

E isso é possível mesmo com tecnologia de décadas atrás.

A gente sabe como fazer isso.

Mas seria muito caro.

O custo total do Programa Apollo foi de mais ou menos 25 bilhões de dólares, o que dá mais ou menos 150 bilhões de dólares no dinheiro de hoje.

Custos dessa grandeza são completamente inviáveis quando o assunto é colocar tantas pessoas lá.

(Nós precisamos), a gente precisa de uma opção viável de transporte.

E esse é o trunfo da SpaceX.

Veículos espaciais reutilizáveis são um sonho bastante presente desde os primeiros programas espaciais, lá no final da década de 50 e início da década de 60.

O ônibus espacial foi talvez o veículo a chegar mais perto disso, mas que não resolveu um dos problemas principais: o custo de lançamento e a velocidade de manutenção.

Uma das comparações mais feitas ao se falar sobre esse assunto é com os aviões e as linhas aéreas.

Se a Lufthansa ou a Azul tivesse que jogar fora seus aviões logo após os seus voos, o custo das passagens seria absurdamente alto.

E é exatamente isso que é feito com veículos espaciais.

Partes caríssimas de foguetes são usadas apenas uma vez.

Para ter uma colônia sustentável, a reutilização rápida é essencial.

E é aqui que a gente começa fala sobre as grandes latas de metal voadoras da SpaceX.

Para aqueles que não sabem, a Starship é o foguete/nave em desenvolvimento com capacidade de colocar cerca de 100 toneladas na órbita baixa da Terra.

Uma capacidade semelhante com a do Saturn V das missões Apollo.

A grande diferença é que ela é totalmente reutilizável e será capaz de ser reabastecida em órbita, aumentando absurdamente sua capacidade de colocar carga na superfície de Marte.

Serão mais de 100 toneladas.

Capacidade suficiente para colocar muito equipamento e muita gente (lá) em uma só missão.

O que a gente vê acontecendo em Boca Chica é o desenvolvimento não só do foguete em si, com o teste de protótipos como o SN8 ou o SN9, mas também das técnicas de construção.

A SpaceX quer realmente industrializar a produção da Starship.

Colocar 1 milhão de pessoas em Marte não vai ser possível com só algumas dezenas de foguetes.

Centenas ou até milhares serão necessários.

E a escolha de usar aço inoxidável ao invés de material compósito também parte desse princípio de redução de custo e industrialização da produção.

É um material mais barato, mais fácil de lidar e que oferece algumas vantagens em situações que envolvem líquidos criogênicos.

E os custos de lançamento também precisam permanecer baixos.

Um Falcon 9 custa uns 100 milhões de dólares por lançamento, por exemplo.

O que já é bem barato.

A expectativa é que a Starship custe por volta de 2 milhões.

Então, em um voo tripulado com bastante gente, o custo de uma passagem seria pagável.

Mesmo que o preço seja alto, de talvez algumas centenas de milhares de dólares, isso ainda é mais barato do que qualquer lançamento de um astronauta para a órbita da Terra.

Bom, eu já falei algumas vezes sobre a Starship aqui no canal, então eu não vou entrar em detalhes sobre o seu sistema de pouso, motores ou algo assim.

O único destaque realmente importante de se fazer nesse vídeo é o combustível usado pelos motores.

Os motores Raptor usam metano e oxigênio líquido como propelentes, que oferecem uma vantagem muito importante.

A ida para Marte com a Starship é garantida pelo reabastecimento em órbita da Terra, mas para voltar há a necessidade de um sistema de produção local de combustível.

E metano pode ser produzido a partir de um processo conhecido como Reação de Sabatier.

Dióxido de Carbono reage com hidrogênio na presença de um catalisador e sob pressões e temperaturas elevadas e forma metano.

A atmosfera de Marte é constituída por cerca de 95% de dióxido de carbono e o hidrogênio pode ser removido da água presente no solo marciano através de processos de eletrólise.

Pode não ser a coisa mais fácil do mundo, mas é algo totalmente possível com a tecnologia atual.

Mesmo com muito dinheiro no bolso você ainda não consegue ser um habitante marciano.

O objetivo da SpaceX é dar a opção para que pessoas com dinheiro e interesse possam fazer essa viagem e iniciar essa nova etapa da história da nossa espécie.

Quando eu menciono o possível valor que uma passagem para Marte pode ter no futuro, algumas pessoas me perguntam se isso não vai fazer com que a colônia se torne um local para ricos segregados da sociedade.

E a minha resposta para isso é: não necessariamente.

As pessoas que (irão) vão para Marte nesse primeiro momento não irão para um resort paradisíaco viver como reis.

Elas vão para trabalhar.

Apesar de ser uma experiência fantástica, não vai ser confortável e nem a coisa mais segura do mundo.

Fazer a escolha de ir para lá é abrir mão de pelo menos 2 anos de vida na Terra.

Então eu duvido um pouco do tamanho da sobreposição do grupo pessoas que se interessam em viver nessas condições e que têm dinheiro para bancar algo assim.

O que talvez a gente veja, principalmente no início, são organizações ou mesmo pessoas pagando para que outras pessoas façam a viagem.

E talvez leve um tempo para realmente termos habitantes fixos em Marte.

A minha especulação é que durante algum tempo as pessoas vão ir e voltar enquanto a colônia não estiver desenvolvida o suficiente para ser psicologicamente tolerável viver por tempo indeterminado lá.

Uma pergunta bastante comum é: por que mirar logo em Marte ao invés da Lua?

Bom, a proximidade da Lua com a Terra é sim uma vantagem para essas viagens.

Ao invés de durarem 6 meses, eles duram apenas alguns dias e se qualquer problema surgir, é só pular no foguete e voltar para cá.

Mas, o objetivo não é estar seguro sob as asas do nosso planeta.

O objetivo é ter uma colônia autossustentável.

E fazer isso na Lua é bem mais complicado do que em Marte.

A produção de combustível in-loco seria mais difícil, os recursos são mais escassos e a gravidade é bem menor.

Mirar em Marte é uma escolha compreensível e lógica.

Mas, ainda assim, ao dar um passo para trás e contemplar todos os desafios técnicos para cumprir o objetivo final e ainda atingir o nível de confiança necessário em todo esse sistema para que pessoas comuns realmente paguem para fazer essa viagem, eu acabo apostando minhas fichas que missões lunares vão acabar, de uma maneira ou de outra, se tornando um passo intermediário importante e óbvio para a SpaceX.

Nós sabemos que eles estão trabalhando em um lander para o Programa Artemis, que vai levar a humanidade de volta para a Lua e dessa vez para ficar.

Essa é uma motivação extra para a realização de missões lunares antes das missões para Marte.

Muita coisa ainda precisa ser desenvolvida antes da SpaceX sequer começar a se preocupar com os sistemas de suporte à vida, o interior da cabine, os sistemas elétricos e tudo mais.

E por mais que eu queria ver a humanidade colocando os pés em Marte pela primeira vez, ainda estamos um pouco longe dessa realidade e eu não vou reclamar se a SpaceX precisar focar um pouco mais na Lua antes de se aventurar a cumprir o grande objetivo dela.

[E à medida que a Starship se desenvolve, é bem possível que outras empresas especializadas em outras áreas indiretamente relacionadas com esse tipo de missão acabem entrando nesse barco].

A SpaceX trouxe uma nova forma de desenvolvimento e levou realmente a sério o conceito de reutilização dentro da indústria.

É por isso que a gente fica tão animado quando um Falcon 9 pousa ou com os testes da Starship.

No fim das contas cada pouso e cada teste bem sucedido é um passo mais perto da colonização de Marte e consequente perseverança da nossa espécie.

A primeira vez que eu realmente entendi quais eram os objetivos finais da SpaceX em relação a Marte foi em 2015, depois de ler um artigo em um dos blogs mais interessantes da internet, o "Wait But Why".

O autor, Tim Urban, descreveu em uma série de posts detalhadíssimos e com um ótimo humor todos os motivos para ir e por que algumas coisas eram importantes.

É em inglês, mas eu recomendo fortemente você ler.

Eu vou deixar linkado aqui na descrição.

Existem vários aspectos sobre a colonização de Marte que podem ser abordados em vídeos específicos e eu vou voltar nesse assunto muitas outras vezes.

Se você quer que eu discuta alguma coisa em particular, por favor, diz aqui na seção de comentários.

É muito bom ter esse feedback de vocês.

Por enquanto é isso.

Eu vou ficando por aqui, e até a próxima!


O plano do Elon Musk para colocar 1 milhão de pessoas em Marte Elon Musks Plan, 1 Million Menschen auf den Mars zu bringen Elon Musk's plan to put 1 million people on Mars El plan de Elon Musk para llevar un millón de personas a Marte 火星に100万人を移住させるイーロン・マスクの計画 Elon Musks plan att placera 1 miljon människor på Mars

O objetivo final das pessoas que trabalham na SpaceX e do próprio Elon Musk é colocar 1 milhão de pessoas na superfície de Marte.

Por que 1 milhão de pessoas? Por que Marte?

Como isso vai ser feito? Por que isso vai ser feito?

O que essa lata de metal voadora (imensa) tem a ver com isso?

Bom, vamos falar sobre isso!

Nós, enquanto espécie, temos a exploração como uma característica bastante presente na nossa história.

Chegar mais longe e fazer algo nunca antes feito foram grandes motivadores para muitas coisas que a gente fez.

Mas quando se trata de colonização espacial, um outro problema se mostra (bem) mais importante: Risco de extinção.

Nós tomamos como certa a existência da nossa espécie e não costumamos confrontar o risco real de que nós podemos parar de existir em algum momento no futuro.

Eventos de extinção em massa aconteceram múltiplas vezes ao longo da história da vida na Terra.

A colisão de um asteroide com o planeta e seus efeitos posteriores é talvez o evento de extinção mais explorado pelo cinema e mais presente em nossas mentes, mas existem várias maneiras da nossa espécie se tornar apenas coisa do passado.

A erupção de um super vulcão afetando a cadeia de produção de alimentos e induzindo fome generalizada em vários países.

A explosão de uma supernova relativamente próxima da Terra.

Uma guerra nuclear.

Os efeitos das mudanças climáticas.

Ou, uma pandemia.

Há várias possibilidades para a extinção humana e mesmo no cenário totalmente improvável de que nenhuma dessas coisas aconteça e permaneçamos aqui por alguns bilhões de anos, quando o Sol se tornar uma gigante vermelha e engolir a Terra nós não conseguiremos escapar.

Depois de tanto tempo passado assim, não seremos nem ao menos a mesma espécie que somos hoje, mas o ponto continua o mesmo: Sair da Terra não é opcional.

Sempre me perguntam: com tanto avanço tecnológico durante a Guerra Fria com a corrida espacial, como a gente não tem uma colônia na Lua ou em Marte?

E por que nem ao menos voltamos a visitar a Lua?

A resposta curta? Dinheiro.

A corrida espacial da década de 60 foi impulsionada não só pelo desejo de exploração, mas também para provar um ponto.

Para os Estados Unidos, provar que o modelo econômico americano era melhor que o soviético.

E para a União Soviética, o contrário.

No auge do Programa Apollo o orçamento da NASA alcançou quase 4,5% do orçamento federal.

Para comparação, no ano fiscal de 2020 o orçamento da NASA foi só de 0,48%.

Mas, ainda assim, mesmo se a NASA tivesse muito dinheiro sobrando e financiar missões mais ousadas e bem mais caras não fosse um problema, é improvável que a espécie humana estivesse salva da obliteração caso algo acontecesse com a Terra.

Só teremos uma chance maior de continuar a construir a nossa história quando uma colônia autossustentável estiver em pleno funcionamento.

Isso significa que uma cidade em Marte, por exemplo, não pode depender de suprimentos vindos da Terra.

Mesmo se a troca entre os dois planetas parar de acontecer, a colônia precisa perseverar e até mesmo crescer.

Equipamentos, comidas, roupas e até mesmo veículos para sair de Marte precisam ser construídos inteiramente por lá.

E aí sim a gente ficar um pouco mais seguro com um backup da civilização.

E para chegar nesse ponto é preciso ter gente por lá.

Bastante gente.

E é daí que o número de 1 milhão de pessoas saiu.

Essa é uma estimativa grosseira de quantas pessoas são necessárias para isso.

E honestamente, esse número não é exatamente preciso e é baseado em um pouquinho de especulação.

Mas a lógica por trás ainda é válida, mesmo que mais ou menos pessoas sejam necessárias.

Elas não são só pessoas pra fazer trabalho braçal, embora isso talvez seja bastante importante principalmente no começo.

Mas também para ter variedade de conhecimento suficiente pra colônia saber resolver seus próprios problemas.

Médicos especialistas, dentistas, programadores, engenheiros, psicólogos, biólogos, agrônomos, geólogos.

Ter tudo isso por perto é importante para garantir que os problemas possam ser resolvidos pela própria colônia. Having all of this close at hand is important to ensure that problems can be solved by the colony itself.

Ainda mais considerando que é um ambiente para o qual a gente não ta adaptado (não estamos adaptados). Even more considering that it is an environment for which we are not adapted (we are not adapted).

Uma colônia assim é totalmente dependente da tecnologia.

O ar respirado por habitantes humanos de Marte vai depender de um sistema de produção e revitalização.

E se um dia ele quebrar e não tiver ninguém para arrumar, não dá pra só sair pra fora e respirar um ar puro.

Coisas que são garantidas pelo nosso planeta natal vão ser reais desafios por lá.

De qualquer maneira, já que ter gente por lá é o primeiro passo, a primeira coisa a ser resolvida é como colocar elas lá.

E isso é possível mesmo com tecnologia de décadas atrás.

A gente sabe como fazer isso.

Mas seria muito caro.

O custo total do Programa Apollo foi de mais ou menos 25 bilhões de dólares, o que dá mais ou menos 150 bilhões de dólares no dinheiro de hoje.

Custos dessa grandeza são completamente inviáveis quando o assunto é colocar tantas pessoas lá.

(Nós precisamos), a gente precisa de uma opção viável de transporte.

E esse é o trunfo da SpaceX.

Veículos espaciais reutilizáveis são um sonho bastante presente desde os primeiros programas espaciais, lá no final da década de 50 e início da década de 60.

O ônibus espacial foi talvez o veículo a chegar mais perto disso, mas que não resolveu um dos problemas principais: o custo de lançamento e a velocidade de manutenção.

Uma das comparações mais feitas ao se falar sobre esse assunto é com os aviões e as linhas aéreas.

Se a Lufthansa ou a Azul tivesse que jogar fora seus aviões logo após os seus voos, o custo das passagens seria absurdamente alto. If Lufthansa or Azul had to throw away their planes right after their flights, the cost of tickets would be absurdly high.

E é exatamente isso que é feito com veículos espaciais.

Partes caríssimas de foguetes são usadas apenas uma vez.

Para ter uma colônia sustentável, a reutilização rápida é essencial.

E é aqui que a gente começa fala sobre as grandes latas de metal voadoras da SpaceX.

Para aqueles que não sabem, a Starship é o foguete/nave em desenvolvimento com capacidade de colocar cerca de 100 toneladas na órbita baixa da Terra.

Uma capacidade semelhante com a do Saturn V das missões Apollo.

A grande diferença é que ela é totalmente reutilizável e será capaz de ser reabastecida em órbita, aumentando absurdamente sua capacidade de colocar carga na superfície de Marte.

Serão mais de 100 toneladas.

Capacidade suficiente para colocar muito equipamento e muita gente (lá) em uma só missão.

O que a gente vê acontecendo em Boca Chica é o desenvolvimento não só do foguete em si, com o teste de protótipos como o SN8 ou o SN9, mas também das técnicas de construção.

A SpaceX quer realmente industrializar a produção da Starship.

Colocar 1 milhão de pessoas em Marte não vai ser possível com só algumas dezenas de foguetes.

Centenas ou até milhares serão necessários.

E a escolha de usar aço inoxidável ao invés de material compósito também parte desse princípio de redução de custo e industrialização da produção. And the choice to use stainless steel instead of composite material is also part of this principle of cost reduction and industrialization of production.

É um material mais barato, mais fácil de lidar e que oferece algumas vantagens em situações que envolvem líquidos criogênicos.

E os custos de lançamento também precisam permanecer baixos.

Um Falcon 9 custa uns 100 milhões de dólares por lançamento, por exemplo.

O que já é bem barato.

A expectativa é que a Starship custe por volta de 2 milhões.

Então, em um voo tripulado com bastante gente, o custo de uma passagem seria pagável.

Mesmo que o preço seja alto, de talvez algumas centenas de milhares de dólares, isso ainda é mais barato do que qualquer lançamento de um astronauta para a órbita da Terra.

Bom, eu já falei algumas vezes sobre a Starship aqui no canal, então eu não vou entrar em detalhes sobre o seu sistema de pouso, motores ou algo assim.

O único destaque realmente importante de se fazer nesse vídeo é o combustível usado pelos motores.

Os motores Raptor usam metano e oxigênio líquido como propelentes, que oferecem uma vantagem muito importante.

A ida para Marte com a Starship é garantida pelo reabastecimento em órbita da Terra, mas para voltar há a necessidade de um sistema de produção local de combustível.

E metano pode ser produzido a partir de um processo conhecido como Reação de Sabatier.

Dióxido de Carbono reage com hidrogênio na presença de um catalisador e sob pressões e temperaturas elevadas e forma metano.

A atmosfera de Marte é constituída por cerca de 95% de dióxido de carbono e o hidrogênio pode ser removido da água presente no solo marciano através de processos de eletrólise.

Pode não ser a coisa mais fácil do mundo, mas é algo totalmente possível com a tecnologia atual.

Mesmo com muito dinheiro no bolso você ainda não consegue ser um habitante marciano.

O objetivo da SpaceX é dar a opção para que pessoas com dinheiro e interesse possam fazer essa viagem e iniciar essa nova etapa da história da nossa espécie.

Quando eu menciono o possível valor que uma passagem para Marte pode ter no futuro, algumas pessoas me perguntam se isso não vai fazer com que a colônia se torne um local para ricos segregados da sociedade.

E a minha resposta para isso é: não necessariamente.

As pessoas que (irão) vão para Marte nesse primeiro momento não irão para um resort paradisíaco viver como reis.

Elas vão para trabalhar.

Apesar de ser uma experiência fantástica, não vai ser confortável e nem a coisa mais segura do mundo.

Fazer a escolha de ir para lá é abrir mão de pelo menos 2 anos de vida na Terra.

Então eu duvido um pouco do tamanho da sobreposição do grupo pessoas que se interessam em viver nessas condições e que têm dinheiro para bancar algo assim.

O que talvez a gente veja, principalmente no início, são organizações ou mesmo pessoas pagando para que outras pessoas façam a viagem.

E talvez leve um tempo para realmente termos habitantes fixos em Marte.

A minha especulação é que durante algum tempo as pessoas vão ir e voltar enquanto a colônia não estiver desenvolvida o suficiente para ser psicologicamente tolerável viver por tempo indeterminado lá.

Uma pergunta bastante comum é: por que mirar logo em Marte ao invés da Lua?

Bom, a proximidade da Lua com a Terra é sim uma vantagem para essas viagens.

Ao invés de durarem 6 meses, eles duram apenas alguns dias e se qualquer problema surgir, é só pular no foguete e voltar para cá.

Mas, o objetivo não é estar seguro sob as asas do nosso planeta.

O objetivo é ter uma colônia autossustentável.

E fazer isso na Lua é bem mais complicado do que em Marte.

A produção de combustível in-loco seria mais difícil, os recursos são mais escassos e a gravidade é bem menor.

Mirar em Marte é uma escolha compreensível e lógica.

Mas, ainda assim, ao dar um passo para trás e contemplar todos os desafios técnicos para cumprir o objetivo final e ainda atingir o nível de confiança necessário em todo esse sistema para que pessoas comuns realmente paguem para fazer essa viagem, eu acabo apostando minhas fichas que missões lunares vão acabar, de uma maneira ou de outra, se tornando um passo intermediário importante e óbvio para a SpaceX.

Nós sabemos que eles estão trabalhando em um lander para o Programa Artemis, que vai levar a humanidade de volta para a Lua e dessa vez para ficar.

Essa é uma motivação extra para a realização de missões lunares antes das missões para Marte.

Muita coisa ainda precisa ser desenvolvida antes da SpaceX sequer começar a se preocupar com os sistemas de suporte à vida, o interior da cabine, os sistemas elétricos e tudo mais.

E por mais que eu queria ver a humanidade colocando os pés em Marte pela primeira vez, ainda estamos um pouco longe dessa realidade e eu não vou reclamar se a SpaceX precisar focar um pouco mais na Lua antes de se aventurar a cumprir o grande objetivo dela.

[E à medida que a Starship se desenvolve, é bem possível que outras empresas especializadas em outras áreas indiretamente relacionadas com esse tipo de missão acabem entrando nesse barco].

A SpaceX trouxe uma nova forma de desenvolvimento e levou realmente a sério o conceito de reutilização dentro da indústria.

É por isso que a gente fica tão animado quando um Falcon 9 pousa ou com os testes da Starship.

No fim das contas cada pouso e cada teste bem sucedido é um passo mais perto da colonização de Marte e consequente perseverança da nossa espécie.

A primeira vez que eu realmente entendi quais eram os objetivos finais da SpaceX em relação a Marte foi em 2015, depois de ler um artigo em um dos blogs mais interessantes da internet, o "Wait But Why".

O autor, Tim Urban, descreveu em uma série de posts detalhadíssimos e com um ótimo humor todos os motivos para ir e por que algumas coisas eram importantes.

É em inglês, mas eu recomendo fortemente você ler.

Eu vou deixar linkado aqui na descrição.

Existem vários aspectos sobre a colonização de Marte que podem ser abordados em vídeos específicos e eu vou voltar nesse assunto muitas outras vezes.

Se você quer que eu discuta alguma coisa em particular, por favor, diz aqui na seção de comentários.

É muito bom ter esse feedback de vocês.

Por enquanto é isso.

Eu vou ficando por aqui, e até a próxima!