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Dobra Espacial - Ciência e Tecnologia, E se houver uma emergência no espaço?

E se houver uma emergência no espaço?

[E se houver uma emergência no espaço?]

Com a situação atual do planeta, ficar preso em uma estação espacial pode parecer uma boa ideia.

Mas, apesar de estarem dos astronautas estarem a salvo da pandemia, eles também estão longe de qualquer ajuda médica.

E isso pode ser desastroso se houver uma emergência.

Então, o que eles fazem se realmente tiver uma?

No começo de 2020 um paper foi publicado contando sobre o caso de um coágulo que se formou na jugular de um astronauta durante uma missão de 6 meses na Estação Espacial Internacional.

O coágulo foi descoberto por acidente (durante um) por conta de um ultrassom feito no pescoço para um estudo sobre como os fluidos corporais se comportam em microgravidade.

A identidade dessa pessoa foi mantida em segredo assim como o período em que o episódio ocorreu, por questões de privacidade.

Depois da suspeita, um outro ultrassom foi feito com o acompanhamento de médicos aqui na Terra.

O diagnóstico foi confirmado: uma trombose venosa.

Um coágulo (como esse) desse tipo poderia se soltar e caminhar para outras partes do corpo, como os pulmões ou até o cérebro, e isso pode ser fatal.

Retirar o astronauta da Estação (imediatamente) para tratá-lo na Terra não era uma opção já que a reentrada na atmosfera é bastante agitada e isso poderia desalojar o coágulo e fazer ele ir para outras partes do corpo, justamente o que eles queriam evitar.

A única opção restante era tratá-lo à distância, com os medicamentos disponíveis no limitado estoque da Estação.

Os médicos fizeram os cálculos e racionaram o medicamento (disponível) por um período de 40 dias, até a próxima missão de reabastecimento chegar.

Durante o período de tratamento total de mais ou menos 90 dias, o coágulo foi reanalisado várias vezes com outros exames de ultrassom, que constataram que ele tinha diminuído.

4 dias antes da viagem de volta para a Terra o astronauta cessou a dose de anticoagulante que ele estava tomando, já que ao fazer o sangue ficar menos espesso, esse medicamento também acaba aumentando o risco de hemorragias em caso de um ferimento.

Um risco pequeno, mas bastante presente durante a reentrada na atmosfera.

Tudo correu bem e o astronauta não teve mais problemas depois do pouso.

Mas se não fosse pela coincidência gerada pelo estudo (em) sobre fluidos corporais, a história poderia ter sido diferente.

Alguém morrendo na ISS seria um caso sem precedentes e algo que, obviamente, nenhuma das agências espaciais (envolvidas) quer.

Por isso há tanto foco na prevenção.

Astronautas passam por um checkup rigoroso antes de poderem ir para a Estação.

Emergências médicas ou até falhas de componentes vitais para o funcionamento da estação podem levar ao evacuamento dos tripulantes.

Se algo assim acontecer, os astronautas podem ocupar os seus assentos nas naves Soyuz estacionadas e iniciar o procedimento de reentrada em poucos minutos.

As naves Soyuz são, não por muito tempo, os únicos veículos (que levam) capazes de levar astronautas até a ISS.

O início da operação tripulada da Dragon [2] da SpaceX vai aumentar a disponibilidade de (lugares) assentos e talvez até aumentar a média de ocupação da estação.

Mas, voltando ao assunto.

Uma hemorragia é uma emergência médica bastante preocupante no espaço.

Não há registro de casos assim durantes missões espaciais.

O design dos veículos, dos equipamentos e dos procedimentos utilizados faz com que isso seja bastante improvável, mas não impossível.

Se um astronauta perder sangue suficiente para precisar de uma transfusão no espaço, não vai haver um banco de sangue para suprir essa necessidade.

Uma das soluções propostas por um paper publicado em 2019 são os “Bancos de Sangue Ambulantes”.

Seria basicamente retirar o sangue de uma pessoa e logo em seguida já realizar a transfusão.

Por mais pioneiro que pareça, esse tipo de técnica já é usada em algumas situações [3].

Os cruzeiros da Royal Caribbean, por exemplo, possuem kits de transfusão em seus navios e já salvaram a vida de dezenas de pessoas que precisaram de tratamento durante viagens e não podiam esperar chegar na costa para receber alguma ajuda médica.

Colocar (manter) bancos de sangue em todos os navios da frota não seria nada viável.

Essa técnica também tem bastante valor em regiões remotas, de baixa densidade populacional e com pouca infraestrutura, que no caso de uma emergência podem contar com a ajuda de pessoas que já são doadoras de sangue e já foram testadas para doenças infectocontagiosas.

Os “Bancos de Sangue Ambulantes” podem ser uma das muitas soluções que (precisaremos) a gente vai precisa usar para as missões mais longas.

A tripulação dessas missões pode ser formada não só pelas capacidades individuais de cada astronauta mas também pelo tipo sanguíneo.

Uma nave a caminho de Marte, por exemplo, pode compor sua tripulação com alguns doadores universais, grupos sanguíneos pareados ou com só um grupo sanguíneo.

Apesar de serem possíveis, as infusões de sangue ou de medicamentos em microgravidade podem ser bastante problemáticas já que aumentam as chances de embolia caso gases fiquem presos nos líquidos durante o procedimento.

Cirurgias também são muito mais difíceis no espaço.

A drenagem de sangue em uma cavidade aberta é muito dificultada e mesmo os procedimentos mais simples feitos aqui na Terra podem se tornar um pesadelo no espaço.

Por conta da tensão superficial, o sangue se acumula em forma de domo e (acaba se soltando) com a ação de instrumentos cirúrgicos, podem soltar várias partículas e gotículas que voam pela cabine e são um grande risco biológico.

Ainda há muita coisa inexplorada no campo da medicina no espaço e muito progresso precisa ser feito para garantirmos mais segurança para missões que vão além da nossa vizinhança.

À medida que formos (que procurarmos) colonizar Marte, colocar bases na Lua e explorar cada vez mais o nosso Sistema Solar, a possibilidade de morte no espaço será cada vez mais alta.

Não tem como a gente empacotar todos os remédios e tratamentos do mundo em uma nave a caminho de Marte, por exemplo.

Não haverá espaço suficiente para isso.

Não haverá viagem de volta para a Terra de apenas algumas horas caso haja uma emergência.

Nem ao menos a pronta comunicação com o Centro de Controle de Missão (na Terra).

Já que a distância entre os 2 planetas faz com que isso seja impossível.

Os astronautas vão que se virar sozinhos.

Em Julho de 1969, o Presidente Nixon tinha um discurso preparado por William Safire caso os astronautas não conseguissem voltar à Terra após o pouso na Lua.

“O destino decidiu que os homens que foram à Lua para explorar o espaço em paz ficarão na Lua para descansar em paz.

Estes bravos homens, Neil Armstrong e Edwin Aldrin, sabem que não há esperança para seu resgate.

Mas também sabem que há esperança para a humanidade em seu sacrifício.

Em sua exploração, eles fizeram o mundo todo se sentir um só; em seu sacrifício, eles amarraram mais firmemente a irmandade dos seres humanos.

Nos dias antigos, pessoas olharam para as estrelas e enxergaram seus heróis nas constelações.

Nos tempos modernos, nós fazemos o mesmo, mas os nossos heróis são homens épicos de carne e osso.

Seres humanos que olharem para a Lua nas noites que ainda virão saberão que há um canto de outro mundo que será sempre humanidade.

”O texto descoberto pelo historiador James Mann em 1999 entrou para a lista de grandes discursos que, felizmente, nunca precisaram ser feitos.

Conquistamos muito nos mais de 50 anos de exploração espacial, mas ainda não deixamos nossa vizinhança, não estivemos mais do que alguns dias de distância da civilização.

A Estação Espacial é ocupada de forma contínua desde Outubro de 2001.

São quase 20 anos de operação tripulada contínua, o que nos deu muita experiência para darmos os próximos passos.

E um dos mais importantes é determinar e aceitar quais riscos que iremos correr.


E se houver uma emergência no espaço? Was ist, wenn es im Weltraum einen Notfall gibt? What if there is an emergency in space? ¿Y si hay una emergencia en el espacio? 宇宙で緊急事態が発生したら? Vad händer om det uppstår en nödsituation i rymden?

[E se houver uma emergência no espaço?]

Com a situação atual do planeta, ficar preso em uma estação espacial pode parecer uma boa ideia.

Mas, apesar de estarem dos astronautas estarem a salvo da pandemia, eles também estão longe de qualquer ajuda médica.

E isso pode ser desastroso se houver uma emergência.

Então, o que eles fazem se realmente tiver uma?

No começo de 2020 um paper foi publicado contando sobre o caso de um coágulo que se formou na jugular de um astronauta durante uma missão de 6 meses na Estação Espacial Internacional.

O coágulo foi descoberto por acidente (durante um) por conta de um ultrassom feito no pescoço para um estudo sobre como os fluidos corporais se comportam em microgravidade.

A identidade dessa pessoa foi mantida em segredo assim como o período em que o episódio ocorreu, por questões de privacidade.

Depois da suspeita, um outro ultrassom foi feito com o acompanhamento de médicos aqui na Terra. After the suspicion, another ultrasound was done with the accompaniment of doctors here on earth.

O diagnóstico foi confirmado: uma trombose venosa. The diagnosis was confirmed: a venous thrombosis.

Um coágulo (como esse) desse tipo poderia se soltar e caminhar para outras partes do corpo, como os pulmões ou até o cérebro, e isso pode ser fatal. Such a clot (like this one) could break loose and travel to other parts of the body, such as the lungs or even the brain, and this could be fatal.

Retirar o astronauta da Estação (imediatamente) para tratá-lo na Terra não era uma opção já que a reentrada na atmosfera é bastante agitada e isso poderia desalojar o coágulo e fazer ele ir para outras partes do corpo, justamente o que eles queriam evitar.

A única opção restante era tratá-lo à distância, com os medicamentos disponíveis no limitado estoque da Estação.

Os médicos fizeram os cálculos e racionaram o medicamento (disponível) por um período de 40 dias, até a próxima missão de reabastecimento chegar.

Durante o período de tratamento total de mais ou menos 90 dias, o coágulo foi reanalisado várias vezes com outros exames de ultrassom, que constataram que ele tinha diminuído.

4 dias antes da viagem de volta para a Terra o astronauta cessou a dose de anticoagulante que ele estava tomando, já que ao fazer o sangue ficar menos espesso, esse medicamento também acaba aumentando o risco de hemorragias em caso de um ferimento.

Um risco pequeno, mas bastante presente durante a reentrada na atmosfera.

Tudo correu bem e o astronauta não teve mais problemas depois do pouso.

Mas se não fosse pela coincidência gerada pelo estudo (em) sobre fluidos corporais, a história poderia ter sido diferente.

Alguém morrendo na ISS seria um caso sem precedentes e algo que, obviamente, nenhuma das agências espaciais (envolvidas) quer.

Por isso há tanto foco na prevenção.

Astronautas passam por um checkup rigoroso antes de poderem ir para a Estação.

Emergências médicas ou até falhas de componentes vitais para o funcionamento da estação podem levar ao evacuamento dos tripulantes.

Se algo assim acontecer, os astronautas podem ocupar os seus assentos nas naves Soyuz estacionadas e iniciar o procedimento de reentrada em poucos minutos.

As naves Soyuz são, não por muito tempo, os únicos veículos (que levam) capazes de levar astronautas até a ISS.

O início da operação tripulada da Dragon [2] da SpaceX vai aumentar a disponibilidade de (lugares) assentos e talvez até aumentar a média de ocupação da estação.

Mas, voltando ao assunto.

Uma hemorragia é uma emergência médica bastante preocupante no espaço.

Não há registro de casos assim durantes missões espaciais.

O design dos veículos, dos equipamentos e dos procedimentos utilizados faz com que isso seja bastante improvável, mas não impossível.

Se um astronauta perder sangue suficiente para precisar de uma transfusão no espaço, não vai haver um banco de sangue para suprir essa necessidade.

Uma das soluções propostas por um paper publicado em 2019 são os “Bancos de Sangue Ambulantes”.

Seria basicamente retirar o sangue de uma pessoa e logo em seguida já realizar a transfusão.

Por mais pioneiro que pareça, esse tipo de técnica já é usada em algumas situações [3].

Os cruzeiros da Royal Caribbean, por exemplo, possuem kits de transfusão em seus navios e já salvaram a vida de dezenas de pessoas que precisaram de tratamento durante viagens e não podiam esperar chegar na costa para receber alguma ajuda médica.

Colocar (manter) bancos de sangue em todos os navios da frota não seria nada viável.

Essa técnica também tem bastante valor em regiões remotas, de baixa densidade populacional e com pouca infraestrutura, que no caso de uma emergência podem contar com a ajuda de pessoas que já são doadoras de sangue e já foram testadas para doenças infectocontagiosas.

Os “Bancos de Sangue Ambulantes” podem ser uma das muitas soluções que (precisaremos) a gente vai precisa usar para as missões mais longas.

A tripulação dessas missões pode ser formada não só pelas capacidades individuais de cada astronauta mas também pelo tipo sanguíneo.

Uma nave a caminho de Marte, por exemplo, pode compor sua tripulação com alguns doadores universais, grupos sanguíneos pareados ou com só um grupo sanguíneo.

Apesar de serem possíveis, as infusões de sangue ou de medicamentos em microgravidade podem ser bastante problemáticas já que aumentam as chances de embolia caso gases fiquem presos nos líquidos durante o procedimento.

Cirurgias também são muito mais difíceis no espaço.

A drenagem de sangue em uma cavidade aberta é muito dificultada e mesmo os procedimentos mais simples feitos aqui na Terra podem se tornar um pesadelo no espaço.

Por conta da tensão superficial, o sangue se acumula em forma de domo e (acaba se soltando) com a ação de instrumentos cirúrgicos, podem soltar várias partículas e gotículas que voam pela cabine e são um grande risco biológico.

Ainda há muita coisa inexplorada no campo da medicina no espaço e muito progresso precisa ser feito para garantirmos mais segurança para missões que vão além da nossa vizinhança.

À medida que formos (que procurarmos) colonizar Marte, colocar bases na Lua e explorar cada vez mais o nosso Sistema Solar, a possibilidade de morte no espaço será cada vez mais alta.

Não tem como a gente empacotar todos os remédios e tratamentos do mundo em uma nave a caminho de Marte, por exemplo.

Não haverá espaço suficiente para isso.

Não haverá viagem de volta para a Terra de apenas algumas horas caso haja uma emergência.

Nem ao menos a pronta comunicação com o Centro de Controle de Missão (na Terra).

Já que a distância entre os 2 planetas faz com que isso seja impossível.

Os astronautas vão que se virar sozinhos.

Em Julho de 1969, o Presidente Nixon tinha um discurso preparado por William Safire caso os astronautas não conseguissem voltar à Terra após o pouso na Lua.

“O destino decidiu que os homens que foram à Lua para explorar o espaço em paz ficarão na Lua para descansar em paz.

Estes bravos homens, Neil Armstrong e Edwin Aldrin, sabem que não há esperança para seu resgate.

Mas também sabem que há esperança para a humanidade em seu sacrifício.

Em sua exploração, eles fizeram o mundo todo se sentir um só; em seu sacrifício, eles amarraram mais firmemente a irmandade dos seres humanos.

Nos dias antigos, pessoas olharam para as estrelas e enxergaram seus heróis nas constelações.

Nos tempos modernos, nós fazemos o mesmo, mas os nossos heróis são homens épicos de carne e osso.

Seres humanos que olharem para a Lua nas noites que ainda virão saberão que há um canto de outro mundo que será sempre humanidade.

”O texto descoberto pelo historiador James Mann em 1999 entrou para a lista de grandes discursos que, felizmente, nunca precisaram ser feitos.

Conquistamos muito nos mais de 50 anos de exploração espacial, mas ainda não deixamos nossa vizinhança, não estivemos mais do que alguns dias de distância da civilização.

A Estação Espacial é ocupada de forma contínua desde Outubro de 2001.

São quase 20 anos de operação tripulada contínua, o que nos deu muita experiência para darmos os próximos passos.

E um dos mais importantes é determinar e aceitar quais riscos que iremos correr.