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PODCAST Português (*Generated Transcript*), Câncer: a terapia revolucionária que cura

Câncer: a terapia revolucionária que cura

N possibilidades de produtos para N possibilidades na vida. Descubra no Banc.

Primeira imagem, mostra lá o corpo todo tomado, um corpo, né? A imagem, a fotografia do organismo

da pessoa, toda tomada por manchas pretas que vão da perna até a altura do pescoço. Basicamente

E eu fiquei impressionado porque aquilo dali é uma quantidade muito grande, estava dizendo embaixo

na legenda que aquilo ali eram os tumores, né? E aí eu vi a segunda imagem, que é uma imagem

com aquilo tudo limpo, nada mais de preta, como se tivesse passado uma borracha naquilo,

que ainda não caiu a ficha. Porque para mim é tão impressionante a primeira imagem de uma pessoa

que tenha sobrevivido, qualquer um, tá? Qualquer um, com aquela quantidade de tumores espalhados

no corpo que eu não tinha a menor ideia que meu câncer, meu infoma, tinha chegado àquele nível

de evolução. Eu não tinha a menor ideia. Então, quando eu soube que o cárter cell poderia ser

feito através do SUS, isso através do doutor Vanderson, eu fiquei mais animado ainda.

Então, eu ressuscitei ali, como eu digo que ressuscitei também, tá?

Quando eu tive o cárter cell e teve aquela imagem depois.

Da redação do G1, eu sou Nathuzaneri e o assunto hoje é a revolução na luta contra o câncer.

Como funciona a terapia celular que promete ser a nova fronteira nos tratamentos para doença

e quando ela deve chegar a mais brasileiros.

Eu converso com o médico Dimas Covas, professor da USP de Ribeirão Preto,

diretor do Hemocentro de Ribeirão Preto e coordenador do Centro de Terapia Celular da USP.

Antes, falo com Paulo Peregrino, paciente de 61 anos que conviveu com o câncer nos últimos 13.

Ele teve remissão completa da doença após ser tratado por apenas um mês com essa terapia revolucionária.

É do Paulo a voz que você ouviu no início deste episódio.

Segunda-feira, 26 de junho.

Paulo, os exames que mostram o seu corpo antes e depois do tratamento

são duas imagens muito impressionantes e você só viu esses exames depois de o câncer ter regredido.

Então eu te peço para descrever para quem nos ouve e para quem não viu esses exames de antes e depois

o que eles mostram e, principalmente, o que você sentiu quando viu esses dois exames lado a lado.

O primeiro PET, dos dois PETs que você está falando, são duas imagens.

A primeira imagem é do dia 6 de março e a segunda imagem é do dia 24 de abril.

Do mesmo ano.

É, do mesmo ano de 23, esse ano que está aqui hoje.

Entre essa primeira data e a segunda data houve a infusão do cárticel, houve o tratamento.

A imagem que quando eu vi, isso foi entregue para a gente através de um irmão meu

que está mais próximo do doutor Wanderson, que encaminhou para o grupo da família,

que são muitos irmãos, cunhados, não sei o que e tudo.

Quando eu vi aquilo, eu confesso a você Natuza, e até agora a ficha não caiu.

Posso imaginar.

É como se fossem imagens, primeira imagem, mostra lá o corpo todo tomado, um corpo,

a imagem, a fotografia do organismo da pessoa, toda tomada por manchas pretas

que vão da perna até a altura do pescoço.

Basicamente isso.

E eu fiquei impressionado porque aquilo dali é uma quantidade muito grande.

Estava dizendo embaixo na legenda que aquilo dali eram os tumores.

E aí eu vi a segunda imagem, que é uma imagem com aquilo tudo limpo.

Nada mais de preta, como se tivesse passada uma borracha naquilo.

Pareciam duas pessoas diferentes, pareciam que eram imagens de pacientes diferentes.

É como disse o Carlos Dias, o G1, na primeira reportagem que ele fez,

que era como se fossem dois Paulos.

Olha, eu te confesso até agora Natuza, eu estou dizendo para todo mundo isso,

disse hoje também, que eu ainda não caio a ficha.

Porque para mim é tão impressionante a primeira imagem de uma pessoa

que tenha sobrevivido, qualquer um, com aquela quantidade de tumores

espalhados no corpo, que eu não tinha a menor ideia que meu câncer,

meu infoma, tinha chegado àquele nível de evolução.

Não tinha a menor ideia.

Dr. Wanderson, por exemplo, eu até comentei com isso numa live com ele,

ele riu até, eu falei, Dr. Wanderson, foi muito prudente não ter mostrado

para mim aquele PET scan da imagem do câncer tomando o meu corpo todo

no dia 6 de março, porque se eu tivesse visto aquilo,

talvez eu tivesse perdido muito da minha fé e esperança que eu sempre tive

na minha vida.

O Paulo estava num estágio bem avançado.

Ele estava prestes a entrar em cuidados paliativos, que é quando o tratamento

é mais focado em dar qualidade de vida e controlar os sintomas

de pacientes com doenças graves.

A segunda imagem, que aquele corpo todo limpo, como eu falei a você,

parecia uma borracha que tivesse passado, aquilo me impressionou bastante.

Realmente, eu não consigo associar, primeiro, que eu estou ali,

quer dizer, que eu sou aquele corpo que está ali sendo mostrado no PET scan,

tanto na primeira imagem, o corpo todo tomado do uniforme,

como na segunda imagem, todo limpo.

Eu gostaria, inclusive, de te propor, para a gente voltar um pouco no tempo,

para entender os momentos difíceis pelos quais você passou, Paulo.

Quais foram esses momentos, se você puder nos descrever,

para que quem está nos ouvindo agora entenda essa trajetória dramática

que foi até esse momento dessa grande notícia que você recebeu.

Eu já disse a você que cada momento que tinham que me furar

para poder colocar um acesso, que eu tinha que ter catéteres

todo momento para poder fazer quimioterapia,

que eu fiz muitas quimioterapias e tudo,

meus catéteres eram colocados em diversos locais,

às vezes era no braço, às vezes era no interior do braço,

aqui perto da axila, às vezes era no pescoço, às vezes era no ombro.

Enfim, cada momento desse era um momento muito complicado.

O Paulo luta há 13 anos contra a doença.

Começou com câncer de próstata, que foi tratado e que terminou

com a retirada do órgão.

Em 2018, começaram a aparecer linfomas pelo corpo todo.

Nenhum tratamento deu resultado.

Mas o pior momento, Natuza, o pior momento que eu tive,

e eu acho que isso foi uma provação que eu passei

para poder chegar até aqui,

foi em janeiro de 22.

Por quê?

Em outubro de 21, foi detectado pelo PERSCAN a volta do uniforme.

Quer dizer, não sabia se era o mesmo uniforme, o mesmo tipo,

mas era o uniforme número 3.

Eu já tinha tentado quimioterapia para poder combater o uniforme número 1,

em 2018.

Em 2019, voltou o uniforme, que era igual ao uniforme número 1,

e por conta disso, o protocolo indica que eu teria que fazer

um transplante de medula óssea, que foi feito em junho de 2020.

Também não funcionou, porque em outubro de 21, como eu falei,

teve o PERSCAN.

Nesse PERSCAN, detectou uma série de tumores espalhados pelo meu corpo.

Então, temos que fazer uma biópsia, de qualquer maneira,

para poder saber como é que a gente vai controlar.

Mas só que eles estavam na situação meio tipo,

se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.

Por quê?

Porque eu estava com a plaqueta muito baixa.

Então, para você ter ideia, o número mínimo de plaquetas

de uma pessoa adulta é 150 mil.

Eu estava com 3 mil no final de 2021.

Nossa, Paulo!

E os médicos estavam naquela coisa,

pô, temos que fazer uma biópsia,

porque senão a gente não vai saber como tentar controlar o uniforme do Paulo.

Agora, se fizer uma biópsia,

vai ser uma biópsia de altíssimo risco,

porque temos que primeiro encontrar um cirurgião

que tenha coragem de fazer uma biópsia

num paciente com 3 mil de plaqueta.

Graças a Deus, eu tenho um cirurgião em Niterói

que tinha operado meus dois primeiros linfomas,

quer dizer, feita a biópsia dos dois primeiros,

e que ele aceitou.

E aí, isso foi dia 5 de janeiro de 22.

Foi feita, e pouco tempo depois detectou-se

que era o mesmo tipo de linfoma, não Rodic's,

tipo grande, classe B,

que era igual ao uniforme número 2 e número 1.

E aí, pouco tempo, uns dias depois,

eu tive que ser internado de emergência

por conta da minha dor,

que estava insuportável na região lombar.

Essa dor já vinha desde 2021

me perseguindo

e fazendo com que eu tivesse noites e dias terríveis lá em casa,

tomando Tramal com dose máxima,

que é o Tramal é um opióide

que é o segundo mais forte depois da Morfina.

E, ao mesmo tempo, eu tinha dores fortíssimas

por conta de câimbras

que vinham dos efeitos colaterais da quimioterapia.

Essa dor na região lombar

me fez entrar em emergência,

como eu falei, logo depois da biópsia que eu fiz,

isso em janeiro de 22, lá em Niterói.

Quando eu entrei na emergência,

eu passei a tomar Morfina de rotina dentro do hospital.

Esse foi o período mais crítico.

Esse mês de janeiro, aconteceu o seguinte.

Eu tomava Morfina de rotina,

eu fazia quimioterapia,

com aqueles efeitos que são possíveis de ter,

tinha alguns, etc.

E ainda tentava controlar uma púrpura,

porque eu tinha detectado

na internação de outubro de 21

que eu estava com púrpura também,

que é uma doença autoimune

que faz com que as plaquetas

sejam destruídas pelo próprio organismo.

E, no meio disso tudo,

eu tive Covid.

Nessa Covid,

que, no meu caso, foi sintomático,

ou seja, eu toscia, espirrava de vez em quando e tudo,

juntou com o fato

de eu estar com a plaqueta baixa,

ou seja, estar com possibilidade de hemorragia a qualquer momento,

aí teve um certo momento

no meio da internação que eu tive uma tosse

e com a tosse gerou hemorragia

nas minhas duas retinas.

E essa hemorragia fez com que eu tivesse

cegueira parcial durante três meses a partir dali.

Nossa, Paulo!

Então, a partir

dessa internação que terminou

no final de janeiro, na tosse,

eu tive alta e foi cuidado a minha visão.

Paulo é publicitário,

tem um filho de 29 anos,

mora no Rio de Janeiro, a família dele é do Nordeste,

do Recife.

Ele é o caçuna de dez irmãos.

Durante a pandemia ele ficou internado

por causa dos cuidados aí pra evitar a Covid.

Escreveu um livro

que dividiu

com as pessoas

que estavam no hospital com ele,

em outros quartos, no isolamento.

Eles fizeram um grupo de WhatsApp

um fortaleceu o outro.

Eu já tinha sabido do Cartesel em outubro de 21,

novembro de 21, com o meu médico anterior,

o Dr. Wanderson.

Ele tinha falado pra mim

numa consulta em novembro de 21

que havia pra mim uma possibilidade

só que ainda a Anvisa, naquele momento

estava aprovando

a parte comercial desse tratamento.

Ou seja, ele estava falando da parte comercial.

Mas já estava dizendo ali

naquele momento pra mim que o custo

devia ser altíssimo.

Então eu fiquei com aquilo

na cabeça, a minha família também

que sempre a minha família participa dessa coisa

minha mulher, meu filho, meus irmãos e tudo.

E aí quando foi

em agosto, julho e agosto

de 22, mais ou menos isso

aí a gente

a família procurando uma forma

de lidar com esse problema, já sabia

do Cartesel e aí consegui

encontrar na internet associando o Cartesel

o tratamento com o Dr. Wanderson Rocha.

Então quando eu soube

que o Cartesel poderia ser feito através do SUS

isso através do Dr. Wanderson

eu fiquei mais animado ainda.

Você tem uma

força de vontade imensa

pelo que eu estou

te ouvindo

você transmite isso

o que mudou na sua visão de mundo

depois de ter passado por esse

desafio enorme e hoje ter uma nova

perspectiva de vida?

Porque foi isso que aconteceu

você ganhou uma nova perspectiva de vida.

É, eu digo a você

que na verdade eu não ganhei só uma

ganhei várias vezes, várias perspectivas

de vida, porque eu tive momentos

como eu tive uma alta

que seria uma alta para mim do Cartesel em 28 de abril

só que eu estava com uma bactéria hospitalar

fortíssima e me levou

a septicemia, sem internado de emergência

e fiquei com pressão 5 por 3

aqui no HC de São Paulo, isso logo depois

da alta do Cartesel em 28 de abril

então eu ressuscitei ali

como eu digo que ressuscitei também

quando eu tive o Cartesel

e teve aquela imagem depois

então quer dizer, a minha perspectiva

Natuza, só assim

para poder reforçar

é claro que a gente vai ver a vida de outra

forma e tudo

é que acho que a gente não deve nunca esmorecer

E como é que você avalia, Paulo

o fato de ter feito

esse tratamento pelo SUS?

As pessoas que estão

me escrevendo pelo Instagram

e eu não consigo responder a todo mundo, claro

é muita gente sempre me caracterizando

como se fosse uma luz

no meu caso uma luz no fim do túnel

porque claro que a grande maioria

do povo brasileiro não tem condição de fazer isso

pelo modo particular, que custa 2 milhões

de reais, segundo o Dr. Wanderson, estimou

ou está sendo

comercializado

então fazer pelo SUS, provar que pode ser feito

pelo SUS, para mim

não só me dá um

me deixa muito envaidecido

porque eu posso estar ajudando as pessoas

a acreditarem em algo que foi perdido

ultimamente, que foi a questão da crença na ciência

Que incrível você dizer isso

Mas Natuza, é uma coisa

impressionante, as pessoas quando mandam mensagem

para mim, no final termina assim, Viva a Ciência

Viva o SUS, imagina você

ouvir isso em 2022

Olha, eu estou com o meu braço

aqui arrepiado, só com

esse relato que você está fazendo

aqui desde o início da nossa conversa

é muito impressionante

Então eu acho que essa questão da ciência

e saber que foi feito pelo SUS

Natuza, olha, eu não imaginei

nunca na minha vida

que eu tivesse um tratamento

tão exemplar

como eu tive no HC de São Paulo

pelo SUS, no caso

foi no Centro de Hematologia e Transplante

Medula Óssea, que fica lá no oitavo andado

do Instituto Central do HC

com a equipe fantástica

não só pelo caso do Dr. Wanderson

como dos assistentes médicos

dele, como das enfermeiras

um tratamento de primeiro mundo

desde o primeiro câncer de próstata

desde o linfoma que eu tive, todos

porque mesmo que não tenham sido tratamentos

que não dessem certo

eles ajudaram, claro, foram super

importantes, essenciais até, para que eu chegasse

no momento de fazer o cárticelo

Paulo, eu estou muito feliz de ter

feito essa entrevista com você

a equipe inteira está

muito feliz com o seu

relato, ele é um relato

impactante, ele é um relato

impressionante, mas sobretudo

ele é um relato

de esperança

então que bom que você

topou conversar com a gente

aqui hoje e com quem nos ouve

muito obrigada

eu que agradeço Natuza, um abraço a todos

e obrigado pela oportunidade aí, mais uma vez

espero um pouquinho que eu já volto

para falar com o Dimas

Doutor Dimas, eu gostaria muito que você nos explicasse como é o tratamento cárticel e porque ele é tão revolucionário para combater alguns tipos de câncer como leucemia linfoma

o câncer

normalmente

ele é tratado

das formas que

todo mundo conhece, ou é cirurgia

ou é erradoterapia

ou é quimioterapia

são as formas tradicionais

de tratamento do câncer

a quimioterapia

ela tem um efeito sistêmico

ela destrói

o câncer, mas também destrói

células normais

então por isso que

esse tratamento traz

muitas vezes efeitos colaterais para as pessoas

queda de cabelo

mal-estar geral, ou seja

é um tratamento que muitas vezes é eficiente

mas não é específico

nós estamos falando agora

com o tratamento

com as chamadas cárticel

de um tipo de tratamento

imunológico

quer dizer, é um outro universo

é um outro tipo de abordagem ao tratamento

do câncer

como é que funciona?

bem, o nosso sistema imunológico

normalmente

ele reconhece

células cancerosas

cancerígenas, cancerosas

e

essas células, à medida que o câncer

vai desenvolvendo

desenvolvem a habilidade

de se safar

do sistema imunológico

essa terapia, especificamente

com cárticel

ela se baseia

nas células do sistema imunológico

então vejam

a pessoa tem câncer

tem uma leucemia linfóide aguda

do tipo B, onlinfoma do tipo B

que foi

tratado

com quimioterapia

às vezes com raterapia

até com transplante de medula óssea

e que não responderam

ou seja, as células

não estão sendo, as células tumorais

não estão sendo efetivamente combatidas

então nós pegamos

esse paciente

retiramos

as células de defesa

chamadas células T

a gente coleta

essas células

leva essas células para o laboratório

e no laboratório a gente faz

uma modificação genética

nessas células

a gente altera o DNA dessas células

essas células são retiradas

do corpo do paciente

e aí no laboratório elas tem o DNA

modificado, com isso

as células passam a produzir

uma molécula chamada de receptor

de antígeno quimérico

CAR na sigla em inglês

por isso que o nome do tratamento é cárticel

nós colocamos no DNA

dessas células no laboratório

agora um receptor

é um receptor específico

para o câncer

específico para as células do câncer

e aí

multiplicamos essas células

aos milhões

amplificamos

o número dessas células

e voltamos para o paciente

no paciente

essas células que são dele

são do sistema

imunológico dele

agora estão

com um receptor

como se elas tivessem

como se elas tivessem

de forma bem simples como se elas tivessem um radar

para localizar o câncer

então essas células vão

se espalhar pela circulação

as milhões e milhões de células que foram

produzidas e vão

especificamente se ligar

ao tumor e levar

a sua destruição

isso acontece muito rapidamente

em 15, 20 dias

os pacientes que estavam lutando

com câncer, às vezes alguns anos

sem resposta

em 15, 20 dias essas células conseguem

destruir completamente

o tumor. Isso é muito impressionante

primeiro

essa modificação celular

eu queria até lhe perguntar

se essa modificação de célula

é feita no Brasil e se a gente tem

toda a tecnologia para isso

mas impressionada com a velocidade

com que

essas células cancerígenas são detectadas

nós desenvolvemos

esse processo

aqui em Ribeirão Preto

na USP

no Emoceno de Ribeirão Preto

nós desenvolvemos

dentro de um projeto apoiado pelo

Ministério de Ciência e Tecnologia

que chama Instituto Nacional de Célula Tronco

e Terapia Celular para o Câncer

então nós desenvolvemos

essa tecnologia de modificar

o DNA

das células imunológicas

e de cultivar essas células

em laboratório

nós desenvolvemos essa tecnologia

e o primeiro paciente

foi tratado em 2019

o Vamberto Luiz de Castro

estava com 64 anos na época

ele tinha um linfoma em fase

terminal e nem conseguia andar

por causa da doença. Ele fez o tratamento

e em 40 dias

saiu caminhando do hospital e com o câncer

em remissão. O primeiro

paciente apresentou um sucesso

absoluto

em 20 dias

ele se viu

livre dos tumores

da mesma forma que os demais

pacientes. Até o momento nós já

tratamos 13 pacientes

e a resposta

sempre é

maravilhosa. Durante quase

metade da vida o Caio conviveu

com o câncer. Com 9 anos

ele recebeu o diagnóstico de leucemia

o câncer que interrompeu

a infância também tirou o chão

da família. Os dias de angústia

só terminaram depois que a equipe

médica do hospital Erasto Gertner trouxe

para a família do Caio a informação

de que ele poderia passar por um tratamento

que até então nunca tinha sido

feito no Brasil. Ele é

o primeiro paciente pediátrico do Brasil

a passar por uma terapia

celular que é inédita

e isso é uma

nova perspectiva

de tratamento

uma nova fronteira

de tratamento do câncer

Claro, e quando

você diz que 13 pacientes

foram tratados dessa maneira

a primeira pergunta que me vem à cabeça

é quando a gente consegue

escala, grande escala

de produção

para atender os mais de 2 mil pacientes

que podem ser beneficiados

de imediato? Esse é o próximo

desafio. Uma vez

que nós desenvolvemos a tecnologia

agora como é

tornar essa tecnologia

acessível aos pacientes

brasileiros, principalmente aos

pacientes do SUS

Então em

2021

nós fizemos um grande arranjo institucional

com a USP

com o Instituto Butantan

com o Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

fizemos um grande

um grande esforço

no sentido de implantar

duas unidades de produção

duas fábricas

uma localizada em São Paulo

na cidade universitária

e a outra localizada em Ribeirão Preto

no Emoceno

Essa segunda fábrica

ela já está em operação

ela tem

capacidade de produção de

300 tratamentos por ano

e ela já está operacional

ela já está apta

a produzir o tratamento

Então esse foi o primeiro

desafio

O segundo desafio

que se apresenta nesse momento

é como

incorporar isso ao SUS

e o primeiro passo

é o registro desse produto na Anvisa

Então a Anvisa

necessita de dados agora mais

completos

de um número maior de pacientes

e isso vai ser

feito aqui agora a partir de

agosto. Nós vamos fazer um estudo

clínico

que a gente chama de fase 1 e fase 2

com 80 pacientes

e isso

permitirá a

geração de dados

de análises de dados

que serão encaminhados na Anvisa

para que o produto, esse produto

seja registrado e aí

incorporado ao SUS

O tratamento com células T só será oferecido

pelo SUS, o sistema único de saúde

depois de aprovado pela Anvisa

Para isso os pesquisadores

da USP do Butantan aguardam a autorização

da agência para começar testes

clínicos. O custo de mais

essa fase de estudos é de 60

milhões de reais. De uma forma

muito entusiasmada e até um pouco

otimista, eu prevejo

no prazo máximo de um ano

um ano e alguns meses

nós poderemos ter

esse tratamento

disponibilizado

no SUS. Que maravilha!

Esses pacientes, inclusive

que receberam o tratamento de graça

esses 13 pacientes

receberam pelo SUS

queria conferir essa informação

contigo e te

perguntar se esse tratamento

doutor Dimas fosse feito

pela rede particular, quanto

ele custaria? Sim, o

tratamento foi feito

os 13 pacientes, 11 foram

tratados aqui no Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina de Ibirampreto

e dois pacientes no Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina

de São Paulo. Então

todos dentro do

sistema público.

Existem tratamentos

assemelhados a esse no exterior

nos Estados Unidos, na Europa

ainda não

de forma disseminada, mas

já existem esses tratamentos disponíveis.

Ela começou a ser usada

em 2012 lá nos Estados Unidos

e a primeira pessoa tratada desse jeito

foi uma garotinha americana

chamada Emily, que na época tinha

7 anos. Ela

se curou e hoje com 17 anos

vive uma vida normal.

E lá nos Estados Unidos

na Europa

o custo é em torno de

500 mil dólares

um tratamento, 500 mil dólares

a produção dessas células

em termos de reais

seria

próximo de 2 milhões

2 milhões de reais

por preparo dessas células

Ou seja, um tratamento muito caro

muito pouca gente

dá conta de bancar

um tratamento desse

Um tratamento caríssimo

e que isso limita

o alcance. Como é que

nós podemos imaginar a introdução

desse tratamento

nos pacientes

do SUS nesse valor?

Então precisamos ter uma alternativa

A alternativa é

o desenvolvimento e a produção

nacional. Então com isso

nós vamos

baratear muito esse custo

e tornar o tratamento

acessível

à nossa população.

Agora o Cartecel

ele pode

evoluir para tratar

outros tipos de

câncer para além do linfoma

e para além da leucemia? Qual a expectativa

disso acontecer e de quando

isso pode acontecer?

Olha, essa é uma grande

aposta. Eu acredito

que o CARTE

será a nova

fronteira do tratamento do câncer em geral

Quer dizer,

tanto para os cânceres do sangue

como a leucemia e o linfoma

mas também

para os chamados tumores sólidos

tipo tumores de mama

tumores de intestino

tumores de pulmão

e

nós já temos em desenvolvimento

inclusive um CARTE

para melanoma

melanoma que é um câncer

muito prevalente

um câncer de pele muito prevalente e muito agressivo

Então

na minha perspectiva

nos próximos

anos nós vamos ver

esse tipo de terapia

sendo estendido

para outros tipos de câncer

e com os mesmos resultados

espero eu, resultados

muito animadores

Que assim seja, doutor Dimas

a gente espera junto

com o senhor. Muito obrigada

sua voz é uma voz muito conhecida

aqui para os nossos

ouvidos. Que bom

que a gente está fazendo esse episódio

sobre essa notícia tão

alvissareira. Então

agradeço demais. E eu que agradeço

um prazer muito grande falar com você

e com seus ouvintes

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na equipe do assunto estão Mônica Mariotti

Amanda Polato, Lorena Lara

Luiz Felipe Silva

Tiago Kazurowski, Gabriel de Campos

Guilherme Romero e

Nayara Fernandes.

Eu sou Nath Zaneri e fico por aqui

Até o próximo assunto

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Câncer: a terapia revolucionária que cura Krebs: die revolutionäre Therapie, die heilt Cancer: The Revolutionary Healing Therapy Cáncer: la terapia revolucionaria que cura Cancer : la thérapie révolutionnaire qui guérit 癌:治癒する画期的な治療法 Cancer: den revolutionerande behandlingen som botar

N possibilidades de produtos para N possibilidades na vida. Descubra no Banc.

Primeira imagem, mostra lá o corpo todo tomado, um corpo, né? A imagem, a fotografia do organismo

da pessoa, toda tomada por manchas pretas que vão da perna até a altura do pescoço. Basicamente

E eu fiquei impressionado porque aquilo dali é uma quantidade muito grande, estava dizendo embaixo

na legenda que aquilo ali eram os tumores, né? E aí eu vi a segunda imagem, que é uma imagem

com aquilo tudo limpo, nada mais de preta, como se tivesse passado uma borracha naquilo,

que ainda não caiu a ficha. Porque para mim é tão impressionante a primeira imagem de uma pessoa

que tenha sobrevivido, qualquer um, tá? Qualquer um, com aquela quantidade de tumores espalhados

no corpo que eu não tinha a menor ideia que meu câncer, meu infoma, tinha chegado àquele nível

de evolução. Eu não tinha a menor ideia. Então, quando eu soube que o cárter cell poderia ser

feito através do SUS, isso através do doutor Vanderson, eu fiquei mais animado ainda.

Então, eu ressuscitei ali, como eu digo que ressuscitei também, tá?

Quando eu tive o cárter cell e teve aquela imagem depois.

Da redação do G1, eu sou Nathuzaneri e o assunto hoje é a revolução na luta contra o câncer.

Como funciona a terapia celular que promete ser a nova fronteira nos tratamentos para doença

e quando ela deve chegar a mais brasileiros.

Eu converso com o médico Dimas Covas, professor da USP de Ribeirão Preto,

diretor do Hemocentro de Ribeirão Preto e coordenador do Centro de Terapia Celular da USP.

Antes, falo com Paulo Peregrino, paciente de 61 anos que conviveu com o câncer nos últimos 13.

Ele teve remissão completa da doença após ser tratado por apenas um mês com essa terapia revolucionária.

É do Paulo a voz que você ouviu no início deste episódio.

Segunda-feira, 26 de junho.

Paulo, os exames que mostram o seu corpo antes e depois do tratamento

são duas imagens muito impressionantes e você só viu esses exames depois de o câncer ter regredido.

Então eu te peço para descrever para quem nos ouve e para quem não viu esses exames de antes e depois

o que eles mostram e, principalmente, o que você sentiu quando viu esses dois exames lado a lado.

O primeiro PET, dos dois PETs que você está falando, são duas imagens.

A primeira imagem é do dia 6 de março e a segunda imagem é do dia 24 de abril.

Do mesmo ano.

É, do mesmo ano de 23, esse ano que está aqui hoje.

Entre essa primeira data e a segunda data houve a infusão do cárticel, houve o tratamento.

A imagem que quando eu vi, isso foi entregue para a gente através de um irmão meu

que está mais próximo do doutor Wanderson, que encaminhou para o grupo da família,

que são muitos irmãos, cunhados, não sei o que e tudo.

Quando eu vi aquilo, eu confesso a você Natuza, e até agora a ficha não caiu.

Posso imaginar.

É como se fossem imagens, primeira imagem, mostra lá o corpo todo tomado, um corpo,

a imagem, a fotografia do organismo da pessoa, toda tomada por manchas pretas

que vão da perna até a altura do pescoço.

Basicamente isso.

E eu fiquei impressionado porque aquilo dali é uma quantidade muito grande.

Estava dizendo embaixo na legenda que aquilo dali eram os tumores.

E aí eu vi a segunda imagem, que é uma imagem com aquilo tudo limpo.

Nada mais de preta, como se tivesse passada uma borracha naquilo.

Pareciam duas pessoas diferentes, pareciam que eram imagens de pacientes diferentes.

É como disse o Carlos Dias, o G1, na primeira reportagem que ele fez,

que era como se fossem dois Paulos.

Olha, eu te confesso até agora Natuza, eu estou dizendo para todo mundo isso,

disse hoje também, que eu ainda não caio a ficha.

Porque para mim é tão impressionante a primeira imagem de uma pessoa

que tenha sobrevivido, qualquer um, com aquela quantidade de tumores

espalhados no corpo, que eu não tinha a menor ideia que meu câncer,

meu infoma, tinha chegado àquele nível de evolução.

Não tinha a menor ideia.

Dr. Wanderson, por exemplo, eu até comentei com isso numa live com ele,

ele riu até, eu falei, Dr. Wanderson, foi muito prudente não ter mostrado

para mim aquele PET scan da imagem do câncer tomando o meu corpo todo

no dia 6 de março, porque se eu tivesse visto aquilo,

talvez eu tivesse perdido muito da minha fé e esperança que eu sempre tive

na minha vida.

O Paulo estava num estágio bem avançado.

Ele estava prestes a entrar em cuidados paliativos, que é quando o tratamento

é mais focado em dar qualidade de vida e controlar os sintomas

de pacientes com doenças graves.

A segunda imagem, que aquele corpo todo limpo, como eu falei a você,

parecia uma borracha que tivesse passado, aquilo me impressionou bastante.

Realmente, eu não consigo associar, primeiro, que eu estou ali,

quer dizer, que eu sou aquele corpo que está ali sendo mostrado no PET scan,

tanto na primeira imagem, o corpo todo tomado do uniforme,

como na segunda imagem, todo limpo.

Eu gostaria, inclusive, de te propor, para a gente voltar um pouco no tempo,

para entender os momentos difíceis pelos quais você passou, Paulo.

Quais foram esses momentos, se você puder nos descrever,

para que quem está nos ouvindo agora entenda essa trajetória dramática

que foi até esse momento dessa grande notícia que você recebeu.

Eu já disse a você que cada momento que tinham que me furar

para poder colocar um acesso, que eu tinha que ter catéteres

todo momento para poder fazer quimioterapia,

que eu fiz muitas quimioterapias e tudo,

meus catéteres eram colocados em diversos locais,

às vezes era no braço, às vezes era no interior do braço,

aqui perto da axila, às vezes era no pescoço, às vezes era no ombro.

Enfim, cada momento desse era um momento muito complicado.

O Paulo luta há 13 anos contra a doença.

Começou com câncer de próstata, que foi tratado e que terminou

com a retirada do órgão.

Em 2018, começaram a aparecer linfomas pelo corpo todo.

Nenhum tratamento deu resultado.

Mas o pior momento, Natuza, o pior momento que eu tive,

e eu acho que isso foi uma provação que eu passei

para poder chegar até aqui,

foi em janeiro de 22.

Por quê?

Em outubro de 21, foi detectado pelo PERSCAN a volta do uniforme.

Quer dizer, não sabia se era o mesmo uniforme, o mesmo tipo,

mas era o uniforme número 3.

Eu já tinha tentado quimioterapia para poder combater o uniforme número 1,

em 2018.

Em 2019, voltou o uniforme, que era igual ao uniforme número 1,

e por conta disso, o protocolo indica que eu teria que fazer

um transplante de medula óssea, que foi feito em junho de 2020.

Também não funcionou, porque em outubro de 21, como eu falei,

teve o PERSCAN.

Nesse PERSCAN, detectou uma série de tumores espalhados pelo meu corpo.

Então, temos que fazer uma biópsia, de qualquer maneira,

para poder saber como é que a gente vai controlar.

Mas só que eles estavam na situação meio tipo,

se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.

Por quê?

Porque eu estava com a plaqueta muito baixa.

Então, para você ter ideia, o número mínimo de plaquetas

de uma pessoa adulta é 150 mil.

Eu estava com 3 mil no final de 2021.

Nossa, Paulo!

E os médicos estavam naquela coisa,

pô, temos que fazer uma biópsia,

porque senão a gente não vai saber como tentar controlar o uniforme do Paulo.

Agora, se fizer uma biópsia,

vai ser uma biópsia de altíssimo risco,

porque temos que primeiro encontrar um cirurgião

que tenha coragem de fazer uma biópsia

num paciente com 3 mil de plaqueta.

Graças a Deus, eu tenho um cirurgião em Niterói

que tinha operado meus dois primeiros linfomas,

quer dizer, feita a biópsia dos dois primeiros,

e que ele aceitou.

E aí, isso foi dia 5 de janeiro de 22.

Foi feita, e pouco tempo depois detectou-se

que era o mesmo tipo de linfoma, não Rodic's,

tipo grande, classe B,

que era igual ao uniforme número 2 e número 1.

E aí, pouco tempo, uns dias depois,

eu tive que ser internado de emergência

por conta da minha dor,

que estava insuportável na região lombar.

Essa dor já vinha desde 2021

me perseguindo

e fazendo com que eu tivesse noites e dias terríveis lá em casa,

tomando Tramal com dose máxima,

que é o Tramal é um opióide

que é o segundo mais forte depois da Morfina.

E, ao mesmo tempo, eu tinha dores fortíssimas

por conta de câimbras

que vinham dos efeitos colaterais da quimioterapia.

Essa dor na região lombar

me fez entrar em emergência,

como eu falei, logo depois da biópsia que eu fiz,

isso em janeiro de 22, lá em Niterói.

Quando eu entrei na emergência,

eu passei a tomar Morfina de rotina dentro do hospital.

Esse foi o período mais crítico.

Esse mês de janeiro, aconteceu o seguinte.

Eu tomava Morfina de rotina,

eu fazia quimioterapia,

com aqueles efeitos que são possíveis de ter,

tinha alguns, etc.

E ainda tentava controlar uma púrpura,

porque eu tinha detectado

na internação de outubro de 21

que eu estava com púrpura também,

que é uma doença autoimune

que faz com que as plaquetas

sejam destruídas pelo próprio organismo.

E, no meio disso tudo,

eu tive Covid.

Nessa Covid,

que, no meu caso, foi sintomático,

ou seja, eu toscia, espirrava de vez em quando e tudo,

juntou com o fato

de eu estar com a plaqueta baixa,

ou seja, estar com possibilidade de hemorragia a qualquer momento,

aí teve um certo momento

no meio da internação que eu tive uma tosse

e com a tosse gerou hemorragia

nas minhas duas retinas.

E essa hemorragia fez com que eu tivesse

cegueira parcial durante três meses a partir dali.

Nossa, Paulo!

Então, a partir

dessa internação que terminou

no final de janeiro, na tosse,

eu tive alta e foi cuidado a minha visão.

Paulo é publicitário,

tem um filho de 29 anos,

mora no Rio de Janeiro, a família dele é do Nordeste,

do Recife.

Ele é o caçuna de dez irmãos.

Durante a pandemia ele ficou internado

por causa dos cuidados aí pra evitar a Covid.

Escreveu um livro

que dividiu

com as pessoas

que estavam no hospital com ele,

em outros quartos, no isolamento.

Eles fizeram um grupo de WhatsApp

um fortaleceu o outro.

Eu já tinha sabido do Cartesel em outubro de 21,

novembro de 21, com o meu médico anterior,

o Dr. Wanderson.

Ele tinha falado pra mim

numa consulta em novembro de 21

que havia pra mim uma possibilidade

só que ainda a Anvisa, naquele momento

estava aprovando

a parte comercial desse tratamento.

Ou seja, ele estava falando da parte comercial.

Mas já estava dizendo ali

naquele momento pra mim que o custo

devia ser altíssimo.

Então eu fiquei com aquilo

na cabeça, a minha família também

que sempre a minha família participa dessa coisa

minha mulher, meu filho, meus irmãos e tudo.

E aí quando foi

em agosto, julho e agosto

de 22, mais ou menos isso

aí a gente

a família procurando uma forma

de lidar com esse problema, já sabia

do Cartesel e aí consegui

encontrar na internet associando o Cartesel

o tratamento com o Dr. Wanderson Rocha.

Então quando eu soube

que o Cartesel poderia ser feito através do SUS

isso através do Dr. Wanderson

eu fiquei mais animado ainda.

Você tem uma

força de vontade imensa

pelo que eu estou

te ouvindo

você transmite isso

o que mudou na sua visão de mundo

depois de ter passado por esse

desafio enorme e hoje ter uma nova

perspectiva de vida?

Porque foi isso que aconteceu

você ganhou uma nova perspectiva de vida.

É, eu digo a você

que na verdade eu não ganhei só uma

ganhei várias vezes, várias perspectivas

de vida, porque eu tive momentos

como eu tive uma alta

que seria uma alta para mim do Cartesel em 28 de abril

só que eu estava com uma bactéria hospitalar

fortíssima e me levou

a septicemia, sem internado de emergência

e fiquei com pressão 5 por 3

aqui no HC de São Paulo, isso logo depois

da alta do Cartesel em 28 de abril

então eu ressuscitei ali

como eu digo que ressuscitei também

quando eu tive o Cartesel

e teve aquela imagem depois

então quer dizer, a minha perspectiva

Natuza, só assim

para poder reforçar

é claro que a gente vai ver a vida de outra

forma e tudo

é que acho que a gente não deve nunca esmorecer

E como é que você avalia, Paulo

o fato de ter feito

esse tratamento pelo SUS?

As pessoas que estão

me escrevendo pelo Instagram

e eu não consigo responder a todo mundo, claro

é muita gente sempre me caracterizando

como se fosse uma luz

no meu caso uma luz no fim do túnel

porque claro que a grande maioria

do povo brasileiro não tem condição de fazer isso

pelo modo particular, que custa 2 milhões

de reais, segundo o Dr. Wanderson, estimou

ou está sendo

comercializado

então fazer pelo SUS, provar que pode ser feito

pelo SUS, para mim

não só me dá um

me deixa muito envaidecido

porque eu posso estar ajudando as pessoas

a acreditarem em algo que foi perdido

ultimamente, que foi a questão da crença na ciência

Que incrível você dizer isso

Mas Natuza, é uma coisa

impressionante, as pessoas quando mandam mensagem

para mim, no final termina assim, Viva a Ciência

Viva o SUS, imagina você

ouvir isso em 2022

Olha, eu estou com o meu braço

aqui arrepiado, só com

esse relato que você está fazendo

aqui desde o início da nossa conversa

é muito impressionante

Então eu acho que essa questão da ciência

e saber que foi feito pelo SUS

Natuza, olha, eu não imaginei

nunca na minha vida

que eu tivesse um tratamento

tão exemplar

como eu tive no HC de São Paulo

pelo SUS, no caso

foi no Centro de Hematologia e Transplante

Medula Óssea, que fica lá no oitavo andado

do Instituto Central do HC

com a equipe fantástica

não só pelo caso do Dr. Wanderson

como dos assistentes médicos

dele, como das enfermeiras

um tratamento de primeiro mundo

desde o primeiro câncer de próstata

desde o linfoma que eu tive, todos

porque mesmo que não tenham sido tratamentos

que não dessem certo

eles ajudaram, claro, foram super

importantes, essenciais até, para que eu chegasse

no momento de fazer o cárticelo

Paulo, eu estou muito feliz de ter

feito essa entrevista com você

a equipe inteira está

muito feliz com o seu

relato, ele é um relato

impactante, ele é um relato

impressionante, mas sobretudo

ele é um relato

de esperança

então que bom que você

topou conversar com a gente

aqui hoje e com quem nos ouve

muito obrigada

eu que agradeço Natuza, um abraço a todos

e obrigado pela oportunidade aí, mais uma vez

espero um pouquinho que eu já volto

para falar com o Dimas

Doutor Dimas, eu gostaria muito que você nos explicasse como é o tratamento cárticel e porque ele é tão revolucionário para combater alguns tipos de câncer como leucemia linfoma

o câncer

normalmente

ele é tratado

das formas que

todo mundo conhece, ou é cirurgia

ou é erradoterapia

ou é quimioterapia

são as formas tradicionais

de tratamento do câncer

a quimioterapia

ela tem um efeito sistêmico

ela destrói

o câncer, mas também destrói

células normais

então por isso que

esse tratamento traz

muitas vezes efeitos colaterais para as pessoas

queda de cabelo

mal-estar geral, ou seja

é um tratamento que muitas vezes é eficiente

mas não é específico

nós estamos falando agora

com o tratamento

com as chamadas cárticel

de um tipo de tratamento

imunológico

quer dizer, é um outro universo

é um outro tipo de abordagem ao tratamento

do câncer

como é que funciona?

bem, o nosso sistema imunológico

normalmente

ele reconhece

células cancerosas

cancerígenas, cancerosas

e

essas células, à medida que o câncer

vai desenvolvendo

desenvolvem a habilidade

de se safar

do sistema imunológico

essa terapia, especificamente

com cárticel

ela se baseia

nas células do sistema imunológico

então vejam

a pessoa tem câncer

tem uma leucemia linfóide aguda

do tipo B, onlinfoma do tipo B

que foi

tratado

com quimioterapia

às vezes com raterapia

até com transplante de medula óssea

e que não responderam

ou seja, as células

não estão sendo, as células tumorais

não estão sendo efetivamente combatidas

então nós pegamos

esse paciente

retiramos

as células de defesa

chamadas células T

a gente coleta

essas células

leva essas células para o laboratório

e no laboratório a gente faz

uma modificação genética

nessas células

a gente altera o DNA dessas células

essas células são retiradas

do corpo do paciente

e aí no laboratório elas tem o DNA

modificado, com isso

as células passam a produzir

uma molécula chamada de receptor

de antígeno quimérico

CAR na sigla em inglês

por isso que o nome do tratamento é cárticel

nós colocamos no DNA

dessas células no laboratório

agora um receptor

é um receptor específico

para o câncer

específico para as células do câncer

e aí

multiplicamos essas células

aos milhões

amplificamos

o número dessas células

e voltamos para o paciente

no paciente

essas células que são dele

são do sistema

imunológico dele

agora estão

com um receptor

como se elas tivessem

como se elas tivessem

de forma bem simples como se elas tivessem um radar

para localizar o câncer

então essas células vão

se espalhar pela circulação

as milhões e milhões de células que foram

produzidas e vão

especificamente se ligar

ao tumor e levar

a sua destruição

isso acontece muito rapidamente

em 15, 20 dias

os pacientes que estavam lutando

com câncer, às vezes alguns anos

sem resposta

em 15, 20 dias essas células conseguem

destruir completamente

o tumor. Isso é muito impressionante

primeiro

essa modificação celular

eu queria até lhe perguntar

se essa modificação de célula

é feita no Brasil e se a gente tem

toda a tecnologia para isso

mas impressionada com a velocidade

com que

essas células cancerígenas são detectadas

nós desenvolvemos

esse processo

aqui em Ribeirão Preto

na USP

no Emoceno de Ribeirão Preto

nós desenvolvemos

dentro de um projeto apoiado pelo

Ministério de Ciência e Tecnologia

que chama Instituto Nacional de Célula Tronco

e Terapia Celular para o Câncer

então nós desenvolvemos

essa tecnologia de modificar

o DNA

das células imunológicas

e de cultivar essas células

em laboratório

nós desenvolvemos essa tecnologia

e o primeiro paciente

foi tratado em 2019

o Vamberto Luiz de Castro

estava com 64 anos na época

ele tinha um linfoma em fase

terminal e nem conseguia andar

por causa da doença. Ele fez o tratamento

e em 40 dias

saiu caminhando do hospital e com o câncer

em remissão. O primeiro

paciente apresentou um sucesso

absoluto

em 20 dias

ele se viu

livre dos tumores

da mesma forma que os demais

pacientes. Até o momento nós já

tratamos 13 pacientes

e a resposta

sempre é

maravilhosa. Durante quase

metade da vida o Caio conviveu

com o câncer. Com 9 anos

ele recebeu o diagnóstico de leucemia

o câncer que interrompeu

a infância também tirou o chão

da família. Os dias de angústia

só terminaram depois que a equipe

médica do hospital Erasto Gertner trouxe

para a família do Caio a informação

de que ele poderia passar por um tratamento

que até então nunca tinha sido

feito no Brasil. Ele é

o primeiro paciente pediátrico do Brasil

a passar por uma terapia

celular que é inédita

e isso é uma

nova perspectiva

de tratamento

uma nova fronteira

de tratamento do câncer

Claro, e quando

você diz que 13 pacientes

foram tratados dessa maneira

a primeira pergunta que me vem à cabeça

é quando a gente consegue

escala, grande escala

de produção

para atender os mais de 2 mil pacientes

que podem ser beneficiados

de imediato? Esse é o próximo

desafio. Uma vez

que nós desenvolvemos a tecnologia

agora como é

tornar essa tecnologia

acessível aos pacientes

brasileiros, principalmente aos

pacientes do SUS

Então em

2021

nós fizemos um grande arranjo institucional

com a USP

com o Instituto Butantan

com o Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

fizemos um grande

um grande esforço

no sentido de implantar

duas unidades de produção

duas fábricas

uma localizada em São Paulo

na cidade universitária

e a outra localizada em Ribeirão Preto

no Emoceno

Essa segunda fábrica

ela já está em operação

ela tem

capacidade de produção de

300 tratamentos por ano

e ela já está operacional

ela já está apta

a produzir o tratamento

Então esse foi o primeiro

desafio

O segundo desafio

que se apresenta nesse momento

é como

incorporar isso ao SUS

e o primeiro passo

é o registro desse produto na Anvisa

Então a Anvisa

necessita de dados agora mais

completos

de um número maior de pacientes

e isso vai ser

feito aqui agora a partir de

agosto. Nós vamos fazer um estudo

clínico

que a gente chama de fase 1 e fase 2

com 80 pacientes

e isso

permitirá a

geração de dados

de análises de dados

que serão encaminhados na Anvisa

para que o produto, esse produto

seja registrado e aí

incorporado ao SUS

O tratamento com células T só será oferecido

pelo SUS, o sistema único de saúde

depois de aprovado pela Anvisa

Para isso os pesquisadores

da USP do Butantan aguardam a autorização

da agência para começar testes

clínicos. O custo de mais

essa fase de estudos é de 60

milhões de reais. De uma forma

muito entusiasmada e até um pouco

otimista, eu prevejo

no prazo máximo de um ano

um ano e alguns meses

nós poderemos ter

esse tratamento

disponibilizado

no SUS. Que maravilha!

Esses pacientes, inclusive

que receberam o tratamento de graça

esses 13 pacientes

receberam pelo SUS

queria conferir essa informação

contigo e te

perguntar se esse tratamento

doutor Dimas fosse feito

pela rede particular, quanto

ele custaria? Sim, o

tratamento foi feito

os 13 pacientes, 11 foram

tratados aqui no Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina de Ibirampreto

e dois pacientes no Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina

de São Paulo. Então

todos dentro do

sistema público.

Existem tratamentos

assemelhados a esse no exterior

nos Estados Unidos, na Europa

ainda não

de forma disseminada, mas

já existem esses tratamentos disponíveis.

Ela começou a ser usada

em 2012 lá nos Estados Unidos

e a primeira pessoa tratada desse jeito

foi uma garotinha americana

chamada Emily, que na época tinha

7 anos. Ela

se curou e hoje com 17 anos

vive uma vida normal.

E lá nos Estados Unidos

na Europa

o custo é em torno de

500 mil dólares

um tratamento, 500 mil dólares

a produção dessas células

em termos de reais

seria

próximo de 2 milhões

2 milhões de reais

por preparo dessas células

Ou seja, um tratamento muito caro

muito pouca gente

dá conta de bancar

um tratamento desse

Um tratamento caríssimo

e que isso limita

o alcance. Como é que

nós podemos imaginar a introdução

desse tratamento

nos pacientes

do SUS nesse valor?

Então precisamos ter uma alternativa

A alternativa é

o desenvolvimento e a produção

nacional. Então com isso

nós vamos

baratear muito esse custo

e tornar o tratamento

acessível

à nossa população.

Agora o Cartecel

ele pode

evoluir para tratar

outros tipos de

câncer para além do linfoma

e para além da leucemia? Qual a expectativa

disso acontecer e de quando

isso pode acontecer?

Olha, essa é uma grande

aposta. Eu acredito

que o CARTE

será a nova

fronteira do tratamento do câncer em geral

Quer dizer,

tanto para os cânceres do sangue

como a leucemia e o linfoma

mas também

para os chamados tumores sólidos

tipo tumores de mama

tumores de intestino

tumores de pulmão

e

nós já temos em desenvolvimento

inclusive um CARTE

para melanoma

melanoma que é um câncer

muito prevalente

um câncer de pele muito prevalente e muito agressivo

Então

na minha perspectiva

nos próximos

anos nós vamos ver

esse tipo de terapia

sendo estendido

para outros tipos de câncer

e com os mesmos resultados

espero eu, resultados

muito animadores

Que assim seja, doutor Dimas

a gente espera junto

com o senhor. Muito obrigada

sua voz é uma voz muito conhecida

aqui para os nossos

ouvidos. Que bom

que a gente está fazendo esse episódio

sobre essa notícia tão

alvissareira. Então

agradeço demais. E eu que agradeço

um prazer muito grande falar com você

e com seus ouvintes

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na equipe do assunto estão Mônica Mariotti

Amanda Polato, Lorena Lara

Luiz Felipe Silva

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Eu sou Nath Zaneri e fico por aqui

Até o próximo assunto

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