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Introdução ao Texto Acadêmico (Introduction to Academic Text, Composição e intertextualização

Composição e intertextualização

[vinheta ♫♫♫]

Bom dia! O objetivo da nossa aula de hoje é fazer um aprofundamento do nosso vídeo anterior,

sobre o artigo científico e a sua estrutura. O tema de hoje será a composição e a intertextualização

do artigo acadêmico, isto é, como um artigo, ele é composto. Como é sua estrutura interna,

as suas redes, a sua organização, que pode se refletir ou não nos parágrafos.

Observações iniciais, né? O texto acadêmico, como qualquer outro, ele apresenta uma composição, uma organização híbrida.

O que eu quero dizer com híbrido, né? Contêm sequências textuais. Esse termo, sequências textuais,

eu vou explicar depois, mais aprofundadamente, né? Essas sequências textuais, elas são de naturezas diferentes,

ou seja, o texto acadêmico, ele é heterogêneo, ele é híbrido, ele contém sequências misturadas

e é por isso, que o texto acadêmico, muitas vezes, é difícil de escrever, por que a gente

precisa perceber a função dessas sequências, como há uma verdadeira composição Patchwork. Você sabe que o que é Patchwork?

É aquele tapete feito de tecido de várias cores, e, às vezes, diferentes materiais.

Um pouco dessa maneira é também o texto acadêmico. Ele é um Patchwork, ele é uma composição de elementos, muitas vezes diferentes,

e essa observação inicial, que vai fazer com que vocês tenham uma leitura com mais segurança

e também uma escrita posterior melhor. Então, o que é a sequência textual? O que é a unidade da composição?

Ela é percebida na superfície textual, ela tem uma dimensão linear e ela vai se manifestar no parágrafo,

ou em mais de um parágrafo. Além da sequência, nós temos também uma outra dimensão oculta,

chamada intertextualidade, que tem a ver com a memória social, tudo aquilo

que o leitor associa, que ele se lembra. É quase como se fossem 2 eixos do plano cartesiano,

o eixo X e o eixo Y. A composição, equivale ao eixo X, é o eixo linear, e a intertextualidade,

equivale ao eixo Y, ao eixo da memória, e os dois eixos constituem o texto.

Para presente apresentação, para o nosso vídeo de hoje, nós vamos discutir um pouquinho mais, especificamente,

a introdução e o referencial teórico do artigo acadêmico, para compreender, então, as sequências textuais.

Entrando, então, na composição textual, existem 4 tipos de sequência textual:

a narração, a descrição, a argumentação, a explicação e o diálogo.

Por que eu disse 4 e depois eu falei 5? Por que o diálogo, ele muitas vezes, ele não aparece no artigo acadêmico.

Ele é um quinto tipo, que os estudos linguísticos foram descobrindo depois, e também, ele não aparece em todos os artigos acadêmicos.

Mas os principais são: a narração, a descrição, a argumentação e a explicação.

E todo texto é composto de algumas dessas sequências, é muito raro a gente ter um texto que só tem uma sequência.

E a sequência, então, que é a sequência? É uma estrutura que pode ser analisada.

Toda a sequência, ela tem uma organização estável, e a gente vai olhar internamente cada sequência.

Como ela se organiza, qual é a sua estabilidade, qual é sua matéria, qual é a sua rede.

A introdução do texto acadêmico apresenta, em maior ou menor grau, esses tipos de sequência textual.

Apresentaremos as sequências, da ordem do mais relevante, do mais evidente para o menos evidente.

Cada etapa do artigo acadêmico, do texto acadêmico, apresenta o tipo predominante, que a análise e e observação de vocês vai trazer à tona.

Então, hoje a gente vai fazer só a apresentação desses elementos da composição textual.

O primeiro elemento da sequência descritiva, né? O seu objetivo é a caracterização da realidade

e a criação de objetos de discurso. É composta de categorias de: pessoa, objeto e circunstâncias de tempo e espaço.

Então, a descrição, ela paralisa um objeto e o caracteriza com essas categorias.

O funcionamento da sequência descritiva é composta de 4 operações principais, a saber:

a tematização, a aspectualização, a expansão e a subtematização.

Ao paralisar um objeto, seja esse objeto qualquer substantivo, que nós vamos descrever, seja um substantivo abstrato,

algo do tipo "fidelização de clientes", seja um substantivo concreto, do tipo "televisão",

nós vamos caracterizar, nós vamos descrever esse objeto, então, com essas 4 operações.

O que vem a ser a tematização? Ela é composta de 3 formas. A primeira é a operação de pré-tematização ou ancoragem,

que consiste numa denominação imediata do objeto, que abre um período descritivo:

a televisão é... a fidelização é... os clientes de consumo rápido são...

A segunda operação, é a operação de pós-tematização ou afetação, em que a gente adia a descrição,

especialmente, nas narrativas de suspense, em que a gente vai descobrir o ladrão só no último capítulo,

é o que a gente chama de operação de pós-tematização ou afetação. A gente vai criando um suspense, uma curiosidade no leitor

e a gente o caracteriza só no final. A terceira operação, é a operação de rematização ou reformulação.

Eu caracterizei um objeto: a televisão é de 40 polegadas, e depois eu vou reformular - "Não! A televisão é de 32 polegadas! -

em que o interlocutor, ele vai corrigir a sua afirmação, ele vai reformular.

Então, essas 3 operações, de afirmação, de uma afirmação adiada ou retardada e de uma afirmação reformulada,

constituem as operações principais da sequência descritiva. Ainda na sequência descritiva,

nós temos a operação de aspectualização, que nós temos 2 operações: a fragmentação ou seleção de partes do objeto-descrição,

algum elemento da televisão, nós vamos descrever: a tela ou o cabo ou a marca e a qualificação que vai evidenciar

propriedades do todo. Então, nós vamos na descrição, selecionar algum elemento

ou o todo. E, por fim, a operação de relação que tem 2 operações: a de contiguidade,

que eu coloco o objeto em relação a outros objetos do mundo, chegando, às vezes, à fusão

se o objeto está perto de outros, se ele está longe, se ele está distante, se ele está muito próximo, se está dentro de outro objeto.

A relação de analogia, que há uma relação de comparação entre objetos, a analogia, ela não é muito utilizada

no artigo acadêmico, porque o texto acadêmico, ele se pressupõe uma descrição mais fiel à realidade.

A analogia é muito mais utilizada na literatura, em outros textos.

E, por fim, a operação de expansão e subtematização, que produz acréscimos de qualquer operação,

em que eu vou colocar 4, 5, 6 adjetivos naquele substantivo.

A sequência narrativa, que é um segundo tipo de sequência da composição, né? Também é bastante importante e está bastante escondido no texto acadêmico.

A gente lê, e a gente não percebe que, muitas vezes, o texto acadêmico, ele tem uma sequência narrativa.

Ele apresenta a história de um conceito..."em 1920, esse conceito era assim"... "em 1940, era assim".

E existem 2 tipos básicos de sequência narrativa. Um, que tem um baixo grau de narratividade,

que é uma numeração de fatos desordenados do tempo, ou sem um tempo muito claro e com alto grau de narratividade, que gira em torno de um processo,

e a sequência narrativa, ela apresenta 5 fases, que são fases baseadas, especialmente, em textos literários

em que nós temos a figura do herói, que vai passar por uma série de fases, para conquistar um determinado objetivo.

A primeira, é uma situação inicial ou orientação, a segunda é um nó desencadeador, que aparece com o conflito ou problema,

o terceiro é uma reação ou avaliação, como nós vamos reagir, como nós vamos lidar

com aquele processo, o quarto é o desenlace ou resolução e o quinto é a situação final,

que, então, como é que aquele problema foi desenvolvido.

É claro que no artigo acadêmico, nós não temos um herói em busca da princesa, resolvendo e matando dragões e crocodilos.

No texto acadêmico, essas figuras do herói, elas são escondidas, é tudo colocado na terceira pessoa.

Nós já falamos sobre isso, mas aquele processo, aquela situação inicial, aquele conflito,

ele está por baixo, ali do texto, com os agentes escondidos.

A sequência explicativa, que é o terceiro tipo de composição, ela apresenta, então, 3 fases.

Apresenta um objeto complexo, esquematiza um problema e explica o problema e dá resolução.

Então, a sequência explicativa, o objetivo dela é bem simples, né? Ela, mais simples que a narração, por exemplo.

O objetivo dela é trazer alguma explicação. A sequência argumentativa, é um pouco mais complexa

e ela também aparece bastante na introdução. O objetivo dessa sequência é demonstrar uma tese e refutar argumentos de uma tese adversa.

Ela apresenta, em geral, os seguintes elementos: uma tese anterior, que é uma afirmação;

dados ou fatos; a sustentação de uma nova tese; a restrição ou limitação dessa nova tese,

em que o autor vai dizer que essa segunda tese, ela vai ter uma aplicação particular e uma conclusão.

Basicamente, a sequência argumentativa trabalha com conceitos e com substantivos abstratos.

Por fim, a sequência dialogal, o que eu falei para vocês que não é tão presente assim, no artigo acadêmico.

No entanto, vai aparecer em alguns artigos mais polêmicos, talvez das ciências políticas e outros textos.

A sequência dialogal apresenta 2 tipos de sequências: sequências fáticas, que seria uma abertura,

um fechamento, que são enunciados vazios. São aquelas frases óbvias, que a gente diz: Oi! Tudo bom?

Tudo bom! Está chovendo? Não tá chovendo! São aqueles enunciados que são zero de conteúdo,

uma ação para abrir o diálogo com a outra pessoa, né? Lembrando que a sequência dialogal,

ela pressupõe, de forma mais clara, um eu e um tu. Um interlocutor e um outro interlocutor.

Mas como isso aparece no texto acadêmico? Aparece no referencial teórico, quando os autores, eles estão colocando 2 autores em conflito.

Dois autores para discutir sobre o mesmo tema. Então, é como se ele estivesse colocando em diálogo,

esses dois autores. Além, depois da sequência fática, nós temos a sequência transacional.

É claro que, no texto acadêmico, nós não vamos utilizar essa estrutura de diálogal,

mas isso vai ficar implícito que nós temos uma pergunta e uma resposta que os autores fazem, um ao outro.

Aqui, então, eu vou indicar um exercício para vocês, para próxima aula, para que vocês apliquem esses conceitos

e a gente consiga depois discutir com mais, com mais detalhes, colocando a mão na massa.

Como é que é esse Patchwork, como é que é essa composição. Então, primeiro: selecione 2 artigos do seu interesse.

2 artigos científicos do seu interesse. Dois: Separe a seção de revisão da literatura/introdução de cada artigo.

Em seguida, separe as sequências presentes em cada revisão da literatura. Sequência dialogal,

sequência narrativa, sequência argumentativa. Enfim, todas as sequências.

Por fim, analise a constituição interna de cada sequência. O que está acontecendo? Quais são as operações dentro de cada sequência?

Por fim, responda: quais as sequências predominantes no artigo 1?

Quais as sequências predominantes no artigo 2? Pode ser que esteja diferente. Já vou adiantar para vocês,

que, por exemplo, um texto pode ter a sequência argumentativa como predominante

e o outro terá sequência descritiva como predominante. E depois, eu queria a opinião de vocês:

qual dos 2 artigos apresenta uma organização geral de sequências, mais apropriado para um artigo acadêmico?

Enfim, qual a composição dos 2 artigos que vocês gostaram mais? Qual é esse desenho,

essa organização, que pra vocês teve uma leitura melhor, né? Qual o que vocês acharam mais apropriado

para o artigo acadêmico. Então, agora, nós vamos para a segunda parte do vídeo, que é a intertextualidade,

que seria o eixo Y, que seria o eixo da memória. A intertextualidade ocorre quando, em um texto, está inserido um outro texto,

anteriormente produzido e que faz parte, então, dessa memória social, de uma coletividade

ou da memória discursiva dos interlocutores. Então, a intertextualidade tem a ver com as nossas lembranças,

a gente lê um texto e lembra de outro. Isso não está só no texto, está em uma música,

que vocês escutam, vocês lembram... Nossa! Essa música!....Oasis! O Oasis, a gente lembra do Beatles.

A gente tem algumas coisas ali. Então, a intertextualidade é essa memória, nas músicas que a gente vê a influência de outros cantores,

de outras épocas anteriores, a mesma coisa o texto acadêmico.

Tipos de intertextualidade. Existem 3 tipos que são particularmente importantes para o artigo científico.

A primeira é a intertextualidade temática, a explícita e a implícita.

Então, eu vou falar um pouquinho de cada um. É encontrado entre textos pertencentes à mesma área,

artigos científicos que compartilham os mesmos tópicos, conceitos e questões de pesquisa.

É quando a gente lê um texto e vê que ele está cheio de referências, de outros textos, do mesmo tempo.

A explícita, que é a mais importante pra vocês, né? Ela é marcada no texto, é quando o texto, ele faz referência textos anteriores.

É quando um fragmento é citado, nós temos a ideia da citação, né? E a gente....eu estou falando, estou escrevendo alguma coisa,

e eu menciono um autor anterior. É o caso das citações, referências e menções.

Aqui, nesse meu slide, vocês veem uma referência. Eu estou referindo quem? Koch, Bentes e Cavalcante, página 28.

Ou seja, o que eu estou dizendo é baseado na minha leitura, deste livro. Eu estou fazendo uma citação.

E o artigo acadêmico, em especial a revisão da literatura, ele é pleno, ele tem muitas citações.

É o que nós chamamos de intertextualidade explícita, porque ela vai ser marcada, então, no texto.

Por fim, nós temos a intertextualidade implícita, quando a gente introduz um texto alheio, só que o autor, ele não menciona.

Por algum motivo, ele quer esconder, provavelmente por que ele quer brilhar mais que o outro autor.

Ele esconde a fonte, muitas vezes por que ele não quer expor a figura do autor anterior,

ele não quer... ele quer contradizer aquela ideia...

...sem dar os nomes aos bois, ou ridicularizar ou argumentar em sentido contrário.

É que nem quando a gente dá uma indireta, para uma pessoa. A gente quer que a pessoa vista a carapuça, só que a gente está colocando aquilo de uma maneira mais implícita.

Então, a intertextualidade implícita depende de uma leitura muito profunda de vocês, depende de

vocês perceberem uma série de questões, no texto...ter um conhecimento grande daquele conjunto de textos,

e então, aí, tenta olhar isso implícito, é o que eu chamo de vestir a carapuça, é eu dar uma cutucada no outro,

sem mencionar o outro. Isso fica meio que no ar.

Acontece também, nos textos acadêmicos, que a gente precisa.... como aquilo não está marcado, a gente tem que ter uma leitura muito profunda,

da intertextualidade implícita. Agora, então, ficou o exercício final, para encerrar o nosso vídeo, encerrar

nossa aula de hoje, enfim...vocês começarem a trabalhar. É: indicar as formas de intertextualidade

explícita, presentes na revisão da literatura, daqueles 2 artigos que você já escolheu.

Não precisa ser outro artigo, pode ser aqueles dois. Em seguida, responda: há um excesso de citações em algum desses artigos?

Vocês acham que esse artigo tem muita intertextualidade explícita?

É uma pergunta, né? Olha, fica um Frankenstein? Fica cheio de citações? Fica muito marcado?

Quando o texto tem muita citação, às vezes, ele pode parecer, meio que o autor tem meio que...medo. Medroso!

Ele tem que citar todo mundo, agarrar-se em todo mundo, não tem coragem de dizer, o que ele quer dizer.

Primeira pergunta. Segunda pergunta: você percebe alguma nuance de intertextualidade implícita?

Qual o sentido de tal intertextualidade? Seguir a mesma orientação do outro?

Contradizer tal orientação ou ridicularizar essa orientação?

Então, essa seria a segunda pergunta, a primeira sobre a intertextualidade explícita e a segunda, implícita.

Muito obrigado por hoje, aqui nós temos as referências. Bom trabalho!

[vinheta ♫♫♫]


Composição e intertextualização Composition and intertextualization Composición e intertextualización Kompozycja i intertekstualność

[vinheta ♫♫♫]

Bom dia! O objetivo da nossa aula de hoje é fazer um aprofundamento do nosso vídeo anterior,

sobre o artigo científico e a sua estrutura. O tema de hoje será a composição e a intertextualização

do artigo acadêmico, isto é, como um artigo, ele é composto. Como é sua estrutura interna,

as suas redes, a sua organização, que pode se refletir ou não nos parágrafos.

Observações iniciais, né? O texto acadêmico, como qualquer outro, ele apresenta uma composição, uma organização híbrida.

O que eu quero dizer com híbrido, né? Contêm sequências textuais. Esse termo, sequências textuais,

eu vou explicar depois, mais aprofundadamente, né? Essas sequências textuais, elas são de naturezas diferentes,

ou seja, o texto acadêmico, ele é heterogêneo, ele é híbrido, ele contém sequências misturadas

e é por isso, que o texto acadêmico,  muitas vezes, é difícil de escrever, por que a gente

precisa perceber a função dessas sequências, como há uma verdadeira composição Patchwork. Você sabe que o que é Patchwork?

É aquele tapete feito de tecido de várias cores, e, às vezes, diferentes materiais.

Um pouco dessa maneira é também o texto acadêmico. Ele é um Patchwork, ele é uma composição de elementos, muitas vezes diferentes,

e essa observação inicial, que  vai fazer com que vocês tenham uma leitura com mais segurança

e também uma escrita posterior melhor. Então, o que é a sequência textual? O que é a unidade da composição?

Ela é percebida na superfície textual, ela tem uma dimensão linear e ela vai se manifestar no parágrafo,

ou em mais de um parágrafo. Além da sequência, nós temos também uma outra dimensão oculta,

chamada intertextualidade, que tem a ver com a memória social, tudo aquilo

que o leitor associa, que ele se lembra. É quase como se fossem 2 eixos do plano cartesiano,

o eixo X e o eixo Y. A composição, equivale ao eixo X, é o eixo linear, e a intertextualidade,

equivale ao eixo Y, ao eixo da memória, e os dois eixos constituem o texto.

Para presente apresentação, para o nosso vídeo de hoje, nós vamos  discutir um pouquinho mais, especificamente,

a introdução e o referencial teórico do artigo acadêmico, para compreender, então, as sequências textuais.

Entrando, então, na composição textual, existem 4 tipos de sequência textual:

a narração, a descrição, a argumentação, a explicação e  o diálogo.

Por que eu disse 4 e depois eu falei 5? Por que o diálogo, ele muitas vezes, ele não aparece no artigo acadêmico.

Ele é um quinto tipo, que os estudos linguísticos foram descobrindo  depois, e também, ele não aparece em todos os artigos acadêmicos.

Mas os principais são: a narração,  a descrição, a argumentação e a explicação.

E todo texto é composto de algumas dessas sequências, é muito raro a gente ter um texto que só tem uma sequência.

E a sequência, então, que é a sequência? É uma estrutura que pode ser analisada.

Toda a sequência, ela tem uma organização estável, e a gente vai olhar internamente cada sequência.

Como ela se organiza, qual é a sua estabilidade, qual é sua matéria, qual  é a sua rede.

A introdução do texto acadêmico apresenta, em maior ou menor grau, esses tipos de sequência textual.

Apresentaremos as sequências, da ordem do mais relevante, do mais evidente para o menos evidente.

Cada etapa do artigo acadêmico, do texto acadêmico, apresenta o tipo predominante, que a análise e e observação de vocês vai trazer à tona.

Então, hoje a gente vai fazer só a apresentação desses elementos da composição textual.

O primeiro elemento da sequência descritiva, né? O seu objetivo é a caracterização da realidade

e a criação de objetos de discurso. É composta de categorias de: pessoa, objeto e circunstâncias de tempo e espaço.

Então, a descrição, ela paralisa um objeto e o caracteriza com essas categorias.

O funcionamento da sequência descritiva é composta de 4 operações principais, a saber:

a tematização, a aspectualização, a expansão e a subtematização.

Ao paralisar um objeto, seja esse objeto qualquer substantivo, que nós  vamos descrever, seja um substantivo abstrato,

algo do tipo "fidelização de clientes", seja um substantivo concreto, do tipo "televisão",

nós vamos caracterizar, nós vamos descrever esse objeto, então, com essas 4 operações.

O que vem a ser a tematização? Ela é composta de 3 formas. A primeira é a operação de pré-tematização ou ancoragem,

que consiste numa denominação imediata do objeto, que abre um período descritivo:

a televisão é... a fidelização é... os clientes de consumo rápido são...

A segunda operação, é a operação de pós-tematização ou afetação, em que a gente adia a descrição,

especialmente, nas narrativas de suspense, em que a gente vai descobrir o ladrão só no último  capítulo,

é o que a gente chama de operação de pós-tematização ou afetação. A gente vai criando um suspense, uma curiosidade no leitor

e a gente o caracteriza só no final. A terceira operação, é a operação de rematização ou reformulação.

Eu caracterizei um objeto: a televisão é de 40 polegadas, e depois eu vou reformular - "Não! A televisão é de 32 polegadas! -

em que o interlocutor, ele vai corrigir  a sua afirmação, ele vai reformular.

Então, essas 3 operações, de afirmação, de uma afirmação  adiada ou retardada e de uma afirmação reformulada,

constituem as operações principais da sequência descritiva. Ainda na sequência descritiva,

nós temos a operação de aspectualização, que nós temos 2 operações: a fragmentação ou seleção de partes do objeto-descrição,

algum elemento da televisão, nós  vamos descrever: a tela ou o cabo ou a marca e a qualificação que vai evidenciar

propriedades do todo. Então, nós vamos na descrição, selecionar algum elemento

ou o todo. E, por fim, a operação de  relação que tem 2 operações: a de contiguidade,

que eu coloco o objeto em relação a outros objetos do mundo, chegando, às vezes, à fusão

se o objeto está perto de outros, se ele está longe, se ele está distante, se ele está muito próximo, se está dentro de outro objeto.

A relação de analogia, que há uma  relação de comparação entre objetos, a analogia, ela não é muito utilizada

no artigo acadêmico, porque o texto acadêmico, ele se pressupõe uma descrição mais fiel à realidade.

A analogia é muito mais utilizada na literatura, em outros textos.

E, por fim, a operação de expansão e subtematização, que produz acréscimos de qualquer operação,

em que eu vou colocar 4, 5, 6 adjetivos naquele substantivo.

A sequência narrativa, que é um segundo tipo de sequência da composição, né? Também é bastante importante e está bastante escondido no texto acadêmico.

A gente lê, e a gente não percebe que, muitas vezes, o texto acadêmico, ele tem uma sequência narrativa.

Ele apresenta a história de um conceito..."em 1920, esse conceito era assim"... "em 1940, era assim".

E existem 2 tipos básicos de sequência narrativa. Um, que tem um baixo grau de narratividade,

que é uma numeração de fatos desordenados do tempo, ou sem um tempo muito claro e com alto grau de narratividade, que gira em torno de um processo,

e a sequência narrativa, ela apresenta 5 fases, que são fases baseadas, especialmente, em textos literários

em que nós temos a figura do herói,  que vai passar por uma série de fases, para conquistar um determinado objetivo.

A primeira, é uma situação  inicial ou orientação, a segunda é um nó desencadeador, que aparece com o conflito ou problema,

o terceiro é uma reação ou avaliação, como nós vamos reagir, como nós vamos lidar

com aquele processo, o quarto é o desenlace ou resolução e o quinto é a situação final,

que, então, como é que aquele problema foi desenvolvido.

É claro que no artigo acadêmico, nós não temos um herói em busca da princesa, resolvendo e matando dragões e crocodilos.

No texto acadêmico, essas figuras  do herói, elas são escondidas, é tudo colocado na terceira pessoa.

Nós já falamos sobre isso, mas  aquele processo, aquela situação inicial, aquele conflito,

ele está por baixo, ali do texto, com os agentes escondidos.

A sequência explicativa, que é o terceiro tipo de composição, ela apresenta, então, 3 fases.

Apresenta um objeto complexo, esquematiza um problema e explica o problema e dá resolução.

Então, a sequência explicativa, o objetivo dela é bem simples, né? Ela, mais simples que a narração, por exemplo.

O objetivo dela é trazer alguma explicação. A sequência argumentativa, é um pouco mais complexa

e ela também aparece bastante na introdução. O objetivo dessa sequência é demonstrar uma tese e refutar argumentos de uma tese adversa.

Ela apresenta, em geral, os seguintes  elementos: uma tese anterior, que é uma afirmação;

dados ou fatos; a sustentação de uma nova tese; a restrição ou limitação dessa nova tese,

em que o autor vai dizer que essa segunda tese, ela vai ter uma aplicação particular e uma conclusão.

Basicamente, a sequência argumentativa trabalha com  conceitos e com substantivos abstratos.

Por fim, a sequência dialogal, o que eu falei para vocês que não é tão presente assim, no artigo acadêmico.

No entanto, vai aparecer em alguns artigos mais polêmicos, talvez das ciências políticas e outros textos.

A sequência dialogal apresenta 2 tipos de sequências: sequências fáticas, que seria uma abertura,

um fechamento, que são enunciados vazios. São aquelas frases óbvias, que a gente diz: Oi! Tudo bom?

Tudo bom! Está chovendo? Não tá chovendo! São aqueles enunciados que são zero de conteúdo,

uma ação para abrir o diálogo com a outra pessoa, né? Lembrando que a sequência dialogal,

ela pressupõe, de forma mais clara, um eu e um tu. Um interlocutor e um  outro interlocutor.

Mas como isso aparece no texto acadêmico? Aparece no referencial teórico, quando os autores, eles estão colocando 2 autores em conflito.

Dois autores para discutir sobre o mesmo tema. Então, é como se ele estivesse colocando em diálogo,

esses dois autores. Além, depois da sequência fática, nós temos a sequência transacional.

É claro que, no texto acadêmico, nós  não vamos utilizar essa estrutura de diálogal,

mas isso vai ficar implícito que nós temos uma pergunta e uma resposta que os autores fazem, um ao outro.

Aqui, então, eu vou indicar um exercício para vocês, para próxima  aula, para que vocês apliquem esses conceitos

e a gente consiga depois discutir com mais, com mais detalhes, colocando a mão na massa.

Como é que é esse Patchwork, como é que é essa composição. Então,  primeiro: selecione 2 artigos do seu interesse.

2 artigos científicos do seu interesse. Dois: Separe a seção de revisão da literatura/introdução de cada artigo.

Em seguida, separe as sequências presentes em cada revisão da literatura. Sequência dialogal,

sequência narrativa, sequência argumentativa. Enfim, todas as sequências.

Por fim, analise a constituição interna de cada sequência. O que está acontecendo? Quais são as operações dentro de cada sequência?

Por fim, responda: quais as  sequências predominantes no artigo 1?

Quais as sequências predominantes no artigo 2? Pode ser que esteja diferente. Já vou adiantar para vocês,

que, por exemplo, um texto pode ter a sequência argumentativa como predominante

e o outro terá sequência descritiva como predominante. E depois, eu queria a opinião de vocês:

qual dos 2 artigos apresenta uma organização geral de sequências, mais apropriado para um artigo acadêmico?

Enfim, qual a composição dos 2 artigos que vocês gostaram mais? Qual é esse desenho,

essa organização, que pra vocês teve uma leitura melhor, né? Qual o que vocês acharam mais apropriado

para o artigo acadêmico. Então, agora, nós vamos para a segunda parte do vídeo, que é a intertextualidade,

que seria o eixo Y, que seria o eixo da memória. A intertextualidade ocorre quando, em um texto, está inserido um outro texto,

anteriormente produzido e que faz parte, então, dessa memória social, de uma coletividade

ou da memória discursiva dos  interlocutores. Então, a intertextualidade tem a ver com as nossas lembranças,

a gente lê um texto e lembra de outro. Isso não está só no texto, está em uma música,

que vocês escutam, vocês lembram... Nossa! Essa música!....Oasis! O Oasis, a gente lembra do Beatles.

A gente tem algumas coisas ali. Então, a intertextualidade é essa memória, nas músicas que a gente vê a influência de outros cantores,

de outras épocas anteriores, a mesma coisa o texto acadêmico.

Tipos de intertextualidade. Existem 3 tipos que são particularmente importantes para o artigo científico.

A primeira é a intertextualidade temática, a explícita e a implícita.

Então, eu vou falar um pouquinho de cada um. É encontrado entre textos pertencentes à mesma área,

artigos científicos que compartilham os mesmos tópicos, conceitos e questões de pesquisa.

É quando a gente lê um texto e vê que ele está cheio de referências, de outros textos, do mesmo tempo.

A explícita, que é a mais importante pra vocês, né? Ela é marcada no texto, é quando o texto, ele faz  referência textos anteriores.

É quando um fragmento é citado, nós temos a ideia da citação, né? E a gente....eu estou falando, estou escrevendo alguma coisa,

e eu menciono um autor anterior. É o caso das citações, referências e menções.

Aqui, nesse meu slide, vocês veem uma referência. Eu estou referindo quem? Koch, Bentes e Cavalcante, página 28.

Ou seja, o que eu estou dizendo é baseado na minha leitura, deste livro. Eu estou fazendo uma citação.

E o artigo acadêmico, em especial a revisão da literatura, ele é pleno,  ele tem muitas citações.

É o que nós chamamos de intertextualidade explícita, porque ela vai ser marcada, então, no texto.

Por fim, nós temos a intertextualidade implícita, quando a gente introduz um texto alheio, só que o autor, ele não menciona.

Por algum motivo, ele quer esconder,  provavelmente por que ele quer brilhar mais que o outro autor.

Ele esconde a fonte, muitas vezes por que ele não quer expor a figura do autor anterior,

ele não quer... ele quer contradizer aquela ideia...

...sem dar os nomes aos bois, ou ridicularizar ou argumentar em sentido contrário.

É que nem quando a gente dá  uma indireta, para uma pessoa. A gente quer que a pessoa vista a carapuça, só que a gente está  colocando aquilo de uma maneira mais implícita.

Então, a intertextualidade implícita depende de uma leitura muito profunda de vocês, depende de

vocês perceberem uma série de questões, no texto...ter um conhecimento grande daquele conjunto de textos,

e então, aí, tenta olhar isso implícito, é o que eu chamo de vestir a carapuça, é eu dar uma cutucada no outro,

sem mencionar o outro. Isso fica meio que no ar.

Acontece também, nos textos acadêmicos, que a gente precisa.... como aquilo não está marcado, a gente tem que ter uma leitura muito profunda,

da intertextualidade implícita. Agora, então, ficou o exercício final, para encerrar o nosso vídeo, encerrar

nossa aula de hoje, enfim...vocês começarem a trabalhar. É: indicar as formas de intertextualidade

explícita, presentes na revisão da literatura, daqueles 2 artigos que você já escolheu.

Não precisa ser outro artigo, pode ser aqueles dois. Em seguida, responda: há um excesso de citações em algum desses artigos?

Vocês acham que esse artigo tem muita intertextualidade explícita?

É uma pergunta, né? Olha, fica um Frankenstein? Fica cheio de citações? Fica muito marcado?

Quando o texto tem muita citação, às vezes, ele pode parecer, meio que o  autor tem meio que...medo. Medroso!

Ele tem que citar todo mundo, agarrar-se em todo mundo, não tem coragem de dizer, o que ele quer dizer.

Primeira pergunta. Segunda pergunta: você percebe alguma nuance de intertextualidade implícita?

Qual o sentido de tal intertextualidade? Seguir a mesma orientação do outro?

Contradizer tal orientação ou ridicularizar essa orientação?

Então, essa seria a segunda  pergunta, a primeira sobre a intertextualidade explícita e a segunda, implícita.

Muito obrigado por hoje, aqui nós temos as referências. Bom trabalho!

[vinheta ♫♫♫]