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Porta Dos Fundos 2020, CHUVAS NO RIO

É isso mesmo, Mariana. É isso mesmo.

Eu estou aqui no Jardim Botânico.

Vou entrar ao vivo agora pra conversar com o prefeito.

Boa tarde, prefeito!

Boa tarde, Luiza.

Boa tarde aos nossos amigos de casa.

Prefeito, nós gostaríamos de saber a dimensão

dos danos causados pela chuva na cidade.

Que chuva?

Chuva?

A chuva que destruiu metade do Rio de Janeiro, senhor.

Ah! No Rio.

É porque você não falou a cidade.

Falou "cidade". Como é que eu vou saber?

Tem tantas cidades...

Aqui em Miami mesmo está maior solzão.

Está um sol pra cada um aqui, Luiza.

Eu tive que passar duas demãos de protetor solar.

Está complicado. Está queimando na sombra.

Desculpa. O senhor está em Miami?

Estava. Agora eu estou no aeroporto.

Qual aeroporto? Porque...

Se o senhor estiver no Galeão,

até anteontem, não tinha energia elétrica

e o Santos Dumont foi inundado pela Baía de Guanabara.

Não, não. Aeroporto de Orlando.

É que eu estou indo pra Disney agora.

Pra Disney? O senhor está de férias?

Quem me dera, Luiza. Não.

Meu primeiro nome é "Muito" e meu segundo nome é "Trabalho".

Eu estou aqui pra uma reunião

-com lideranças religiosas locais. -Líderes religiosos?

O senhor está, então, com o pessoal da Universal. É isso?

Não, não. Universal é amanhã.

Hoje está mais Hollywood Studios mesmo.

O pessoal do Jedi está mais livre que a galera lá do Harry Potter.

Está muito difícil conseguir um FastPass.

É muita fila, Luiza.

Prefeito, desde quando isso é religião?

O povo do Harry Potter?

Pra mim, andou fantasiado, acredita em um cara barbudo

e tem dinheiro envolvido, é religião.

Como líderes religiosos podem ajudar a combater

os danos causados pela tempestade na cidade do Rio de Janeiro?

Você já viu aquele teatrinho que eles fazem aqui do "Frozen"?

Teatrinho do "Frozen"?

Já viu?

-Não. -Pois é.

Está vendo? Vocês da imprensa gostam de reclamar.

Depois vocês não sabem do que estão falando.

Eles têm uma máquina lá, Luiza, que faz neve.

É uma maravilha.

Imagina a gente levando isso pro Rio de Janeiro,

Imagina o Alto da Boa Vista, aquela rampa de esqui.

O morro da Mangueira branquinho, parecendo os Alpes Suíços.

A molecada brincando ali, escondendo...

os bagulhos dele da neve. Imagina...

A Ilha do Governador coberta de bolhinha de sabão.

Bolinha de sabão?

É porque não é neve, neve, né, Luiza?

É teatrinho.

Mas também eles não vão saber a diferença.

Porque esse povo nunca saiu do Rio, né?

Fora que, com o dólar a cinco reais,

a criadagem não vai pra Disney mesmo.

E no Rio a gente não vai ter custo pra esse meu projeto

porque a água já está vindo com detergente.

Então já vai poder funcionar a máquina de neve fake lá de graça.

Mas no caso, seu prefeito,

as enchentes no Rio de Janeiro são reais.

Aí já é mais a gente orientar mesmo a população

conforme a gente sempre faz, mas eles não ouvem.

A gente fala: "Não joga papel na rua porque entope o bueiro."

Mas o povo gosta. Gosta de morar em uma área de risco.

Esse povo tão...

Aventureiro do meu Rio de Janeiro.

Com licença, seu prefeito, nós temos aqui...

-dados. -Sim.

Eu recebi.

Que, até agora, são: 340 árvores caídas,

120 mortos, 300 pessoas desaparecidas,

dois viadutos caíram.

Perdemos o braço esquerdo do Cristo Redentor.

O senhor acha realmente

que isso foi causado por papelzinho em bueiro?

E porque as pessoas não querem sair das regiões de risco?

Não, não, Luiza.

Tem também o papel que o povo joga dentro do vaso sanitário.

Que também atrapalha muito. Mas vem cá,

isso tudo que você falou aconteceu em um dia só de chuva?

São 20 dias já de chuva no estado do Rio de Janeiro.

Aquela ciclovia já caiu pela quinta vez.

Não sei pra que ela existe.

A Praça da Bandeira...

está inundada por tainhas.

E o Museu do Amanhã virou um bidê gigante.

Gente, 20 dias?

Nossa, o tempo aqui em Orlando é muito mais firme.

A gente não é pego de surpresa assim,

com esse cataclisma todo, não.

Mas também como é que a gente vai adivinhar, né?

O tempo é uma loucura.

Eu até tinha aquele galinho que marcava o tempo,

ficava em cima da geladeira, lembra?

Mudava de cor conforme o tempo mudava e tal.

-Seu prefeito... -Não está funcionando mais.

Todo ano acontece isso!

Todo ano?

É. Todo ano. Todo ano acontece isso.

Todo ano acontece.

Bom, Luiza, nós da Prefeitura temos um projeto...

-Luiza... -Seu prefeito,

o senhor está fingindo cair a conexão

pra não falar com a gente? Nós queremos uma providência.

Nós queremos que as autoridades

-entrem em contato. -Luiza, não estou conseguindo...

-Nós vamos cuidar de você. -E nos dê alguma posição, prefeito.

Tomar nesse cu.

-Chata pra caralho. -Oi?

Ele me xingou?

É brasileiro, pô!

Ah, também.

Sou prefeito do Rio, irmão.

-Sou prefeito de Vilhena. -Vilhena?

-Isso é Brasil? -É mais ou menos, né?

Rondônia!

Está gravando, essa boceta. Espera aí.

Vai do estúdio aí, Mariana. Porque eu não...

Prefeito...

o estado aqui é de tristeza e luto em Bangu.

Nós gostaríamos de saber alguma posição sobre o ataque.

Sim, Luiza. Nós estamos indignados.

Eu queria dizer pra todo mundo que está nos assistindo

que nós vamos resolver esse problema desse ataque aí.

E...

Bom, qual providência o senhor está tomando?

Então...

Eu vou me reunir com os responsáveis

e vou, pessoalmente, dar um jeito de trazer um matador

pra resolver isso aí. Isso não pode ficar assim.

É... Desculpa,

o senhor vai contratar um assassino pra resolver a chacina?

Chacina? Que chacina?

Não. Eu estou falando do ataque lá do Botafogo pô.

Eles perderam em Moça Bonita ontem...

-Foda. -Olha, falo com qualquer um aí

do BBB, mas não me pede pra falar mais com o prefeito, não.


É isso mesmo, Mariana. É isso mesmo.

Eu estou aqui no Jardim Botânico.

Vou entrar ao vivo agora pra conversar com o prefeito.

Boa tarde, prefeito!

Boa tarde, Luiza.

Boa tarde aos nossos amigos de casa.

Prefeito, nós gostaríamos de saber a dimensão

dos danos causados pela chuva na cidade.

Que chuva?

Chuva?

A chuva que destruiu metade do Rio de Janeiro, senhor.

Ah! No Rio.

É porque você não falou a cidade.

Falou "cidade". Como é que eu vou saber?

Tem tantas cidades...

Aqui em Miami mesmo está maior solzão.

Está um sol pra cada um aqui, Luiza.

Eu tive que passar duas demãos de protetor solar.

Está complicado. Está queimando na sombra.

Desculpa. O senhor está em Miami?

Estava. Agora eu estou no aeroporto.

Qual aeroporto? Porque...

Se o senhor estiver no Galeão,

até anteontem, não tinha energia elétrica

e o Santos Dumont foi inundado pela Baía de Guanabara.

Não, não. Aeroporto de Orlando.

É que eu estou indo pra Disney agora.

Pra Disney? O senhor está de férias?

Quem me dera, Luiza. Não.

Meu primeiro nome é "Muito" e meu segundo nome é "Trabalho".

Eu estou aqui pra uma reunião

-com lideranças religiosas locais. -Líderes religiosos?

O senhor está, então, com o pessoal da Universal. É isso?

Não, não. Universal é amanhã.

Hoje está mais Hollywood Studios mesmo.

O pessoal do Jedi está mais livre que a galera lá do Harry Potter.

Está muito difícil conseguir um FastPass.

É muita fila, Luiza.

Prefeito, desde quando isso é religião?

O povo do Harry Potter?

Pra mim, andou fantasiado, acredita em um cara barbudo

e tem dinheiro envolvido, é religião.

Como líderes religiosos podem ajudar a combater

os danos causados pela tempestade na cidade do Rio de Janeiro?

Você já viu aquele teatrinho que eles fazem aqui do "Frozen"?

Teatrinho do "Frozen"?

Já viu?

-Não. -Pois é.

Está vendo? Vocês da imprensa gostam de reclamar.

Depois vocês não sabem do que estão falando.

Eles têm uma máquina lá, Luiza, que faz neve.

É uma maravilha.

Imagina a gente levando isso pro Rio de Janeiro,

Imagina o Alto da Boa Vista, aquela rampa de esqui.

O morro da Mangueira branquinho, parecendo os Alpes Suíços.

A molecada brincando ali, escondendo...

os bagulhos dele da neve. Imagina...

A Ilha do Governador coberta de bolhinha de sabão.

Bolinha de sabão?

É porque não é neve, neve, né, Luiza?

É teatrinho.

Mas também eles não vão saber a diferença.

Porque esse povo nunca saiu do Rio, né?

Fora que, com o dólar a cinco reais,

a criadagem não vai pra Disney mesmo.

E no Rio a gente não vai ter custo pra esse meu projeto

porque a água já está vindo com detergente.

Então já vai poder funcionar a máquina de neve fake lá de graça.

Mas no caso, seu prefeito,

as enchentes no Rio de Janeiro são reais.

Aí já é mais a gente orientar mesmo a população

conforme a gente sempre faz, mas eles não ouvem.

A gente fala: "Não joga papel na rua porque entope o bueiro."

Mas o povo gosta. Gosta de morar em uma área de risco.

Esse povo tão...

Aventureiro do meu Rio de Janeiro.

Com licença, seu prefeito, nós temos aqui...

-dados. -Sim.

Eu recebi.

Que, até agora, são: 340 árvores caídas,

120 mortos, 300 pessoas desaparecidas,

dois viadutos caíram.

Perdemos o braço esquerdo do Cristo Redentor.

O senhor acha realmente

que isso foi causado por papelzinho em bueiro?

E porque as pessoas não querem sair das regiões de risco?

Não, não, Luiza.

Tem também o papel que o povo joga dentro do vaso sanitário.

Que também atrapalha muito. Mas vem cá,

isso tudo que você falou aconteceu em um dia só de chuva?

São 20 dias já de chuva no estado do Rio de Janeiro.

Aquela ciclovia já caiu pela quinta vez.

Não sei pra que ela existe.

A Praça da Bandeira...

está inundada por tainhas.

E o Museu do Amanhã virou um bidê gigante.

Gente, 20 dias?

Nossa, o tempo aqui em Orlando é muito mais firme.

A gente não é pego de surpresa assim,

com esse cataclisma todo, não.

Mas também como é que a gente vai adivinhar, né?

O tempo é uma loucura.

Eu até tinha aquele galinho que marcava o tempo,

ficava em cima da geladeira, lembra?

Mudava de cor conforme o tempo mudava e tal.

-Seu prefeito... -Não está funcionando mais.

Todo ano acontece isso!

Todo ano?

É. Todo ano. Todo ano acontece isso.

Todo ano acontece.

Bom, Luiza, nós da Prefeitura temos um projeto...

-Luiza... -Seu prefeito,

o senhor está fingindo cair a conexão

pra não falar com a gente? Nós queremos uma providência.

Nós queremos que as autoridades

-entrem em contato. -Luiza, não estou conseguindo...

-Nós vamos cuidar de você. -E nos dê alguma posição, prefeito.

Tomar nesse cu.

-Chata pra caralho. -Oi?

Ele me xingou?

É brasileiro, pô!

Ah, também.

Sou prefeito do Rio, irmão.

-Sou prefeito de Vilhena. -Vilhena?

-Isso é Brasil? -É mais ou menos, né?

Rondônia!

Está gravando, essa boceta. Espera aí.

Vai do estúdio aí, Mariana. Porque eu não...

Prefeito...

o estado aqui é de tristeza e luto em Bangu.

Nós gostaríamos de saber alguma posição sobre o ataque.

Sim, Luiza. Nós estamos indignados.

Eu queria dizer pra todo mundo que está nos assistindo

que nós vamos resolver esse problema desse ataque aí.

E...

Bom, qual providência o senhor está tomando?

Então...

Eu vou me reunir com os responsáveis

e vou, pessoalmente, dar um jeito de trazer um matador

pra resolver isso aí. Isso não pode ficar assim.

É... Desculpa,

o senhor vai contratar um assassino pra resolver a chacina?

Chacina? Que chacina?

Não. Eu estou falando do ataque lá do Botafogo pô.

Eles perderam em Moça Bonita ontem...

-Foda. -Olha, falo com qualquer um aí

do BBB, mas não me pede pra falar mais com o prefeito, não.